domingo, 30 de novembro de 2025

25º Domingo Depois de Pentecostes

30 de Novembro de 2025 (CC) / 17 de Novembro (CE)
São Gregório, o Taumaturgo, bispo de Neo-Cesaréia († c. 275)
Tom 8



Teodoro, que mais tarde seria chamado Gregório e, por seus milagres, tornou-se conhecido como «o Taumaturgo», nasceu em Neo-Cesaréia do Ponto (Ásia). Seus pais eram de linhagem nobre e pagãos. Quando Gregório tinha catorze anos de idade, ficou órfão de pai. O jovem seguiu com sua carreira jurídica. A irmã de Gregório empreendeu uma viagem a Cesaréia da Palestina para encontrar-se com seu esposo que ocupava um cargo oficial. Gregório a acompanhou nessa viagem, bem como o seu irmão, Atenodoro, que mais tarde tornou-se bispo e muito sofreu por sua fé.

Gregório planejava exercer o ofício de advogado em seu país, porém, pouco depois de sua chegada, foi eleito bispo de Neo-Cesaréia, cidade que contava, nesta época, com apenas dezessete cristãos. Neo-Cesaréia era, nesta época, uma cidade muito rica e com uma grande população, predominando a idolatria e o vício. São Gregório, consumido pelo zelo e caridade, entregou-se energicamente no cumprimento de seus deveres pastorais, sendo agraciado por Deus com um extraordinário dom de operar milagres. São Basílio disse a seu respeito que «com a ajuda do Espírito Santo, tinha um poder formidável sobre os maus espíritos. Em certa ocasião, fez secar um lago que era motivo de disputa entre dois irmãos. Sua capacidade de prever e predizer os acontecimentos futuros o elevava a altura dos profetas. Os milagres que operava eram tão notáveis que amigos e inimigos o consideravam como um novo Moisés».

Pouco depois de tomar posse de sua sede como bispo, São Gregório foi hospedar-se na casa de Musonio, um personagem importante da cidade que lhe havia convidado para que fosse morar com ele. Nesse mesmo dia iniciou sua atividade de pregação e, antes que a noite caísse, já havia convertido um número suficiente para formar uma pequena igreja. No dia seguinte, aglomeravam-se à porta da casa de Musonio muitos enfermos aos quais Gregório restaurava a saúde, e os convertia à fé cristã. Logo os cristãos eram em tal número que Gregório pode construir uma Igreja, já que todos colaboravam com suas esmolas e trabalho. A prudência e o tato de São Gregório moviam as pessoas a buscar sua orientação acerca de questões civis e religiosas e, nesse sentido, foram de grande proveito ao santo, seus estudos dos assuntos jurídicos.

São Gregório de Nissa e seu irmão, São Basílio, ficaram sabendo através da avó, Santa Macrina, do que se dizia a respeito do Taumaturgo, já que a santa, quando ainda era pequena, vivia em Cesaréia, mais ou menos na época em que morreu São Gregório. São Basílio diz que, a vida do Taumaturgo refletia a sublimidade de seu fervor evangélico. Em suas práticas devocionais, mostrava grande reverência, recolhimento, e jamais orava com a cabeça coberta. Amava a simplicidade e modéstia nas palavras: o «sim» e o «não» constituíam a medula de suas conversações. Detestava a mentira e a falsidade; em suas palavras, tanto como em sua conduta, não havia nunca a menor sombra de cólera ou de amargura.

Quando irrompeu a perseguição aos cristãos sob o império de Décio no ano 250, São Gregório aconselhou aos cristãos que se escondessem para não ficarem expostos aos perigo de perder a fé. Ele mesmo se retirou para o deserto em companhia de um antigo sacerdote pagão a quem havia convertido e ordenado diácono para estar ao seu lado. Os perseguidores ficaram sabendo que Gregório se refugiara nas montanhas e enviaram um pelotão de soldados para que fosse capturado. Estes, porém, voltaram sem a «presa», dizendo que só haviam encontrado vegetação. Então, o homem que havia indicado o lugar onde estava escondido São Gregório foi ao bosque e encontrou o Santo e seu companheiro entregues à oração. Diante de tal quadro, compreendeu que Deus devia ter protegido aqueles dois homens, fazendo com que os soldados os confundissem com as árvores. De delator de cristãos, este homem converteu-se à fé cristã.

