segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

2ª Segunda-feira do triodion

Semana do Filho Pródigo
29 de Fevereiro de 2016 (CC) - 16 de Fevereiro (CE)
Santo Pânfilo e companheiros, mártires da Cesaréia (†309)
Modo 6 

Em 309, época dos imperadores Valério Maximiano e Máximo, a perseguição aos cristãos, cujo início deu-se na época de Deocliciano, prosseguia. Cinco egípcios foram visitar os cristãos que, por professarem sua fé foram condenados a trabalhos forçados nas minas da Celícia. Ao regressarem os guardas os detiveram às portas da cidade de Cesaréia da Palestina. Os cinco confessaram que eram cristãos e revelaram o motivo de sua viagem. No dia seguinte, compareceram diante do governador Firmiliano, juntamente com Panfilio. O juiz, segundo o costume, ordenou que os cinco egípcios fossem torturados antes de serem julgados. Depois de muito sofrerem, foram interrogados pelo governador sobre seus nomes e nacionalidades. Um deles respondeu que se chamava Elias e que seus companheiros se chamavam Jeremias, Isaias e Daniel. Como Firmiliano insistiu em saber sobre sua nacionalidade, Elias respondeu que era cidadão de Jerusalém, referindo-se a Jerusalém Celeste, verdadeira Pátria de todos os cristãos. O governador então ordenou que torturassem Elias. E logo foi açoitado com as mãos atadas às costas e os pés amarrados a um tronco. Depois, o governador mandou que os cinco fossem decapitados. E a ordem foi executada imediatamente. Porfírio, jovem servo de Panfilio, prometeu que o corpo de seu senhor e de seus companheiros não ficariam sem sepultura. Firmiliano, quando soube da intenção de Porfírio, mandou que o prendessem. Por ter confessado que também era cristão e negado a oferecer sacrifícios aos deuses dos pagãos, o juiz mandou que fosse Porfírio fosse cruelmente açoitado, a ponto de seus ossos e entranhas ficarem expostos. Porfírio sofreu calado, sem exalar um suspiro. Em seguida, o governador mandou que acendessem um fogueira em forma de circulo e que o colocassem no centro. Lá permaneceu por muito tempo, sofrendo a ação das chamas enquanto entoava louvores a Deus e invocava o nome de Jesus, até que a morte pôs fim a seu lento e glorioso martírio. Um outro cristão chamado Seleuco assistia ao martírio de seu companheiro e elogiava sua fé Os soldados o denunciaram para o governador que ordenou sua decapitação.



1 João 2:18-3:10

18 Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. 19 Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.  20 Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. 21 Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 22 Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. 23 Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. 24 Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai. 25 E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que vos querem enganar. 27 E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei. 28 E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda. 29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele. 1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a ele. 2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. 3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro. 4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia. 5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado. 6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece. 7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo; 8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. 9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus. 10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão. 

Marcos 11:1-11

1 Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos 2 e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. 3 E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui. 4 Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam. 5 E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho? 6 Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar. 7 Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele. 8 Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos. 9 E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas! 11 Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.


COMENTÁRIOS

1 João 2:18-3:10

São Teófano, o Recluso
Ontem a parábola do filho pródigo nos convidou para retornar da dissipação ao bom caminho. Agora, o santo apóstolo João nos inspira a isto, dando a garantia de que, se assim procedermos, quando o Senhor aparecer, seremos semelhantes a Ele. O que se pode comparar com tal dignidade ? Eu penso que ao ouvir tal coisa, você deva ser tomado por um desejo de alcançar isso para si. E isto é bom, mais ainda, é sumamente necessário. Não tardará a ser alcançado; pois, todo aquele que tem esta esperança nele, purifica a si mesmo, assim como Ele é puro (I João 3: 3). Será que existe alguma coisa dentro de você que tenha necessidade de purificação? Certamente que não poucas coisas têm esta necessidade. Apressa-te, pois, onde o Senhor está, coisa alguma que seja impura se permite entrar (cf. Ap 21-27). Mas não desanime com a dificuldade de tal empreendimento. O Próprio Senhor será o seu ajudante em todas as coisas. Simplesmente deseje isto de todo o coração e busque o Senhor, tal como um mendigo pedindo por  ajuda. Sua plena graça irá atuar com poder em teu esforço, e as coisas facilmente se sucederão e terás êxito. Assim como não há pecado que possa superar a misericórdia de Deus, também não há nenhuma impureza moral que possa resistir e não ser consumida pelo poder da plenitude de Sua graça; a não ser que de sua parte, haja falta de vontade para superar a impureza, um esforço sério para a repelir, refugiando-se com fé no Senhor.  


Marcos 11:1-11

São João Crisóstomo nos diz que neste episódio Cristo realiza duas profecias: uma pelos seus atos e outra por suas palavras. Realiza a primeira ao montar num jumento, e a segunda cumprindo as palavras do profeta Zacarias que havia predito que o Rei viria montado em um asno. E ao cumprir esta antiga profecia, com seu gesto também prefigura uma nova era que mais se tarde haveria de ser instaurada, ou seja, Cristo aqui prefigura a vocação dos gentios, os quais, até àquele presente momento, viviam como animais impuros; no entanto, Ele junto aos gentios irá fazer Sua morada, estes O perceberão e Lhe seguirão. Deste modo, ao mesmo tempo que uma profecia se cumpre também anuncia outra.

“Tu montaste um jumentinho prefigurando a conversão dos indomáveis gentios da incredulidade para a Fé” - diz um dos hinos da Festa dos Ramos.

