07 de Abril de
2013(CC) / 25 de Março (CE) – Modo 2
Anunciação
da SS. Mãe de Deus, nossa Senhora e sempre Virgem Maria
Domingo da Veneração da Cruz
FESTA DA ANUNCIAÇÃO
MATINAS
Lucas 1:39-49,
56
39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi
apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, 40 entrou em casa de Zacarias e saudou a
Isabel. 41 Ao ouvir Isabel a saudação
de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito
Santo, 42 e exclamou em alta voz:
Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! 43 E donde me provém isto, que venha
visitar-me a mãe do meu Senhor? 44
Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de
alegria dentro de mim. 45
Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do
Senhor lhe foram ditas. 46 Disse então
Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
47 e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador; 48 porque atentou na condição humilde de
sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 porque o Poderoso me fez grandes coisas;
e santo é o seu nome. 56 E Maria ficou
com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
COMENTÁRIO
Isabel e João Batista, movidos pelo Espírito Santo, são os primeiros seres humanos a prestar veneração à Santa Mãe de Deus. Eles representam todos os santos da Antiga Aliança que saúdam a chegada da Nova Eva, cumprindo-se a antiga promessa ao gênero humano decaído. A narrativa fala que a voz da Virgem provocou grande júbilo espiritual em Isabel e no Precursor ainda fetal. À maneira dos profetas do Velho Testamento, o Espírito Santo leva Isabel a profetizar acerca da Virgem:
1. Primeiramente usa - em relação à Virgem - a fórmula introdutória dos louvores em Israel: “Bendita és tu...”, igualmente também se dirige à Criança: “Bendito é o Fruto do teu ventre”;
2. Enche de humildade o profeta diante do que lhe é inefável, assim, Isabel diz: “Quem sou eu para que me visite a Mãe do meu Senhor?”;
3. Faz com que profetize acerca do que não entende. Isabel não poderia entender como o mortal poderia gerar o Eterno;
4. Louva Àquela que Deus santificou: “Bem aventurada aquela que creu...”.Em contrapartida, à semelhança dos coros que se alternavam nos ofícios levíticos, o Espírito Santo toma a boca de Maria, que também profetiza:
a. Louvando o Soberano Deus pela Graça e Salvação que lhe concedeu, sendo ela uma humilde serva e;
b. Anunciando a veneração que doravante todas as gerações lhe prestariam.
A maioria dos Protestantes não consegue enxergar este sentido do texto, porque são despossuídos de uma mente litúrgica. Como sua experiência se centraliza e se apoia unicamente na razão discursiva, reduz a expressão - “Bem Aventurada” - aplicada à Virgem a uma simples declaração sobre o estado de sua alma, ignorando completamente toda a cultura litúrgica que permeava a sociedade judaica e, em particular, desconsiderando o ambiente doméstico de Isabel: o Templo de Deus, pois era esposa do Sumo Sacerdote Zacarias.
Tal abordagem assemelhasse às visões que um lenhador e um botânico exaurem de uma floresta: ambos, conforme a peculiaridade de cada um, só́ enxergam as suas utilidades, mas não conseguem exaurir sua alma, como faz um artista.
Este reducionismo não atinge somente à Santa Virgem, mas, também, ao próprio Cristo, o Senhor; pois se a fórmula “Bendita, Bem Aventurada” for despida do seu sentido cúltico e reduzida a uma mera afirmação, isto significa que Isabel e o fetal João Batista, também não cultuaram e nem prestaram reverência ao Menino-Deus quando afirmaram: “Bendito o Fruto do Teu ventre”.
A partir da visita de Maria a Isabel, a Igreja entende que foi o próprio Espírito Santo que inaugurou e instituiu os louvores e a veneração da Igreja à Santa Mãe de Deus.
Pe. Mateus (Antonio Eça)
LITURGIA DE SÃO BASÍLIO
Hebreus
2:11-18
11 Pois tanto o que santifica como os que
são santificados, vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de
lhes chamar irmãos, 12 dizendo:
Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da
congregação. 13 E outra vez: Porei
nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu. 14 Portanto, visto como os filhos são
participantes comuns de carne e sangue, também ele semelhantemente participou
das mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da
morte, isto é, o Diabo; 15 e livrasse
todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à
escravidão. 16 Pois, na verdade, não
presta auxílio aos anjos, mas sim à descendência de Abraão. 17 Pelo que convinha que em tudo fosse
feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso
e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados
do povo. 18 Porque naquilo que ele
mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Lucas 1:24-38
24
Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou,
dizendo: 25 Assim me fez o Senhor nos
dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos
homens. 26 Ora, no sexto mês, foi o
anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão cujo
nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 28 E, entrando o anjo onde ela estava
disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a
pensar que saudação seria essa. 30
Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de
Deus. 31 Eis que conceberás e darás à
luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi seu pai; 33 e
reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. 34 Então Maria perguntou ao anjo: Como se
fará isso, uma vez que não conheço varão?