Depois da perseguição, teve início uma epidemia que foi seguida da invasão dos godos. Assim, não é de se estranhar que, em tais circunstâncias, não lhe tenha restado muito para escrever, pois que devia dedicar-se à sua tarefa pastoral. Ele mesmo é quem descreve as dificuldades de seu ministério na «Carta canônica», que escreveu por ocasião dos problemas causados pela invasão dos bárbaros. Diz-se que o Santo organizava entretenimento nos dias das festas dos mártires, e que isso tenha contribuído para atrair os pagãos e popularizar as reuniões religiosas entre os cristãos. Além disso, o santo estava certamente convencido de que, a diversão saudável, além das práticas religiosas, constituíam também uma maneira de venerar os mártires.

De qualquer modo, São Gregório foi, ao que se sabe, o único missionário que, durante os três primeiros séculos da Igreja, empregou tais métodos em sua ação pastoral, ele que era um grego de notável cultura.

Pouco antes de sua morte São Gregório fez investigações para verificar quantos infiéis restavam ainda na cidade e, tomando conhecimento de qu somavam dezessete, exclamou alegremente: «Graças sejam dadas a Deus! Pois, quando cheguei a esta cidade, não havia mais que dezessete cristãos». Depois de orar pela conversão dos infiéis e pela santificação daqueles que já eram agraciados com a fé no verdadeiro Deus, recomendou aos seus amigos que, quando morresse, não fosse sepultado num lugar distinto, já que havia estado no mundo como peregrino, sem buscar a si mesmo e desejava compartilhar da mesma sorte das pessoas simples depois da morte. No ano 270, São Gregório adormeceu, entregando ao Senhor sua alma em paz.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (III)

Marcos 16:9-20

Fragmento 71 - Naquela época, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. Foi ela anunciá-Lo aos que haviam andado com Ele, os quais estavam tristes e chorando; e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. Depois disso manifestou-Se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, os quais foram anunciá-Lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lhes lançou em rosto a incredulidade e dureza de coração deles, por não haverem dado crédito aos que O tinham visto já ressurgido. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: Em Meu Nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-Se à direita de Deus. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.


LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Tu desceste do alto dos Céus, Ó Deus misericordioso / e aceitaste está sepultado durante três dias, / a fim de nos libertares de nossas paixões. // Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a Ti.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion da Ressurreição
Ressuscitado do túmulo Tu despertaste os mortos, / e ergueste Adão e Eva dançou de alegria na Tua ressurreição; / e os confins da terra mantiveram festas triunfais // na Tua ressurreição dentre os mortos, Ó Tu que És muito misericordioso.

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo...

Tom 4: Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Hino à Vigem
Ó admirável Protetora dos Cristãos e nossa Intercessora ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nós, pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, / tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. Fazei votos, e pagai-os
ao Senhor vosso Deus. (Sl. 75:11)

V. Conhecido É Deus em Judá, 
grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

Efésios 4:1-6

Fragmento 224A - Irmãos, exorto-vos, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o Qual é sobre todos, e por todos e em todos.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Vinde, regozijemo-nos no Senhor,
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, 
e celebremo-lo com salmos! 

Lucas 12:16-21
 
E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; e arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

HOMILIA


“O Desprendimento das Riquezas”

Disse-lhe alguém da multidão: "Mestre, diz ao meu irmão que reparta comigo a herança". E ele respondeu: "Mas homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?" Toda esta passagem está ordenada a como aceitar a dor para confessar ao Senhor, seja por desprezo da morte, pela esperança do prêmio ou pela ameaça de um castigo eterno que jamais deixará de ser tal. E visto que, frequentemente, acontece que a avareza é causa de tentação para a virtude, acrescenta-se também o mandamento de suprimi-la e como se deverá fazê-lo, quando diz o Senhor: Quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?

Aquele que havia descido por razões divinas, com toda a justiça rejeita as terrenas, e não se digna fazer-se juiz de pleitos nem repartidor de heranças terrenas, visto que ele tinha que julgar e decidir sobre os méritos dos vivos e mortos. Deves, portanto, observar não o que pedes, mas a quem pedes, e não acredites que um espírito dedicado a coisas maiores pode ser importunado por insignificâncias.

Por isso, não é sem razão que é rejeitado esse irmão que pretendia que o Dispensador dos bens celestiais se ocupasse em coisas materiais, quando precisamente não deve ser um juiz o mediador no pleito da repartição de um patrimônio, mas o amor fraterno; ainda que, na realidade, o que um homem deve buscar não é o patrimônio de dinheiro, mas o da imortalidade. Porque de forma vã reúne riquezas aquele que não sabe se poderá desfrutar delas, como aquele que, pensando em derrubar os granjeiros repletos para recolher as novas messes, preparava outros maiores para as abundantes colheitas, sem saber para quem as reunia.

