segunda-feira, 31 de agosto de 2020

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
31 de Agosto de 2020 (CC) / 18 de Agosto (CE)
Santos Mártires Florus e Laurus († Sé. II).
Tom 3



Os Santos Mártires Florus e Laurus eram irmãos gêmeos e muito unidos pela fé e amor a Cristo. Naturais de Bizâncio, tinham como mestre e pai espiritual comum São Proklo. 
Depois da morte de São Proklo, Florus e Laurus saíram de Iliria e foram morar na cidade de Ulpiana, onde exerceram a profissão de construtores e, na medida de suas possibilidades, pregavam o Evangelho. Nesta cidade encontrava-se um sacerdote idólatra de nome Meratios. Seu filho, Atanásio, desde muito pequeno, havia perdido a visão de um de seus olhos, sem que tivessem encontrado uma solução nas ciências médicas de seu tempo. Este pai, desesperado, aproximou-se certo dia dos irmãos artesãos e eles, com uma única invocação do Nome de Deus, alcançaram a graça de ver restaurada a visão desta criança. 
Depois disso, tanto o sacerdote como o seu filho, se converteram à fé cristã. Ao tomar conhecimento do fato, o prefeito Liko ordenou que os irmãos fossem aprisionados e, depois de serem duramente golpeados, foram jogados num poço onde entregaram suas almas a Deus.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 8:7-15

7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis. 8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos. 10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; 11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. 12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. 13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, 14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; 15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.   

Marcos 3:6-12

6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. 7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia, 8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. 9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; 10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. 12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 

† † †

COMENTÁRIO

A caridade é a mais preciosa das virtudes cristãs: “Se eu não tiver amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13). Caridade não é esmola, é doação de si. É a palavra portuguesa que mais se aproxima da ideia do termo grego “ágape” (amor). Ela não é apenas um sentimento, é uma ação. Paulo estimula a Igreja de Corinto à prática da caridade, que deverá ser abundante naquela Igreja tanto quanto estava sendo abundante a fé e a ciência deles. Cristo é o maior exemplo de caridade: sendo rico se fez pobre por amor de nós.

Assim, São Marcos nesta passagem nos mostra o quanto ele se doou para os portadores de todos os tipos de necessidades. O Reino de Deus não é um mistério restrito à interioridade do ser, encerrado na oração e na adoração interior. Se o coração ímpio exterioriza seu interior (maledicências, impurezas, avarezas, cobiças e etc), também o coração justo exterioriza sua justiça, pois cada árvore produz fruto de acordo com sua natureza. Os santos Padres do deserto para lá se retiraram em busca da cura de suas almas, e por isto menos, não negligenciavam os pobres e desvalidos. Sendo pobres, enriqueciam a muitos com seus conhecimentos, e com seus trabalhos manuais ajudavam os famintos e doentes.

Devemos vigiar o nosso coração para que a fé que alimentamos e desenvolvemos não se transforme numa ação egoísta, espiritualmente confortável e socialmente agradável.

Com o frenesi da vida hodierna, onde o stress parece carcomer nossa existência, estas palavras podem soar como um sobrepeso, como mais uma responsabilidade que se acrescenta às demais para aumentar as pressões que vivemos. A caridade não se apresenta como um peso, pois o santo Apóstolo sabiamente observa que as ações caritativas devem ser “segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem"(v.12). Não devemos entender a caridade como messianismo de nossa parte, uma vocação para heróis. Esta é uma dimensão egóica, fruto de vaidade e do desejo de reconhecimento e de se destacar dos demais.

Quando a Fé nos estimula à solidariedade, não está falando do distante, do que temos acesso somente de maneira virtual, do pobre idealizado, das vítimas distantes de catástrofes, de aldeias longínquas ou de culturas inóspitas, pois isto faria da caridade um ato circunstancial e dissociado.  Há pessoas com todos os tipos de necessidades bem próximas de nós e que muitas vezes não demanda tantos esforços para lhes sermos propícios. A caridade nada mais é do que solidariedade, se por no lugar do outro que está diante de nós. Para que a caridade de Cristo seja manifesta em nós, basta pormos toda a diligência em cumprir seu ensinamento que nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12).

Padre Mateus (Antonio Eça)

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ORAÇÃO

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer! A sua descendência será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Bens e riquezas há na sua casa; e a sua justiça permanece para sempre. Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo. Ditoso é o homem que se compadece, e empresta, que conduz os seus negócios com justiça; pois ele nunca será abalado; o justo ficará em memória eterna. Ele não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversários. Espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça subsiste para sempre; o seu poder será exaltado em honra. O ímpio vê isto e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos ímpios perecerá.
Salmo 111(112)

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domingo, 30 de agosto de 2020

12º Domingo Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
30 de Agosto de 2020 (CC) / 17 de Agosto (CE)
Santo Mártir Miron, de Cyzicuz († 250)
Tom 3



Miron era um padre na cidade de Achaia. Era de origem rica e proeminente, porém, muito gentil e humilde por natureza - um amante de Deus e do homem.

