sábado, 30 de abril de 2016

Grande Sábado Santo

SEMANA DA PAIXÃO
30 de Abril de 2016 (CC) / 17 de Abril (CE)
Santo Mártir Simeão, Bispo da Pérsia e seus 1257 companheiros († 341)
São Macario, Metropolita de Corinto; 
Venerável Zósimas, Higúmeno de Solovetsk; 
Místico Dipnos
Jejum (Vinho permitido) 



Cristo dorme no sepulcro, desce aos infernos, onde lhe esperam os justos do Antigo Testamento, e lhes anuncia a salvação próxima e a ascensão com ele ao céu.

Na manhã deste Sábado a Santa Tradição nos recorda a recompensa da fidelidade. A crucifixão terminou, Cristo foi sepultado e os doze apóstolos e discípulos estão dispersos e derrotados. Porém, três portadoras de aromas aproximam-se por fidelidade para executar um derradeiro ato de amor – ungir o corpo de Jesus com Mirra, seguindo os costumes funerários judaicos. Sua devoção inabalável é recompensada – elas são as primeiras a compartilhar do triunfo de Cristo sobre a morte e o mal; são as primeiras a testemunhar sua Ressurreição. Celebramos essa alegria quando o sacerdote espalha folhas de louro e pétalas de rosa pela igreja.

Na madrugada de domingo são repetidas as lamentações da noite anterior e todas as luzes da igreja se apagam, simbolizando o desespero e a derrota sentidos às vésperas da vitória de Cristo sobre o inimigo de nossa salvação. Precisamente à meia-noite uma única chama é acesa no altar representando a vitória de Jesus sobre a morte e a derrota do príncipe das trevas ante a majestade de Cristo, a Luz do Mundo. Essa luz é passada de pessoa para pessoa, iluminando a igreja até afastar por completo a escuridão. A Ressurreição é proclamada por meio de canções e de uma procissão, e após a liturgia a chama é levada para as nossas casas, para que elas também se encham com a sua luz, calor e o triunfo da Ressurreição.



MATINAS

Ezequiel 37:1-14

1 Veio sobre mim a mão do Senhor; e ele me levou no Espírito do Senhor, e me pôs no meio do vale que estava cheio de ossos; 2 e me fez andar ao redor deles. E eis que eram muito numerosos sobre a face do vale; e eis que estavam sequíssimos 3 Ele me perguntou: Filho do homem, poderão viver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes. 4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. 5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer entrar em vós o fôlego da vida, e vivereis. 6 E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vos estenderei pele, e porei em vós o fôlego da vida, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor. 7 Profetizei, pois, como se me deu ordem. Ora enquanto eu profetizava, houve um ruído; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, osso ao seu osso. 8 E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles fôlego. 9 Então ele me disse: Profetiza ao fôlego da vida, profetiza, ó filho do homem, e dize ao fôlego da vida: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. 10 Profetizei, pois, como ele me ordenara; então o fôlego da vida entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo. 11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo cortados. 12 Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu vos abrirei as vossas sepulturas, sim, das vossas sepulturas vos farei sair, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. 13 E quando eu vos abrir as sepulturas, e delas vos fizer sair, ó povo meu, sabereis que eu sou o Senhor. 14 E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor.

1 Coríntios 5:6-8

6 Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? 7 Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado. 8 Pelo que celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.

Gálatas 3:13-14

13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; 14 para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito.

Mateus 27:62-66

62 No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos, 63 e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei. 64 Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro. 65 Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis. 66 Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.

† † 

VÉSPERAS

Gênesis 1:1-13
É o relato dos três primeiros dias, isto é, a criação do universo. Assim é evidenciada a implicação cósmica da Ressurreição que, segundo os Padres, foi uma verdadeira recriação. "Toda a vida do universo, toda a vida da humanidade já é diferente desde a vinda do Cristo, esta constitui uma nova Criação. . . se nós não o vemos com nossos olhos terrestres, isto provém da limitação das nossas faculdades" (N. Berdiaeff, Esprit et Liberté, Paris, 1932, p. 195).

1 No princípio, Deus fez o céu e a terra. 2 A terra, porém, não era visível e estava vazia; havia trevas sobre o abismo, e o Espírito de Deus era movido sobre as águas. 3 Disse Deus: "Haja luz." E houve luz.4 Deus viu que a luz era boa, e então Deus fez separação entre a luz e as trevas. 5 Chamou Deus a luz Dia, e as trevas chamou Noite. Houve tarde e houve manhã. Um dia.6 Disse Deus: "Haja firmamento no meio das águas, e que sirva como uma divisão entre águas e águas." E assim foi. 7 Deus fez o firmamento, e fez separação entre as águas que estavam debaixo do firmamento e as águas que estavam acima do firmamento. 8 Chamou Deus ao firmamento Céus; e viu Deus que era bom. Houve tarde e houve manhã. O segundo dia. 9 Disse Deus: "A água que está debaixo do céu seja recolhida em um só ajuntamento, e a terra seca apareça." E assim foi. A água que estava sob o céu foi recolhida em seus ajuntamentos e a terra seca apareceu. 10 Chamou Deus ao elemento seco Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e Deus viu que isso era bom. 11 Disse Deus: "Produza a terra a erva de grama carregando semente de acordo com a sua espécie e de acordo com a sua semelhança, e árvores de fruto produzindo fruto cuja semente está nele conforme a sua espécie sobre a terra." E assim foi. 12 A terra produziu a erva de grama produzindo sementes de acordo com a sua espécie e de acordo com a sua semelhança, e as árvores de fruto produzindo fruto cuja semente está nele conforme a sua espécie sobre a terra; e Deus viu que isso era bom. 13 Houve tarde e houve manhã. O terceiro dia.

Isaías 60:1-16

1 Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor. 2 Pois eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. 3 E nações caminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora. 4 Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado. 5 Então o verás, e estarás radiante, e o teu coração estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti virão. 6 A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos os de Sabá, virão; trarão ouro e incenso, e publicarão os louvores do Senhor. 7 Todos os rebanhos de Quedar se congregarão em ti, os carneiros de Nebaoite te servirão; com aceitação subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha glória. 8 Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas? 9 Certamente as ilhas me aguardarão, e vêm primeiro os navios de Társis, para trazerem teus filhos de longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou. 10 E estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti. 11 As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão; para que te sejam trazidas as riquezas das nações, e conduzidos com elas os seus reis. 12 Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas. 13 A glória do Líbano virá a ti; a faia, o olmeiro, e o buxo conjuntamente, para ornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar em que assentam os meus pés. 14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão junto às plantas dos teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel. 15 Ao invés de seres abandonada e odiada como eras, de sorte que ninguém por ti passava, far-te-ei uma excelência perpétua, uma alegria de geração em geração. 16 E mamarás o leite das nações, e te alimentarás ao peito dos reis; assim saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.

Êxodo 12:1-11
O emprego "tipológico" do Êxodo aparece no Antigo Testamento mesmo, onde os profetas anunciam um Êxodo escatológico. Além do mais, ele constitui uma das estruturas do Novo Testamento, depois do pensamento patrístico. São Mateus multiplica as alusões ao Êxodo. Mais precisamente, o Evangelho de João, que é uma espécie de catequese pascal, quer mostrar aos batizados que os mistérios recebidos na noite de Páscoa atualizam os prodígios do Êxodo definitivo. O Cristo é o cordeiro pascal cujo sangue apaga os pecados do mundo (João l:29) e os soldados, depois da crucifixão, não lhe quebraram as pernas como se cumprissem sem saber a prescrição ritual concernente ao cordeiro pascal (João 19:36). Pedro evoca nossa liberação "por um sangue precioso, aquele do cordeiro sem defeito e sem mácula, o Cristo, que foi designado desde antes da criação do mundo... " (I Pd. 1:19-20), o que evoca "o Cordeiro de Deus imolado antes da fundação do mundo" de que nos fala o Apocalipse (5:12). Pois a própria Criação implica como que uma "retração" e um risco de Deus, ela está à sombra da Cruz e a Páscoa é o centro onde se recapitula e se cumpre toda a história.