O asno representa o elemento passional do homem, uma vida voltada exclusivamente para o plano terrestre e dos sentidos carnais. Portanto, simbolicamente, o espírito deve montar [dominar] a matéria, assim como Cristo fez com o asno (o qual até àquele momento ainda não fora domado) . A teologia, assim, “monta” (se sobrepõe) a todo conhecimento humano.

Crisóstomo também diz que aquele “jumentinho” também representa a Igreja, o novo povo de Deus, povo que até então era impuro e foi purificado quando Cristo se assentou sobre ele. Os Apóstolos que desataram o animal, representam os que entre os judeus – assim como nós – foram chamados à Fé, e, assim, é por eles que fomos conduzidos a Cristo.
Extraído e adaptado do sitio “El Arca de Noé"por Padre Mateus


ORAÇÃO

Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a misericórdia o cercará. Alegrai-vos no SENHOR, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Domingo do Filho Pródigo

SEGUNDO DOMINGO DO TRIODION
28 de Fevereiro de 2016 (CC) - 15 de Fevereiro (CE)
Santo Onésimos, apóstolo [dos 70] (séc. I), Santo Eusébio da Síria
 Modo 6 


No segundo domingo do Triódion, celebramos o Domingo do Filho Pródigo. Esse Domingo continua a desenvolver o tema do arrependimento e do perdão, já tratado no Domingo do Fariseu e do Publicano. 
Com a celebração do Domingo do Filho Pródigo, a Santa Tradição, portanto,  quer nos ensinar o que devemos buscar na Grande Quaresma: retornar de nossas vidas pródigas para a casa do Pai, ou seja a plena comunhão com Deus. 
A motivação e a decisão que impulsiona tal retorno no Filho Pródigo se dá a partir da meditação que ele faz de suas circunstâncias de vida, e comparação da vida muito mais excelente que os empregados da casa paterna levavam,  fruto da bondade e justiça do seu pai. 
Assim, os exercícios e disposições da Grande Quaresma buscam despertar em nós a motivação e a decisão de retornamos à comunhão que deixamos de ter com Deus, da qual nos afastamos para buscar a satisfação de nossos desejos egoístas. A Grande Quaresma, na verdade, é uma grande viagem pela nossa interioridade, das sombras que há em nós para a Luz que Deus faz brilhar em nossos corações.  
Comemoração de Santo Onésimo 
Santo Onésimos era escravo de Filêmon, homem importante de Colossos, na Frigia, que se converteu à fé cristã  através do apóstolo São Paulo. Quando fugia da justiça, acusado de roubar seu senhor, Onésimo entrou em contato com São Paulo que se achava em Roma. São Paulo o converteu, o batizou e o enviou à casa de Filêmon com uma carta de recomendação. Filêmon perdoou então seu escravo arrependido e o reenviou a São Paulo. São Jerônimo e outros autores escrevem que Onésimo e Tiquio foram os portadores da carta que São Paulo escreveu aos colossenses. Os dois foram sempre orientados pelo Apóstolo Paulo e se transformaram em pregadores do Evangelho e, mais tarde, foram consagrados bispos. Onésimo foi consagrado Bispo de Éfeso por São Paulo. Após o episcopado de Timóteo, afirma-se que o antigo escravo  e Bispo de Efeso, Onésimo, foi levado prisioneiro à Roma e lá morreu apedrejado. Suas relíquias posteriormente foram trasladadas para Éfeso onde são veneradas até hoje. 


MATINAS (VI)


Lucas 24:36-53

E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles. E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os fora, até Betânia  e, levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém.


LITURGIA


Troparion
Enquanto Maria estava diante do sepulcro à procura de Teu imaculado Corpo, os anjos apareceram em teu túmulo e as sentinelas desfaleceram. Sem ser vencido pela morte, submeteste ao Teu domínio o reino dos mortos, e vieste ao encontro da Virgem revelando a vida. Senhor que ressurgistes dos mortos, glória a Ti!


Kondakion

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Levantando com Sua vivificante mão todos os mortos dos vales tenebrosos, Cristo Deus, Doador da vida, quis conceder a Ressurreição ao gênero humano; pois Ele é o Salvador, a Ressurreição, a Vida e o Deus de todos. 

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotokion
Clamando com a Tua bendita Mãe, voluntariamente, viste padecer, irradiando na cruz, desejaste encontrar Adão, dizendo aos anjos: Alegrem-se comigo, porque foi encontrado o dracma perdido, Deus nosso, que com sabedoria tudo consolidaste, glória a Ti!

Prokímenon

Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a Tua herança. (Sl 28, 9)

Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo
presta ouvido aos meus rogos. (Sl 28, 1)

1 Coríntios 6:12-20

12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 13 Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém aniquilará, tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. 14 Ora, Deus não somente ressuscitou ao Senhor, mas também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. 15 Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. 16 Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. 17 Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele. 18 Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. 19 Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.

ALELUIA


Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo 
e vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)   

Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: Sois meu refúgio e proteção, 
sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl (90:2)

Aleluia, aleluia, aleluia!


Lucas 15:11-32

11 Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. 12 O mais moço deles disse ao pai: "Pai, dá-me a parte dos bens que me toca." Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. 14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades. 15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. 16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada. 17 Caindo, porém, em si, disse: "Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados." 20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 Disse-lhe o filho: "Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho." 22 Mas o pai disse aos seus servos: "Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; 23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se." 25 Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças; 26 e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. 27 Respondeu-lhe este: "Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo." 28 Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele. 29 Ele, porém, respondeu ao pai: "Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos; 30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado." 31 Replicou-lhe o pai: "Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; 32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado."