Durante o reinado do Imperador Décio, na Festa da Natividade de Cristo, pagãos invadiram a igreja durante a liturgia, e arrastando Miron para fora, o torturaram pelo fogo. Durante esta tortura, um anjo lhe apareceu e o encorajou. Os pagãos, então, começaram a descascar sua pele em tiras, da cabeça aos pés. O mártir agarrou uma tira de sua pele, e com esta bateu na face do seu algoz e juiz. Como que possesso, Antipater, o juiz, pegou uma espada e matou-se. 
Finalmente, os pagãos levaram Miron para a cidade de Cyzicus, e ali o mataram à espada, no ano de 250 d.C.



Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS (I) 

Mateus 28:16-20


16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

† † †

LITURGIA

Tropárion

Alegrem-se os Céus / e exulte a terra, / pois o Senhor mostrou a força de Seu braço, / vencendo a morte pela morte, / Ele Que é o Primogênito dentre os mortos. / Arrancou-nos das profundezas do Inferno / e concedeu ao mundo // a Sua infinita misericórdia.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, 
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Kondákion
Hoje, Tu, ó Compassivo, ressuscitaste do túmulo, / e nos conduziste para fora dos portões da morte. / Hoje Adão dança de alegria e Eva rejubila, / e com eles os Profetas e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade.

Prokímenon


Cantai louvores ao nosso Deus, cantai louvores!
Cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores! (Sl. 46:6) 

Aplaudi com as mãos, todos os povos;
cantai a Deus com voz de triunfo (Sl. 46:1)

1 Coríntios 15:1-11

1 Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, 2 pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. 3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; 4 que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; 5 que apareceu a Cefas, e depois aos doze; 6 depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; 7 depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; 8 e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. 9 Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. 10 Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo. 11 Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; 
não seja eu confundido para sempre,
por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!

Sê para mim um Deus protetor 
e uma casa de refúgio que me abrigue. 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 19:16-26


16 E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? 17 Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos. 18 Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; 19 honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me. 22 Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens. 23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. 24 E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. 25 Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo? 26 Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.  

† † †

COMENTÁRIO

Por dar ouvidos a um “evangelho” diferente daquele que nos foi anunciado e transmitido pelos Apóstolos de Cristo, preservado e transmitido pelos Pais da Igreja, é que muitos hoje concebem o Evangelho do Reino na perspectiva da moral e dos bons costumes, semelhantemente ao jovem da narrativo - rico e moralmente virtuoso - que interroga o Senhor acerca da vida eterna.

Antes de ser uma “reforma de caráter e da moral pessoal”, o Evangelho se dirige ao coração – lugar das entranhas mais profundas do ser; fonte dos desejos, propósitos, decisões e escolhas. É fácil pintar um túmulo, mas difícil é fazer reviver o corpo apodrecido que nele jaz. O Evangelho transmitido pelos Pais não se preocupa primariamente com a moral ou a ética social e nem com nada que diz respeito à exterioridade da vida cristã, mas, sim, com a interioridade. Para os Pais, todo esforço e labuta da fé tem como objetivo a purificação do coração, pois só os que purificam o coração é que verão a Deus (Mt 5:8).

Tudo que acontece no interior se projeta para o exterior; mas julgar alguém como sendo bom apenas pelos atos externos - ainda que estes se mostrem justos e louváveis – é muito temerário, pois tal aparência pode ser produto de narcisismos e hipocrisias. Por isto, sabiamente advertia São Paulo: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá” (1 Cor. 13:8).

As nossas “bondades” externas - sem a vigilância do coração - são nossas inimigas, pois se prestam a nos enganar e criar uma falsa imagem de justiça que acabará nos convencendo de nossa retidão.

Cristo não contradiz a palavra daquele jovem, mas questiona o seu propósito dizendo-lhe: “Se queres ser perfeito...” Que desejos e que propósitos se escondiam por trás de todas aquelas virtudes? Se quisermos ser perfeitos, questionemos o nosso coração e estejamos prontos para amputar o que nos impede de caminhar rumo à perfeição (Mt 18:8,9). Este é o grande e único propósito da vida cristã: “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:48).

Por isto, todo o labor dos Pais do deserto era encontrar a maneira de como cumprir eficazmente esta exigência de Cristo, como combater e vencer a vontade enfraquecida e enferma pelo pecado que habita em nós, enfim, como tornar puro o coração. Qualquer um que foge deste propósito não agrada a Cristo e engana a si mesmo (2 Tim. 3:13).

O Jovem rico e “virtuoso”, queria agradar a si e a Deus, amar a presente vida e ganhar a vida eterna. E isto é impossível!

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus caminhos. Vê se há alguma forma de iniquidade em mim e conduz-me pelo caminho eterno. Senhor, quem pode discernir suas próprias transgressões? Purifica-me dos meus pecados que me são ocultos!

Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão.

Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!

