quarta-feira, 30 de novembro de 2022

25ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

30 de Novembro de 2022 (CC) / 17 de Novembro (CE)
São Gregório, o Taumaturgo, bispo de Neo-Cesaréia († c. 275)
Jejum da Natividade (Azeite é permitido)
Tom 7



Teodoro, que mais tarde seria chamado Gregório e, por seus milagres, tornou-se conhecido como «o Taumaturgo», nasceu em Neo-Cesaréia do Ponto (Ásia). Seus pais eram de linhagem nobre e pagãos. Quando Gregório tinha catorze anos de idade, ficou órfão de pai. O jovem seguiu com sua carreira jurídica. A irmã de Gregório empreendeu uma viagem a Cesaréia da Palestina para encontrar-se com seu esposo que ocupava um cargo oficial. Gregório a acompanhou nessa viagem, bem como o seu irmão, Atenodoro, que mais tarde tornou-se bispo e muito sofreu por sua fé.

Gregório planejava exercer o ofício de advogado em seu país, porém, pouco depois de sua chegada, foi eleito bispo de Neo-Cesaréia, cidade que contava, nesta época, com apenas dezessete cristãos. Neo-Cesaréia era, nesta época, uma cidade muito rica e com uma grande população, predominando a idolatria e o vício. São Gregório, consumido pelo zelo e caridade, entregou-se energicamente no cumprimento de seus deveres pastorais, sendo agraciado por Deus com um extraordinário dom de operar milagres. São Basílio disse a seu respeito que «com a ajuda do Espírito Santo, tinha um poder formidável sobre os maus espíritos. Em certa ocasião, fez secar um lago que era motivo de disputa entre dois irmãos. Sua capacidade de prever e predizer os acontecimentos futuros o elevava a altura dos profetas. Os milagres que operava eram tão notáveis que amigos e inimigos o consideravam como um novo Moisés».

Pouco depois de tomar posse de sua sede como bispo, São Gregório foi hospedar-se na casa de Musonio, um personagem importante da cidade que lhe havia convidado para que fosse morar com ele. Nesse mesmo dia iniciou sua atividade de pregação e, antes que a noite caísse, já havia convertido um número suficiente para formar uma pequena igreja. No dia seguinte, aglomeravam-se à porta da casa de Musonio muitos enfermos aos quais Gregório restaurava a saúde, e os convertia à fé cristã. Logo os cristãos eram em tal número que Gregório pode construir uma Igreja, já que todos colaboravam com suas esmolas e trabalho. A prudência e o tato de São Gregório moviam as pessoas a buscar sua orientação acerca de questões civis e religiosas e, nesse sentido, foram de grande proveito ao santo, seus estudos dos assuntos jurídicos.

São Gregório de Nissa e seu irmão, São Basílio, ficaram sabendo através da avó, Santa Macrina, do que se dizia a respeito do Taumaturgo, já que a santa, quando ainda era pequena, vivia em Cesaréia, mais ou menos na época em que morreu São Gregório. São Basílio diz que, a vida do Taumaturgo refletia a sublimidade de seu fervor evangélico. Em suas práticas devocionais, mostrava grande reverência, recolhimento, e jamais orava com a cabeça coberta. Amava a simplicidade e modéstia nas palavras: o «sim» e o «não» constituíam a medula de suas conversações. Detestava a mentira e a falsidade; em suas palavras, tanto como em sua conduta, não havia nunca a menor sombra de cólera ou de amargura.

Quando irrompeu a perseguição aos cristãos sob o império de Décio no ano 250, São Gregório aconselhou aos cristãos que se escondessem para não ficarem expostos aos perigo de perder a fé. Ele mesmo se retirou para o deserto em companhia de um antigo sacerdote pagão a quem havia convertido e ordenado diácono para estar ao seu lado. Os perseguidores ficaram sabendo que Gregório se refugiara nas montanhas e enviaram um pelotão de soldados para que fosse capturado. Estes, porém, voltaram sem a «presa», dizendo que só haviam encontrado vegetação. Então, o homem que havia indicado o lugar onde estava escondido São Gregório foi ao bosque e encontrou o Santo e seu companheiro entregues à oração. Diante de tal quadro, compreendeu que Deus devia ter protegido aqueles dois homens, fazendo com que os soldados os confundissem com as árvores. De delator de cristãos, este homem converteu-se à fé cristã.

Depois da perseguição, teve início uma epidemia que foi seguida da invasão dos godos. Assim, não é de se estranhar que, em tais circunstâncias, não lhe tenha restado muito para escrever, pois que devia dedicar-se à sua tarefa pastoral. Ele mesmo é quem descreve as dificuldades de seu ministério na «Carta canônica», que escreveu por ocasião dos problemas causados pela invasão dos bárbaros. Diz-se que o Santo organizava entretenimento nos dias das festas dos mártires, e que isso tenha contribuído para atrair os pagãos e popularizar as reuniões religiosas entre os cristãos. Além disso, o santo estava certamente convencido de que, a diversão saudável, além das práticas religiosas, constituíam também uma maneira de venerar os mártires.

De qualquer modo, São Gregório foi, ao que se sabe, o único missionário que, durante os três primeiros séculos da Igreja, empregou tais métodos em sua ação pastoral, ele que era um grego de notável cultura.