Já que todas as coisas que são do mundo permanecem nele, e nos abandona tudo aquilo que entesouramos para os nossos herdeiros; e, na realidade, deixam de ser nossas todas essas coisas que não podemos levar conosco. Somente a virtude acompanha aos falecidos, somente a misericórdia nos serve de companheira, essa misericórdia que atua em nossa vida como norte e guia até as mansões celestiais, e busca conseguir para os falecidos, em troca do desprezível dinheiro, os tabernáculos eternos.

Assim o testemunham os preceitos do Senhor, quando diz: Fazei-vos amigos das riquezas injustas, para que, quando estas faltem, vos recebam nos eternos tabernáculos. Este é um preceito inteligente, cheio de sabedoria e apto para animar também aos avaros a que optem por trocar as coisas corruptíveis pelas eternas, as terrenas pelas divinas. Porém, visto que muitas vezes a entrega se entorpece pela debilidade da fé e, quando se vai repartir a herança, vem à mente a preocupação de tudo o que é necessário para a vida, o Senhor acrescenta: Não vos preocupeis de vossa vida pelo que comereis nem de vosso corpo pelo que vestireis; porque, em verdade, a alma é mais importante que o alimento e o corpo mais que as vestes.

Porque aos que creem em Deus não há melhor meio para dar-lhes confiança como esse sopro vital que é o espírito, o qual faz durar a união completa da alma e do corpo, unidade que, por outro lado, não exige nenhum trabalho nosso e que perdura, sem que falte o alimento apropriado, até chegar o dia da morte. E se a alma está vestida da roupagem do corpo e este recebe vida em virtude da energia da alma, torna-se absurdo crer que nos faltará o alimento suficiente precisamente quando recebemos o mais, que é a realidade permanente da vida.

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)
Tratado ao Evangelho de São Lucas in loc.

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sábado, 29 de novembro de 2025

25º Sábado depois de Pentecostes

29 de Novembro de 2025 (CC) / 16 de Novembro (CE)
São Mateus, Apóstolo e Evangelista (séc. I)
Jejum da Natividade: Azeite é permitido
Tom 7


