08 de Maio de 2025 (CC) / 25 de Abril (CE)
São Marcos, Apóstolo e Evangelista (Séc. I)
Santos José de Arimateia e Nicodemus (Séc. I)
Tom 2
"Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!"
O Santo Apóstolo e Evangelista Marcos, também conhecido como João Marcos (At 12:12), foi um dos Setenta Apóstolos, e era sobrinho de São Barnabé (11 de junho). Ele nasceu em Jerusalém e, de acordo com a Tradição da Igreja, na noite em que Cristo foi traído, ele o seguiu, envolto apenas em um pano de linho. Detido por soldados, fugiu desnudo, deixando para trás o pano.
“E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão, mas ele, largando o lençol, fugiu nu” (Mc 14:51-52).
Após a Ascensão do Senhor, a casa de sua mãe Maria se tornou um lugar onde os cristãos se reuniam, e um local de alojamento para alguns dos apóstolos (At 12:12). São Marcos foi um companheiro muito próximo dos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de Junho) e de Barnabé. Foi a Selêucia com Paulo e Barnabé, e de lá partiu para a ilha de Chipre, atravessando toda a ilha, de leste a oeste. Na cidade de Paphos, São Marcos testemunhou a cegueira que São Paulo fez cair sobre o feiticeiro Elimas (At 13:6-12). São Marcos retornou a Jerusalém, e depois foi para Roma com o Apóstolo Pedro. De lá, partiu para o Egito, onde fundou uma igreja local.
Retornando para a Palestina, Marcos vai para Antioquia. De lá foi com Barnabé para Chipre, indo depois ao Egito novamente, onde com São Pedro fundaram muitas igrejas. Em seguida, vão para a Babilônia e, foi desta cidade que o Apóstolo Pedro enviou uma epístola aos cristãos da Ásia Menor, na qual chama São Marcos de seu filho (1 Pd 5,13).
Quando o Apóstolo Paulo chegou a Roma acorrentado, Marcos estava em Éfeso, onde Timóteo (4 de janeiro) foi bispo. São Marcos foi com ele para Roma e, de lá foi que escreveu seu Santo Evangelho. De Roma viajou para o Egito. Em Alexandria, iniciou uma escola cristã que, mais tarde, produziu sacerdotes notáveis e mestres da Igreja, como São Clemente de Alexandria, São Dionísio de Alexandria (5 de outubro), São Gregório Taumaturgo (5 de novembro) e outros.
Zeloso dos serviços da Igreja, Marcos compôs uma liturgia para os cristãos de Alexandria. Ele também pregou o Evangelho nas regiões do interior da África, quando esteve na Líbia, em Nektópolis.
Durante essas viagens, Marcos foi inspirado pelo Espírito Santo a ir novamente para Alexandria e enfrentar os pagãos. Lá, visitou a casa de Ananias e curou uma de suas mãos aleijada. O dignitário ouviu suas palavras e, cheio de júbilo, recebeu o santo Batismo. Seguindo o exemplo de Ananias, muitos dos habitantes daquela parte da cidade foram batizados. Isto despertou a inimizade dos pagãos que queriam matar São Marcos. Quando ele soube disto, fez de Ananias bispo, e os três cristãos, Malchos, Sabinos e Kerdinos foram ordenados presbíteros para que a igreja pudesse contar com líderes após a sua morte.
Os pagãos aprisionaram Marcos enquanto ele celebrava a Liturgia. Eles o espancaram, o arrastaram pelas ruas e o jogaram depois na prisão. A São Marcos foi concedida uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo que o fortaleceu antes de suas torturas. No dia seguinte, a multidão enfurecida arrastou novamente o santo pelas ruas, e ao longo do caminho, diante do tribunal, São Marcos entregou seu espírito a Deus, dizendo: «Em tuas mãos, ó Senhor, eu entrego meu espírito». Os pagãos quiseram queimar o corpo do santo, mas quando acenderam o fogo, tudo escureceu, ouvia-se trovões e a terra tremeu. Os pagãos fugiram aterrorizados, e os cristãos levaram o corpo de São Marcos para o sepultar em uma cripta de pedra. Isso foi em 04 de abril do ano 63. A Igreja celebra a sua memória em 25 de abril.
No ano 310, uma igreja foi construída sobre as relíquias de São Marcos. Em 820, quando os muçulmanos dominaram o Egito e oprimiram a Igreja, as relíquias de São Marcos foram transferidas para Veneza e posta na igreja dedicada a ele.
São Marcos escreveu seu Evangelho para os cristãos gentios, enfatizando as palavras e ações do Salvador, que revelam seu poder divino. Muitos aspectos do seu estilo podem ser explicados por sua proximidade com São Pedro. Os escritores antigos dizem que o Evangelho de Marcos é um registro sucinto da pregação de São Pedro.