1 E o Senhor falou a Moisés e Arão, na terra do Egito, dizendo: 2 "Este mês será para vós o princípio dos meses: é o primeiro para vós entre os meses do ano. 3 Falai a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: "Aos dez deste mês tome cada homem um cordeiro, de acordo com as casas das suas famílias; cada homem um cordeiro para sua casa. 4 E se forem poucos em uma casa, de modo que não haja pessoas o suficiente para um cordeiro, tomará com ele o seu vizinho, que mora próximo. Quanto ao número de almas, cada um, segundo o que for suficiente, deverá fazer a conta para o cordeiro.
5 Deverá ser um cordeiro sem defeito, macho, de um ano de idade; haveis de tomá-lo dos cordeiros e das crias. 6 E ele deverá ser mantido convosco até o décimo quarto dia deste mês; e então, toda a multidão da congregação dos filhos de Israel o imolará, ao entardecer. 7 Tomarão do sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e na verga da porta nas casas em que estiver seja quem for que deva comê-lo. 8 Comerão a carne assada com o fogo, nesta noite; e comerão pão sem fermento, com ervas amargas. 9 Vós não comereis dele cru nem cozido em água, mas apenas assado no fogo; a cabeça com os pés e a fressura. 10 Nada deverá ser deixado dele até a manhã, e nem um osso dele quebrareis; mas, o que restar até pela manhã queimareis com o fogo.

Jonas 1:1-4:11
É a representação - explicitada também na vigília atual - da morte, da descida aos infernos e da Ressurreição do Cristo: "Ó Cristo... ao terceiro dia, como Jonas da baleia, Tu te levantaste do túmulo." Para os Padres e, primeiro, para Santo Irineu, o "monstro" que engole Jonas simboliza nossa condição decaída, infernal. Além do que, o próprio Jesus, recusando-se a convencer os Fariseus com um milagre, exclamou: "Geração perversa e adúltera! Ela reclama um sinal e, como sinal, só lhe será dado aquele do profeta Jonas. Com efeito, do mesmo modo que Jonas ficou no ventre do monstro marinho durante três dias e três noites, de igual modo o Filho do Homem ficará sob a terra durante três dias e três noites. .." (Mat. 12:39-40).

1 Ora veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: 2 Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. 3 Jonas, porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor. 4 Mas o Senhor lançou sobre o mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, de modo que o navio estava a ponto de se despedaçar. 5 Então os marinheiros tiveram medo, e clamavam cada um ao seu deus, e alijaram ao mar a carga que estava no navio, para o aliviarem; Jonas, porém, descera ao porão do navio; e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono. 6 O mestre do navio, pois, chegou-se a ele, e disse-lhe: Que estás fazendo, ó tu que dormes? Levanta-te, clama ao teu deus; talvez assim ele se lembre de nós, para que não pereçamos. 7 E dizia cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para sabermos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas. 8 Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu? 9 Respondeu-lhes ele: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca. 10 Então estes homens se encheram de grande temor, e lhe disseram: Que é isso que fizeste? pois sabiam os homens que fugia da presença do Senhor, porque ele lho tinha declarado. 11 Ainda lhe perguntaram: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Pois o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso. 12 Respondeu-lhes ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade. 13 Entretanto os homens se esforçavam com os remos para tornar a alcançar a terra; mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles. 14 Por isso clamaram ao Senhor, e disseram: Nós te rogamos, ó Senhor, que não pereçamos por causa da vida deste homem, e que não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, Senhor, fizeste como te aprouve. 15 Então levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria. 16 Temeram, pois, os homens ao Senhor com grande temor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram votos. 17 Então o Senhor deparou um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe. 1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe; 2 e disse: Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste a minha voz. 3 Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim. 4 E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; como tornarei a olhar para o teu santo templo? 5 As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça. 6 Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida. 7 Quando dentro de mim desfalecia a minha alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo. 8 Os que se apegam aos vãos ídolos afastam de si a misericórdia. 9 Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz de ação de graças; o que votei pagarei. Ao Senhor pertence a salvação. 10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na terra. 1 Pela segunda vez veio a palavra do Senhor a Jonas, dizendo: 2 Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e lhe proclama a mensagem que eu te ordeno. 3 Levantou-se, pois, Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive era uma grande cidade, de três dias de jornada. 4 E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida. 5 E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior deles até o menor. 6 A notícia chegou também ao rei de Nínive; e ele se levantou do seu trono e, despindo-se do seu manto e cobrindo-se de saco, sentou-se sobre cinzas. 7 E fez uma proclamação, e a publicou em Nínive, por decreto do rei e dos seus nobres, dizendo: Não provem coisa alguma nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água; 8 mas sejam cobertos de saco, tanto os homens como os animais, e clamem fortemente a Deus; e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. 9 Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos? 10 Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho, e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez. 1 Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. 2 E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. 3 Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver. 4 Respondeu o senhor: É razoável essa tua ira? 5 Então Jonas saiu da cidade, e sentou-se ao oriente dela; e ali fez para si uma barraca, e se sentou debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade. 6 E fez o Senhor Deus nascer uma aboboreira, e fê-la crescer por cima de Jonas, para que lhe fizesse sombra sobre a cabeça, a fim de o livrar do seu enfado; de modo que Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira. 7 Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, de sorte que esta se secou. 8 E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental; e o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver. 9 Então perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da aboboreira? Respondeu ele: É justo que eu me enfade a ponto de desejar a morte. 10 Disse, pois, o Senhor: Tens compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que numa noite nasceu, e numa noite pereceu. 11 E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a esquerda, e também muito gado?

Josué 5:10-15
A tipologia de Josué, enunciada pela Epístola aos Hebreus (4:8-9), se desenvolve através de todo período patrístico. A passagem lida aqui, mostra Josué celebrando pela primeira vez a Páscoa na terra prometida onde ele acaba de introduzir os hebreus. Depois é a Teofania "do chefe dos exércitos do Senhor" que aparece a Josué e lhe revela: "O lugar onde tu pisas é santo." Josué é Jesus (o nome é o mesmo). A terra prometida é o Reino, ou antes, a terra transfigurada, o paraíso. A Páscoa é a Eucaristia. A Teofania, a figura da Ressurreição, presença secreta da Parusia. É assim que os Padres liam a Bíblia, no mistério do Nome de IHVH - que significa "Deus salva."