Salmo 138(139):23; Salmo 18(19):12-14

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sábado, 29 de agosto de 2020

12º Sábado Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
29 de Agosto de 2020 (CC) / 16 de Agosto (CE)
Trasladação de Edessa para Constantinopla 
da imagem “ Aquiropita” do Nosso Senhor Jesus Cristo (944); 
S. Diomedes, mártir († 298 d.C.)
Tom 2



Segundo a tradição, o primeiro ícone de Jesus Cristo surgiu durante sua vida terrena. Faz-se referência a esta imagem como a «Santa Face», ou melhor, «O ícone não feito por mãos humanas». 
A tradição relata que, durante o tempo do Salvador, Abgar, o Governante de Edessa, sofria de lepra. Embora nunca tenha visto o Salvador, Abgar acreditava em Jesus como o Filho de Deus por ter ouvido falar sobre os grandes milagres realizados por Ele, e Lhe teria escrito uma carta pedindo para que fosse curá-lo, a qual enviou à Palestina através do seu próprio retratista e pintor Ananias, tendo lhe encomendado também um retrato (pintura) do Divino Mestre. 
No entanto, quando Ananias chegou a Jerusalém e viu o Senhor, lhe foi impossível aproximar-se dele devido à grande multidão que o cercava. Ao vê-lo, Jesus lhe chamou pelo nome, entregando-lhe uma carta para Abgar na qual fazia elogios à sua grande fé e prometia enviar um de seus discípulos para curá-lo a lepra e guiá-lo à salvação. O Senhor, em seguida, pediu um lenço e água. Lavou o seu rosto e o enxugou com o lenço, e seu divino semblante ficou plasmado no lenço. Ananias levou a Edessa este lenço e a carta do Salvador. Com muita reverência Abgar recebeu o que Jesus lhe havia enviado e a sua cura foi imediata; apenas um pequeno vestígio da sua terrível aflição permaneceu em seu rosto até a chegada do discípulo prometida pelo Senhor. Este discípulo foi São Tadeu (21 de agosto) um dos Setenta Discípulos, que lhe anunciou o Evangelho, batizou o devoto Abgar e todas as pessoas de Edessa. 
 Esta é, portanto, a tradição sobre a imagem que hoje se venera, como a «Imagem não feita por mãos humanas», a «Santa Face» 
Leituras Comemorativas 
Colossenses 1:12-18
Lucas 9:51-56; 10:22-24  
Santo Mártir Diomedes  
Diomedes era um proeminente médico, nascido em Tarso. 
Curando as pessoas, Diomedes ensinou-lhes a fé cristã. O Imperador Diocleciano ordenou que ele fosse decapitado em Nicéia, no ano 298 d.C. 
Aqueles que o decapitou e trouxeram a cabeça para o Imperador ficaram cegos. Então, eles devolveram a cabeça ao corpo, e ofereceram uma oração de arrependimento, e foram curados. 


Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

1 Coríntios 1:26-29

26 Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados. 27 Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; 28 e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; 29 para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.

Mateus 20:29-34

29 Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão; 30 e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós. 31 E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós. 32 E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça? 33 Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos. 34 E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram. 

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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Festa Da Dormição Da Santíssima Mãe De Deus

28 de Agosto 2020 (CC) / 15 de Agosto (CE)
Tom 2


Eis o que a Igreja recebeu da antiga tradição patrística, em relação à Dormição da Toda Santa Mãe de Deus:

Chegado o tempo em que era agradável a Nosso Senhor conduzir para junto de Si sua divina Mãe, Ele anuncia-lhe, através ao Arcanjo Gabriel, três dias antes, de sua passagem desta vida transitória à vida eterna e bem-aventurada. Ouvindo a mensagem, a Virgem dirigiu-se ao monte das Oliveiras para orar e agradecer a Deus. Depois retorna à sua casa e prepara o necessário ao seu enterro. Entretanto, os Apóstolos, avisados pelo Espírito Santo e transportados em nuvens luminosas, reúnem-se na casa da Santa Virgem, vindos das mais diferentes extremidades da terra, onde se encontravam, dispersos, a pregar o Evangelho. Ela lhes explica, então, a razão daquele chamado tão inesperado, os consola maternalmente e depois levanta as mãos aos céus, ora pela paz no mundo, abençoa os Apóstolos e, subindo ao leito, cruza os braços e rende assim sua alma toda santa às mãos de seu Filho e seu Deus.

Os Apóstolos conduzem o seu santo Corpo e o enterram no Getsêmani. Porém, três dias mais tarde, durante uma reunião onde, segundo o hábito, partiam o pão em nome de Jesus, a Virgem lhes aparece no Céu e lhes diz: “Salve!” Eles assim ficam sabendo que ela subira aos céus com o seu corpo.

A festa de hoje tem por origem o aniversário da dedicação de um Santuário da Virgem, situado entre Jerusalém e Belém, que comemorava, talvez, uma hospedaria, onde, segundo as tradições, a Virgem Maria, fatigada da viagem, teria repousado antes de chegar a Belém para dar à luz à criança.

A celebração dessa solenidade no dia 15 de agosto foi fixada com um edito do Imperador do Oriente, Maurício (582-602), confirmando uma tradição, sem dúvida, mais antiga.

A primeira evidência clara acerca dessa festa remonta à época do 3° Concílio Ecumênico em Éfeso (431). No entanto, essa evidência refere-se a uma festa pré-existente da Dormição de Maria. No início do 5° século, por exemplo, uma antologia armênia chama o 15 de agosto “o Dia de Maria, a Mãe de Deus.” Porém, festas desse tipo, tanto no Oriente quanto no Ocidente, eram dedicadas à memória de Maria em geral, e não à sua Dormição em particular. Gradualmente, entretanto, essas festas começam à convergir para o dia presumível de sua morte, 15 de agosto, talvez como resultado indireto da construção, no Getsêmani, de uma igreja em sua honra, que incluía seu próprio túmulo, segundo a Tradição. Ao final do século VI, no entanto, a festa de Dormição foi estendida a todo Império Bizantino, pelo Imperador Maurício. No Ocidente, a festa foi introduzida, juntamente com outras três festas marianas, pelo papa Sérgio I, coincidindo as datas de sua celebração.

A Festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus, “Kóimésis” em grego e “Uspénie” em eslavo eclesiástico, palavras que aludem justamente ao ato de dormir, tem como tradicional representação iconográfica a Virgem estendida no leito de morte, rodeada pelos Apóstolos para o último sono vindos prodigiosamente dos lugares onde pregavam o evangelho, tendo ao centro Jesus Cristo que acolhe a sua alma, representada como uma menina envolta em faixas e por Ele sustentada.

A partir do dia 1º de agosto, a Igreja prepara-se para a festa com um jejum (do qual também fala São Teodoro Estudita, morto no ano 826); e dado que, além da pré-festa do dia 14 de agosto, os textos litúrgicos falam do trânsito de Maria Santíssima ao céu até o dia 23 de agosto, pode-se afirmar que este é o mês mariano dos Fiéis Ortodoxos.

A Igreja Ortodoxa não comunga do "dogma" romano da Assunção de Maria. Até o meado do séc. XX a Igreja Romana também não professava essa doutrina. Foi o Papa Pio XII que definiu solenemente o dogma da Assunção no dia 1 de novembro de 1950 por meio da Constituição “Munificentissimus Deus”.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS 


Lucas 1:39-49, 56

E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo.E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas. Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome... E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa.

LITURGIA

Tropário – Modo 1
Em tua maternidade conservaste a virgindade
e em tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus.
Foste levada para a vida sendo a Mãe da Vida,
e por tuas orações resgatas nossas almas da morte.

Kontákion – Modo 2
Nem o túmulo nem a morte prevaleceram sobre a Mãe de Deus,
que, sem cessar, reza por nós e permanece firme esperança de intercessão.
Com efeito, aquele que habitou um seio sempre virgem
assumiu para a vida aquela que é a Mãe da Vida.

Prokímenon Tom 3

Minha alma glorifica o Senhor
e meu Espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador.

Porque voltou os olhos para a humildade de sua serva, doravante, todas as gerações me chamarão Bem-aventurada.

Filipenses 2:5-11

5 Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, 7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; 8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. 

Aleluia Tom 2

Aleluia, aleluia, aleluia!
Levanta-Te, Senhor, para vir ao Teu repouso,
Tu e a Arca de Tua Majestade.

Aleluia, aleluia, aleluia!
Jurou o Senhor uma verdade a Davi /e não deixará de cumpri-la: / “Do fruto de Tuas entranhas porei sobre o Teu Trono”.

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 10:38-42; 11:27-28

38 Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa. 39 Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra. 40 Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude. 41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; 42 entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. 27 Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste. 28 Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.

Megalinárion
Todas as gerações te proclamarão Bem-Aventurada / A ti, única Mãe de Deus. / Em ti, Virgem Pura, as leis da criação foram ultrapassadas: / Tua maternidade permanece virginal e tua morte anuncia a vida. / Mãe de Deus, virgem depois do parto, viva após a morte: // salva e protege para sempre a tua herança.

Canto da Comunhão
Tomarei o Cálice da salvação / e invocarei o Nome do Senhor. / Aleluia, aleluia, aleluia!

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HOMILIA



«...Eis aquela cuja festa celebramos hoje em sua santa e divina Dormição.»


Acorrei, pois, e subamos a montanha mística. Ultrapassando as imagens da vida presente e da matéria, penetrando na treva divina e incompreensível, ingressando na luz de Deus, celebremos o seu infinito poder. Aquele que, de Sua transcendência superessencial e imaterial, desceu ao seio virgíneo para ser concebido e Se encarnar, sem deixar o seio do Pai; aquele que através da Paixão marchou voluntariamente para a morte, conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai; como não pôde ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a carne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que fora um verdadeiro céu sobre a terra?

Hoje a escada espiritual e viva, pela qual o Altíssimo desceu, se fez visível e conversou entre os homens (Baruc 3:38): ei-la que sobe, pelos degraus da morte, da terra ao céu.

Hoje a mesa terrestre que sem núpcias trouxera o Pão Celeste da Vida e a Brasa da Divindade, foi levada da terra aos céus; e para a Porta oriental - para a Porta de Deus - se ergueram as portas do céu.

Hoje, da Jerusalém terrestre, a Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do Alto; aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem habitar na Igreja das primícias (Hb 12, 23); a Arca do Senhor, viva e racional, é transportada ao repouso de seu Filho (Sl 132:8).

As portas do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de Deus, onde germinou a Árvore da Vida Eterna, redentora da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão. É o Cristo, causa da vida universal, quem recebe a gruta escondida, a montanha não trabalhada, donde se destacou, sem intervenção humana, a pedra que enche a terra.

Aquela que foi o leito nupcial onde se deu a Divina encarnação do Verbo, veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamo nupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpcias celestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus, deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo sobre a terra. Lugar de núpcias, esse túmulo? Sim, e o mais esplendoroso de todos, a refulgir não por revérberos de ouro, de prata ou de gemas, porém pela Divina Luz, irradiação de Espírito Santo. Proporciona, não uma união conjugal aos esposes da terra, mas a vida santa às almas que se prendem pelos laços do Espírito, proporciona uma condição junto de Deus, melhor e mais suave que outra qualquer.