Pouco antes de sua morte São Gregório fez investigações para verificar quantos infiéis restavam ainda na cidade e, tomando conhecimento de qu somavam dezessete, exclamou alegremente: «Graças sejam dadas a Deus! Pois, quando cheguei a esta cidade, não havia mais que dezessete cristãos». Depois de orar pela conversão dos infiéis e pela santificação daqueles que já eram agraciados com a fé no verdadeiro Deus, recomendou aos seus amigos que, quando morresse, não fosse sepultado num lugar distinto, já que havia estado no mundo como peregrino, sem buscar a si mesmo e desejava compartilhar da mesma sorte das pessoas simples depois da morte. No ano 270, São Gregório adormeceu, entregando ao Senhor sua alma em paz.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 2:1-12

Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.

Lucas 15:1-10

E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; e, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.

† † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES

“Cristo Nos Buscou Na Terra; Nós devemos Buscá-lo No Céu”

Ocorre sempre, essa é a verdade, que, ao encontrar o que tínhamos perdido, inauguramos um novo caudal de alegria, e nos é mais grato falar do perdido, que não ter perdido o que com empenho guardamos. No entanto, esta parábola é mais uma ponderação da misericórdia divina que a constatação de um costume humano; e expressa uma grande verdade. Abandonar as grandes coisas e amar as coisas pequenas é próprio do poder divino, não da cobiça humana: pois Deus chama ao ser o que não existe, e de tal forma vai à busca do perdido, que não despreza o que deixa; e de tal maneira encontra o perdido, que não perde o que estava guardado.

Não se trata, portanto, de um pastor terreno, mas celestial; e esta parábola tomada globalmente não está fundamentada sobre ocupações humanas, mas encobre mistérios divinos. O próprio fator numérico o destaca quando diz: Se alguém tem cem ovelhas e se perde uma... Já percebes como este pastor sofre a perda de uma ovelha como se todo o rebanho que tinha a sua direita tivesse derivado para a sua esquerda; e por isso, deixando as noventa e nove, vai atrás dessa única, a busca, para encontrar a todas nessa única, para reintegrá-las todas em uma.

Porém, expliquemos o segredo da celestial parábola: Esse homem que possui cem ovelhas é Cristo. O bom pastor, o pastor piedoso que em uma única ovelha, a saber, em Adão, havia personificado toda a grei do gênero humano, colocou a esta ovelha no ameno jardim do Éden, a colocou em verdes prados. Porém, ela se esqueceu da voz do pastor ao dar ouvidos aos uivos do lobo, perdeu os apriscos da salvação e acabou toda ela costurada de feridas letais. Em busca dela veio Cristo ao mundo, e a achou no seio de um campo virginal.

Veio na carne de seu nascimento e suspendendo-a sobre a cruz, a carregou sobre os ombros de sua Paixão e, no cume da alegria da ressurreição, levou-a mediante a ascensão, colocando-a no mais alto da mansão celestial. Reúne aos amigos e vizinhos, ou seja, aos anjos, e lhes diz: Felicitai-me! Encontrei a ovelha que tinha perdido.

Felicitam-se e se congratulam os anjos com Cristo pelo retorno da ovelha do Senhor, nem se sentem indignados por vê-la presidir-lhes desde o próprio trono da majestade, pois a inveja foi afugentada do céu com a expulsão do diabo, nem era possível que o pecado da inveja penetrasse nas mansões eternas através do Cordeiro que tinha tirado o pecado do mundo. Irmãos, Cristo buscou-nos na terra: o busquemos no céu; ele nos conduziu para a glória de sua divindade: o levemos em nosso corpo com toda santidade: Glorificai – diz o apóstolo – e levai a Deus em vosso corpo. Leva a Deus em seu corpo aquele que não carrega com pecado algum nas obras de sua carne.

São Pedro Crisólogo, Bispo de Ravena (séc. V)


Existe Mais Alegria No Céu Pela Conversão do Pecador 
do Que Pela Perseverança do Justo

Eu vos digo que haverá mais alegria no céu por um pecador que faça penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão. Devemos considerar, meus irmãos, por que o Senhor diz que existe no céu maior alegria na conversão dos pecadores do que na perseverança dos justos; e é pelo mesmo que estamos vendo todos os dias, ou seja, porque muitas vezes aqueles que sabem que não estão contaminados pelos pecadores se encontram, sim, no caminho da justiça, não cometem nenhuma coisa ilícita, mas, no entanto, não desejam ansiosamente irem para a pátria celestial, e se permitem usar das coisas lícitas, enquanto lembram-se de não ter cometido nada de ilícito. E muitas vezes são fracos para praticar as principais virtudes, porque estão muito seguros de que não cometeram nenhuma falta grave.

Mas, pelo contrário, algumas vezes aqueles que sabem que fizeram alguma coisa ilícita, oprimidos por sua própria dor, incendeiam-se no amor de Deus, exercitam-se nas maiores virtudes, empreendem com santo valor tudo que é mais difícil, deixam todas as coisas deste mundo, fogem das honras, alegram-se com as afrontas que lhes são inferidas, ardem em santos desejos e anelam ir para a pátria celestial, e considerando que se afastaram de Deus, recompensam os prejuízos precedentes com os bens que alcançam depois.