COMENTÁRIO

Esta é uma das parábolas de Cristo mais conhecidas, pois o cenário onde ela se desenrola é o de um ambiente familiar, retratando um drama que quase todas, senão todas as famílias enfrentam: a ruptura dos filhos adolescentes com o Pai.

A crise do jovem caçula é um ícone dos sentimentos e mentalidades que governam a humanidade: o desejo de uma autonomia precoce baseando numa avaliação presunçosa e equivocada de si mesma.

Presunçosa, porque - à semelhança de um adolescente que presume que a maturidade biológica do seu corpo e seu acesso a informação lhe garante a autonomia - assim, também, a humanidade concebe que seu avanço científico e tecnológico não lhe permite mais depender de Deus e de leituras teológicas da realidade.

Equivocada porque, assim como a adolescência não se apercebe que sua maturidade biológica e capacidade mental de raciocinar logicamente, são mediadas por uma estrutura subjetiva conflituosa e por forças passionais coercitivas, assim também a humanidade ignora sua estrutura ontológica: corpo, alma e espírito, os quais se encontram fragmentados e incapazes de interagir harmonicamente, incapacitando-nos, assim de atingirmos uma “maior idade”.

Este filho caçula, nosso ícone pessoal, ao se apartar do Pai conhece em primeira estância os prazeres que advém desta ― "liberdade", mas logo, logo, descobre o quanto são passageiros e passa a provar os amargos dissabores desta postura de vida.

Em seu abismo existencial, um raio de luz alcança sua alma e ele avaliando as realidades presentes e as que vivia na casa do Pai, é levado a tomar uma decisão:

“Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai”.

Esta luz que brilhou em seu ser transforma radicalmente a sua alma, levando-o a trilhar a mesma estrada que liga a casa paterna, mas, agora de forma totalmente inversa. O caminho que outrora vira passar um jovem altivo, cheio de perspectivas ilusórias, sentindo-se senhor de todo saber; assiste agora os passos de um homem humilhado, de olhar e expectativas incertas, cheio de temores, a mendigar a aceitação do Pai em condições degradantes.

Uma surpresa põe termo a toda esta atmosfera sombria: o Pai o aguardava de braços abertos e lhe devolvendo a honra que um dia tão tolamente desprezara.

A história deste jovem é a nossa história pessoal. Todos nós a ele nos igualamos em sua primeira decisão: a de romper com o Pai, tomar a nossa herança e gerenciá-la como nos aprouver. Também, assim como ele, experimentamos o gozo efêmero e os profundos dissabores que provêm desta decisão. Mas, se quisermos ter o mesmo fim venturoso deste jovem, devemos também o imitar em sua segunda decisão: erguer-se deste lodo no qual nos achamos e caminhar em direção ao Pai e lhe dizer:

― "Pai, pequei contra Ti, já não sou digno de ser chamado Teu filho".

Porém, não pensemos que apenas o caçula é o nosso ícone pessoal: também o filho mais velho espelha a alma de alguns de nós: pois, este, vivendo na casa do Pai, não o conhecia; alimentava-se de imagens limitantes que o impedia de ter acesso a todos os bens que o Pai preparara para que ele os desfrutasse.

Padre Mateus (Antonio Eça)


ORAÇÃO


Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas tansgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares. Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe. Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma. Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste. Esconde o teu rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

1º Sábado do Triodion

Sábado Depois Publicano e do Fariseu
27 de Fevereiro de 2016 (CC) - 14 de Fevereiro (CE)
Ss. Marão e Auxêncio de Bithynia, eremita († 473)
Modo 5 



São Auxêncio passou a maior parte de sua longa vida como ermitão em Bithynia. Em sua juventude foi um dos guardas de Teodósio, o Jovem. Seus deveres militares, que cumpria com fidelidade, não o impedia de cumprir com suas obrigações religiosas. Todo o seu tempo livre passava na solidão e em oração. Visitava com freqüência os santos monges ermitãos que moravam próximos e lhes pedia pousada a fim de poder, com eles passar uma noite, fazendo exercícios penitenciais e cantando louvores a Deus. Tempo depois, levado por um forte desejo de perfeição e temor da vanglória, adotou a vida eremítica. Fundou seu eremitério na montanha de Oxia, distante 12 quilômetros de Constantinopla. Nesse lugar foi muito procurado e tinha forte influência por sua fama de santidade. 
 
No Quarto Concilio Ecumênico realizado em Calcedônia, Concílio este que condenou a heresia de Eutíquio, Auxêncio foi chamado pelo imperador Marciano para depor, justificando de acusações que sobre ele caíram. Novamente em liberdade, não retornou a Oxia, indo para uma cela mais próxima de Calcedônia, em Skopas. Ali permaneceu, entregando-se a uma vida mais austera, instruindo os seus seguidores até sua morte que aconteceu, provavelmente, em 14 de fevereiro de 473. O historiador Sozemeno escreveu sobre sua vida, sua fé e sua intimidade com fervorosos ascetas. 
Comemoração de São Marão
São Marão optou por morar isoladamente, longe da cidade de Cirrus, na Síria, onde, em espírito de mortificação, vivia quase sempre sob as intempéries. Tinha apenas uma pequena cabana coberta com peles de cabra para abrigar-se, em caso de necessidade. Certa vez, entrou nas ruínas de um templo pagão e o dedicou ao culto do verdadeiro Deus transformando-o em casa de oração. São João Crisóstomo o estimava muito e, freqüentemente, lhe escrevia, desde a época em que estava desterrado em Cucusus. Recomendava-se às suas orações e lhe pedia que sempre enviasse noticias com a maior freqüência possível. São Marão tinha tido por mestre São Zebino que era um homem de oração assídua. Dizia-se dele que passava dias e noites inteiras em oração, sem experimentar cansaço. Geralmente rezava de pé, mesmo quando já era ancião, apoiando-se em um báculo. Aos que por ele procuravam, era breve, tanto quanto possível, para ter mais tempo de conversar com Deus. 