Seu túmulo é mais gracioso do que o Éden: neste, sem querermos repetir tudo o que lá se passou, houve a sedução do inimigo, sua mentira apresentada como conselho amigo, a fraqueza de Eva, sua credulidade, o engodo - doce e amargo - ao qual seu espírito se deixou prender e pelo qual em seguida aliciou o marido; a desobediência, a expulsão, a morte, mas - para não trazermos com tais lembranças assunto de tristeza à nossa festa - houve o túmulo que elevou ao céu o corpo de um mortal, ao contrário daquele primeiro jardim, que derrubou do céu nosso primeiro pai. Pois não foi ali que o homem, feito à imagem Divina, ouviu a sentença: «Tu és terra e em terra te hás de tornar?» (Gn 3, 19)

O túmulo de Maria, mais precioso que o antigo tabernáculo, encerrou o candelabro espiritual e vivo, brilhante de Divina luz, a Mesa Portadora de Vida, que recebeu, não os pães da proposição, mas o pão celeste, não o fogo material mas o fogo imaterial da Divindade.

Esse túmulo é mais feliz que a arca mosaica, pois teve por partilha a verdade, já não as sombras e as figuras; acolheu a urna áurea do maná celeste, a mesa viva do Verbo encarnado por obra do Espírito Santo, dedo onipotente de Deus, Verbo subsistente; acolheu o altar dos perfumes, a brasa divina que aromatizou toda a Criação.

Fujam portanto os demônios, gemam os míseros nestorianos - como outrora os egípcios - com seu chefe, o novo faraó, o cruel flagelo, o tirano, pois foram engolidos pelo abismo da blasfêmia. Nós, porém, salvos, que atravessamos a pé enxuto o mar da impiedade, cantemos à Mãe de Deus o canto do Êxodo. Miriam, que é a Igreja, tome nas mãos o tamborim e entoe o hino de festa; saiam as jovens do Israel espiritual com tamborins e coros (Ex 15, 20), exultando de alegria! Que os reis da terra, os juízes e os príncipes, os jovens e as virgens, os velhos e as crianças, celebrem a Mãe de Deus! Que reuniões e discursos de toda espécie, raças e povos na diversidade de suas línguas, componham um cântico novo! Que o ar ressoe de flautas e trombetas espirituais, inaugurando com brilho de fogos o dia da salvação! Alegrai-vos, ó céus, e vós, nuvens, fazei chover a alegria! Saltai, novilhos do rebanho eleito, apóstolos divinos que, como montanhas altas e sublimes, aspirais às mais altas contemplações; e vós, também, ó cordeiros de Deus, povo santo, filhos da Igreja, que pelo desejo vos alçais como colinas até as altas montanhas!...

...Eis a Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus: por causa de Adão entrega seu corpo à terra, mas por causa de seu Filho eleva a alma aos tabernáculos celestes! Santificada seja a Cidade santa, que acolhe mais essa bênção eterna!

Que os anjos precedam a passagem da divina morada e preparem seu túmulo, que o fulgor do Espírito a decore! Preparai aromas para embalsamar o corpo imaculado e repleto de delicioso perfume! Desça uma onda pura a fim de haurir a bênção da fonte imaculada da bênção!

Alegre-se a terra de receber o corpo e exulte o espaço pela ascensão do espírito! Soprem as brisas, suaves como o orvalho e cheias de graça! Que toda a criação celebre a subida da Mãe de Deus:

Os grupos de jovens em sua alegria, a boca dos oradores em seus panegíricos, o coração dos sábios em suas dissertações sobre essa maravilha, os velhos de veneráveis cãs em suas contemplações. Que todas as criaturas se associem nessa homenagem, que ainda assim não seria suficiente.

Todos, pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que dele parte. Sim, todos, pelo fervor do coração, desçamos com a que desce à sepultura e ali nos coloquemos. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem nas palavras: «Rejubila-te, cheia de graça, o Senhor é contigo!»

Permanece na alegria, tu que foste predestinada a ser Mãe de Deus.

Permanece na alegria, tu que foste eleita antes dos séculos por um desígnio de Deus, germe divino da terra, habitação do fogo celeste, obra-prima do Espírito Santo, fonte de água viva, paraíso da Árvore da Vida, ramo vivo que portas o Divino fruto, donde fluem o néctar e a ambrosia, rio de aromas do Espírito, terra produtora da Divina espiga, rosa resplandecente da virgindade, donde emana o perfume da graça, lírio da veste real, ovelha que geras o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, instrumento de nossa salvação, superior às potências angélicas, serva e Mãe!...”

Trechos da Homilia de São João Damasceno

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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

12ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

PRÉ-FESTA DA DORMIÇÃO DA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS
27 de Agosto 2020 (CC) / 14 de Agosto (CE)
S. Miquéias, profeta (séc. VIII a.C.).
Jejum da Dormição da Santíssima Mãe de Deus
Tom 2


Natural de Moreset-Gat em Hebron, um pequeno povoado ao sul de Jerusalém, Miquéias foi um profeta bíblico que profetizou durante os reinados de Joatão, de Acaz e de Ezequias, reis de Judá, sendo assim contemporâneo de Isaías, outro profeta bíblico. Tendo vivido na época das invasões assírias sobre os reinos da Samaria e de Judá, os seus vaticínios são dirigidos contra ambos os reinos, aos quais ameaça com o castigo por intermédio dos assírios.