Portanto, existe mais alegria no céu pela conversão do pecador do que pela perseverança do justo, porque um capitão ama mais numa batalha aquele soldado que, tendo voltado ao combate após ter fugido, ataca com coragem o inimigo, que ao outro que, embora nunca tenha voltado às costas, contudo, também nunca fez nada de valor. Assim também o lavrador estima mais aquela terra que, depois de ter ervas daninhas, dá abundantes frutos, que aquela que nunca teve espinhos, porém tampouco produz messe em abundância.

Apesar do que foi dito, devemos considerar também que existem muitos justos, em cuja vida existe tanta alegria, que de nenhuma forma será postergada aquela que se experimenta com qualquer penitência dos pecadores. Pois muitos justos sabem perfeitamente que não têm pecado algum e, contudo, afligem-se de tal maneira como se estivessem manchados com todos os pecados do mundo.

Privam-se de todas as coisas, até mesmo das lícitas; submetem-se com abnegação ao desprezo do mundo, não querem permitir-se nem sequer as menores coisas; abstêm-se dos bens, mesmo daqueles que lhes foram concedidos; alegram-se com os seus sofrimentos e se humilham em todas as coisas; e, como alguns, choram: os pecados de atos, lamentam os pecados de pensamento.

Como se há de chamar a estes, senão justos e penitentes, que se humilham no pecado de pensamento e perseveram sempre retos nas obras? Daqui temos de inferir quão grande será o gozo do Senhor quando humildemente chora o justo, sendo que há alegria no céu quando o injusto reprova pela penitência o mal que fez.”

São Gregório, o Grande, Papa de Roma (séc. VI)

terça-feira, 29 de novembro de 2022

25ª Terça-feira Depois de Pentecostes

29 de Novembro de 2022 (CC) / 16 de Novembro (CE)
São Mateus, Apóstolo e Evangelista (séc. I)
Jejum da Natividade: Azeite é permitido
Tom 7 