2 Timóteo 3:1-9

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.

Lucas 20:46-21:1-4

Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes; que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação. E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

1ª Sexta-feira do Triodion

Quinta-feira do Publicano e do Fariseu
26 de Fevereiro de 2016 (CC) - 13 de Fevereiro (CE)
São Martiniano de Cesaréia, monge; 
Santas Zoê e Fotini († fim do séc. IV)
Modo 5  



Ainda muito jovem, São Martiniano estabeleceu-se no deserto, próximo a Cesaréia, na Palestina. Seu jovem corpo era atormentado pelas paixões carnais e sua alma turbava-se ante as tentações diabólicas que eram vencidas através dos freqüentes jejuns, orações e trabalhos. Assim viveu durante 25 anos. Graças a sua continência, uma prostituta chamada Zoê, que veio especialmente para tentá-lo, se converteu à santidade. 
Certa vez ele pisou com os pés descalços sobre brasas ardentes e, com muito esforço e suportando a dor, gritou: «e como será então o fogo do inferno?» Surpreendida pela força espiritual e pelos sofrimentos do eremita, Zoê se arrependeu e pediu que orasse por ela. Martiniano orientou então que ela fosse ao Monastério de Santa Paula, em Belém. Lá, Zoê viveu durante 12 anos até seu falecimento, esforçando-se espiritualmente para expiar seus pecados. Até o último dia de sua vida, Zoê não bebia vinho e se alimentava de pão e água, dormindo no chão. 
São Martiniano passou durante muitos anos em uma ilha desabitada; não tinha sequer um teto. Recebia alimentação do dono de um barco para o qual confeccionava cestos. Nesta mesma ilha onde São Martiniano vivia, uma jovem, de nome Fotini, havia se refugiado após o naufrágio de seu barco, levada pelas ondas. Após recebê-la na ilha e evitar as tentações, São Martiniano foi para o mar e, por graça de Deus, alcançou o Sul da Grécia por onde peregrinou durante dois meses até chegar a Atenas onde faleceu em paz no ano 122. Santa Fotini ficou na ilha onde viveu durante mais seis anos até seu falecimento.



1 João 2:7-17

7 Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas um mandamento antigo, que tendes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8 Contudo é um novo mandamento que vos escrevo, o qual é verdadeiro nele e em vós; porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz. 9 Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até agora está nas trevas. 10 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço. 11 Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos. 12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome. 13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. 14 Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno. 15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. 17 Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.

Marcos 14:3-9

3 Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo. 4 Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?  5 Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela. 6 Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes. 8 ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. 9 Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.


COMENTÁRIO

São Tãeófano, o Recluso
O mundo passa, e a sua luxúria (I João 2:17). Quem não vê isto? Tudo em torno de nós passa: coisas, pessoas, eventos; e nós mesmos estamos passando. A concupiscência mundana também passa. Muito mal desfrutamos o prazer de satisfazer nossos desejos, e ambos passam: o prazer e o desejo. Aí nós buscamos outra coisa, e dá no mesmo; então perseguimos uma terceira coisa, e de novo o mesmo. Nada fica parado; tudo vem e vai. O que? Existe realmente algo constante constante ?! 

Há, diz o Apóstolo: aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (I João 2:17). Como o mundo, que é tão transitório, permanece? Porque Deus assim deseja que o mundo permaneça. A vontade de Deus é o fundamento inabalável e indestrutível do mundo. E o mesmo se dá entre as todas as pessoas que mantém-se firmes na vontade de Deus: permanece firme e forte ao mesmo tempo. Os pensamentos ficam inquietos quando estão perseguindo algo transitório. Mas assim que retomam à sua sobriedade e voltam para o caminho da vontade de Deus, os pensamentos e as intenções começam a se acalmar. Quando finalmente se consegue adquirir tal hábito e modo de vida, tudo o que tem, tanto dentro como fora, entra em calma harmonia e serena ordem. Tendo começado aqui, essa paz profunda e serenidade imperturbável vão se estender para a outra vida também, e lá permanecerão pela eternidade. 

Em meio à transitoriedade geral das coisas ao nosso redor, eis o que não é transitório e o que é constante dentro de nós: caminhar na vontade de Deus.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

1ª Quarta-feira do Triódion

Quarta-feira do Publicano e do Fariseu
24 de Fevereiro de 2016 (CC) - 11 de Fevereiro (CE)
São Brás 
(† 316)
Modo 5