10 Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas planícies de Jericó. 11 E, ao outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do produto da terra, pães ázimos e espigas tostadas. 12 E no dia depois de terem comido do produto da terra, cessou o maná, e os filhos de Israel não o tiveram mais; porém nesse ano comeram dos produtos da terra de Canaã. 13 Ora, estando Josué perto de Jericó, levantou os olhos, e olhou; e eis que estava em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua. Chegou-se Josué a ele, e perguntou-lhe: És tu por nós, ou pelos nossos adversários? 14 Respondeu ele: Não; mas venho agora como príncipe do exército do Senhor. Então Josué, prostrando-se com o rosto em terra, o adorou e perguntou-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo? 15 Então respondeu o príncipe do exército do Senhor a Josué: Tira os sapatos dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E Josué assim fez:

Êxodo 13:20-15:19
Nós encontramos aqui a tipologia do Êxodo, com a travessia do Mar Vermelho. No simbolismo patrístico, essa travessia representa a passagem vitoriosa do Deus-Homem e de seu povo através das águas da morte e a derrota das forças da servidão simbolizadas pelos Egípcios. Também por aí, como já o assinala a Primeira Epístola aos Coríntios (10:1-13), a travessia do Mar Vermelho é uma representação do batismo que nos faz participar na Morte e na Ressurreição do Cristo. Essas duas leituras, com efeito, constituem a preparação última dos catecúmenos que, no Oriente e em todo mundo cristão, recebiam o batismo na vigília pascal. 
No final dessa leitura ecoa, cantado pelo coro, o cântico entoado por Moisés e todas as crianças de Israel depois da travessia do Mar Vermelho. Esse cântico passa um tom de júbilo escatológico, captado muito bem pelo Apocalipse, que profetiza a história do novo Israel por meio de imagens e episódios emprestados à história do antigo Israel. "E eu vi também como que um mar de vidro mesclado de fogo e aqueles que triunfaram da besta, de sua imagem e do número de seu nome, em pé junto a este mar de vidro. Acompanhando-se de harpas de Deus, eles cantam o cântico de Moisés, o servo de Deus, e o cântico do Cordeiro" (Apo. 15:-8).

20 Os filhos de Israel partiram de Sucote e acamparam-se em Edom, no deserto. 21 E Deus os conduziu durante o dia por um pilar de nuvem, para lhes mostrar o caminho; e, durante a noite,  por uma coluna de fogo. 22 E a coluna de nuvem não faltou por um só dia, nem a coluna de fogo à noite, diante de todas as pessoas. 1 Falou o Senhor a Moisés, dizendo: 2 "Fala aos filhos de Israel; e que eles se voltem e acampem diante da aldeia, entre Migdol e o mar, em frente à Baal Zefon; diante delas tu deverás acampar, à beira-mar. 3 E Faraó irá dizer a seu povo: "Quanto aos filhos de Israel, eles estão vagando na terra, pois o deserto encerrou-os em si." 4 Eu endurecerei o coração de Faraó e ele irá persegui-los, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército; e todos os egípcios saberão que Eu sou o Senhor." E eles assim fizeram. 5 Então foi relatado ao rei do Egito que o povo tinha saido, e o coração de Faraó e os dos seus servos foi mudado contra o povo, e eles disseram: "Que é isto que temos feito, deixando os filhos de Israel partir, de modo que eles não mais irão nos servir?" 6 Assim, Faraó atrelou os seus carros, e conduziu para fora todo o seu povo consigo, 7 havendo também tomado seiscentos carros escolhidos e toda a cavalaria dos egípcios, e colocado comandantes sobre todos. 8 O Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, e o de seus servos, para que perseguissem os filhos de Israel; e os filhos de Israel saíram, com mão poderosa. 9 Os egípcios perseguiram-nos e encontraram-nos acampados junto ao mar; e toda a cavalaria e os carros de Faraó, e os cavaleiros e seu exército, estavam diante da aldeia, defronte Baal Zefon. 10 Faraó aproximou-se; então os filhos de Israel, tendo olhado para cima, viram que os egípcios estavam acampados por trás deles, e ficaram muito atemorizados. E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, 11 e disseram a Moisés: "É porque não havia túmulos no Egito que nos tiraste, para nos matar no deserto? O que é isso que fizeste para nós, tendo nos tirado do Egito? 12 Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: "Deixa-nos, para que sirvamos aos egípcios?" Pois é melhor para nós servir aos egípcios do que morrer neste deserto." 13 Mas Moisés disse ao povo: "Tende bom ânimo. Levantai-vos, e vede a salvação que vem do Senhor, a qual ele irá operar para nós neste dia; pois assim como vistes os egípcios hoje, outra vez não os vereis mais, para sempre. 14 O Senhor pelejará por vós e ficareis em paz." 15 E o Senhor disse a Moisés: "Por que clamas a mim? Fala com os filhos de Israel e ordena-os a prosseguirem. 16 E tu, levanta a tua vara e estende a tua mão sobre o mar para dividi-lo; e que os filhos de Israel entrem no meio do mar, sobre a terra seca. 17 E, eis! Irei endurecer o coração de Faraó e de todos os egípcios e estes entrarão atrás deles; e Eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e sobre os seus carros e seus cavalos. 18 Os egípcios saberão que Eu sou o Senhor, quando eu for glorificado em Faraó e sobre os seus carros e seus cavalos." 19 E o anjo de Deus, que fora adiante do acampamento dos filhos de Israel, retirou-se e foi para trás; e a coluna de nuvem também se retirou de diante deles, e se pôs por trás deles. 20 Postou-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel, parando; houve trevas e negritude e, durante a noite, atravessaram. E eles não se aproximaram um do outro, durante toda a noite. 21 Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor levou de volta o mar com um forte vento sul, por toda a noite, fazendo o mar secar; e a água foi dividida. 22 Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, sobre a terra seca, e as águas formavam uma muralha do lado direito e uma muralha do lado esquerdo. 23 Então os egípcios os perseguiram e entraram atrás deles, e todos os cavalos de Faraó, e os seus carros e seus cavaleiros, no meio do mar. 24 E sucedeu que, na vigília da manhã, o Senhor olhou para o acampamento dos Egípcios através da coluna de fogo e nuvem, e alvoroçou o acampamento dos egípcios, 25 trancando o eixo de seus carros, e os fez andar com dificuldade; e os egípcios disseram: "Fujamos da face de Israel, porque o Senhor luta por eles contra os egípcios." 26 Então o Senhor disse a Moisés: "Estende a tua mão sobre o mar, e que a água retorne para seu lugar e que ela cubra os egípcios, vindo tanto sobre os carros como sobre os cavaleiros." 27 Moisés estendeu a sua mão sobre o mar e a água voltou ao seu lugar, na direção do dia; e os egípcios fugiram das águas. Mas o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar. 28 As águas voltaram e cobriram os carros e os cavaleiros, e todas as hostes do Faraó que entraram depois deles no mar; e não foi deixado dentre eles nem um sequer. 29 Mas os filhos de Israel passaram ao longo de terra seca no meio do mar; e a água era para eles uma muralha do lado direito, e uma muralha do lado esquerdo. 30 Então o Senhor libertou Israel, naquele dia, da mão dos Egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. 31 Israel viu a mão poderosa, as coisas que o Senhor fez para os egípcios, e o povo temeu ao Senhor; e eles creram em Deus e em Moisés, seu servo. 1 Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este cântico a Deus; e começaram, dizendo: "Cantemos ao Senhor, porque Ele é grandemente glorificado; cavalo e cavaleiro Ele lançou no mar. 2 Ele foi para mim um que socorre, e protetor para a salvação; este é o meu Deus, e irei glorificá-lo; é o Deus de meu pai, e o exaltarei. 3 O Senhor, que torna as guerras em nada; O Senhor é o seu nome. 4 Ele lançou os carros de Faraó e seu exército no mar, os capitães escolhidos, montados; foram engolidos pelo Mar Vermelho. 5 Ele os cobriu com o mar; foram-se ao fundo como uma pedra. 6 A tua destra, ó Deus, tem sido glorificada em força; a tua destra, ó Deus, quebrou os inimigos. 7 Na abundância da tua glória quebraste os adversários em pedaços; enviaste o teu furor, que os devorou como palha. 8 Pelo sopro de tua ira as águas se separaram; as águas ficaram congeladas como uma muralha; as ondas foram congeladas no meio do mar. 9 O inimigo dizia: "Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos, irei satisfazer a minha alma; destruirei com a minha espada, minha mão terá domínio." 10 Enviaste o teu vento, o mar os encobriu; afundaram-se como chumbo na água poderosa. 11 Quem é como Tu entre os deuses, Senhor? Quem é semelhante a ti? Glorificado em santidade, maravilhoso em glórias, operando maravilhas. 12 Estendeste a tua mão direita e a terra os tragou. 13 Tens guiado, em Tua justiça, este Teu povo que resgataste; pelo Teu poder os tens chamado para o teu santo lugar de descanso. 14 As nações ouviram e ficaram iradas; dores se apossaram dos moradores, entre os Filisteus. 15 Então os príncipes de Edom e os chefes dos Moabitas se apressaram, tremor apoderou-se deles; todos os habitantes de Canaã derreteram-se. 16 Que tremor e medo caiam sobre eles, pela grandeza do Teu braço! que tornem-se como pedra, até que o teu povo passe, ó Senhor; até que este teu povo passe, a quem tu compraste. 17 Introduzindo-os, planta-os na montanha da sua herança, em tua habitação preparada, a qual Tu, ó Senhor, tens preparado. O santuário, oh Senhor, que tuas mãos prepararam. 18 O Senhor reina para sempre e sempre e sempre." 19 Porque os cavalos de Faraó entraram com as carruagens e cavaleiros no mar, e o Senhor trouxe sobre eles a água do mar; mas os filhos de Israel atravessaram pela terra seca, no meio do mar.