Tropárion do Santo Apóstolo e Evangelista Marcos, Tom 3: Tu foste um apóstolo de Cristo que aprendeu com o preeminente Pedro, / e brilhaste como o sol sobre as terras dos alexandrinos, sendo seu adorno. / Por ti o Egito foi libertado do engano, ó bendito, / que como coluna de fogo da Igreja iluminas a todos com teu ensinamento do Evangelho. / Por isso, honrando tua memória, celebramos esplêndida festa, ó divinamente eloquente Marcos. / Rogai a Deus, que fostes anunciado por ti, // que conceda às nossas almas a remissão das ofensas.
Kondákion, Tom 2: Recebendo do alto a graça do Espírito, / tu destruíste as armadilhas dos oradores, ó Apóstolo, / e, perseguindo todas as nações, / tu as conduziste ao teu Mestre, / ó glorioso Marcos, // pregando o divino Evangelho.
Leituras Comemorativas
Lucas 10:1-15 Matinas
1 Pedro 5:6-14
Marcos 6:7-13
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Atos 8:26-39
Fragmento 20 - Naqueles dias, o Anjo do Senhor disse a Filipe: “Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto”. E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, Rainha dos Etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar, regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: “Chega-te e ajunta-te a esse carro”. E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: “Entendes, porventura, o que estás lendo?” Ele respondeu: “Como poderei entender, se alguém não me ensinar?” E rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta:
“Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra”.
Respondendo o eunuco a Filipe, disse: “Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro?” Então Filipe tomou a palavra e, começando por esta Escritura, anunciou-lhe a Jesus. E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: “Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?” E disse Felipe: “É lícito, se crês de todo o coração”. E, respondendo ele, disse: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu caminho.
João 6:40-44
Fragmento 22 – Disse o Senhor aos judeus que vieram ter com Ele: “Porquanto a vontade d’Aquele que Me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crer n’Ele, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia”. Murmuravam, pois, d’Ele os judeus, porque dissera: “Eu Sou o pão que desceu do céu”. E diziam: “Não é Este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz Ele: Desci do céu?” Respondeu, pois, Jesus e disse-lhes: “Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou o não trouxer; e Eu o ressuscitarei no último dia.
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COMENTÁRIO
“Nosso Senhor Jesus Cristo Nos Alimenta Para a Vida Eterna”
Penso que o maná é sombra e tipo da doutrina e dos dons de Cristo, que procedem do alto e nada possuem de terreno; pelo contrário, antes estão em aberta oposição com esta carnal execração, e que na realidade são pasto não somente dos homens, mas também dos anjos. De fato, o Filho nos manifestou ao Pai em si mesmo, e por meio dele fomos instruídos na razão de ser da santa e consubstancial Trindade, e até nos introduziu no nobre caminho de todas as virtudes.
Na verdade, o reto e verdadeiro conhecimento destas realidades é alimento do espírito. Contudo, Cristo repartiu em abundância a doutrina à plena luz e de dia. Também o maná foi dado aos antepassados ao raiar do dia e à plena luz. Realmente em nós, os crentes, o dia já tem despontado, como está escrito, e o luzeiro nasceu em todos os corações, e saiu o sol de justiça, a saber, Cristo, o doador do maná inteligível. E que aquele maná sensível foi algo assim como uma figura, e este, em vez disso, o maná verdadeiro, Cristo mesmo assegura-nos com todas as garantias, quando diz aos judeus: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
Ele, pelo contrário, é o pão que desce do céu, para que o homem dele coma e não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Nosso Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna tanto com os seus preceitos que estimulam a piedade como mediante seus místicos dons. Ele é, portanto, realmente em pessoa aquele maná divino e vivificante.
Aquele que dele comer não experimentará a futura corrupção e escapará da morte; mas não aqueles que comeram o maná sensível, pois o “tipo” não era portador de salvação, mas era unicamente figura da verdade. Deus, fazendo cair o maná do céu em forma de chuva, ordena que cada um recolha o que possa comer, e se quer, pode recolher também para aqueles que vivam na mesma tenda. Que cada um – diz – recolha o que possa comer e para todas as pessoas que vivam em cada tenda. Que ninguém guarde para amanhã. Devemos estar bem penetrados da doutrina divina e evangélica.
Portanto, Cristo distribui a graça igualmente para pequenos e grandes, e a todos alimenta igualmente para a vida; quer reunir os demais com os mais fracos, e que os fortes se sacrifiquem por seus irmãos até assumir sobre si os trabalhos deles, e fazer-lhes partícipes da graça celestial. Isto é o que – a meu juízo – ele disse aos próprios santos apóstolos: De graça recebestes, de graça dai. Portanto, aqueles que recolheram para si maná abundante, apressaram-se a reparti-lo entre os que viviam sob as mesmas tendas, isto é, na Igreja. Os discípulos realmente exortavam a todos e os estimulavam a coisas mais dignas; comunicavam a todos em abundância a graça que de Cristo alcançaram.
São Cirilo de Alexandria (séc. V)
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