São Brás (ou Blásios), bispo e mártir, nasceu em Sebaste, na Armênia, e ficou muitíssimo conhecido em todo o mundo cristão pelos milagres que operou para a glória e honra de Deus. A pureza de seus costumes, sua natural doçura, sua humildade, prudência e, sobretudo, sua grande misericórdia lhe fizeram dele um homem muito estimado de todos. Os primeiros anos de sua vida foram dedicados, com grande proveito, ao estudo da filosofia. Seu conhecimento acerca da natureza humana o inclinaram para à medicina que exerceu com perfeição. Os estudos da medicina fez dele um conhecedor das doenças e da fragilidade da vida, o que o levou a uma profunda reflexão sobre a razão, mérito e solidez dos bens eternos. Tomado pela lucidez, decidiu prevenir-se de um eventual remorso pelo qual passam a maioria das pessoas no momento da morte, e optou por viver uma vida de santidade, exercitando nas virtudes cristãs. Pensava retirar-se ao deserto, mas quando faleceu o Bispo de Sebaste, o elegeram como seu sucessor, sob o aplauso de toda a cidade. A nova função serviu para ressaltar suas virtudes e obrigá-lo a viver uma vida ainda mais santa. Quanto mais se ocupava da salvação das almas de seu rebanho, mais aumentava seu desprendimento em relação a sua própria vida. Ocupou-se então de instruir seus fiéis, valendo-se mais de exemplos do que de palavras. Tão grande era seu desejo de viver recluso e de aperfeiçoar-se que sentiu a necessidade de retirar-se e passou a viver em uma gruta, situada no alto do Monte Argeu, um pouco distante da cidade. Depois de alguns dias, Deus manifestou-se através da santidade de seu fiel servo operando vários milagres por seu intermédio. Não somente pessoas de todos os lugares vinham a ele buscando a cura do corpo e da alma, como também os animais selvagens aproximavam dele para receberem do santo bispo as suas bênçãos de cura de suas enfermidades. 

Encontravam-no sempre em oração e esperavam pacientemente à porta da gruta, sem interrompê-lo, e só saiam de lá depois que recebessem de São Brás a sua bênção. No ano 315, chegou a Sebaste o governador da Capadócia e da Armênia Menor, Agricolao, enviado pelo imperador Licínio. Veio com ordem de executar todos os cristãos da região. Decidido a cumprir tal mandato, ao entrar na cidade ordenou que fossem jogados às feras todos os cristãos que estavam nas prisões. Para tanto, enviou soldados aos bosques à caça de leões e tigres. Os enviados do governador entraram pelo monte Argeu e se depararam com a gruta habitada por São Brás. A entrada da gruta estava rodeada por animais selvagens e, entre as feras, São Brás orava sobre eles. Os soldados, vendo aquilo, ficaram impressionados e foram logo contar ao governador. Surpreso com a notícia, o governador ordenou que retornassem ao lugar e que o tal bispo fosse trazido à sua presença. Mal os soldados chegaram ao local, São Brás docemente lhes disse: «Vamos, meus filhos, derramar nosso sangue por meu Senhor Jesus Cristo. Há muito tempo que desejo o martírio, e esta noite o Senhor me deu a entender que se dignou aceitar meu sacrifício». Logo que se soube que São Brás estava sendo levado da cidade de Sebaste, a multidão tomou as ruas desejando receber dele suas bênçãos e o alivio dos males. Uma pobre mulher, desesperada e aflita, passou como pode em meio à multidão e, cheia de confiança, ajoelhou-se aos pés de São Brás apresentando-lhe seu filho que estava sofrendo com uma espinha que lhe havia atravessado a garganta e o sufocava. Vendo a dor da pobre mão o bispo ficou compadecido, elevou seus olhos e ergueu as mãos ao céu, pedindo fervorosamente: «Senhor meu, Pai de misericórdia e Deus e todo o consolo, digna-te ouvir a humilde prece de teu servo e concede a graça da saúde a este menino, para que o mundo creia que só Tu és o Senhor dos vivos e dos mortos. Tu que és o Soberano e a todos ofereces a tua misericórdia, te suplico humildemente, que todos os que vem a mim para alcançar a cura de doenças, pela intercessão deste teu humilde servo, sejam benignamente ouvidos e favoravelmente atendidos». Mal tinha terminado a oração, o menino expeliu a espinha de sua garganta e ficou totalmente curado. Por este fato, São Brás é conhecido por todos e é venerado como protetor dos males da garganta e sufocamentos. Quando chegaram, São Brás foi apresentado ao governador que, sem demora e ali mesmo, determinou que oferecesse sacrifício aos deuses. São Brás exclamou: «Ó Deus! Por que dás esse nome aos demônios que só têm poderes para fazer o mal? Não há outro Deus senão o Único e verdadeiro Deus, Todo Poderoso e Eterno, e é este Deus que eu adoro». Irritado com estas palavras, Agricolao ordenou que fosse cruelmente açoitado até a morte. São Brás, porém, expressava alegria em seu semblante e sua força espiritual o sustentava. Foi depois levado para a prisão onde operou vários milagres, o que despertou ainda mais a ira do governador que ordenou que esfolassem seu corpo, parte por parte. Escorria muito sangue por todos os lados e algumas mulheres vieram limpar seus ferimentos. Foram, por isso, presas e forçadas a oferecer sacrifícios aos ídolos, sob pena de suas vidas. Elas pediram então para que trouxessem os ídolos, mas retrocederam e jogaram as oferendas nas águas de uma lagoa. Esta atitude lhes rendeu a coroa do martírio, sendo degoladas juntamente com seus filhos. O governador, sentindo-se vencido e envergonhado, mandou que jogassem São Brás no fundo da lagoa onde as oferendas haviam sido jogadas. Protegendo-se com o sinal da cruz, São Brás começou a caminhar sobre as águas como se estivesse andando em terra firme. Chegou até a metade da lagoa e sentou-se serenamente, mostrando aos pagãos que seus deuses não tinham nenhum poder sobre ele. Alguns corajosos e incrédulos jogaram-se nas águas para tirar a prova do que estava acontecendo, mas se afogaram. Naquele momento, São Brás ouviu uma voz que vinha do fundo das águas e lhe dizia que iria receber em breve a coroa do martírio. Ao sair para terra firme o governador ordenou imediatamente que lhe cortassem a cabeça. Isto aconteceu no dia 11 de fevereiro do ano 316.