Sofonias 3:8-15

8 Portanto esperai-me a mim, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu intento é ajuntar nações e congregar reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; pois esta terra toda será consumida pelo fogo do meu zelo. 9 Pois então darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, e o sirvam com o mesmo espírito. 10 Dalém dos rios da Etiópia os meus adoradores, a saber, a filha dos meus dispersos, trarão a minha oferta. 11 Naquele dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te rebelaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti, os que exultam arrogantemente, e tu nunca mais te ensoberbeceras no meu santo monte. 12 Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. 13 O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; pois serão apascentados, e se deitarão, e não haverá quem os espante. 14 Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém. 15 O Senhor afastou os juízos que havia contra ti, lançou fora o teu inimigo; o Rei de Israel, o Senhor, está no meio de ti; não temerás daqui em diante mal algum.

1 Reis 17:8-24

8 Veio-lhe então a palavra do Senhor, dizendo: 9 Levanta-te, vai para Sarepta, que pertence a Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei a uma mulher viúva ali que te sustente. 10 Levantou-se, pois, e foi para Sarepta. Chegando ele à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me, peço-te, num vaso um pouco d`água, para eu beber. 11 Quando ela ia buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me também um bocado de pão contigo. 12 Ela, porém, respondeu: Vive o Senhor teu Deus, que não tenho nem um bolo, senão somente um punhado de farinha na vasilha, e um pouco de azeite na botija; e eis que estou apanhando uns dois gravetos, para ir prepará-lo para mim e para meu filho, a fim de que o comamos, e morramos. 13 Ao que lhe disse Elias: Não temas; vai, faze como disseste; porém, faze disso primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo aqui; depois o farás para ti e para teu filho. 14 Pois assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da vasilha não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até o dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra. 15 Ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeram, ele, e ela e a sua casa, durante muitos dias. 16 Da vasilha a farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de Elias. 17 Depois destas coisas aconteceu adoecer o filho desta mulher, dona da casa; e a sua doença se agravou tanto, que nele não ficou mais fôlego. 18 Então disse ela a Elias: Que tenho eu contigo, ó homem de Deus? Vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade, e matares meu filho? 19 Respondeu-lhe ele: Dá-me o teu filho. E ele o tomou do seu regaço, e o levou para cima, ao quarto onde ele mesmo habitava, e o deitou em sua cama. 20 E, clamando ao Senhor, disse: ç Senhor meu Deus, até sobre esta viúva, que me hospeda, trouxeste o mal, matando-lhe o filho? 21 Então se estendeu sobre o menino três vezes, e clamou ao Senhor, dizendo: ç Senhor meu Deus, faze que a vida deste menino torne a entrar nele. 22 O Senhor ouviu a voz de Elias, e a vida do menino tornou a entrar nele, e ele reviveu. 23 E Elias tomou o menino, trouxe-o do quarto à casa, e o entregou a sua mãe; e disse Elias: Vês aí, teu filho vive: 24 Então a mulher disse a Elias: Agora sei que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade.  

Isaías 61:10-62:5

10 Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas jóias. 11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações. 1 Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa. 2 E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará. 3 Também serás uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. 4 Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e à tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará. 5 Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus  

Gênesis 22:1-18
Relato do sacrifício de Isaac, cujo sentido figurado é dado pela Epístola aos Hebreus (11:17-19): "É pela fé que Abraão, colocado à prova, ofereceu Isaac em sacrifício. Assim, aquele que recebeu as promessas e a quem foi dito: É de Isaac que nasce tua posteridade, ofereceu este filho único, considerando Deus poderoso o bastante para ressuscitar os mortos; também recobrou-o, figuradamente." O sacrifício que Abraão consuma e que abole as promessas, profetiza a Paixão do Cristo; e a criança recuperada representa a Ressurreição. A Epístola aos hebreus doura a tragédia atribuindo a Abraão uma esperança que o Gênesis não menciona. A tipologia é, aí, facilitada. Mas é válido se reportar ao próprio relato, tal como o faz ressoar esta leitura. Abraão diz a Isaac que lhe interroga enquanto eles sobem ao Moriá: "Deus proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho." E quando Deus, no último instante, substitui a vítima humana por um carneiro, compreende-se que ele prepara o Cordeiro divino, o Cristo, cada vez que o homem avança na confiança e na obediência, acima de toda lógica. Como não daria Ele Seu próprio Filho, uma vez que o homem estava pronto a Lhe dar o seu? Para os Padres, o carneiro é o "tipo" do Cristo crucificado. O arbusto no qual se engancham os chifres do carneiro evoca a coroa de espinhos e, para Clemente de Alexandria, trata-se da sarça ardente. Se nós nos lembrarmos que, para São Cirilo de Jerusalém (PG 33, 796A), Jesus coroado dessa forma assume os espinhos em que se exprime a "maldição" da terra (Gên. 3:18), é todo o destino do cosmos que se encontra sugerido, transfigurado através mesmo da sua mais dolorosa exterioridade e toda a dor dos homens.

1 E aconteceu, depois destas coisas, que Deus postou  Abraão à prova, dizendo-lhe: "Abraão, Abraão;" e ele respondeu: "Eis! Eu estou aqui." 2 E Ele disse: "Toma o teu filho amado, a quem tens amado, Isaque, e vai para a terra montanhosa, e oferece-o ali como uma oferta de holocausto sobre um dos montes que Eu te mostrarei." 3 Abraão se levantou pela manhã e albardou o seu jumento, tomou consigo dois servos e Isaque, seu filho; e tendo cortado madeira para uma oferta de holocausto, levantou-se e partiu, e veio até o lugar do qual Deus lhe falara, 4 chegando ali ao terceiro dia. Abraão ergueu os olhos e avistou o lugar, de longe. 5 Então Abraão disse aos seus servos: "Assentai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço prosseguiremos até lá e, tendo adorado, retornaremos para vós." 6 Abraão tomou a lenha da oferta de holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho, e tomou em suas mãos tanto o fogo como a faca; e os dois foram, juntos. 7 Isaque disse ao seu pai, Abraão: "Pai!" E ele respondeu: "Que é, filho?" Ele disse: "Eis o fogo e a lenha; onde está a ovelha para uma oferta de holocausto?" 8 Abraão respondeu: "Deus proverá para si um cordeiro para a oferta de holocausto, meu filho." E havendo ido juntos, 9 chegaram ao lugar do qual Deus falara com ele. Ali Abraão construiu o altar e pôs a lenha sobre ele e, depois de ter atado juntos os pés de seu filho Isaque, deitou-o sobre o altar em cima da madeira. 10 Abraão estendeu a mão a fim de pegar a faca para matar seu filho. 11 Mas um anjo do Senhor o chamou do céu, dizendo: "Abraão, Abraão." Ele respondeu: "Eis que estou aqui." 12 E ele disse: "Não estendas a mão sobre a criança nem faças nada a ele, pois agora sei que temes a Deus e, por minha causa, tu não poupaste teu filho amado." 13 Então Abraão levantou os olhos fixando-os e, eis! um carneiro estava preso pelos chifres em uma planta de Sabek; Abraão tomou o carneiro e ofereceu-o como uma oferta de holocausto no lugar do seu filho Isaque. 14 Abraão chamou o nome daquele lugar, "Vi o Senhor;" para que se possa dizer, nos dias de hoje, "no monte em que o Senhor foi visto." 15 E um anjo do Senhor chamou Abraão pela segunda vez do céu, dizendo: 16 "Eu jurei por mim mesmo, diz o Senhor: Porquanto fizeste isto, e por minha consideração não poupaste teu filho amado, 17 certamente eu te abençoarei muitíssimo e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia que está na beira do mar; e a tua descendência herdará as cidades dos seus inimigos. 18 Em tua semente todas as nações da terra serão abençoadas, porque ouviste a minha voz."

