terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

1ª Terça-feira da Grande Quaresma

Terça-feira Limpa
28 de Fevereiro de 2017 (CC) - 15 de Fevereiro (CE)
Santo Onésimos, apóstolo [dos 70] (séc. I)
Modo 3




Santo Onésimos era escravo de Filêmon, homem importante de Colossos, na Frigia, que se converteu à fé cristã  através do apóstolo São Paulo. Quando fugia da justiça, acusado de roubar seu senhor, Onésimo entrou em contato com São Paulo que se achava em Roma. São Paulo o converteu, o batizou e o enviou à casa de Filêmon com uma carta de recomendação. Filêmon perdoou então seu escravo arrependido e o reenviou a São Paulo. São Jerônimo e outros autores escrevem que Onésimo e Tiquio foram os portadores da carta que São Paulo escreveu aos colossenses. Os dois foram sempre orientados pelo Apóstolo Paulo e se transformaram em pregadores do Evangelho e, mais tarde, foram consagrados bispos. Onésimo foi consagrado Bispo de Éfeso por São Paulo. Após o episcopado de Timóteo, afirma-se que o antigo escravo  e Bispo de Efeso, Onésimo, foi levado prisioneiro à Roma e lá morreu apedrejado. Suas relíquias posteriormente foram trasladadas para Éfeso onde são veneradas até hoje.  
Tropárion de São Onésimo Modo 1
Iluminado na mente por Paulo, tu te tornaste um servo do Verbo de Deus/ e um Apóstolo inspirado. / Ó Onésimo, servo de Cristo, / tu recompensas com o dom da vida àqueles que clamam fielmente a ti. / Glória Àquele que te glorificou! / Glória Àquele que te coroou, // glória a Aquele que por ti opera curas para todos.

Kondákion de São Onésimo Modo 4
Tu resplandeceste como um raio de luz, ó bendito Onésimo, / resplandecente raio de Paulo, o sol brilhante que iluminou o mundo. / Portanto, todos nós te honramos, Ó glorioso Onésimo.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

HORA SEXTA

Isaías 1:19-2:3

19 Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra. 20 Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse. 21 Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas. 22 A tua prata tornou-se em escórias, o teu vinho se misturou com água. 23 Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás das recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva. 24 Portanto diz O Senhor, o Senhor dos Exércitos, o Forte de Israel: "Ah! tomarei satisfações dos meus adversários, e vingar-me-ei dos meus inimigos. 25 E voltarei contra ti a minha mão, e purificarei inteiramente as tuas escórias; e tirar-te-ei toda a impureza. 26 E te restituirei os teus juízes, como foram dantes; e os teus conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade de justiça, cidade fiel. 27 Sião será remida com juízo, e os que voltam para ela com justiça. 28 Mas os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos. 29 Porque vos envergonhareis pelos carvalhos que cobiçastes, e sereis confundidos pelos jardins que escolhestes. 30 Porque sereis como o carvalho, ao qual caem as folhas, e como o jardim que não tem água. 31 E o forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague." 1 Palavra do Senhor a Isaías filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém. 2 "E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. 3 E irão muitos povos, e dirão: 'Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os Seus caminhos, e andemos nas Suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor."


VÉSPERAS


Gênesis 1:14-23

4 Disse Deus: "Haja luzeiros no firmamento do céu para alumiarem a terra e dividirem entre dia e noite, e sejam eles para sinais e para estações, para dias e para anos. 15 E que sejam para luz no firmamento do céu, para alumiarem a terra". E assim foi. 16 Fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para regular o dia, e o luminar menor para regular a noite e as estrelas. 17 E Deus os colocou no firmamento do céu para alumiarem a terra, 18 para regularem o dia e a noite e para fazerem separação entre a luz e as trevas; e Deus viu que isso era bom. 19 Houve tarde e houve manhã. O quarto dia. 20 Disse Deus: "Produzam as águas répteis de almas viventes e as criaturas aladas voando acima da terra no firmamento do Céu". E assim foi. 21 Então Deus fez as grandes baleias, e todos os répteis viventes que as águas produziram segundo a sua espécie, e toda criatura que voa com asas conforme a sua espécie; e Deus viu que eles eram bons. 22 Deus os abençoou, dizendo: "Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e que as criaturas que voam sejam multiplicadas na terra". 23 Houve tarde e houve manhã. O quinto dia.