2 Pedro 3:1-18

1 Amados, já é esta a segunda carta que vos escrevo; em ambas as quais desperto com admoestações o vosso ânimo sincero; 2 para que vos lembreis das palavras que dantes foram ditas pelos santos profetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos; 3 sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, 4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. 5 Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; 6 pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; 7 mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. 8 Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. 9 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. 10 Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. 11 Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, 12 aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. 14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz; 15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; 16 como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, nas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. 17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; 18 antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.   

Marcos 13:24-31

24 Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; 25 as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. 26 Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. 28 Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. 29 Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. 30 Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. 31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.2) 

MEDITAÇÃO



Santo Efrém, o Sírio (séc. IV)

“És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem”


Lutador valente! O dia do juízo será o fim dos teus trabalhos; entraste no combate e saíste vitorioso, consumaste a carreira e guardaste firme a fé; o Filho de Deus recompensará os teus esforços: aquele dia será para ti dia de prêmio. Quando elevar-se o Oriente desde o alto do céu para redimir-nos das trevas do sepulcro, pede-lhe que as orações lhe sejam holocaustos e oblações gratíssimas; confia que ao vir o Senhor também ouvirás sua voz e ressuscitarás.


Filhos, recebei a doutrina de vosso pai, o testamento de sua herança: ambas procedem do Senhor e permanecerão para sempre. Com exceção de sua doutrina, tudo passa, tudo é efêmero: o mundo passa, passam as ilusões e os sofrimentos; somente perdura a vida naqueles que viveram bem e a assumiram como tempo de ganhar méritos. Esses, ao final dos séculos, buscarão o Rei, que virá majestoso. As coisas boas que nos ensinaram, estas não passam; dai-me, caríssimos, este consolo de que todos, todos, caminheis na verdade e na sã doutrina, pois assim, quando o esposo se tornar visível, eu também me alegrarei da felicidade de meus filhos.

Ai! Vejo-me obrigado a deixar todos os bens que juntei, até a veste, e nu e pobre partir deste mundo. Todas as riquezas em que abundava e a própria vida me abandonam: as honras, os tesouros ficam na padieira de meu mausoléu; não podem passar adiante, aonde colocam o seu dono. Meus parentes também partirão, me desprezarão. Somente o olhar-me lhes ofenderá; e minha mulher e meus filhos, ao ver-me despojado de minha primeira honra, no mesmo instante sairão, aterrados pelo vazio da noite que rodeará meu cadáver.
Ricos e poderosos, venham aqui e considerai qual é a transformação que se opera em tudo que é nosso, e qual seu paradeiro final... És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem, ainda que para ti não estejam perdidos os que morrem, mas adormecidos... Pois, segundo isto, meu Deus, que me purifiques com a tua graça das máculas com que me sujou minha depravada natureza, não vão fechar-me a entrada de glória prometida à virtude.

O nascimento de nosso Rei invicto comoveu o orbe inteiro, e, admirado, correu atrás dele. Ressuscitou aos mortos, deu vista aos cegos, limpou os leprosos, venceu a morte e o demônio e assegurou a liberdade de nossa estirpe. Ele mesmo, morto e sepultado, saiu do sepulcro cheio de glória e claridade para voltar ao céu, à destra de seu Pai. Quando chegue a hora, descerá segunda vez ao mundo com grande majestade, rodeado das hostes dos espíritos celestiais. Então cumprirá a promessa feita no Evangelho e realizará a sua ascensão triunfante aos céus e dará para sempre a herança íntegra da bem-aventurança eterna.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

1ª Terça-feira do Triodion

23 de Fevereiro de 2016 (CC) - 10 de Fevereiro (CE)
São Caralampo, Bispo da Magnésia († 202)
Modo 5