Isaías 61:1-9

1 O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; 2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; 3 a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado. 4 E eles edificarão as antigas ruínas, levantarão as desolações de outrora, e restaurarão as cidades assoladas, as desolações de muitas gerações. 5 E haverá estrangeiros, que apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros. 6 Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis. 7 Em lugar da vossa vergonha, haveis de ter dupla honra; e em lugar de opróbrio exultareis na vossa porção; por isso na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria. 8 Pois eu, o Senhor, amo o juízo, aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes darei sua recompensa, e farei com eles um pacto eterno. 9 E a sua posteridade será conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do Senhor.

2 Reis 4:8-37

8 Sucedeu também certo dia que Eliseu foi a Suném, onde havia uma mulher rica que o reteve para comer; e todas as vezes que ele passava por ali, lá se dirigia para comer. 9 E ela disse a seu marido: Tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus. 10 Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto sobre o muro; e ponhamos-lhe ali uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, quando ele vier a nós se recolherá ali. 11 Sucedeu que um dia ele chegou ali, recolheu-se àquele quarto e se deitou. 12 Então disse ao seu moço Geazi: Chama esta sunamita. Ele a chamou, e ela se apresentou perante ele. 13 Pois Eliseu havia dito a Geazi: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o desvelo; que se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se fale por ti ao rei, ou ao chefe do exército? Ao que ela respondera: Eu habito no meio do meu povo. 14 Então dissera ele: Que se há de fazer, pois por ela? E Geazi dissera: Ora, ela não tem filho, e seu marido é velho. 15 Pelo que disse ele: Chama-a. E ele a chamou, e ela se pôs à porta. 16 E Eliseu disse: Por este tempo, no ano próximo, abraçarás um filho. Respondeu ela: Não, meu senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva. 17 Mas a mulher concebeu, e deu à luz um filho, no tempo determinado, no ano seguinte como Eliseu lhe dissera. 18 Tendo o menino crescido, saiu um dia a ter com seu pai, que estava com os segadores. 19 Disse a seu pai: Minha cabeça! minha cabeça! Então ele disse a um moço: Leva-o a sua mãe. 20 Este o tomou, e o levou a sua mãe; e o menino esteve sobre os joelhos dela até o meio-dia, e então morreu. 21 Ela subiu, deitou-o sobre a cama do homem de Deus e, fechando sobre ele a porta, saiu. 22 Então chamou a seu marido, e disse: Manda-me, peço-te, um dos moços e uma das jumentas, para que eu corra ao homem de Deus e volte. 23 Disse ele: Por que queres ir ter com ele hoje? Não é lua nova nem sábado. E ela disse: Tudo vai bem. 24 Então ela fez albardar a jumenta, e disse ao seu moço: Guia e anda, e não me detenhas no caminhar, senão quando eu to disser. 25 Partiu pois, e foi ter com o homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a de longe o homem de Deus, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita; 26 corre-lhe ao encontro e pergunta-lhe: Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho? Ela respondeu: Vai bem. 27 Chegando ela ao monte, à presença do homem de Deus, apegou- se-lhe aos pés. Chegou-se Geazi para a retirar, porém, o homem de Deus lhe disse: Deixa-a, porque a sua alma está em amargura, e o Senhor mo encobriu, e não mo manifestou. 28 Então disse ela: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes? 29 Ao que ele disse a Geazi: Cinge os teus lombos, toma o meu bordão na mão, e vai. Se encontrares alguém, não o saúdes; e se alguém te saudar, não lhe respondas; e põe o meu bordão sobre o rosto do menino. 30 A mãe do menino, porém, disse: Vive o senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar. Então ele se levantou, e a seguiu. 31 Geazi foi adiante deles, e pôs o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia nele voz nem sentidos. Pelo que voltou a encontrar-se com Eliseu, e o informou, dizendo: O menino não despertou. 32 Quando Eliseu chegou à casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama. 33 Então ele entrou, fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao Senhor. 34 Em seguida subiu na cama e deitou-se sobre o menino, pondo a boca sobre a boca do menino, os olhos sobre os seus olhos, e as mãos sobre as suas mãos, e ficou encurvado sobre ele até que a carne do menino aqueceu. 35 Depois desceu, andou pela casa duma parte para outra, tornou a subir, e se encurvou sobre ele; então o menino espirrou sete vezes, e abriu os olhos. 36 Eliseu chamou a Geazi, e disse: Chama essa sunamita. E ele a chamou. Quando ela se lhe apresentou, disse ele :Toma o teu filho. 37 Então ela entrou, e prostrou-se a seus pés, inclinando-se à terra; e tomando seu filho, saiu.

Isaías 63:11-64:5

11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade, de Moisés, e do seu povo, dizendo: Onde está aquele que os fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio deles o seu santo Espírito? 12 Aquele que fez o seu braço glorioso andar à mão direita de Moisés? que fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno? 13 Aquele que os guiou pelos abismos, como a um cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram? 14 Como ao gado que desce ao vale, o Espírito do Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso. 15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias para comigo estancaram. 16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome. 17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para te não temermos? Faze voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança. 18 Só por um pouco de tempo o teu santo povo a possuiu; os nossos adversários pisaram o teu santuário. 19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. 1 Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua presença, 2 como quando o fogo pega em acendalhas, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações! 3 Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença. 4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que opera a favor daquele que por ele espera. 5 Tu sais ao encontro daquele que, com alegria, pratica a justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?

Jeremias 31:31-34

31 Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, 32 não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. 33 Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 34 E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.