O Santo Apóstolo e Evangelista Mateus, também chamado de Levi (Mc 2: 14; Lc. 5: 27); era um dos Doze Apóstolo (Mc. 3:18; Lc. 6: 45; Atos 1:13) e irmão do Apóstolo Tiago, filho de Alfeu (Mc. 2:14). Ele era um publicano, ou seja, um coletor de impostos de Roma, na época em que os judeus estavam sob o domínio do Império Romano. Mateus morava na cidade de Cafarnaum [Cafarnum], na Galileia. Ao ouvir a voz de Jesus Cristo: "Vem, segue-me" (Mt 9,9), abandonou seus deveres e seguiu o Salvador. Cristo e os Seus discípulos não recusaram o convite de Mateus e visitaram a sua casa, onde partilharam a mesa com os amigos e conhecidos do publicano - os quais, tal qual o anfitrião, eram publicanos e notórios pecadores. Este evento incomodou extremamente os fariseus e escribas ["knizhniki", lit. "escribas", ou seja, "acadêmicos"].
Os publicanos, ao cobrar impostos de seus conterrâneos, faziam isso com grande lucro para si próprios. Normalmente eram pessoas gananciosas e cruéis. Os judeus os consideravam perniciosos e traidores de seu país e religião. A palavra "publicano" conotava para os judeus o sentido de "pecador público", "corrupto", "adorador de ídolos". Até mesmo falar com um coletor de impostos era considerado um pecado, e se associar a um era contaminação. Mas os mestres judeus não foram capazes de compreender que o Senhor "não viera para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento" (Mt. 9: 13). 
Mateus, reconhecendo sua pecaminosidade, e, junto aos outros apóstolos, seguiu a Cristo. Ele era atento às instruções do Divino Mestre, viu Seus inúmeros milagres, acompanhou os outros 11 Apóstolos pregando em suas pregações às "ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 10: 6); foi testemunha do sofrimento, morte e ressurreição do Salvador, e de Sua gloriosa ascensão ao céu. 
Tendo recebido os dons da graça do Espírito Santo, que desceu sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, o Apóstolo Mateus durante os primeiros 8 anos pregou na Palestina. E antes de partir para pregar o Evangelho em terras longínquas, a pedido dos judeus que permaneceram em Jerusalém, o santo Apóstolo Mateus o seu Evangelho, testemunhando a vida terrena do Deus-homem e Salvador do mundo, Jesus Cristo, e Seu ensino. 
Na ordem dos livros do Novo Testamento, o Evangelho de Mateus vem em primeiro lugar. A Palestina é considerada o lugar de escrita do Evangelho. O Evangelho foi escrito por São Mateus no ano 42 ((DC - "Anno Domini" ou "Ano do Senhor", ou seja, após o nascimento de Cristo), em aramaico, e então traduzido para o grego. O texto original não sobreviveu para nós, mas muitas das peculiaridades linguísticas e histórico-culturais da tradução grega o fazem lembrar. 
O Apóstolo Mateus pregou entre pessoas que tinham expectativas religiosas bastante certas sobre o Messias. Seu Evangelho se manifesta como uma prova vívida de que Jesus Cristo - é o verdadeiro Messias, predito pelos profetas, e que outro não haveria (Mt. 11: 3). As pregações e ações do Salvador são apresentadas pelo evangelista em três divisões, constituindo três aspectos do serviço ao Messias: como Profeta e Legislador (Cap. 5-7), Senhor sobre o mundo visível e invisível (Cap. . 8-25), e finalmente como Sumo Sacerdote oferecido como Sacrifício pelos pecados de toda a humanidade (Cap. 26-27). O conteúdo teológico do Evangelho, além dos temas cristológicos, inclui também o ensino sobre o Reino de Deus e sobre a Igreja, que o Senhor apresenta em parábolas sobre a preparação interior para entrar no Reino (cap. 5-7), sobre a dignidade dos servidores da Igreja no mundo (cap. 10-11), sobre os sinais do Reino e seu crescimento nas almas dos homens (cap. 13), sobre a humildade e simplicidade dos herdeiros do Reino (Mt. 18: 1-35; 19: 13-30; 20: 1-16; 25-27; 23: 1-28), e sobre as revelações escatológicas do Reino na Segunda Vinda de Cristo no espiritual diário vida da Igreja (cap. 24-25). O Reino dos Céus e a Igreja estão intimamente interligados na experiência espiritual do Cristianismo: a Igreja é a personificação histórica do Reino dos Céus no mundo, e o Reino dos Céus é a Igreja de Cristo em sua perfeição escatológica (Mt . 16: 18-19; 28: 18-20). 
O Santo Apóstolo circulou com as "boas novas" [euangelia em grego ou evangelium em latim - o significado da palavra "evangelho"] para a Síria, Média, Pérsia, Pártia, e terminou sua obra de pregação na Etiópia com um mártir morte. Esta terra era habitada por tribos de canibais com costumes e crenças primitivas. O santo apóstolo Mateus, por sua pregação ali, converteu alguns dos adoradores de ídolos à fé em Cristo. Ele fundou a Igreja e construiu um templo na cidade de Mirmena, estabelecendo ali como bispo a Platão, que era seu discípulo e cooperador. 
Quando o santo apóstolo implorava fervorosamente a Deus pela conversão dos etíopes, durante o tempo de oração o próprio Senhor apareceu a ele na forma de um jovem e, dando-lhe um cajado, ordenou-lhe que o colocasse de pé às portas de a Igreja. O Senhor disse que desse cajado nasceria uma árvore e ela daria frutos, e de suas raízes sairia um riacho de água. E ao se lavar na água e comer da fruta, os etíopes perderam seus caminhos selvagens e se tornaram gentis e bons. 
Quando o santo apóstolo carregou o cajado para a igreja, no caminho encontrou-o com a esposa e o filho do governante da terra, Fulvian, que estava afligido por espíritos imundos. Pelo Nome de Cristo, o santo apóstolo os curou. Este milagre converteu ao Senhor um bom número de pagãos. Mas o governante não queria que seus súditos se tornassem cristãos e parassem de adorar os deuses pagãos. Ele acusou o apóstolo de feitiçaria e deu ordens para executá-lo. Eles colocaram a cabeça de São Mateus para baixo, amontoaram galhos e os acenderam. Quando a fogueira se acendeu, todos viram que o fogo não fazia mal a São Mateus. Em seguida, Fulvian deu ordens para adicionar mais lenha ao fogo, e frenético com ousadia, ele ordenou que se colocassem 12 ídolos em volta da fogueira. Mas as chamas se espalharam para os ídolos e alcançaram até mesmo Fulvian. O assustado etíope voltou-se para o santo com um pedido de misericórdia e, pela oração do mártir, a chama apagou-se. O corpo do santo apóstolo permaneceu ileso e ele expirou para o Senhor (+ 60). 
O governante Fulvian se arrependeu profundamente de seu feito, mas ainda tinha dúvidas. Por ordem dele, eles colocaram o corpo de São Mateus em um caixão de ferro e o jogaram no mar. Ao fazer isso, Fulvian disse que se o Deus de Mateus preservasse o corpo do apóstolo na água, como Ele o preservou no fogo, então esta seria a razão apropriada para adorar este Deus Único e Verdadeiro. 
Naquela noite, o Apóstolo Mateus apareceu ao Bispo Platon em uma visão de sonho e ordenou-lhe que fosse com o clero até a costa do mar e encontrasse seu corpo lá. Junto com o bispo em seu caminho para a costa do mar foi o Justo Fulvian e sua comitiva. O caixão carregado pelas ondas foi com honra levado para a igreja construída pelo apóstolo. Então Fulvian implorou perdão ao santo apóstolo Mateus, após o que o bispo Platon o batizou, dando-lhe o nome de Mateus em obediência a uma ordem de Deus. Logo São Fulviano-Mateus abdicou de seu governo e se tornou um presbítero. Após a morte do Bispo Platon, o Apóstolo Mateus apareceu a ele e o exortou a chefiar a Igreja Etíope. Tendo se tornado um bispo, São Mateus-Fulvian labutou muito na pregação da Palavra de Deus, continuando com a obra de seu santo padroeiro celestial.  