O Santo Apóstolo e Evangelista Mateus, também chamado de Levi (Mc 2: 14; Lc. 5: 27); era um dos Doze Apóstolo (Mc. 3:18; Lc. 6: 45; Atos 1:13) e irmão do Apóstolo Tiago, filho de Alfeu (Mc. 2:14). Ele era um publicano, ou seja, um coletor de impostos de Roma, na época em que os judeus estavam sob o domínio do Império Romano. Mateus morava na cidade de Cafarnaum [Cafarnum], na Galileia. Ao ouvir a voz de Jesus Cristo: "Vem, segue-me" (Mt 9,9), abandonou seus deveres e seguiu o Salvador. Cristo e os Seus discípulos não recusaram o convite de Mateus e visitaram a sua casa, onde partilharam a mesa com os amigos e conhecidos do publicano - os quais, tal qual o anfitrião, eram publicanos e notórios pecadores. Este evento incomodou extremamente os fariseus e escribas ["knizhniki", lit. "escribas", ou seja, "acadêmicos"].
Os publicanos, ao cobrar impostos de seus conterrâneos, faziam isso com grande lucro para si próprios. Normalmente eram pessoas gananciosas e cruéis. Os judeus os consideravam perniciosos e traidores de seu país e religião. A palavra "publicano" conotava para os judeus o sentido de "pecador público", "corrupto", "adorador de ídolos". Até mesmo falar com um coletor de impostos era considerado um pecado, e se associar a um era contaminação. Mas os mestres judeus não foram capazes de compreender que o Senhor "não viera para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento" (Mt. 9: 13). 
Mateus, reconhecendo sua pecaminosidade, e, junto aos outros apóstolos, seguiu a Cristo. Ele era atento às instruções do Divino Mestre, viu Seus inúmeros milagres, acompanhou os outros 11 Apóstolos pregando em suas pregações às "ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 10: 6); foi testemunha do sofrimento, morte e ressurreição do Salvador, e de Sua gloriosa ascensão ao céu. 
Tendo recebido os dons da graça do Espírito Santo, que desceu sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, o Apóstolo Mateus durante os primeiros 8 anos pregou na Palestina. E antes de partir para pregar o Evangelho em terras longínquas, a pedido dos judeus que permaneceram em Jerusalém, o santo Apóstolo Mateus o seu Evangelho, testemunhando a vida terrena do Deus-homem e Salvador do mundo, Jesus Cristo, e Seu ensino. 
Na ordem dos livros do Novo Testamento, o Evangelho de Mateus vem em primeiro lugar. A Palestina é considerada o lugar de escrita do Evangelho. O Evangelho foi escrito por São Mateus no ano 42 ((DC - "Anno Domini" ou "Ano do Senhor", ou seja, após o nascimento de Cristo), em aramaico, e então traduzido para o grego. O texto original não sobreviveu para nós, mas muitas das peculiaridades linguísticas e histórico-culturais da tradução grega o fazem lembrar. 
O Apóstolo Mateus pregou entre pessoas que tinham expectativas religiosas bastante certas sobre o Messias. Seu Evangelho se manifesta como uma prova vívida de que Jesus Cristo - é o verdadeiro Messias, predito pelos profetas, e que outro não haveria (Mt. 11: 3). As pregações e ações do Salvador são apresentadas pelo evangelista em três divisões, constituindo três aspectos do serviço ao Messias: como Profeta e Legislador (Cap. 5-7), Senhor sobre o mundo visível e invisível (Cap. . 8-25), e finalmente como Sumo Sacerdote oferecido como Sacrifício pelos pecados de toda a humanidade (Cap. 26-27). O conteúdo teológico do Evangelho, além dos temas cristológicos, inclui também o ensino sobre o Reino de Deus e sobre a Igreja, que o Senhor apresenta em parábolas sobre a preparação interior para entrar no Reino (cap. 5-7), sobre a dignidade dos servidores da Igreja no mundo (cap. 10-11), sobre os sinais do Reino e seu crescimento nas almas dos homens (cap. 13), sobre a humildade e simplicidade dos herdeiros do Reino (Mt. 18: 1-35; 19: 13-30; 20: 1-16; 25-27; 23: 1-28), e sobre as revelações escatológicas do Reino na Segunda Vinda de Cristo no espiritual diário vida da Igreja (cap. 24-25). O Reino dos Céus e a Igreja estão intimamente interligados na experiência espiritual do Cristianismo: a Igreja é a personificação histórica do Reino dos Céus no mundo, e o Reino dos Céus é a Igreja de Cristo em sua perfeição escatológica (Mt . 16: 18-19; 28: 18-20). 
O Santo Apóstolo circulou com as "boas novas" [euangelia em grego ou evangelium em latim - o significado da palavra "evangelho"] para a Síria, Média, Pérsia, Pártia, e terminou sua obra de pregação na Etiópia com um mártir morte. Esta terra era habitada por tribos de canibais com costumes e crenças primitivas. O santo apóstolo Mateus, por sua pregação ali, converteu alguns dos adoradores de ídolos à fé em Cristo. Ele fundou a Igreja e construiu um templo na cidade de Mirmena, estabelecendo ali como bispo a Platão, que era seu discípulo e cooperador. 
Quando o santo apóstolo implorava fervorosamente a Deus pela conversão dos etíopes, durante o tempo de oração o próprio Senhor apareceu a ele na forma de um jovem e, dando-lhe um cajado, ordenou-lhe que o colocasse de pé às portas de a Igreja. O Senhor disse que desse cajado nasceria uma árvore e ela daria frutos, e de suas raízes sairia um riacho de água. E ao se lavar na água e comer da fruta, os etíopes perderam seus caminhos selvagens e se tornaram gentis e bons. 
Quando o santo apóstolo carregou o cajado para a igreja, no caminho encontrou-o com a esposa e o filho do governante da terra, Fulvian, que estava afligido por espíritos imundos. Pelo Nome de Cristo, o santo apóstolo os curou. Este milagre converteu ao Senhor um bom número de pagãos. Mas o governante não queria que seus súditos se tornassem cristãos e parassem de adorar os deuses pagãos. Ele acusou o apóstolo de feitiçaria e deu ordens para executá-lo. Eles colocaram a cabeça de São Mateus para baixo, amontoaram galhos e os acenderam. Quando a fogueira se acendeu, todos viram que o fogo não fazia mal a São Mateus. Em seguida, Fulvian deu ordens para adicionar mais lenha ao fogo, e frenético com ousadia, ele ordenou que se colocassem 12 ídolos em volta da fogueira. Mas as chamas se espalharam para os ídolos e alcançaram até mesmo Fulvian. O assustado etíope voltou-se para o santo com um pedido de misericórdia e, pela oração do mártir, a chama apagou-se. O corpo do santo apóstolo permaneceu ileso e ele expirou para o Senhor (+ 60). 
O governante Fulvian se arrependeu profundamente de seu feito, mas ainda tinha dúvidas. Por ordem dele, eles colocaram o corpo de São Mateus em um caixão de ferro e o jogaram no mar. Ao fazer isso, Fulvian disse que se o Deus de Mateus preservasse o corpo do apóstolo na água, como Ele o preservou no fogo, então esta seria a razão apropriada para adorar este Deus Único e Verdadeiro. 
Naquela noite, o Apóstolo Mateus apareceu ao Bispo Platon em uma visão de sonho e ordenou-lhe que fosse com o clero até a costa do mar e encontrasse seu corpo lá. Junto com o bispo em seu caminho para a costa do mar foi o Justo Fulvian e sua comitiva. O caixão carregado pelas ondas foi com honra levado para a igreja construída pelo apóstolo. Então Fulvian implorou perdão ao santo apóstolo Mateus, após o que o bispo Platon o batizou, dando-lhe o nome de Mateus em obediência a uma ordem de Deus. Logo São Fulviano-Mateus abdicou de seu governo e se tornou um presbítero. Após a morte do Bispo Platon, o Apóstolo Mateus apareceu a ele e o exortou a chefiar a Igreja Etíope. Tendo se tornado um bispo, São Mateus-Fulvian labutou muito na pregação da Palavra de Deus, continuando com a obra de seu santo padroeiro celestial.  

COMEMORAÇÃO DE SÃO MATEUS

MATINAS

João 21:15-25

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.

LITURGIA

Tropárion - Tom 3
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

1 Coríntios 4:9-16

Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos. Não escrevo estas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos como meus filhos amados. Porque ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Cristo. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.