Daniel 3:1-23

1 O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia. 2 Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à dedicação da estátua que ele fizera levantar. 3 Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonosor fizera levantar; e estavam todos em pé diante da imagem. 4 E o pregoeiro clamou em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gentes de todas as línguas: 5 Logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. 6 E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro duma fornalha de fogo ardente. 7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, e de toda a sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado. 8 Ora, nesse tempo se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os judeus. 9 E disseram ao rei Nabucodonosor: ç rei, vive eternamente. 10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, se prostraria e adoraria a estátua de ouro; 11 e qualquer que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa fornalha de fogo ardente. 12 Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste. 13 Então Nabucodonosor, na sua ira e fúria, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abednego. Logo estes homens foram trazidos perante o rei. 14 Falou Nabucodonosor, e lhes disse: E verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei? 15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos? 16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: Nabucodonosor, não necessitamos de te responder sobre este negócio. 17 Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. 18 Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. 19 Então Nabucodonosor se encheu de raiva, e se lhe mudou o aspecto do semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer; 20 e ordenou a uns homens valentes do seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, e os lançassem na fornalha de fogo ardente. 21 Então estes homens foram atados, vestidos de seus mantos, suas túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo ardente. 22 Ora, tão urgente era a ordem do rei e a fornalha estava tão quente, que a chama do fogo matou os homens que carregaram a Sadraque, Mesaque e Abednego. 23 E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

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Canto dos Três Santos Jovens (Daniel 3:24-90)


Azarias, pondo-se em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oração:

Sede bendito e louvado, Senhor, Deus de nossos pais! Que vosso nome seja glorioso pelos séculos! Vós sois justo em todo o vosso proceder; vossas obras são justas, vossos caminhos são retos, vossos julgamentos são equitativos. Exercestes um julgamento equitativo em tudo aquilo que nos infligistes e em tudo aquilo que infligistes à cidade santa de nossos pais, Jerusalém; foi em consequência de um julgamento equitativo que vós nos infligistes tudo isso por causa de nossos pecados. Pecamos, erramos afastando-nos de vós; em tudo agimos mal. Não obedecemos a vossos preceitos, não os pusemos em prática, não observamos as leis que nos destes para nossa felicidade. Em todos os males que enviastes sobre nós, em tudo que nos infligistes, foi um justo julgamento que exercestes,(mesmo) entregando-nos nas mãos de inimigos injustos, de ímpios enfurecidos, às mãos de um rei, o mais iníquo e o mais perverso de toda a terra. Agora não ousamos nem mesmo abrir a boca: vergonha e ignomínia para vossos servos e a nós que vos adoramos. Pelo amor de vosso nome, não nos abandoneis para sempre; não destruais de modo algum vossa aliança. Não nos retireis vossa misericórdia em consideração a Abraão, vosso amigo, Isaac, vosso servo, Israel, vosso santo, aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e a areia que se encontra à beira do mar. Senhor, fomos reduzidos a nada diante das nações, fomos humilhados diante de toda a terra: tudo, devido a nossos pecados! Hoje, já não há príncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primícias e encontrar misericórdia. Entretanto, que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar bom acolhimento junto a vós, Senhor, como (se nós nos apresentássemos) com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa (reconciliar-nos) convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua confiança. É de todo nosso coração que nós vos seguimos agora, que nós vos reverenciamos, que buscamos vossa face. Não nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa misericórdia. Ponde em execução vossos prodígios para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glória. Que sejam então confundidos aqueles que maltratam vossos servos, que eles sofram a vergonha de ver a ruína de seu poderio e o aniquilamento de sua força. Assim saberão que sois o Senhor, o Deus único e glorioso sobre toda a superfície da terra.

Enquanto isso, os homens do rei, que os haviam lá jogado, não cessavam de alimentar a fornalha com nafta, estopa, resina e lenha seca. Então, as chamas, subindo a quarenta e nove côvados acima da fornalha, ultrapassaram a grade e queimaram os caldeus que se achavam perto. Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à fornalha e afastava o fogo. Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor dor. Então os três jovens elevaram suas vozes em uníssono para louvar, glorificar e bendizer a Deus dentro da fornalha, neste cântico:

Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais,
Digno de louvor e de eterna glória!

Que seja bendito o Teu Santo Nome glorioso,
Digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!

Sede bendito no templo de Tua glória santa,
Digno do mais alto louvor e de eterna glória!

Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, 
E por estardes sentado sobre os querubins,
Digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!

Sede bendito sobre Teu régio trono,
Digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!

Sede bendito no firmamento dos céus,
Digno do mais alto louvor e de eterna glória!

Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, 
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Céus, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente! 

Anjos do Senhor, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Águas e tudo o que está sobre os céus, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Sol e lua, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Estrelas dos céus, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Ó vós, todos os ventos, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Fogo e calor, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Frio e geada, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Frios e aragens, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Gelos e neves, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Noites e dias, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Luz e trevas, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Raios e nuvens, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Que a terra bendiga o Senhor,
E O louve e O exalte eternamente!

Montes e colinas, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Mares e rios, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Fontes, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Monstros e animais aquáticos, bendizei o Senhor, 
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Pássaros todos do céu, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Animais e rebanhos, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

E vós, homens, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Que Israel bendiga o Senhor,
E O louve e O exalte eternamente!

Sacerdotes, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Vós que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Santos e humildes de coração, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente!

Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor,
Louvai-O e exaltai-O eternamente,
Porque Ele É nos livrou da permanência nas trevas,
Salvou-nos da mão da morte; tirou-nos da fornalha ardente,
E arrancou-nos do meio das chamas.

Glorificai o Senhor porque Ele É bom,
Porque eterna é a Sua misericórdia.

Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses,
Louvai-O, glorificai-o, 
Porque é eterna a Sua misericórdia!




LITURGIA DE SÃO BASÍLIO

Romanos 6:3-11

3 Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? 4 Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. 5 Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; 6 sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. 7 Pois quem está morto está justificado do pecado. 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, 9 sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele. 10 Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus. 11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.  

Mateus 28:1-20

1 No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2 E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela. 3 o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve. 4 E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos. 5 Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. 6 Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia; 7 e ide depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho dito. 8 E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos. 9 E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram. 10 Então lhes disse Jesus: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galileia; ali me verão. 11 Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia acontecido. 12 E congregados eles com os anciãos e tendo consultado entre si, deram muito dinheiro aos soldados, 13 e ordenaram-lhes que dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo, furtaram-no. 14 E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado. 15 Então eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se divulgado entre os judeus até o dia de hoje. 16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Grande Sexta-feira Santa

SEMANA DA PAIXÃO
29 de Abril de 2016 (CC) / 16 de Abril (CE)
Santas Mártires Agápia, Irene, Xênia, Galinis, Nikis e Carisis († 304)
Fiesta do Mosteiro da Theogenitoros 





Na luz da grande Quinta-feira passamos às trevas da Sexta-feira, o dia da Paixão do Cristo, de sua morte e de sua sepultura. A Igreja primitiva chamava a este dia "A Páscoa da Cruz," porque ele é de fato o começo desta Páscoa ou Passagem cujo sentido nos será revelado progressivamente; primeiro na paz do grande e santo Sabbat, depois na alegria do dia da Ressurreição.

Mas antes, as trevas. Se ao menos pudéssemos realizar que as trevas da Sexta-feira Santa não são puramente simbólicas e comemorativas! É muito frequentemente com o sentimento de nossa própria justiça e de nossa própria integridade que contemplamos a tristeza solene destes ofícios. Há dois mil anos, sim, homens "maus" mataram o Cristo, mas hoje nós "o bom povo cristão" levantamos suntuosos túmulos em nossas igrejas; não é esta a prova da nossa justiça? E no entanto, a Sexta-feira Santa não concerne somente ao passado. É o dia do Pecado, o dia do Mal, o dia no qual a Igreja nos ensina a aprender a terrível realidade do pecado e seu poder no mundo. Pois o pecado e o mal não desapareceram: ao contrário, permanecem a lei fundamental do mundo e de nossa vida. Nós que nos dizemos cristãos não entramos frequentemente nesta lógica do mal que conduziu o Sinédrio e Pilatos, os soldados romanos e toda a multidão a detestar, torturar e matar o Cristo? De que lado nós teríamos ficado se tivéssemos vivido em Jerusalém no tempo de Pilatos? Esta é a pergunta que nos é feita por cada uma das palavras do ofício de Sexta-feira Santa. É de fato "o dia deste mundo," de sua condenação real e não somente simbólica, e do julgamento real e não somente ritual, de nossa vida. . . É a revelação da verdadeira natureza do mundo que preferiu então e continua a preferir as trevas à luz, o pecado ao bem, a morte à vida. E condenando o Cristo à morte "este mundo" condenou-se a si mesmo à morte, e na medida em que aceitamos seu espírito, seu pecado e sua traição a Deus, estamos também condenados.