COMEMORAÇÃO DE SÃO MATEUS

MATINAS

João 21:15-25

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.

LITURGIA

Tropárion - Tom 3
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Prokímenon, Tom 8

R. Por toda a terra ressoa Sua mensagem,
 a Sua Palavra até os confins do universo. (Sl. 18:4)

V. Os céus declaram a Glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de Suas mãos. (Sl. 18:1)

1 Coríntios 4:9-16

Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos. Não escrevo estas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos como meus filhos amados. Porque ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Cristo. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Os céus louvarão as Tuas maravilhas,
Ó Senhor, e a Tua verdade na assembleia dos santos.

Deus é glorificado no concílio dos santos.

Mateus 9:9-13

E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.

Canto da Comunhão
Por toda a terra ressoa Sua mensagem,
 a Sua Palavra até os confins do universo. (Sl. 18:4)
Aleluia, aleluia, aleluia!

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Leituras Ordinárias
1 Coríntios 4:9-16
Lucas 16:15-18; 17:1-4

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

25ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

INÍCIO DA QUARESMA DE NATAL
28 de Novembro de 2025 (CC) / 15 de Novembro (CE)
Ss. Gurias (Esl.: Gurij), Samonas e Habib, mártires (início do séc. IV)
Tom 7



Os santos Gorias e Samonas foram presos durante a perseguição de Diocleciano. Como eles se recusaram a render sacrifícios aos deuses pagãos, foram pendurados pelas mãos com pesos amarrados aos pés. Depois, passaram três dias no interior de um horrível calabouço, sem comer ou beber. Quando foram retirados de lá, Gorias estava agonizante. Samonas foi cruelmente torturado mais uma vez, mas permaneceu firme na fé. Ambos morreram decapitados. 

Mais tarde, um Diácono de Edessa, de nome Habib, escondeu-se durante a perseguição de Licínio, mas finalmente se entregou para também ganhar a coroa do martírio. O magistrado perante o qual compareceu, fez a tentativa de convencê-lo a abjurar a fé e, em troca, escapar com vida, mas Habib se recusou a isso, pelo que foi condenado à fogueira. Sua mãe e outros parentes o acompanharam até o local da execução. Os carrascos deram permissão para que se desse o beijo da paz entre eles, antes de serem atirados às chamas. Os cristãos recolheram depois o corpo do mártir, que o fogo não havia consumido, e sepultaram-no num local próximo de seus companheiros e amigos Gorias e Samonas.

As relíquias desses mártires estão conservadas num dos dois principais santuários de Edessa, na Síria. 

Diretrizes Para o Jejum da Natividade
 15 de novembro (28/11)* a 24 de dezembro (06/01) 

 

O jejum da Natividade (ou do Advento) é um dos quatro períodos canônicos de jejum do calendário eclesiástico Ortodoxo. Este é um jejum jubiloso em preparação para o Natal de Cristo. Esta é a razão pela qual é menos rigoroso do que outros períodos de jejum.  

O jejum da Natividade é dividido em três períodos*:  

O 1º período é de 28 de novembro do calendário  a 19 de dezembro,  onde é permitido o consumo de peixe, vinho e óleo vegetal, exceto às quartas e sextas-feiras, pois, nestes dias recordamos a traição do Senhor (quarta-feira) e Sua crucificação (sexta-feira); por isto  a disciplina do jejum tradicional (abstinência total de carne, laticínios, peixe, vinho e óleo) é observada. 

O 2º período é de 19 de dezembro a 01 de janeiro, onde é permitido o uso de óleo vegetal durante a semana, exceto às quartas e sextas-feiras, O peixe, neste período, é permitido apenas aos sábados e domingos.