Prokímenon, Tom 8

R. Por toda a terra ressoa Sua mensagem,
 a Sua Palavra até os confins do universo. (Sl. 18:4)

V. Os céus declaram a Glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de Suas mãos. (Sl. 18:1)

Mateus 9:9-13

E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Os céus louvarão as Tuas maravilhas,
Ó Senhor, e a Tua verdade na assembleia dos santos.

Deus é glorificado no concílio dos santos.

Canto da Comunhão
Por toda a terra ressoa Sua mensagem,
 a Sua Palavra até os confins do universo. (Sl. 18:4)
Aleluia, aleluia, aleluia!

† † †

Leituras Ordinárias
2 Tessalonicenses 1:10-2:2
Lucas 14:25-35

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

25ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

INÍCIO DA QUARESMA DE NATAL
28 de Novembro de 2022 (CC) / 15 de Novembro (CE)
Ss. Gurias (Esl.: Gurij), Samonas e Habib, mártires (início do séc. IV)
Tom 7



Os santos Gorias e Samonas foram presos durante a perseguição de Diocleciano. Como eles se recusaram a render sacrifícios aos deuses pagãos, foram pendurados pelas mãos com pesos amarrados aos pés. Depois, passaram três dias no interior de um horrível calabouço, sem comer ou beber. Quando foram retirados de lá, Gorias estava agonizante. Samonas foi cruelmente torturado mais uma vez, mas permaneceu firme na fé. Ambos morreram decapitados. 

Mais tarde, um Diácono de Edessa, de nome Habib, escondeu-se durante a perseguição de Licínio, mas finalmente se entregou para também ganhar a coroa do martírio. O magistrado perante o qual compareceu, fez a tentativa de convencê-lo a abjurar a fé e, em troca, escapar com vida, mas Habib se recusou a isso, pelo que foi condenado à fogueira. Sua mãe e outros parentes o acompanharam até o local da execução. Os carrascos deram permissão para que se desse o beijo da paz entre eles, antes de serem atirados às chamas. Os cristãos recolheram depois o corpo do mártir, que o fogo não havia consumido, e sepultaram-no num local próximo de seus companheiros e amigos Gorias e Samonas.

As relíquias desses mártires estão conservadas num dos dois principais santuários de Edessa, na Síria. 

Diretrizes Para o Jejum da Natividade
 15 de novembro (28/11)* a 24 de dezembro (06/01) 

 

O jejum da Natividade (ou do Advento) é um dos quatro períodos canônicos de jejum do calendário eclesiástico Ortodoxo. Este é um jejum jubiloso em preparação para o Natal de Cristo. Esta é a razão pela qual é menos rigoroso do que outros períodos de jejum.  

O jejum da Natividade é dividido em três períodos*:  

O 1º período é de 28 de novembro do calendário  a 19 de dezembro,  onde é permitido o consumo de peixe, vinho e óleo vegetal, exceto às quartas e sextas-feiras, pois, nestes dias recordamos a traição do Senhor (quarta-feira) e Sua crucificação (sexta-feira); por isto  a disciplina do jejum tradicional (abstinência total de carne, laticínios, peixe, vinho e óleo) é observada. 

O 2º período é de 19 de dezembro a 01 de janeiro, onde é permitido o uso de óleo vegetal durante a semana, exceto às quartas e sextas-feiras, O peixe, neste período, é permitido apenas aos sábados e domingos.

O 3º período é o de 2 de janeiro a 6 de janeiro, no qual inicia-se um jejum menos suave, pois neste período consome-se apenas pães, frutas, vegetais e grãos. No sábado e no domingo, é permitido  o uso de óleo vegetal. Na quarta e na sexta-feira, pratica-se a "xerofagia" (ingestão de alimentos crus, ou cozidos a vapor ou água fervente, sem nenhum tipo de tempero).

* Carnes de animais e aves ou quaisquer produtos deles derivados, bem como leite, ovos e todos os lacticínios, em tempo algum dos períodos dos jejuns, têm seus consumos permitidos.

Nos dias em que o uso o óleo vegetal é proibido, pode-se usar azeitonas.

O consumo dos alimentos permitidos deve ser feito de forma moderada.

Camarões, mariscos e todos os pescados invertebrados não são permitidos durante todo o tempo do jejum. 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 1:1-10

Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graças a vós, e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é justo, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o amor de cada um de vós transborda de uns para com os outros. De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa constância e fé em todas as perseguições e aflições que suportais; o que é prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; se de fato é justo diante de Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus;  os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando naquele dia ele vier para ser glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem crido (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).

Lucas 14:12-15

Naquela hora, Jesus veio no sábado à casa de um dos chefes dos fariseus para provar pão e disse a quem o convidou: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te recompensar; mas te será recompensado na ressurreição dos justos. E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.

† † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES



Sê Benigno Com os Irmãos Miseráveis

Nunca faltam hóspedes e exilados; por todas as partes podem ver-se mãos estendidas implorando uma esmola. A estes, o ar livre sob um céu estrelado lhes serve de teto; os pórticos, as encruzilhadas dos caminhos e os rincões mais afastados das praças lhes oferecem abrigo. À imitação das corujas e bufos, ocultam-se nas cavernas. Cobrem-se com vestes esfarrapadas, desgastadas e maltrapilhas. Os produtos dos campos são para eles a bondade daqueles que se compadecem de sua miséria; seu alimento é o que conseguirem recolher das pessoas de quem se aproximam; sua bebida é a mesma dos seres irracionais, ou seja, as fontes; seu copo são as conchas das mãos; seu alforje é o próprio estômago, enquanto não esteja totalmente indisposto, incapaz de cobiçar as coisas que nele se lançam. Sua mesa são os joelhos juntos; seu leito, o chão; seu banho, o que Deus proporcionou a todos, construído sem intervenção do engenho humano: o rio ou o lago. Levam uma vida errante e campesina, e não porque inicialmente optaram por este estilo de vida, mas porque as calamidades e a necessidade lhes obrigaram a isso.

Tu que jejuas, proporciona a eles o necessário para o sustento. Sê benigno com os irmãos miseráveis. Aquilo que tu subtrais ao estômago, dai ao que tem fome. Que o justo temor de Deus gere igualdade. Mediante uma modesta temperança, combina e modera duas tendências contrárias entre si: tua saciedade e a fome do irmão. Que a razão abra aos pobres as portas dos ricos. Que a prudência deixe ao necessitado rápido acesso ao abastado. Que não seja o cálculo humano o que abasteça aos indigentes, mas sim a palavra eterna de Deus a que lhes proporcione casa, leito e mesa. Com palavras transbordantes de carinho e humanismo, forneça de teus bens o necessário para a vida. Que a multidão de pobres e de enfermos encontrem em ti um refúgio seguro. Que cada um se cuide com toda dedicação de seus vizinhos. Não consintas que ninguém se antecipe a ti na solicitude, digna de recompensa para com os próximos. Cuide para que não arranquem de ti o tesouro que te está reservado.

Abraça, como ao ouro, o homem flagelado pela calamidade. Cuida de tal forma da precária saúde do pobre, como se dela dependesse o teu bem-estar, a saúde de tua mulher, a de teus filhos, a de teus servos, em uma palavra: a saúde de toda a tua família. Pois se é verdade que todos os pobres hão de ser atendidos e auxiliados, temos de cercar com uma especialíssima atenção aos enfermos. Pois aquele que é ao mesmo tempo indigente e enfermo, está atribulado por uma dupla pobreza. De fato, os pobres que possuem um corpo vigoroso, indo de porta em porta, finalmente acabarão encontrando quem lhes dê alguma coisa. Ademais, colocam-se nos locais concorridos, dirigindo-se a todos os transeuntes implorando ajuda. Já os pobres que não desfrutam de boa saúde se encontram reclusos em uma mísera choupana, ou até mesmo em um apertado canto da choupana, como Daniel na cova dos leões, e te esperam, qual outro Habacuc, a ti cheio de bondade, de preocupação e de amor para com os pobres.

Portanto, mediante a esmola, amigo do profeta; socorre o indigente prontamente e sem nenhum tipo de preguiça. Não temas, não sofrerás diminuição em teus interesses. Porque da esmola se deriva um variado e substancioso proveito. Semeia o benefício, para que possas colher o fruto e encher a tua casa de bons feixes.

São Gregório de Nissa (séc. IV)

† † †

domingo, 27 de novembro de 2022

24º Domingo Depois de Pentecostes

 
27 de Novembro de 2022 (CC) / 14 de Novembro (CE)
Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I)
Véspera do Jejum da Natividade
Tom 7


Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!». 
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: 
«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»  
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé:  «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»  
A respeito de sua pregação depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.  
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!

Comemoração do Apóstolo Filipe 
Leituras Comemorativas 
João 21:15-25 (Matinas); 1 Coríntios 4:9-16; João 1:43-51 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (2)

Marcos 16:1-8

E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Pela Cruz venceste a morte / e abriste o Paraíso ao ladrão arrependido. / Converteste em alegria a lamentação das mirróforas / e ordenaste a Teus Apóstolos que anunciar / a Tua Ressurreição, Ó Cristo nosso Deus, // Tu Que concedes ao mundo a Tua infinita misericórdia.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion do Santo Apóstolo Filipe, no 3º Tom
Ó santo Apóstolo Filipe, / roga ao Deus misericordioso, // que conceda às nossas almas o perdão dos pecados.

Kondákion da Ressurreição
O poder da morte não é mais suficientemente forte / para manter presos os homens mortais. / Pois Cristo desceu, despedaçando e destruindo esse poder. / O inferno agora está atado, e os Profetas rejubilam, dizendo: / “O Salvador veio àqueles em Fé. // Vinde, todos Fiéis, para a Sua Ressurreição”.

Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo....