A santidade de Caralampo brilhou nos heróicos primeiros anos do cristianismo, quando muitos, com singular fé e espírito de renúncia, enfrentavam as terríveis perseguições dos sanguinários imperadores de Roma. 
Nasceu no ano 90 da era cristã, na região de Magnésia de Tessália (Grécia). Seus pais, que eram cristãos, transmitiram a Caralampo,  com seus exemplos de vida, a fé e a devoção cristã. Através dos estudos sistemáticos da Bíblia ele aprendeu as grandes e eternas verdades do mundo, da vida e da destinação humana. Cheio de sabedoria, mesmo muito jovem, ensinava aos colegas da mesma idade, para os quais era exemplo luminoso de vida. No ano de 130 da era cristã, foi ordenado presbítero, consagrando sua vida à salvação das almas. Inquietava-se por ver muitas pessoas afastadas de Cristo, sem saber porque viviam e o sentido de sua existência. 
Nesta época, o Imperador romano Severo ordenou uma terrível perseguição contra os cristãos. O governador de Magnésia determinou a captura de Caralampo e que fosse trazido acorrentado à sua presença, ignorando a sua idade que já alcançava os 113 anos. Mesmo assim, Caralampo permanecia firme e, às ordens do governador para que adorasse seus ídolos, respondia em alto e bom som que seus deuses eram falsos e que o único e verdadeiro Deus é Cristo. O governador então o ameaçou torturá-lo. Caralampo suportou todo o sofrimento, orando e agradecendo a Deus por ter sido escolhido como mártir, ao mesmo tempo em que agradecia também aos carrascos, dizendo: 
«Agradeço-lhes, filhos meus, por torturarem meu corpo, pois isto me alcançará a felicidade espiritual e a alegria infinita do reino de Deus. Nesse momento, Porfírio e Baio, que eram os executores, atiraram para longe as lâminas e gritaram: «Também somos cristãos!». Imitando-os, outras três mulheres que assistiam a execução. 
Muitos milagres aconteceram por suas orações: enfermos foram curados, mortos voltaram à vida etc. Vendo tudo isso, a filha do Governador, de nome Galene, e muitos outros creram em Cristo. O governador, tomado, por uma força do mau, ordenou que fossem todos decapitados. Enquanto Caralampo era levado ao local do martírio, Cristo lhe apareceu dizendo: 
«Meu querido Caralampo, peça-me qualquer graça que desejas!»  
Caralampo respondeu: 
«Meu desejo é que em todo lugar que estiver partes de minhas relíquias e que se lembrarem de meu martírio, não haja fome, epidemias, pestes, mas abundância de frutos da terra, paz, salvação de almas e de corpos. 
Seu martírio se deu no ano 202 e seu crânio se encontra em Meteora, na Grécia .


2 Pedro 2:9-22


9 também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados; 10 especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades, 11 enquanto que os anjos, embora maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. 12 Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, 13 recebendo a paga da sua injustiça; pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco; 14 tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição; 15 os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, 16 mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. 17 Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas. 18 Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscências da carne engodam com dissoluções aqueles que mal estão escapando aos que vivem no erro; 19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo. 20 Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. 21 Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. 22 Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro; Volta o cão ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal. 

Marcos 13:14-23

14 Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; 15 quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa; 16 e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. 17 Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! 18 Orai, pois, para que isto não suceda no inverno; 19 porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá. 20 Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias. 21 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis. 22 Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos. 23 Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.


COMENTÁRIO

A sociedade em que vivemos tem como uma de suas principais características a relativização dos conceitos e das percepções. Isto atingiu a mente de muitos cristãos, que passaram a ver o dogma como também algo relativo e as percepções heterogêneas - não mais como antagonismos ou heresias - mas, sim, como diversidade, portanto, legítimas, cada qual conforme as suas perspectivas.

Este tipo de mentalidade, torna inócuos e sem sentido os textos bíblicos que falam de falsos profetas que ensinam falsas doutrinas, uma vez que cada um, conforme sua realidade e modo de pensar está certo, "já que ninguém é mesmo dono da verdade".

O ensino dos severos juízos de Deus também caem por terra, uma vez que Deus é amor, e não vai condenar ninguém, pois "Ele é muito compreensivo e tolerante" e afinal de contas, cada um é mau porque é vítima de alguma coisa: da sociedade, da família em que nasceu, do ambiente social em que crescera, dos males sofridos na existência e etc. Todo tipo de justificativa. Todos que assim pensam, são néscios, virgens imprudentes que dormiram e deixaram de por azeite no seu candelabro.

O espaço aqui é curto para uma maior abordagem de que como Satanás induz a sociedade ao erro, mas, como resumo de tudo, o ensino apostólico nos diz que isto se dá porque os homens se tornariam amantes de si mesmos e mais amigos dos prazeres do que de Deus (2 Tm 3:2,4), e por isto, não suportariam a sã doutrina, e para anular a incômoda voz da consciência, se cercariam de mestres que lhe dariam suporte intelectual que legitimariam suas concupiscências (2 Tm 4:3). É destes mestres que Pedro fala em sua epístola e dos quais Cristo tanto nos adverte.

As ovelhas de Cristo ouvem a Sua voz e O seguem, mas, de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz do estranho (João 10).

Pe. Mateus (Antonio Eça) 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

1ª Segunda-feira do Triodion

39ª Segunda-feira Depois de Pentecostes
22 de Fevereiro de 2016 (CC) - 09 de Fevereiro (CE)
Mártir Nicéforo de Antioquia (257 dC)
Modo 5


Nicéforo, o Antioquino viveu e foi martirizado durante o império de Valeriano e de Galeriano. Era um homem cuja simplicidade o fez unir-se a um sacerdote da cidade, chamado Sapricio. A amizade entre Nicéforo e Sapricio era tão grande que agiam como uma só alma, um só coração e uma só vontade. A inveja do maligno, porém, com suas ardilezas, injetou veneno naquela amizade, transformando-a em inimizade. Com o passar do tempo, a inimizade foi crescendo, ao ponto de um querer destruir o outro. Niceforo, porém, por misericórdia de Deus, percebeu quão horrível era o ódio, e que tinha caído nas armadilhas de Satanás. Arrependeu-se e, para demonstrar o desejo de reconciliação, enviou alguns intermediários para que transmitissem seu perdão a Sapricio. O coração do sacerdote, no entanto, estava empedernido pelo ódio. Depois de muitas tentativas fracassadas, Nicéforo se apresentou diante de seu antigo amigo e se prostrou ante seus pés, pedindo-lhe perdão. Sapricio, porém preferindo ater-se aos seus sentimentos de ódio, afastou-se dele, demonstrando total indiferença. 
No ano 260, a onda de perseguição aos cristãos recomeçou. Sapricio foi capturado e levado a presença do governador que lhe interrogou: “Como te chamas?” Respondeu ele: “Sapricio”. “Qual é tua fé”, perguntou o Imperador. Sapricio respondeu: “Sou cristão”. “És clérigo?” “Tenho a honra de ser sacerdote, e nós cristãos professamos nossa fé em um só Deus e Senhor Jesus Cristo que é verdadeiro Deus, criador do céu e da terra; e não reconhecemos a divindade dos deuses dos gentios. O governador se enfureceu e mandou que fosse torturado.