Este é o primeiro significado, terrivelmente realista, da Sexta-feira Santa: uma condenação à morte...

No entanto, este dia do Mal cuja manifestação e triunfo estão em seu paroxismo, é também o dia da Redenção. A morte do Cristo nos é revelada como uma morte salvífica para nós e para nossa salvação. Ela é uma morte salvífica porque é o supremo e perfeito sacrifício. O Cristo dá sua morte a seu Pai e no-la dá também. Ele a dá a seu Pai porque não há outro meio de destruí-la e libertar os homens dela; ora, é a vontade do Pai que os homens sejam salvos da morte. O Cristo nos dá sua morte porque na verdade é em nosso lugar que Ele morre. A morte é o fruto natural do pecado, um castigo iminente. O homem escolheu não mais estar em comunhão com Deus, porém como ele não tem a vida nele mesmo e por ele mesmo, morre. Em Jesus Cristo, entretanto, não há pecado, logo não há morte. É somente por amor a nós que ele aceita morrer; Ele quer assumir e compartilhar de nossa condição humana até o fim. Ele aceita o castigo de nossa natureza, exatamente como assumiu o fardo inerente à natureza humana. Ele morre porque se identifica verdadeiramente conosco, tomou sobre si a tragédia da vida do homem. Sua morte é então a revelação suprema de sua compaixão e de seu amor. E porque sua morte é amor, compaixão e co-sofrimento, nela a própria natureza da morte foi mudada. Ela não é mais um castigo, mas um esplendoroso ato de amor e de perdão, o termo de toda ausência de comunhão e de toda solidão. A condenação é transformada em perdão.

Enfim, a morte do Cristo é uma morte salvífica porque destrói a própria fonte da morte: o mal. Aceitando-a por amor, entregando-se a seus carrascos e permitindo-lhes uma vitória aparente, o Cristo manifesta que em realidade esta vitória é a derrota decisiva e total do mal. Com efeito, para ser vitorioso, o pecado deve aniquilar o bem, deve provar que ele é toda a realidade da vida, arruinar o bem e, numa palavra, mostrar sua própria superioridade; mas ao longo de sua Paixão, é o Cristo e somente ele que triunfa. O mal nada pode contra ele pois que não pode levar o Cristo a aceitar o mal como verdade. A hipocrisia se revela hipocrisia, o assassinato, assassinato, e o medo, medo. E enquanto o Cristo avança silenciosamente para a Cruz e para seu fim, quando a tragédia humana está em seu apogeu, seu triunfo, sua vitória sobre o mal e sua glorificação aparecem progressivamente em luz plena. A cada passo esta vitória é reconhecida, confessada, proclamada: pela mulher de Pilatos, por José, pelo bom ladrão, pelo centurião. Quando ele morre na cruz, tendo aceito o supremo horror da morte, a solidão absoluta (Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)" não resta senão confessar: "Verdadeiramente este homem era o filho de Deus!" Assim esta morte, este amor e esta obediência, esta plenitude de vida destroem aquilo que faz da morte o destino universal. "E os túmulos foram abertos" (Mt. 27:52). Já aparecem os primeiros clarões da Ressurreição...

Este é o duplo mistério desta grande Sexta-feira; os ofícios deste dia no-lo mostram e nos fazem participar dele. De um lado, eles insistem constantemente sobre a Paixão do Cristo enquanto pecado de todos os pecados, crime de todos os crimes. Nas matinas, as doze leituras do relato da Paixão nos fazem seguir passo a passo o Cristo em seus sofrimentos; nas Horas (que substituem a divina Liturgia, pois a interdição de celebrar a Eucaristia neste dia significa que o sacramento da presença do Cristo não pertence "à esta criação" de pecado e de trevas, mas que ele é o sacramento do "mundo que há de vir"); na véspera, enfim, o ofício da descida da Cruz, as leituras e os hinos estão cheios de solenes acusações contra aqueles que voluntária e livremente decidiram matar o Cristo justificando seu crime em nome de sua religião, de sua lealdade política, de suas considerações práticas e de sua obediência profissional.

Por outro lado, encontramos desde o começo do ofício o segundo aspecto do mistério deste dia: o do sacrifício de amor que prepara a vitória final. Desde a primeira leitura do Evangelho, onde ressoa a advertência solene do Cristo: "Agora o Filho do Homem foi glorificado e Deus foi glorificado nele," até aos Stycherons do final da Véspera, a luz se faz cada vez mais viva e, ao mesmo tempo, crescem a esperança e a certeza de que a morte será vencida pela morte: "'Ó tu, Redentor de todos, quando foste colocado num túmulo novo para todos os homens, o Hades que não respeita ninguém, te viu e tremeu de medo. As trancas foram quebradas, as portas se abriram, os mortos levantaram-se. Então Adão, exultante de reconhecimento, gritou a Ti: "Glória à tua condescendência, ó tu misericordioso!"

E quando no final da Véspera, a imagem do Cristo no túmulo é colocada no centro da igreja, quando este longo dia chega a seu fim, sabemos que a longa história da salvação e da redenção chega também a seu fim. O sétimo dia, o do repouso, o Sabbat abençoado desponta e, com ele, a revelação do túmulo que dá vida...

FONTE: Alexandre Schmémann, Olivier Clément. 
«O Mistério Pascal - Comentários Litúrgicos»



MATINAS

Os 12 Evangelhos da Paixão:

Jo 13, 31-18, 1
Jo 18, 1-28
Mt 26, 57-75
Jo 18, 28-19, 16
Mt 27, 3-32
Mc 15, 16-32
Mt 27, 3-32
Lc 23, 32-49
Jo 19, 25-37
Mc 15, 43-47
Jo 19, 38-42
Mt 27, 62-66.

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HORAS REAIS

HORA PRIMA

Zacarias 11:10-13

10 E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para desfazer o meu pacto, que tinha estabelecido com todos os povos. 11 Foi, pois, anulado naquele dia; assim os pobres do rebanho que me respeitavam, reconheceram que isso era palavra do Senhor. 12 E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata. 13 Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.

Gálatas 6:14-18

14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. 15 Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura. 16 E a todos quantos andarem conforme esta norma, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. 17 Daqui em diante ninguém me moleste; porque eu trago no meu corpo as marcas de Jesus. 18 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém.

Mateus 27:1-56

1 Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; 2 e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador. 3 Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo: 4 Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo. 5 E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se. 6 Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. 7 E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. 8 Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue. 9 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram, 10 e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor. 11 Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes. 12 Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. 13 Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti? 14 E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava. 15 Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse. 16 Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás. 17 Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo? 18 Pois sabia que por inveja o haviam entregado. 19 E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele. 20 Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus. 21 O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás. 22 Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado. 23 Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado. 24 Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco. 25 E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. 26 Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado. 27 Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a coorte. 28 E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate; 29 e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! 30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça. 31 Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado. 32 Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus. 33 Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira, 34 deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber. 35 Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, [para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.] 36 E, sentados, ali o guardavam. 37 Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS. 38 Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda. 39 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça 40 e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz. 41 De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: 42 A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele; 43 confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus. 44 O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados. 45 E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona. 46 Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 47 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias. 48 E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. 49 Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo. 50 De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito. 51 E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam, 52 os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados; 53 e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. 54 ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus. 55 Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia para o ouvir; 56 entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

† † 

HORA TÉRCIA

Isaías 50:4-11

4 O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo. 5 O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me retirei para trás. 6 Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam. 7 Pois o Senhor Deus me ajuda; portanto não me sinto confundido; por isso pus o meu rosto como um seixo, e sei que não serei envergonhado. 8 Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? apresentemo-nos juntos; quem é meu adversário? chegue-se para mim. 9 Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles se envelhecerão como um vestido, e a traça os comerá. 10 Quem há entre vós que tema ao Senhor? ouça ele a voz do seu servo. Aquele que anda em trevas, e não tem luz, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus. 11 Eia! todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com tições acesos; andai entre as labaredas do vosso fogo, e entre os tições que ateastes! Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.