Tom 8: Teu discípulo e amigo, o emulador de Teu sofrimento, / o divinamente eloqüente Filipe, Te proclamou ao mundo como Deus; / por suas orações e por meio da Theotókos, proteja Tua Igreja e cada cidade // dos inimigos mais iníquos, ó Misericordioso.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hino à Vigem
Ó admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nós, pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, / tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. O Senhor dará força ao Seu povo; 
O Senhor abençoará o Seu povo com paz. (Sl. 27:11)

V. Tributai ao Senhor, ó filhos dos poderosos,
Tributai ao Senhor glória e força. (Sl. 27:1)

Efésios 2:14-22

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

É bom exaltar o Senhor
E cantar louvores ao Teu Nome, ó Altíssimo. (Sl 91:1)

Proclamar pela manhã o Teu amor,
E a Tua fidelidade pela noite. (Sl 91:2)

Lucas 10:25-37

E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; e, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

HOMILIA

Por dar ouvidos a um “evangelho” diferente daquele que nos foi anunciado e transmitido pelos Apóstolos de Cristo, preservado e transmitido pelos Pais da Igreja, é que muitos hoje concebem o Evangelho do Reino na perspectiva da moral e dos bons costumes, semelhantemente ao jovem da narrativo - rico e moralmente virtuoso - que interroga o Senhor acerca da vida eterna.

Antes de ser uma “reforma de caráter e da moral pessoal”, o Evangelho se dirige ao coração – lugar das entranhas mais profundas do ser; fonte dos desejos, propósitos, decisões e escolhas. É fácil pintar um túmulo, mas difícil é fazer reviver o corpo apodrecido que nele jaz. O Evangelho transmitido pelos Pais não se preocupa primariamente com a moral ou a ética social e nem com nada que diz respeito à exterioridade da vida cristã, mas, sim, com a interioridade. Para os Pais, todo esforço e labuta da fé tem como objetivo a purificação do coração, pois só os que purificam o coração é que verão a Deus (Mt 5:8).

Tudo que acontece no interior se projeta para o exterior; mas julgar alguém como sendo bom apenas pelos atos externos - ainda que estes se mostrem justos e louváveis – é muito temerário, pois tal aparência pode ser produto de narcisismos e hipocrisias. Por isto, sabiamente advertia São Paulo: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá” (1 Cor. 13:8).

As nossas “bondades” externas - sem a vigilância do coração - são nossas inimigas, pois se prestam a nos enganar e criar uma falsa imagem de justiça que acabará nos convencendo de nossa retidão.

Cristo não contradiz a palavra daquele jovem, mas questiona o seu propósito dizendo-lhe: “Se queres ser perfeito...” Que desejos e que propósitos se escondiam por trás de todas aquelas virtudes? Se quisermos ser perfeito, questionemos o nosso coração e estejamos prontos para amputar o que nos impede de caminhar rumo à perfeição (Mt 18:8,9). Este é o grande e único propósito da vida cristã: “sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:48).

Por isto, todo o labor dos Pais do deserto era encontrar a maneira de como cumprir eficazmente esta exigência de Cristo, como combater e vencer a vontade enfraquecida e enferma pelo pecado que habita em nós, enfim, como tornar puro o coração. Qualquer um que foge deste propósito não agrada a Cristo e engana a si mesmo (2 Tim. 3:13).

O Jovem rico e “virtuoso”, queria agradar a si e a Deus, amar a presente vida e ganhar a vida eterna. Isto é impossível!

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus caminhos. Vê se há alguma forma de iniquidade em mim e conduz-me pelo caminho eterno. Senhor, quem pode discernir suas próprias transgressões? Purifica-me dos meus pecados que me são ocultos!

Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão.

Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!

Salmo 138(139):23; Salmo 18(19):12-14

† † †

sábado, 26 de novembro de 2022

24º Sábado Depois de Pentecostes

26 de Novembro de 2022 (CC) / 13 de Novembro (CE)
São João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla († 407)


São João Crisóstomo nasceu na cidade de Antioquia, cresceu no meio da multidão sem se deixar contaminar por ela. Conheceu os pobres e desafortunados e soube amá-los como eram. Sua família era culta e possuía muitos bens. O pai de João, oficial de alto nível, morrera jovem. Desde criança foi educado pela mãe, mulher admirável que, aos vinte anos, sacrificou sua juventude, renunciou a novas núpcias, para dedicar-se inteiramente a seu filho. 
João recebeu o Batismo mais ou menos aos dezoito anos de idade. Concluindo de forma brilhante os seus estudos de cultura geral, retórica e filosofia, renunciou a uma carreira que se apresentava promissora para receber as ordens menores. Quis partir para o deserto, mas sua mãe, que por ele sacrificara tudo, não lho permitiu. Fugiu, então, da agitação de Antioquia e estabeleceu-se fora das portas da cidade, a fim de encontrar a paz, consagrando-se à ascese e ao estudo bíblico. Antioquia era um centro teológico de grande reputação. João aprende lá de forma brilhante a exegese bíblica. Depois passou a viver nas montanhas entre monges uma vida austera a ponto de prejudicar sua saúde. Após algum tempo nas montanhas, achou-se preparado para enfrentar a ação missionária. O amor aos outros, mais do que sua saúde abalada, fê-lo voltar a Antioquia, onde o bispo Melécio o ordenou diácono, em 381.

Escreveu aos 34 anos o tratado sobre o Sacerdócio, que é conhecido e estudado até os nossos dias. Com 39 anos foi ordenado padre. Consagrou-se à pregação, substituindo o bispo, nas homilias pois esse era pouco dotado para falar.

Durante doze anos, pregou ao povo contra o paganismo e tinha esperança de transformá-lo em gente de fé cristã. É dele a frase: 

«Basta um só homem, para reformar todo um povo.»