Sobre Miquéias há referências no livro do profeta Jeremias (Jr 26, 18), quando quiseram matar Jeremias por causa de suas previsões sobre a destruição de Jerusalém. Alguns líderes o defenderam alegando que Miquéias previra o mesmo no tempo do rei Ezequias sem que, por isso, tenha sido perseguido. Apenas uma parte dos discursos de Miquéias foi preservada, sendo que o restante, muito provavelmente, foi destruído durante as perseguições aos profetas por Manassés.

O principal pensamento do profeta Miquéias é que o Senhor, fiel ao seu compromisso com o povo eleito, o purifica mediante os desastres e o arrependimento, e o fará entrar (e através dele também os pagãos) no Reino do Messias. O livro contém as profecias sobre a destruição da Samaria e sobre o aniquilamento de Jerusalém, as promessas de salvação a Israel através do Líder de Belém e a indicação do caminho da salvação. Miquéias defende aos pobres e desditados de seu povo e acusa de crueldade e orgulho aos ricos. 
«Desapareceram os homens piedosos da terra, não há quem seja íntegro entre os homens. Todos andam à espreita para derramar sangue, cada um arma laços ao seu irmão. Suas mãos estão prontas para o mal: o príncipe exige (um presente), o juiz cobra as suas sentenças, o grande manifesta abertamente suas cobiças, todos tramam (suas intrigas). O melhor dentre eles é como um silvedo, o mais íntegro, como uma sebe de espinhos. No dia anunciado por teus vigias, vem o castigo: eles serão completamente destruídos» (Mq 7, 2-4). 

O seu livro bíblico (Livro de Miquéias), classificado pela Bíblia Cristã como livro profético, divide-se em três seções: na primeira condena os pecados da Samaria e de Judá, principalmente as injustiças praticadas pelos ricos e poderosos que despojavam injustamente os pobres; a segunda começa com um vaticínio sobre a restauração de Jerusalém, sobre a qual virão as nações estrangeiras e das quais esta se libertará; a terceira corresponde a um processo contra Jerusalém devido às suas idolatrias.

Isto é o que o Senhor espera do homem: 
«Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus». (Mq 6, 8). O profeta termina seu livro dirigindo-se a Deus: «Qual é o Deus que, como Tu, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? Uma vez mais, tem piedade de nós! Esquece as nossas faltas e joga nossos pecados nas profundezas do mar!» (Mq 7,18-19). 
Conteúdo do livro de Miquéias: a destruição de Jerusalém e Samaria (1-2); o pecado do povo de Judá (3); o Reino do Messias (4); o nascimento de Cristo em Belém (5); o Juízo sobre os povos (6); e a misericórdia para com os fiéis (7).


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 2:14-3:3

14 Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento; 15 porque para Deus somos um aroma de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. 16 Para uns, na verdade, cheiro de morte para morte; mas para outros cheiro de vida para vida. E para estas coisas quem é idôneo? 17 Porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos. 1 Começamos outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de vós? 2 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, 3 sendo manifestos como carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração.

2 Coríntios 7:1-10

1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. 2 Recebei-nos em vossos corações; a ninguém fizemos injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos. 3 Não o digo para vos condenar, pois já tenho declarado que estais em nossos corações para juntos morrermos e juntos vivermos. 4 Grande é a minha franqueza para convosco, e muito me glorio a respeito de vós; estou cheio de consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações. 5 Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro. 6 Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito; 7 e não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado a vosso respeito, enquanto nos referia as vossas saudações, o vosso pranto, o vosso zelo por mim, de modo que ainda mais me regozijei. 8 Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo; embora antes me tivesse arrependido (pois vejo que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo), 9 agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque o fostes para o arrependimento; pois segundo Deus fostes contristados, para que por nós não sofrêsseis dano em coisa alguma. 10 Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, a qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte.

Marcos 1:29-35

29 Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.    30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela. 31 Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia. 32 Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados; 33 e toda a cidade estava reunida à porta; 34 e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam. 35 De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.

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REFLEXÃO

Eis aí o nosso Servidor, o Soberano que deixa o seu trono e palácio para nos servir, cuidando dos nossos corpos - quer após um dia exaustivo, no avançado da hora e apesar do seu cansaço físico - quer na madrugada, velando por nossas almas em oração ao Pai. Se assim o faz o Soberano, o que dizer de nós, seus súditos? Seguindo os passos do nosso Senhor, o Apóstolo Paulo em poucas palavras descreve a realidade do nosso serviço: “combate por fora e temores por dentro”. Por esta razão um Cristão Ortodoxo se apresenta para a Divina Liturgia trazendo uma vela acesa na mão para oferta-la a Deus: a chama aponta para a Luz que nos ilumina, e a cera que se consome, o sacrifício dos nossos corpos para que a chama da nossa fé ilumine o ambiente que nos envolve.