O 3º período é o de 2 de janeiro a 6 de janeiro, no qual inicia-se um jejum menos suave, pois neste período consome-se apenas pães, frutas, vegetais e grãos. No sábado e no domingo, é permitido  o uso de óleo vegetal. Na quarta e na sexta-feira, pratica-se a "xerofagia" (ingestão de alimentos crus, ou cozidos a vapor ou água fervente, sem nenhum tipo de tempero).

* Carnes de animais e aves ou quaisquer produtos deles derivados, bem como leite, ovos e todos os lacticínios, em tempo algum dos períodos dos jejuns, têm seus consumos permitidos.

Nos dias em que o uso o óleo vegetal é proibido, pode-se usar azeitonas.

O consumo dos alimentos permitidos deve ser feito de forma moderada.

Camarões, mariscos e todos os pescados invertebrados não são permitidos durante todo o tempo do jejum.

 




Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 3:6-18

Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão. Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós. Saudação da minha própria mão, de mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim escrevo. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.

Lucas 16:15-18; 17:1-4

E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação. A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei. Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também. E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos. Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


É impossível, mas os escândalos virão: mas ai daquele, por quem elas vêm! Portanto, não se pode viver desprevenido, desatento. É preciso olhar em volta com cuidado para não tentar ninguém. A mente é arrogante e não olha para ninguém; mas desperta induções ao erro em todos os atos e, mais ainda, em palavras. A indução ao erro aumenta e amplia a desgraça do indutor, mas ele não percebe isso e ainda mais expande seus escândalos. É bom que a ameaça de Deus em troca de tentar aqui, na terra, quase nunca se cumpra na esperança de correção; é adiado até o futuro julgamento e retribuição; só então os provocadores sentirão quão grande é o mal de levar alguém a tropeçar.

Aqui quase ninguém pensa se escandaliza ou não escandaliza os que estão ao seu redor com seus atos e palavras. Dois pecados que são muito grandes aos olhos de Deus não são considerados nada pelas pessoas: Induzir os outros a tropeçar e a condenação. Ao provocador de escândalos, de acordo com a palavra do Senhor, seria melhor não estar vivo; quem condena já está condenado. Mas nem o primeiro nem o segundo pensam nisso e nem mesmo podem dizer se pecam dessa maneira. Que cegueira, de fato, nos cerca e com que descuido caminhamos no meio da morte!

São Teófano, o Recluso

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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

25ª Quinta-feira Depois de Pentecostes


27 de Novembro de 2025 (CC) / 14 de Novembro (CE)
Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I)
São Gregório Palamas, Arcebispo de Tessalônica (1360)
Véspera do Jejum da Natividade
Tom 7



Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!». 
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: 
«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»  
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé:  «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»  
A respeito de sua pregação depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.  
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!

Tropárion do Santo Apóstolo Filipe, Tom 3: O mundo inteiro está esplendidamente adornado; / A Etiópia dança,/ agraciada como com uma coroa, tendo sido iluminada por ti, / e ela celebra radiantemente a tua memória, ó divinamente eloquente Filipe, / pois ensinaste a todos a crerem em Cristo / e concluíste apropriadamente o curso do Evangelho; / portanto, a terra da Etiópia suplica a Deus com ousadia. // Implora-Lhe que nos conceda grande misericórdia.

Kondákion, Tom 8: Teu discípulo e amigo, o imitador do Teu sofrimento,/ o divinamente eloquente Filipe, proclamou-Te ao mundo como Deus;// por suas orações e através da Theotókos, protege a Tua Igreja e cada cidade dos inimigos mais iníquos, ó Misericordiosíssimo. 