Provérbios 1:20-33

20 A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. 21 Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras: 22 "Até quando, ó inexpertos, amareis a inexperiência? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento? 23 Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu Espírito e vos farei saber as minhas palavras. 24 Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a minha mão e não houve quem desse atenção, 25 Antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão, 26 Também de minha parte eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo o vosso temor. 27 Vindo o vosso temor como a assolação, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. 28 Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão. 29 Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor, 30 Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão. 31 Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. 32 Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. 33 Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal."

† † †

COMENTÁRIO


As leituras sugeridas são sobre a criação, o estado original da queda e da promessa de salvação em nosso Senhor Jesus Cristo. Acautelai-vos e aprendei! Agora é o tempo para a sua re-criação. Abrace o Senhor, e Ele lhe dará luz que irá iluminar sua escuridão pecadora. Ele irá estabelecer um firmamento no meio de seus pensamentos inquietos e dos desejos que nascem de um coração amante do pecado, e a boa intenção de firmemente trabalhar para Ele. Ele vai por uma terra seca e o mar em seu interior. Então você vai começar a brotar a primeira erva, a grama e as árvores - as primícias das virtudes, e depois virão obras espirituais agradável a Deus e criaturas perfeitas; até que finalmente à imagem e semelhança de Deus seja em ti restaurada, tal como foste criado no início (cf. Gn 1-26). Tudo isso o Senhor vai criar em ti nestes seis dias da criação espiritual, que é a tua preparação para a Sagrada Comunhão, se vivenciardes este tempo com atenção, respeito e contrição de coração.

REFLEXÃO


Se alguém perde sua fé em Deus, ele é recompensado com a estupidez. De todas as formas de estupidez, é difícil dizer se há uma maior do que esta: a de que alguém que chamando-se um cristão, se aproprie de ideias patéticas sobre Deus e a vida eterna de outras crenças e filosofias. Ele será aquele que não encontrando ouro entre os ricos pensa encontrá-lo entre os pobres? A revelação da vida eterna, os fatos, as provas, os sinais e as visões reais do mundo espiritual - todos estes não só constituem o fundamento da fé cristã, mas, também, constituem as paredes, os pisos, os ornamentos, todo o mobiliário, o telhado e as cúpulas do majestoso edifício da fé cristã. Um único raio do mundo espiritual brilha através de cada palavra dos Evangelhos, para não mencionar os acontecimentos milagrosos, tanto em tempos evangélicos e pós-evangélicos, em toda a história da Igreja de dois mil anos. O cristianismo tem aberto as portas deste mundo para um grande grau tal, que quase não deve ser chamado de religião, a fim de não confundi-lo com outros credos e religiões. É Revelação! Revelação de Deus!







segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Início da Grande Quaresma

Segunda-feira Limpa
27 de Fevereiro de 2017 (CC) - 14 de Fevereiro (CE)
Ss. Marão e Auxêncio de Bithynia, eremita († 473)
Modo 3



São Marão optou por morar isoladamente, longe da cidade de Cirrus, na Síria, onde, em espírito de mortificação, vivia quase sempre sob as intempéries. Tinha apenas uma pequena cabana coberta com peles de cabra para abrigar-se, em caso de necessidade. Certa vez, entrou nas ruínas de um templo pagão e o dedicou ao culto do verdadeiro Deus transformando-o em casa de oração. São João Crisóstomo o estimava muito e, freqüentemente, lhe escrevia, desde a época em que estava desterrado em Cucusus. Recomendava-se às suas orações e lhe pedia que sempre enviasse noticias com a maior freqüência possível. São Marão tinha tido por mestre São Zebino que era um homem de oração assídua. Dizia-se dele que passava dias e noites inteiras em oração, sem experimentar cansaço. Geralmente rezava de pé, mesmo quando já era ancião, apoiando-se em um báculo. Aos que por ele procuravam, era breve, tanto quanto possível, para ter mais tempo de conversar com Deus. 