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

 2 Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim, pois em ti minha alma se refugia! Abrigo-me à sombra de tuas asas, até que passe a calamidade. 3 Clamo a Deus, o Altíssimo, ao Deus que fará tudo por mim. 4 Do céu, ele me envie a salvação, confundindo os que me perseguem! 8 Meu coração está disposto, ó Deus, meu coração está disposto a cantar e salmodiar. 9 Desperta, minha alma! Harpa e cítara, despertai, pois quero despertar a aurora! 10 Vou exaltar-te, Senhor, entre os povos, celebrar-te entre as nações, 11, pois teu amor se eleva como os céus e tua fidelidade como as nuvens. 12 Ó Deus, eleva-te sobre os céus e sobre toda a terra, com tua glória!
Salmo 56(57): 2-12

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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

12ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

26 de Agosto 2020 (CC) / 13 de Agosto (CE)
Trasladação das relíquias de S. Máximo, o Confessor (c.680).
Jejum da Dormição
Tom 2




O Monge Máximo, o Confessor, nasceu em Constantinopla por volta do ano 580 e foi criado em uma família cristã piedosa. Em sua juventude, ele recebeu uma educação muito diversificada: estudou filosofia, gramática, retórica, foi culto nos autores da antiguidade e dominou com perfeição a dialética teológica. Quando São Máximo entrou para o serviço governamental, o alcance de seu aprendizado e sua conscienciosidade permitiram que ele se tornasse o primeiro secretário do Imperador Heráclio (611-641). Mas a vida na corte o aborreceu e ele se retirou para o mosteiro de Crisopoleia (na margem oposta do Bósforo - agora Skutari), onde aceitou a tonsura monástica. Pela humildade de sua sabedoria, ele logo conquistou o amor dos irmãos e foi eleito Higúmeno do mosteiro, mas mesmo nesta dignidade, em suas próprias palavras, ele "permaneceu um simples monge". Mas em 633, a pedido de um teólogo, o futuro Patriarca de Jerusalém, São Sofrônio (Com. 11 de março), o Monge Máximos deixou o mosteiro e partiu para Alexandria.

São Sofrônio era conhecido nesses tempos como um antagonista implacável contra a heresia monotelita. O Quarto Concílio Ecumênico (451) havia condenado a heresia monofisista, que confessou no Senhor Jesus Cristo apenas uma natureza (a natureza divina, mas não humana, de Cristo). Influenciados por essa tendência errônea de pensamento, os hereges monotelitas introduziram o conceito de que em Cristo havia apenas "uma vontade divina" ("thelema") e apenas "uma efetivação ou energia divina" ("energia"), - que buscava conduzir de volta por outro caminho para a heresia monofisista repudiada. O monotelismo encontrou numerosos adeptos na Armênia, Síria, Egito. A heresia, alimentada também por animosidades nacionalistas, tornou-se uma séria ameaça à unidade da Igreja no Oriente. A luta da Ortodoxia com as heresias foi particularmente complicada pelo fato de que no ano de 630 três dos tronos Patriarcais do Oriente Ortodoxo foram ocupados por Monotelitas: em Constantinopla - por Sérgio, em Antioquia - por Atanásio, e em Alexandria - por Ciro. O caminho do Monge Máximo de Constantinopla a Alexandria passou por Creta, onde de fato ele começou sua atividade de pregação. Ele entrou em confronto com um bispo, que aderiu às opiniões heréticas de Severo e Nestório. Em Alexandria e arredores, o monge passou cerca de 6 anos. Em 638, o imperador Heráclio, junto com o Patriarca Sérgio, tentou minimizar as discrepâncias na confissão de fé, e emitiu um edito: o chamado "Ecthesis" ("Ekthesis tes pisteos" - "Exposição de Fé), - que decretava que fosse definitivamente confessado o ensinamento sobre "uma vontade" ("mono-thelema") operativa sob as duas naturezas do Salvador. Ao defender a Ortodoxia contra esta "ectese", o Monge Máximo recorreu a pessoas de várias vocações e posições, e essas conversas tiveram sucesso. "Não apenas o clero e todos os bispos, mas também o povo, e todos os funcionários seculares sentiram dentro de si uma espécie de atração invisível por ele, - testemunha sua Vita.

No final de 638, o Patriarca Sérgio morreu, e em 641 - o Imperador Heráclio também morreu. O trono imperial passou a ser ocupado pelo cruel e rude Constante II (642-668), adepto declarado dos monotelitas. Os ataques dos hereges contra a Ortodoxia se intensificaram. O Monge Máximos foi para Cartago e pregou lá e em seus arredores por cerca de 5 anos. Quando o sucessor do Patriarca Sérgio, o Patriarca Pirro, lá chegou, abandonando Constantinopla por causa de intrigas da corte, e sendo por persuasão um monotelita, ocorreu entre ele e o Monge Máximo uma disputa aberta em junho de 645. O resultado disso foi que Pirro reconheceu publicamente seu erro e até queria escrever ao Papa Teodoro o repúdio de seu erro. O Monge Máximo, juntamente com Pirro, partiram para Roma, onde o Papa Teodoro aceitou o arrependimento do ex-patriarca e o restaurou à sua dignidade.