São Gregório Palamas, Metropolita de Salônica

São Gregório, que viveu no século XIV, nasceu em Constantinopla, filho de pais nobres e piedosos. Tendo falecido aos 20 anos, tornou-se monge em um dos mosteiros do Monte Atos. Levando uma vida muito piedosa, recebeu revelações divinas e dons de cura de Deus. Elevado ao sacerdócio, São Gregório, ao realizar os mistérios de Deus, comovia profundamente os presentes em seus ritos sagrados, levando-os às lágrimas. Seus contemporâneos, admirados com a vida virtuosa de Gregório, o chamavam de "Portador de Deus". Gregório prestou um grande serviço à Igreja ao repreender os falsos mestres que rejeitavam o ensinamento ortodoxo sobre a luz espiritual da graça que ilumina o homem interior e que, por vezes, se revela visivelmente, como no Tabor e na pessoa de Moisés após sua conversa com Deus no Sinai ( Êxodo 34:29-30, 35 ). Tais eram os falsos mestres Barlaão, um monge da Calábria, e Acindino. Barlaão e seus seguidores, acreditando que a luz vista no Monte Tabor era uma criação, e não uma luz eterna como afirma a Igreja, declararam que nenhuma oração pode alcançar o brilho externo da luz celestial; que a graça e a luz da era vindoura são comuns ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, pelas quais os justos serão iluminados como o sol, como Cristo prefigurou ao resplandecer no monte; e que, em geral, todo poder e toda ação da Trindade pertencem à esfera da criação; e assim, impiamente, dividiram a mesma e única Divindade entre o criado e o incriado, e aqueles que reverentemente reconhecem esta luz divina e todo poder, toda ação, como incriados, são chamados de diteístas e politeístas. Considerando um erro a crença dos eremitas atonitas em contemplar a luz de Deus com seus olhos físicos e se preparar para ela através dos sentidos, Barlaão apresentou uma queixa escrita contra eles ao Patriarca de Constantinopla, João XIV Calaces (1341-1347). Portanto, para fortalecer a Ortodoxia, um concílio de muitos bispos foi convocado em 1341 na Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, sob a presidência do patriarca. Nesse concílio, Palamas, com suas palavras inflamadas, denunciou o erro de Barlaão de tal forma que o falso mestre, em desgraça, retirou-se para a Itália, deixando para trás, porém, as ervas daninhas de seus ensinamentos falsos, que o monge Akindynos semeou e replantou após sua morte. Um novo concílio foi convocado em Constantinopla contra Akindynos, no qual o zeloso defensor da Ortodoxia, São Gregório, expôs ainda mais o erro de Barlaão e Akindin, defendendo a doutrina da luz divina.

“Aqueles que se envaidecem com sabedoria mundana e vã”, disse o santo, “e que não dão ouvidos a homens experientes no ensino espiritual, quando ouvem falar da luz que brilhou sobre o Senhor no Monte da Transfiguração e foi vista pelos Apóstolos, pensam ver nela algo sensorial e criado; portanto, reduzem esta luz imaterial, imutável e eterna, que transcende não só os sentidos, mas também toda a mente, a uma luz sensorial e criada, embora Ele próprio, que brilhou com luz no Tabor, tenha mostrado claramente que esta luz não foi criada, chamando-a de Reino de Deus ( Mateus 16:28 ). Será o Reino de Deus realmente algo criado e de serviço? Será que o Senhor realmente recebeu no Monte alguma outra luz que não possuía antes? Que esta blasfêmia fique longe de nós; pois quem pensa assim deve reconhecer três naturezas em Cristo: a divina, a humana e a da luz. Portanto, cremos que na Transfiguração Ele não revelou nenhuma outra luz, mas apenas aquela que estava oculta nEle sob o véu da carne: esta A luz era a luz da natureza Divina e, portanto, incriada, Divina. Assim, segundo o ensinamento dos Padres da Igreja, Jesus Cristo foi transfigurado no monte, não recebendo nada nem sendo transformado em algo novo, algo que Ele não possuía antes, mas mostrando aos Seus discípulos apenas o que Ele já possuía. E por que, antes da Transfiguração, o Senhor escolheu os Apóstolos mais importantes e os conduziu separadamente ao monte? Certamente, para lhes mostrar algo grandioso e misterioso. O que há de tão importante e misterioso nessa demonstração de luz sensível, que não só os eleitos, mas também os outros Apóstolos já possuíam em abundância? Como podem a glória e o reino do Pai e do Espírito Santo ser apresentados em qualquer tipo de luz sensível? Será que Cristo realmente virá em tal glória e reino no fim dos tempos, quando não haverá necessidade de luz, nem de ar, nem de espaço, nem de nada semelhante, mas quando, segundo o testemunho do Apóstolo, Deus será tudo em todos ( 1 Coríntios 15:28 ), isto é, será tudo para todos? Se tudo, então a luz também. É Fica claro, portanto, que a luz do Tabor era a luz do Divino. E o evangelista João, ensinado pela revelação divina, afirma claramente que a futura cidade eterna e permanente não precisará do sol nem da lua para brilhar sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada ( Apocalipse 21:23 ). Não está ele mostrando claramente aqui o mesmo Jesus que agora foi divinamente transfigurado no Tabor e cuja carne brilhava como uma lâmpada? Da mesma forma, o Teólogo diz dos habitantes daquela cidade: " Eles não precisarão da luz de lâmpada, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os ilumina, e ali não haverá noite" ( Apocalipse 22:5 ). Mas que outra luz existe que não tem mudança nem sombra ( Tiago 1:17 )? Que luz é imutável e eterna, senão a luz da Divindade?