Sua tarefa era séria. Precisava denunciar os abusos existentes no interior da Igreja e na sociedade; defender os pobres, clamar contra as injustiças sociais. Manteve ainda uma intensa atividade literária, respondendo a todos os que lhe pediam conselho. 

A maioria de suas homilias era comentários a respeito do Antigo e o Novo Testamento: Explicou o Gênesis, comentou Isaías e os Salmos. O que fazia com mais agrado era pregar sobre o Evangelho. Comentou longamente o de Mateus e o de João. São Paulo era seu autor preferido: sentia afinidade com o Apóstolo dos gentios. O cognominaram de o «novo Paulo».

Resta-nos, de João Crisóstomo, uma série de catequeses batismais, que preparavam os catecúmenos para o batismo. As últimas foram reencontradas em 1955, no monte Atos. João Crisóstomo era um orador nato e igualmente um moralista que analisava os segredos do coração em profundidade e com rara psicologia. O povo de Antioquia sabia que João só repreendia para corrigir e para converter.

Inúmeras vezes João tomou a defesa dos pobres e dos infelizes, dos que morriam de fome e sede. Com veemência, João-Boca-de-Ouro ergueu sua voz contra os flagelos sociais, o luxo e a cobiça. Lembrou a dignidade do homem, mesmo pobre, e os limites da propriedade. Dizia: 
«Libertai o Cristo da fome, da necessidade, das prisões, da nudez.»

A fama de João ultrapassava as fronteiras de Antioquia e chegava à nova capital do império. Em 397, o bispo da capital, Nectário, que sucedera a Gregório Nazianzeno, acabava de morrer. Intimado a comparecer à Capital do Império, foi eleito o Bispo de Constantinopla, a Sé do Oriente. João começou uma grande reforma, desembaraçando a casa episcopal do luxo, fazia suas refeições sozinho e acabou com as recepções suntuosas. Reformou as ordens de vida dos clérigos e dos monges, organizou a Reforma Litúrgica com a preocupação de levar Deus aos homens pela Divina Liturgia.

O texto da Divina Liturgia, que toda a Igreja Ortodoxa celebra em todo o mundo, é conhecida como sendo de São João Crisóstomo.

Empreendeu a evangelização das zonas agrícolas e esforçou-se para trazer à ortodoxia aos pagãos, que eram numerosos na região. Combateu as seitas heréticas com intransigência e rudeza.  

Em 402, São João Crisóstomo foi deposto e exilado acusado de não coadunar os interesses da Igreja com os do Império. O bispo foi detido em sua catedral, durante a celebração pascal. Depois de uma palavra de despedida, João deixou a sua igreja que jamais haveria de rever. O exílio foi penoso. João foi enviado para uma aldeia, Cucusa, na fronteira com a Armênia.  

A saúde do bispo achava-se enfraquecida. O clima era duro e desfavorável para o seu estado. A maior parte de suas cartas data dessa época. Este homem atingido em cheio pela provação procurou mais consolar do que ser consolado. 

No sofrimento, pensava nos outros. Finalmente morreu, no dia 14 de setembro de 407, Festa da Exaltação da Santa Cruz. Suas últimas palavras foram: 
«Glória a Deus por tudo.»  

Os contemporâneos descrevem-nos João Crisóstomo como um homem de estatura baixa, de rosto magro, de testa enrugada, de cabeça calva. Tinha voz fraca. As austeridades comprometeram definitivamente sua saúde. Não falava para ser escutado, falava para instruir, exortar, reformar, preocupado com o combate aos costumes pagãos e com a instauração da moral do Evangelho. Era um reformador, um missionário. Se não era um teólogo original, era um pastor incomparável. Sua pregação desempenhou na liturgia Ortodoxa o mesmo papel que a de Agostinho no Ocidente. Ele foi lido, copiado, traduzido, imitado.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS  
João 10:1-9

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.


LITURGIA


Tropárion de São João Crisóstomo Tom 8
Como uma lâmpada resplandecente / Assim brilhou a graça da tua boca / Iluminando o Universo / Conservando para o mundo o precioso tesouro do desprendimento do dinheiro / Fazendo-nos ver claramente a excelência da humildade. / Por isso, ó santo Padre João Crisóstomo, / cujas palavras edificam os homens, / Roga a Cristo, Verbo de Deus, // que salve as nossas almas! 

Hebreus 7:26-8:2; 

Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre. Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.

João 10:9-16

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.

† † †

Leituras Para o Sábado

2 Coríntios 11:1-6

Quisera eu me suportásseis um pouco na minha loucura! Suportai-me, porém, ainda.Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofreríeis. Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos. E, se sou rude na palavra, não o sou contudo na ciência; mas já em todas as coisas nos temos feito conhecer totalmente entre vós.

Lucas 9:37-43

E aconteceu, no dia seguinte, que, descendo eles do monte, lhes saiu ao encontro uma grande multidão; E eis que um homem da multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um espírito o toma e de repente clama, e o despedaça até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me aqui o teu filho. E, quando vinha chegando, o demônio o derrubou e convulsionou; porém, Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai. E todos pasmavam da majestade de Deus. E, maravilhando-se todos de todas as coisas que Jesus fazia, disse aos seus discípulos...

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