Comemoração de Santo Auxêncio 
Santo Auxêncio passou a maior parte de sua longa vida como ermitão em Bithynia. Em sua juventude foi um dos guardas de Teodósio, o Jovem. Seus deveres militares, que cumpria com fidelidade, não o impedia de cumprir com suas obrigações religiosas. Todo o seu tempo livre passava na solidão e em oração. Visitava com freqüência os santos monges ermitãos que moravam próximos e lhes pedia pousada a fim de poder, com eles passar uma noite, fazendo exercícios penitenciais e cantando louvores a Deus. Tempo depois, levado por um forte desejo de perfeição e temor da vanglória, adotou a vida eremítica. Fundou seu eremitério na montanha de Oxia, distante 12 quilômetros de Constantinopla. Nesse lugar foi muito procurado e tinha forte influência por sua fama de santidade. 
No Quarto Concilio Ecumênico realizado em Calcedônia, Concílio este que condenou a heresia de Eutíquio, Auxêncio foi chamado pelo imperador Marciano para depor, justificando de acusações que sobre ele caíram. Novamente em liberdade, não retornou a Oxia, indo para uma cela mais próxima de Calcedônia, em Skopas. Ali permaneceu, entregando-se a uma vida mais austera, instruindo os seus seguidores até sua morte que aconteceu, provavelmente, em 14 de fevereiro de 473. O historiador Sozemeno escreveu sobre sua vida, sua fé e sua intimidade com fervorosos ascetas. 


Fonte: Ecclesia



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

HORA SEXTA

Isaías 1:1-20

A visão de Isaías, filho de Amoz, que viu contra Judá e Jerusalém no reino de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. 2 Ouvi, ó céus, e ouve, ó terra. Porque o Senhor falou: "Eu criei filhos e os fiz crescer, mas eles me rejeitaram. 3 O boi conhece o seu dono e o jumento o berço do seu senhor; Mas Israel não me conhece, e o povo não me entende."4 Ai, nação pecadora, povo cheio de pecados, semente maligna, filhos da iniquidade. Renunciaram ao Senhor; Eles provocaram a ira do Santo de Israel. † 5 Por que permaneces na iniquidade? para serdes açoitados mais ainda? Toda a cabeça está com dor, e todo o coração está triste. 6 Dos pés até a cabeça, não há nada são neles, apenas feridas e contusões e chagas supuradas. Elas não foram fechadas ou bandagens foram postas, ou suavizadas com unguento. 7 A vossa terra está desolada; vossas cidades estão queimadas com fogo. Os estrangeiros dominam a vossa terra, e em vossa presença ela é desolada, derrubada por pessoas estranhas. 8 Assim a filha de Sião está abandonada, como uma tenda em uma vinha, como uma cabana num jardim de pepinos, como uma cidade sitiada. 9 Se o Senhor dos exércitos não nos deixasse uma semente, seríamos como Sodoma e feitos como Gomorra. 10 Ouve a palavra do Senhor, vós, governadores de Sodoma. Dá ouvidos à Lei do nosso Deus, vós, povo de Gomorra: 11 "O que é a multidão dos vossos sacrifícios para Mim?", Diz o Senhor. "Estou cheio dos holocaustos dos carneiros e da gordura dos cordeiros. Eu não desejo o sangue de touros e cabras. 12 Quando vieste comparecer perante Mim, quem exigiu estas coisas de vossas mãos para pisar a Minha corte? 13 Embora tragas farinha de trigo, isto é inútil. O incenso é uma abominação para Mim. Eu não posso suportar vossas luas novas e Sábados, e a convocação de assembleias, e o jejum e dia santo. 14 As vossas luas novas e festas Minha alma odeia. Vós vos tornastes motivo de insatisfação para Mim; Eu não vou perdoar vossos pecados. 15 Quando estenderes as vossas mãos para Mim, desviarei os meus olhos de vós. Embora façais muitas orações, eu não vou vos ouvir. Vossas mãos estão cheias de sangue. 16 Lavai-vos e purificai-vos. Lançai fora os males das vossas almas diante dos Meus olhos. Cessai vossas maldades. 17 Aprendei a fazer o bem. Buscai o juízo e resgatai o injustiçado. Defendei o órfão e amparai a viúva. 18 Vinde, pois, e argumentemos, diz o Senhor, ainda que os vossos pecados sejam como o carmesim, eu os tornarei brancos como a neve, e ainda que sejam escarlates, os farei brancos como a lã. 19 Se quiserdes e obedecerdes, comereis as boas coisas da terra. 20 Mas, se não quiserdes e desobedecerdes, sereis devorados pela espada, "porque a boca do Senhor falou.