No ano de 647 o Monge Máximos voltou para a África. E lá, em um concílio de bispos, o monotelismo foi condenado como uma heresia. No ano de 648, no lugar da "Ectese", foi emitido um novo edital, encomendado por Constante e compilado pelo patriarca Paulo de Constantinopla, o "Typus" ("Tupos tes pisteos" - "Modelo da Fé"), o que de modo geral proibia quaisquer outras deliberações, seja sobre "uma vontade" ou sobre "duas vontades", no que se refere às reconhecidas "duas naturezas" do Senhor Jesus Cristo. O Monge Máximo então se voltou para o sucessor do Papa Romano Teodoro, o Papa Martinho I (649-654), com um pedido para examinar a questão do Monotelismo em uma consideração conciliar por toda a Igreja. Em outubro de 649 foi convocado o Concílio de Latrão, no qual estiveram presentes 150 bispos ocidentais e 37 representantes do Oriente Ortodoxo, entre os quais estava também o Monge Máximos, o Confessor. O Concílio condenou o monotelismo, e seus defensores - os patriarcas de Constantinopla Sérgio, Paulo e Pirro, foram condenados ao anátema.

Quando Constante II recebeu as determinações do Concílio, deu ordens para prender o Papa Martinho e o Monge Máximo. Essa intimação levou 5 anos para ser cumprida, no ano de 654. Eles acusaram o Monge Máximo de traição ao reino e o trancaram na prisão. Em 656, ele foi enviado para a Trácia e, mais tarde, novamente levado de volta a uma prisão de Constantinopla. O monge, junto com dois de seus alunos, foi submetido aos tormentos mais cruéis: cortaram a língua e cortaram a mão direita de todos eles. Em seguida, eles foram enviados para a Cólquida. Mas aqui o Senhor operou um milagre inexplicável: todos os três encontraram a habilidade de falar e escrever. O Monge Máximo realmente predisse seu próprio fim (+13 de agosto de 662). No Prólogo dos Santos Gregos (Calendário), 13 de agosto indica a Transferência das Relíquias de São Máximo para Constantinopla, mas possivelmente pode se aplicar à morte do santo. Ou então, o estabelecimento de sua memória em 21 de janeiro pode estar relacionado com isto - que 13 de agosto se celebra a conclusão da Festa da Transfiguração do Senhor. Sobre o túmulo do Monge Máximo brilhavam três luzes que apareciam milagrosamente e ocorriam muitas curas.

O Monge Máximos deixou para a Igreja um grande legado teológico. Suas obras exegéticas contêm explicações de narrativas difíceis dentro da Sagrada Escritura; também Comentário sobre a Oração do Senhor e sobre o Salmo 59; várias "scholia" ("marginalia" ou comentários de margem do texto) sobre os tratados do Sacerdote-Mártir Dionísio, o Areopagita (+96, Com. 3 de outubro) e São Gregório, o Teólogo (+389, Com. 25 de janeiro). Às obras exegéticas de São Máximo pertence igualmente a sua explicação dos serviços divinos, intitulada "Mystagogia" ("Introdução sobre o mistério").

Às obras dogmáticas do Monge Máximo pertencem: a Exposição sobre sua disputa com Pirro, e vários folhetos e cartas a várias pessoas. Neles estão contidas exposições do ensino ortodoxo da Essência Divina e sobre Pessoas-Hipostáticas da Santíssima Trindade, sobre a Encarnação de Deus e sobre a "theósis" ("deificação", "obozhenie") da natureza humana. 
“Nada na theósis é produto da natureza humana, - escreve o Monge Maximos em uma carta a seu amigo Thalássios, - visto que a natureza não pode compreender Deus. Só a misericórdia de Deus tem a capacidade de dotar theósis aos existentes. Na theósis o homem (imagem de Deus) torna-se semelhante a Deus, ele se alegra em toda a plenitude que lhe pertence por natureza, porque a graça do Espírito triunfa nele e porque Deus age nele” (Carta 22).



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 6:11-16

Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado. Não estais estreitados em nós; mas estais estreitados nos vossos próprios afetos. Ora, em recompensa disto, (falo como a filhos) dilatai-vos também vós. Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Marcos 1:23-28

E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, Dizendo: Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu dele. E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! E logo correu a sua fama por toda a província da Galiléia.


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REFLEXÃO

O sucesso do início do ministério de nosso Senhor Deus e Salvador, Jesus Cristo, não condiz com o seu fim: traído por um apóstolo, negado por Pedro, abandonado pelos demais Discípulos (exceto João) e execrado pelas multidões.

Os aplausos e os reconhecimentos do mundo são inebriantes, e geralmente tem como recompensa a desilusão e a dor. O cristão que guia a sua vida e se avalia pelos elogios recebidos, é um tolo. Cristo nunca perdeu o foco da Sua cruz: para isto nascera, para isto viera ao mundo. Sua paixão estava sempre diante dos seus olhos e frequentemente a profetizava aos seus Discípulos, para que quando ela acontecesse, eles não se escandalizassem.

Também ele profetizou a nossa própria paixão, por amor do Seu Nome. Inumeráveis santos selaram o seu testemunho com a dor e não se apegaram às coisas deste mundo. Nós que vivemos na sociedade do luxo e da prosperidade, das falas de sucesso e possibilidades, vigiemos o nosso coração, para que não andarmos por este caminho, mas, por aquele em que carregamos a cruz, revelando-nos, assim, discípulos do Crucificado, que por isto foi   "justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória" (1 Timóteo 3:16).


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