Romanos 5:6-11

6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. 8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. 11 E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação.

Marcos 15:16-41

16 Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte; 17 vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido; 18 e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! 19 Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam. 20 Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem. 21 E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz. 22 Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira. 23 E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou. 24 Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria. 25 E era a hora terceira quando o crucificaram. 26 Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS. 27 Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. 28 [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.] 29 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas. 30 salva-te a ti mesmo, descendo da cruz. 31 De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar; 32 desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam. 33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona. 34 E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. 36 Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo. 37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus. 40 Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; 41 as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
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HORA SEXTA

Isaías 52:13-53:12

13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. 14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que não era o de um homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens), 15 assim ele espantará muitas nações; por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido. 1 Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor? 2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. 3 Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. 4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. 8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? 9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca. 10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si. 12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.

Hebreus 2:11-18

11 Pois tanto o que santifica como os que são santificados, vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. 13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu. 14 Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de carne e sangue, também ele semelhantemente participou das mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o Diabo; 15 e livrasse todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão. 16 Pois, na verdade, não presta auxílio aos anjos, mas sim à descendência de Abraão. 17 Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo. 18 Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.  

Lucas 23:32-49

32 E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos. 33 Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. 34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas. 35 E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus. 36 Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre, 37 e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. 38 Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS. 39 Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós. 40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação? 41 E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez. 42 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. 43 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. 44 Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera; 45 e rasgou-se ao meio o véu do santuário. 46 Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou. 47 Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo. 48 E todas as multidões que presenciaram este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito. 49 Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas coisas.

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HORA NONA

Jeremias 11:18-23; 12:1-5, 9-11, 14-15

18 E o Senhor mo fez saber, e eu o soube; então me fizeste ver as suas ações. 19 Mas eu era como um manso cordeiro, que se leva à matança; não sabia que era contra mim que maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do seu nome. 20 Mas, ó Senhor dos exércitos, justo Juiz, que provas o coração e a mente, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa. 21 Portanto assim diz o Senhor acerca dos homens de Anatote, que procuram a tua vida, dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos; 22 por isso assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os punirei; os mancebos morrerão à espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão de fome. 23 E não ficará deles um resto; pois farei vir sobre os homens de Anatote uma calamidade, sim, o ano da sua punição. 1 Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem aleivosamente? 2 Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração. 3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; tira-os como a ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança. 4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que nela habitam, perecem os animais e as aves; porquanto disseram: Ele não vera o nosso fim. 5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, então como poderás competir com cavalos? Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na soberba do Jordão? 9 Acaso é para mim a minha herança como uma ave de rapina de varias cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois, ajuntai a todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem. 10 Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão; tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível. 11 Em assolação o tornaram; ele, desolado, clama a mim. Toda a terra está assolada, mas ninguém toma isso a peito. 14 Assim diz o Senhor acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles. 15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.

Hebreus 10:19-31

19 Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, 20 pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, 23 retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa; 24 e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, 25 não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. 26 Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, 27 mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários. 28 Havendo alguém rejeitado a lei de Moisés, morre sem misericórdia, pela palavra de duas ou três testemunhas; 29 de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça? 30 Pois conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.

João 18:28-19:37

28 Depois conduziram Jesus da presença de Caifás para o pretório; era de manhã cedo; e eles não entraram no pretório, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa. 29 Então Pilatos saiu a ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem? 30 Responderam-lhe: Se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos. 31 Disse-lhes, então, Pilatos: Tomai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito tirar a vida a ninguém. 32 Isso foi para que se cumprisse a palavra que dissera Jesus, significando de que morte havia de morrer. 33 Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? 34 Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim? 35 Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu? O teu povo e os principais sacerdotes entregaram-te a mim; que fizeste? 36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui. 37 Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. 38 Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum. 39 Tendes, porém, por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus? 40 Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador.1 Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo. 2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura; 3 e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas. 4 Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. 5 Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem! 6 Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele. 7 Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. 8 Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou; 9 e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar? 11 Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem. 12 Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César. 13 Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá. 14 Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei. 15 Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César. 16 Então lho entregou para ser crucificado. 17 Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, 18 onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19 E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. 20 Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. 21 Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus. 22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi. 23 Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo. 24 Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram. 25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. 26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. 27 Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. 28 Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede. 29 Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois, numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à boca. 30 Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali. 32 Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado; 33 mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34 contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais. 36 Porque isto aconteceu para que se cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. 37 Também há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.

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VÉSPERAS

Êxodo 33:11-23

11 E o Senhor falava a Moisés face a face, como alguém deveria falar com seu amigo; então ele se retirava para o acampamento; porém o seu servo Josué, filho de Num, um homem jovem, não se apartava do Tabernáculo. 12 E Moisés disse ao Senhor: "Eis que Tu me disseste: "Conduz este povo;" porém, Tu não me mostraste quem hás de enviar comigo; mas disseste-me: "Eu te conheço acima de todos, e alcançaste graça comigo." 13 Se, então, tenho achado graça aos teus olhos, revela-te a mim para que eu possa ver-te claramente; para que eu possa achar graça aos teus olhos, e para que possa saber que esta grande nação é teu povo." 14 E Ele disse: "Eu mesmo irei adiante de ti e te darei descanso." 15 Porém, ele respondeu-lhe: "Se Tu mesmo não fores conosco, não me faças subir daqui. 16 E como é que, certamente, isto será reconhecido, que tanto eu como estas pessoas têm achado graça diante de Ti, a menos que vás conosco? E, assim, tanto eu como o teu povo seremos glorificados mais do que todas as nações, tantas quantas são as que existem sobre a terra." 17 Então o Senhor respondeu a Moisés: "Também farei por ti essa coisa que disseste, pois achaste graça diante de mim e Eu te conheço mais do que todos." 18 E Moisés disse: "Manifesta-te para mim." 19 Respondeu-lhe Deus: "Passarei diante ti com a minha glória e serei chamado pelo meu nome, o Senhor, diante de ti; terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia e terei piedade de quem Eu tiver piedade." 20 E disse Deus: "Não serás capaz de ver a minha face, pois nenhum homem poderá ver a minha face e viver." 21 E o Senhor disse: "Vê, eis que há um lugar próximo a mim; tu ficarás sobre a rocha; 22 quando a minha glória passar colocar-te-ei numa fenda da rocha e te cobrirei com minha mão, até que Eu tenha passado.23 Então irei retirar a minha mão e verás minhas costas; porém, minha face não deverá aparecer para ti."

Jó 42:12-16

12 E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois Jó chegou a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13 Também teve sete filhos e três filhas. 14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da segunda Quézia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque. 15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. 16 Depois disto viveu Jó cento e quarenta anos, e viu seus filhos, e os filhos de seus filhos: até a quarta geração.

Isaías 52:13-53:12

13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. 14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que não era o de um homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens), 15 assim ele espantará muitas nações; por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido. 1 Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor? 2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. 3 Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. 4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. 8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? 9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca. 10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si. 12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.