VÉSPERAS

Gênesis 1:1-13

1 No princípio, Deus fez o céu e a terra. 2 A terra, porém, não era visível e estava vazia; havia trevas sobre o abismo, e o Espírito de Deus era movido sobre as águas. 3 Disse Deus:  "Haja luz". E houve luz. 4 Deus viu que a luz era boa, e então Deus fez separação entre a luz e as trevas. 5 Chamou Deus a luz, Dia, e as trevas chamou Noite. Houve tarde e houve manhã. Um dia. 6 Disse Deus: "Haja firmamento no meio das águas, e que sirva como uma divisão entre águas e águas". E assim foi. 7 Deus fez o firmamento, e fez separação entre as águas que estavam debaixo do firmamento e as águas que estavam acima do firmamento. 8 Chamou Deus ao firmamento, Céus; e viu Deus que era bom. Houve tarde e houve manhã. O segundo dia. 9 Disse Deus: "A água que está debaixo do céu seja recolhida em um só ajuntamento, e a terra seca apareça". E assim foi. A água que estava sob o céu foi recolhida em seus ajuntamentos e a terra seca apareceu. 10 Chamou Deus ao elemento seco, Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e Deus viu que isso era bom. 11 Disse Deus:  "Produza a terra a erva de grama carregando semente de acordo com seu tipo e de acordo com a sua semelhança, e árvores de fruto produzindo fruto cuja semente está nele conforme a sua espécie sobre a terra". E assim foi. 12 A terra produziu a erva de grama produzindo sementes de acordo com seu gênero e de acordo com a sua semelhança, e as árvores de fruto produzindo fruto cuja semente está nele conforme o seu gênero sobre a terra; e Deus viu que isso era bom. 13 Houve tarde e houve manhã. O terceiro dia.

Provérbios 1:1-20

1 Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel; 2 Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência. 3 Para se receber a instrução que dá perspicácia, a justiça, o juízo e a retidão; 4 Para dar aos simples, sagacidade, e aos jovens conhecimento e capacidade de pensar; 5 O sábio ouvirá e crescerá em discernimento, e o entendido adquirirá destra orientação; 6 Para entender os provérbios e sua interpretação; as palavras dos sábios e seus enigmas. 7 O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os estúpidos desprezam a sabedoria e a instrução disciplinadora. 8 Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes a lei de tua mãe, 9 Porque serão como diadema gracioso em tua cabeça, e colares ao teu pescoço. 10 Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados, não aceites. 11 Se disserem: Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos o inocente sem motivo; 12 Traguemo-los vivos, como a sepultura; e inteiros, como os que descem à cova; 13 Acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos as nossas casas de despojos; 14 Lança a tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa! 15 Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; desvia o teu pé das suas veredas; 16 Porque os seus pés correm para o mal, e se apressam a derramar sangue. 17 Na verdade é inútil estender-se a rede ante os olhos de qualquer ave. 18 No entanto estes armam ciladas contra o seu próprio sangue; e espreitam suas próprias vidas. 19 São assim as veredas de todo aquele que usa de cobiça: ela põe a perder a alma dos que a possuem. 20 A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz.

† † †


Quaresma, Viagem Para A Páscoa

Pe. Alexander Schmemann.

Quando um homem parte em viagem, deve saber onde vai. Da mesma forma com a Quaresma. Antes de tudo, a Quaresma é uma viagem espiritual e seu destino é a Páscoa, a “festa das festas”É a preparação, a “realização da páscoa figurativa, verdadeira revelação”. Devemos então começar a compreender esta relação entre Quaresma e Páscoa, pois ela revela algo de muito essencial, crucial, no tocante a nossa fé e a nossa vida cristã.