Pelo seu zelo em afirmar os ensinamentos da Igreja Ortodoxa, São Gregório foi persuadido pelo Santo Concílio e pelo Imperador a aceitar a ordenação como Arcebispo de Tessalônica, e por quase trinta anos pastoreou a Igreja de Tessalônica. Logo após sua morte, foi glorificado pela Igreja por sua santidade. No século XIV, ano em que viveu e morreu, o Patriarca Filoteu de Constantinopla (1362-1365) estabeleceu sua vida e a ordem do serviço religioso em sua memória. 

Tropárion de São Gregório de Palamas, Tom 8: Ó taumaturgo Gregório, instrutor na Ortodoxia, adorno dos santos hierarcas, campeão invencível dos teólogos, grande orgulho de Tessalônica, pregador da graça: intercede junto a Cristo Deus para que nossas almas sejam salvas.

Kondákion, no Tom 8: Ó Gregório, divinamente eloquente, juntos te louvamos, instrumento sagrado e divino da sabedoria, o brilhante clarim da teologia. E como uma mente diante da Mente primordial, ó pai, guia nossa mente até Ele, para que possamos clamar: Alegra-te, ó pregador da graça! 

Leituras Comemorativas João 21:15-25 (Matinas);
1 Coríntios 4:9-16;
João 1:43-51

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 2:13-3:5

Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra. No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós; para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos. Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.

Lucas 16:1-9

Fragmento 80 -
 O Senhor falou esta parábola: Havia certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que, o meu senhor, me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinquenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


São Autênticas Riquezas Aquelas Que, Uma Vez Possuídas, Não Podemos Perder.

Usai o dinheiro injusto para fazer amigos. Acaso Zaqueu possuía suas riquezas de forma justa? Leiam e vejam. Era o chefe dos publicanos, ou seja, aquele a quem eram entregues os tributos públicos. Dali tirou as suas riquezas. Tinha oprimido a muitos; tinha roubado a muitos, tinha armazenado muito. Cristo entrou em sua casa e a salvação chegou a ele, pois o Senhor afirma: Hoje entrou a salvação nesta casa.

Contemplai agora em que consiste a salvação. Inicialmente desejava ver ao Senhor, pois tinha baixa estatura. Como a multidão o impedia, subiu num sicômoro e o viu quando passava. Jesus o viu e disse: Zaqueu, desce. Convém que hoje eu fique em tua casa. Estás suspenso, mas não te mantenho no ar, ou seja, não dou tempo ao tempo. Querias ver-me ao passar; hoje me encontrarás habitando em tua casa. O Senhor entrou nela. Zaqueu, cheio de alegria, disse: Darei aos pobres a metade dos meus bens.

Veja como corre quem se apressa a usar o dinheiro injusto para fazer o bem com aquilo, que tu não permaneças sendo mau. As tuas moedas se convertem em bem e tu vais continuar sendo mau?

Pode-se entender também de outra maneira; não a calarei. O dinheiro injusto são as riquezas do mundo, procedam de onde procedam. De qualquer forma que se acumulem, são riquezas injustas. O que significa “são riquezas injustas”? É ao dinheiro que a injustiça chama com o nome de riquezas. Se tu buscas as verdadeiras riquezas, são outras. Nelas abundava Jó, ainda que estivesse nu, quando tinha o coração cheio de Deus e, tendo perdido tudo, proferia louvores a Deus, qual pedras preciosas. De que tesouro se nada possuía?

Essas são as verdadeiras riquezas. As outras somente a injustiça as denomina assim. Se as tens, não te reprovo: recebeu uma herança, teu pai ficou rico e as legou para ti. As adquiriste honestamente. Tu tens a casa cheia como fruto dos teus trabalhos, não te reprovo. Contudo, não as chames riquezas, porque, se fazes isto, as amarás e, se as amares, perecerás com elas. Perde-as, para que tu não pereças; doa-as, para adquiri-las; semeia-as, para colhê-las.

Não as chames riquezas, porque não são as verdadeiras. Estão cheias de pobreza e sempre sujeitas a infortúnios. Como chamar riquezas ao que te faz ter medo do ladrão, te leva a sentir medo do teu criado, medo de que te mate, que as pegue e fuja? Se fossem verdadeiras riquezas, te dariam segurança.

Portanto, são autênticas riquezas aquelas que, uma vez possuídas, não podemos perder. E para não ter medo do ladrão por causa delas, estejam ali onde ninguém as arrebata. Escuta ao Senhor: Acumulai vossos tesouros no céu, onde o ladrão não entra. Então serão autênticas riquezas: quando as mudes de lugar. Enquanto estão na terra, não são riquezas. Porém, o mundo, a injustiça, as denominam riquezas. Por isso Deus as chama dinheiro da injustiça, porque é a injustiça quem as denomina riquezas.

Bendito Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)

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