Apesar de todos os açoites e castigos, Sapricio não vacilou e a graça de Deus esteve com ele até o momento em que o governador lhe disse: “o sacerdote dos cristãos está convencido que ressuscitará para uma segunda vinda; que ele seja então entregue aos executores para que sua cabeça seja decepada de seu corpo.” Com muita fé, o sacerdote foi conduzido até o local de sua execução. Enquanto isso, Nicéforo estava muito confuso: satisfeito por seu amigo ter a graça de sofrer o martírio, porém preocupado por desejar ser purificado de qualquer mancha. Aproximou-se dele, em meio a multidão, prostrou-se diante dele e disse; “Ó mártir de Cristo, perdoa-me pelos pecados que cometi contra ti”. Sapricio se manteve em silêncio; não disse uma palavra e nem olhou para  ele. Então os soldados o açoitaram e dele caçoavam dizendo: “este insensato está pedindo perdão a um homem que está a beira da morte”. Por fim chegaram ao lugar da execução e o carrasco ordenou que Sapricio se abaixasse para lhe cortar a cabeça. Porém, já que a divina graça lhe tinha deixado por causa de sua atitude rancorosa, começou a gritar: “porque querem cortar a cabeça? Responderam: “porque te recusas a adorar nossos deuses e a obedecer às ordens do imperador por amor àquele chamado Jesus”. Sapricio respondeu: “irmãos, não me matem; estou disposto a fazer tudo o que me pedem”. Ouvindo aquilo, Nicéforo dizia: “Que lástima! Sapricio fraquejou”. E gritava: “Que estás fazendo, irmão meu? Negas a Cristo, nosso bom Mestre? Não percas a coroa que ganhaste por seus sofrimentos e dores”. Sapricio não quis escutá-lo. Então Nicéforo se apresentou diante do verdugo e disse: “Eu sou cristão e creio em Jesus Cristo quem este miserável acabou de negar. Estou disposto a morrer em seu lugar”. Todos os presentes ficaram surpreendidos e os soldados, confusos, consultaram o Imperador dizendo: “Sapricio decidiu fazer oferendas aos deuses, porém aqui existe um homem que professa sua fé em Cristo e diz estar disposto a morrer por Ele”. O governador então ordenou que libertassem Sapricio e que executassem Nicéforo que foi glorificado no dia 9 de fevereiro do ano 260. O Oriente e o Ocidente cristãos recordam sua memória neste dia. Suas intercessões estejam com todos nós. Amém..




2 Pedro 1:20-2:9

20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo. 1 Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; 3 também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita. 4 Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo; 5 se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; 6 se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; 7 e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos 8 (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles); 9 também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados... 

Marcos 13:9-13

9 Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho. 10 Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações. 11 Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo. 12 Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão. 13 E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.   




COMENTÁRIO
  
“Olhai por vós mesmos”..., é a exortação do Senhor Jesus Cristo, pois o coração humano é cheio de fantasias e ilusões, facilmente enganado por falsas perspectivas. O Cristianismo não é o caminho para garantir o sucesso, o conforto e a segurança em meio às estruturas que estribam a sociedade humana: a cobiça dos olhos, a cobiça da carne e a busca pelas glórias deste mundo. Falsos profetas têm se levantado para tentar transformar a fé cristã na “via divina” para se atingir os objetivos deste mundo. O caminho de Jesus Cristo nos põe na contramão da vida e inexoravelmente nos reserva uma cruz, aos conflitos com os poderosos deste mundo, à inadequação ao modo de vida da sociedade, a sofrer hostilização das pessoas sem Deus, a ser mau compreendidos e julgados injustamente, a perder o afeto das pessoas que nos são próximas, a ver amigos e pessoas a quem amamos nos ignorar. Sim, dias difíceis e relações conflituosas são perspectivas muito prováveis no caminho daquele que se dispõe a seguir Jesus Cristo.

Certa vez um amigo meu que é Pastor Protestante me fez o seguinte comentário: 

“Eu não acredito que a Igreja Ortodoxa consiga se firmam em nossa cultura, pois ela tem uma mensagem muito impopular e um jeito estranho de ser”. 

E eu lhe respondi com uma pergunta, para a qual só obtive como resposta, um olhar surpreso e um não quase que inaudível após um breve silêncio ponderativo. Eu lhe perguntara: 

“Acaso você conhece algum período da história da Igreja em que ela se estabeleceu sem tensões, conflitos e inaceitabilidade?”

Vigiar significa, antes de tudo, prestar atenção nas santas palavras proféticas, pois ela desfaz as ilusões que Satanás faz surgir em nossos corações. A vigilância dispensa a preocupação e a consumação do nosso tempo com a construção de discursos bem elaborados com a finalidade de fazer a Fé parecer razoável a mente do mundo, pois o atalaia vigilante conhece muito bem as ordens e as palavras que lhes foram confiadas; a sua boca nada mais é do que os lábios pelos quais fala o Todo-Poderoso Senhor dos céus e da terra: o Pai, Filho e Espírito Santo. 

Padre Mateus (Antonio Eça)