35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado
santo, Filho de Deus. 36 Eis que
também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto
mês para aquela que era chamada estéril;
37 porque para Deus nada será impossível. 38 Disse então Maria. Eis aqui a serva do
Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
COMENTÁRIO
Falaremos deste santo e Divino Mistério da maneira que convém às nossas bocas falar das grandezas de Deus: com hinos de louvor. Assim, canta o Akathistos:
Enviado do Céu veio sublime ArcanjoPara saudar a Virgem: Rejubila-te Maria!E ao ver que à sua voz Deus se fazia homem,
Junto dela cantou o seu deslumbramento:
Rejubila-te, Tu és a alegria da nossa salvação!
Rejubila-te, Por Ti a maldição, enfim, desaparece!
Rejubila-te, És Tu quem levanta Adão da sua queda!
Rejubila-te, Enxugas finalmente as lágrimas de Eva!
Rejubila-te, Montanha inacessível ao pensamento humano!
Rejubila-te, Oceano impenetrável ao próprio olhar dos Anjos!
Rejubila-te, És o trono e o palácio do Divino Rei!Rejubila-te, Sustentas em Ti Aquele que sustenta o Universo!
Rejubila-te, Estrela que anuncias o Sol que vai nascer!
Rejubila-te, És o fecundo seio da encarnação divina!
Rejubila-te, Todas as criaturas em Ti são recriadas!
Rejubila-te, Em Ti o Criador tomou-se uma Criança!
SALVE, SALVE, SALVE, ESPOSA INESPOSADA!
(Trecho do Hino Akathistos à Mãe de Deus)
DOMINGO DA VENERAÇÃO DA SANTA CRUZ
MATINAS (VII)
João 20:1-10
1 No primeiro dia da semana Maria Madalena
foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora
removida do sepulcro. 2 Correu, pois,
e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes:
Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. 3 Saíram então Pedro e o outro discípulo e
foram ao sepulcro. 4 Corriam os dois
juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou
primeiro ao sepulcro; 5 e, abaixando-se
viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou. 6 Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia,
e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados, 7 e que o lenço, que estivera sobre a
cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 8 Então entrou também o outro discípulo,
que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. 9 Porque ainda não entendiam a escritura,
que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos. 10 Tornaram, pois, os discípulos para
casa.
Hebreus
4:14-5:6
14 Tendo, portanto, um grande sumo
sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a
nossa confissão. 15 Porque não temos
um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um
que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao
trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos
socorridos no momento oportuno. 1
Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos
homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios
pelos pecados, 2 podendo ele
compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo
está rodeado de fraqueza. 3 E por esta
razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício
pelos pecados. 4 Ora, ninguém toma
para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão. 5 assim também Cristo não se glorificou a
si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse:
Tu és meu Filho, hoje te gerei; 6 como
também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.
Marcos
8:34-9:1
HOMILIAS
Hoje, nosso
Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que
saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz
designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de
condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de
bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com
Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos.
Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de
mil bens.
Graças a ela,
já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não
ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas
inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos
na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos
o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado
do Rei.
Eis porque
estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos
convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz
ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da
perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele
explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por
nós". (1 Co 5,7).
S. João Crisóstomo,
Homilia 1 «Sobre a Cruz e
sobre o Ladrão»
«A CRUZ, ÁRVORE DE VIDA»
Como é bela a
imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora
a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e
desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a
cegueira. Leva a entrar no Éden, não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu
Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o
poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão do tirano. Foi sobre
esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e
no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa
natureza ferida por Satanás.
Depois de termos
sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos
sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente
enganadora. Que permutas surpreendentes! A vida em vez da morte, a imortalidade
em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia. Por este motivo, o apóstolo
Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”
(Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria que floresceu na
cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor 1, 17s) …
É pela cruz
que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os
apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos
santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e
fomos reunidos no redil do alto.
São Teodoro Estudita
(759-826), monge em Constantinopla
ORAÇÃO
Pelo teu
precioso sangue resgataste-nos da maldição da lei; tendo sido pregado à cruz e
traspassado pela lança, tornaste-te para nós fonte de imortalidade; Ó Salvador
nosso, glória a Ti!
Por causa da
árvore proibida, Adão foi expulso do paraíso, porém, por causa da árvore da
cruz, nele entrou o Ladrão; porque o primeiro, provando do seu fruto, desprezou
o mandamento do Criador e o segundo, partilhando da tua crucifixão, confessou a
tua divindade. Lembra-te de nós, ó Salvador, no teu Reino!
Do “Ofício da Paixão (Matinas)”
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