domingo, 7 de abril de 2013

3º Domingo da Grande Quaresma


07 de Abril de 2013(CC) / 25 de Março (CE) – Modo 2
Anunciação da SS. Mãe de Deus, nossa Senhora e sempre Virgem Maria
Domingo da Veneração da Cruz



FESTA DA ANUNCIAÇÃO

MATINAS

Lucas 1:39-49, 56

     39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,    40 entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.    41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,    42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!    43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?    44 Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.    45 Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.    46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,    47 e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;    48 porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,    49 porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.    56 E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa. 


COMENTÁRIO

Isabel e João Batista, movidos pelo Espírito Santo, são os primeiros seres humanos a prestar veneração à Santa Mãe de Deus. Eles representam todos os santos da Antiga Aliança que saúdam a chegada da Nova Eva, cumprindo-se a antiga promessa ao gênero humano decaído. A narrativa fala que a voz da Virgem provocou grande júbilo espiritual em Isabel e no Precursor ainda fetal. À maneira dos profetas do Velho Testamento, o Espírito Santo leva Isabel a profetizar acerca da Virgem: 
1. Primeiramente usa - em relação à Virgem - a fórmula introdutória dos louvores em Israel: “Bendita és tu...”, igualmente também se dirige à Criança: “Bendito é o Fruto do teu ventre”; 
2. Enche de humildade o profeta diante do que lhe é inefável, assim, Isabel diz: “Quem sou eu para que me visite a Mãe do meu Senhor?”; 
3. Faz com que profetize acerca do que não entende. Isabel não poderia entender como o mortal poderia gerar o Eterno; 
4. Louva Àquela que Deus santificou: “Bem aventurada aquela que creu...”.Em contrapartida, à semelhança dos coros que se alternavam nos ofícios levíticos, o Espírito Santo toma a boca de Maria, que também profetiza: 
a. Louvando o Soberano Deus pela Graça e Salvação que lhe concedeu, sendo ela uma humilde serva e; 
b. Anunciando a veneração que doravante todas as gerações lhe prestariam.
A maioria dos Protestantes não consegue enxergar este sentido do texto, porque são despossuídos de uma mente litúrgica. Como sua experiência se centraliza e se apoia unicamente na razão discursiva, reduz a expressão - “Bem Aventurada” - aplicada à Virgem a uma simples declaração sobre o estado de sua alma, ignorando completamente toda a cultura litúrgica que permeava a sociedade judaica e, em particular, desconsiderando o ambiente doméstico de Isabel: o Templo de Deus, pois era esposa do Sumo Sacerdote Zacarias. 
Tal abordagem assemelhasse às visões que um lenhador e um botânico exaurem de uma floresta: ambos, conforme a peculiaridade de cada um, só́ enxergam as suas utilidades, mas não conseguem exaurir sua alma, como faz um artista. 
Este reducionismo não atinge somente à Santa Virgem, mas, também, ao próprio Cristo, o Senhor; pois se a fórmula “Bendita, Bem Aventurada” for despida do seu sentido cúltico e reduzida a uma mera afirmação, isto significa que Isabel e o fetal João Batista, também não cultuaram e nem prestaram reverência ao Menino-Deus quando afirmaram: “Bendito o Fruto do Teu ventre”. 
A partir da visita de Maria a Isabel, a Igreja entende que foi o próprio Espírito Santo que inaugurou e instituiu os louvores e a veneração da Igreja à Santa Mãe de Deus. 
Pe. Mateus (Antonio Eça) 



LITURGIA DE SÃO BASÍLIO

Hebreus 2:11-18

     11 Pois tanto o que santifica como os que são santificados, vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de lhes chamar irmãos,    12 dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação.    13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu.    14 Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de carne e sangue, também ele semelhantemente participou das mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o Diabo;    15 e livrasse todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão.    16 Pois, na verdade, não presta auxílio aos anjos, mas sim à descendência de Abraão.    17 Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo.    18 Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.  

Lucas 1:24-38

     24 Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:    25 Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.    26 Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,    27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.    28 E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.    29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.    30 Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.    31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.    32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;    33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.    34 Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?    35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.    36 Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;    37 porque para Deus nada será impossível.    38 Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.


COMENTÁRIO

Falaremos deste santo e Divino Mistério da maneira que convém às nossas bocas falar das grandezas de Deus: com hinos de louvor. Assim, canta o Akathistos: 
Enviado do Céu veio sublime ArcanjoPara saudar a Virgem: Rejubila-te Maria!E ao ver que à sua voz Deus se fazia homem,
Junto dela cantou o seu deslumbramento: 
Rejubila-te, Tu és a alegria da nossa salvação!
Rejubila-te, Por Ti a maldição, enfim, desaparece!
Rejubila-te, És Tu quem levanta Adão da sua queda!
Rejubila-te, Enxugas finalmente as lágrimas de Eva! 
Rejubila-te, Montanha inacessível ao pensamento humano!
Rejubila-te, Oceano impenetrável ao próprio olhar dos Anjos!
Rejubila-te, És o trono e o palácio do Divino Rei!Rejubila-te, Sustentas em Ti Aquele que sustenta o Universo! 
Rejubila-te, Estrela que anuncias o Sol que vai nascer!
Rejubila-te, És o fecundo seio da encarnação divina!
Rejubila-te, Todas as criaturas em Ti são recriadas!
Rejubila-te, Em Ti o Criador tomou-se uma Criança! 
SALVE, SALVE, SALVE, ESPOSA INESPOSADA! 
(Trecho do Hino Akathistos à Mãe de Deus)  




DOMINGO DA VENERAÇÃO DA SANTA CRUZ


MATINAS (VII)

João 20:1-10

     1 No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.    2 Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.    3 Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.    4 Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro;    5 e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou.    6 Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados,    7 e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte.    8 Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.    9 Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos.    10 Tornaram, pois, os discípulos para casa.  

Hebreus 4:14-5:6

     14 Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.    15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.    16 Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.    1 Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados,    2 podendo ele compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraqueza.    3 E por esta razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados.    4 Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão.    5 assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei;    6 como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.  

Marcos 8:34-9:1

     34 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.    35 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.    36 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?    37 Ou que diria o homem em troca da sua vida?    38 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.    1 Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.   



HOMILIAS

Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.

Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.

Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós". (1 Co 5,7).

S. João Crisóstomo,
Homilia 1 «Sobre a Cruz e sobre o Ladrão»


«A CRUZ, ÁRVORE DE VIDA»

Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden, não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa natureza ferida por Satanás.

Depois de termos sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que permutas surpreendentes! A vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia. Por este motivo, o apóstolo Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria que floresceu na cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor 1, 17s) …

É pela cruz que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.

São Teodoro Estudita (759-826), monge em Constantinopla


ORAÇÃO

Pelo teu precioso sangue resgataste-nos da maldição da lei; tendo sido pregado à cruz e traspassado pela lança, tornaste-te para nós fonte de imortalidade; Ó Salvador nosso, glória a Ti!
Por causa da árvore proibida, Adão foi expulso do paraíso, porém, por causa da árvore da cruz, nele entrou o Ladrão; porque o primeiro, provando do seu fruto, desprezou o mandamento do Criador e o segundo, partilhando da tua crucifixão, confessou a tua divindade. Lembra-te de nós, ó Salvador, no teu Reino!

Do “Ofício da Paixão (Matinas)”

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