É necessário explicar que a páscoa é muito mais do que a festa entre as festas, muito mais do que a comemoração anual de um acontecimento passado. Quem quer que tenha participado, ainda que uma única vez, desta noite “mais luminosa do que o dia”, quem quer que tenha provado esta alegria única sabe-o bem. Mas de onde vem esta alegria? E por que podemos cantar, como fazemos na liturgia pascal:

“ Hoje, todas as coisas estão repletas de luz, o céu, a terra e os infernos”?

Em que sentido celebramos, como pretendemos celebrar, “a morte da morte, a destruição do inferno, o inicio de uma vida nova e eterna”? A todas estas perguntas, a resposta é a seguinte: A vida nova que, há mais de 2000 anos, jorrou do túmulo, foi dada a nós, a todos nós que cremos em Cristo. E ela nos foi dada no dia do nosso batismo, onde, como diz São Paulo:

“Fomos sepultados com Cristo na morte; para que como Cristo ressuscitou dos mortos, assim andemos nós também em novidade de vida” (Romanos 6,4)

Assim, celebramos na páscoa a ressurreição de Cristo como algo que aconteceu e que ainda nos acontece. Pois cada um de nós recebeu o dom desta vida nova a faculdade de acolhe-la e vive-la. É um dom que muda radicalmente nossa atitude em relação a todas as coisas deste mundo, inclusive a morte, e que nos dá o poder de afirmar alegremente: “ a morte não existe mais!”

Certamente a morte ainda está por aí, nós ainda a enfrentamos e um dia ela virá nos buscar. Porem aí reside toda a nossa fé: Por sua própria morte, Cristo mudou a natureza da morte, fez dela uma passagem, uma páscoa, uma “pasha” para o Reino de Deus, transformando a tragédia das tragédias em vitória suprema.

“Esmagando a morte pela morte, ele nos tornou participantes de sua ressurreição”

E é por isso que no fim das matinas de Páscoa dizemos:

“ Cristo ressuscitou, e eis a vida que governa! Cristo ressuscitou, e nenhum morto permaneceu no tumulo.”

Esta é a fé da Igreja, afirmada e tornada evidente por seus inumeráveis santos.

E, entretanto, será que não provamos diariamente que esta fé é raramente a nossa, sempre perdemos e traímos a vida nova que recebemos como dom e que na verdade, vivemos como se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos, como se este acontecimento único não tivesse o menor significado para nós? Tudo isso por causa de nossa fraqueza, por causa de nossa impossibilidade de viver constantemente na fé, de esperança e caridade, no nível a que Cristo nos elevou quando disse:

“Buscai antes de tudo o Reino de Deus e a sua Justiça”.

Nós simplesmente esquecemos, de tanto que estamos ocupados, imersos em nossas ocupações cotidianas e, porque esquecemos, sucumbimos. E por esse esquecimento, esta queda e este pecado, nossa vida volta a ser “velha”, mesquinha, escurecida e finalmente desprovida de sentido; uma viagem desprovida de sentido em direção a um fim sem significado. Fazemos tudo para esquecer a própria morte, e eis que de repente, no meio de nossa vida tão agradável, ela está lá diante de nós, horrível, inevitável, absurda. Até podemos, de vez em quando, reconhecer e confessar nossos diversos pecados, mas sem por isso relacionar nossa vida àquela vida nova de Cristo nos revela e nos deu. Na verdade, vivemos como se Ele jamais tivesse vindo. Este é o único verdadeiro pecado, o pecado de todos os pecados, a tristeza insondável e a tragédia de nosso Cristianismo, que só o é de nome. Se tomamos consciência disto, então podemos compreender o que a realidade da Páscoa recobre e porque ela necessita e pressupõe a Quaresma.

Pois então podemos compreender que as tradições litúrgicas da Igreja, todos seus ciclos e ofícios, são feitos antes de tudo para nos ajudar a recobrar a visão e o gosto desta vida nova, que perdemos e traímos tão facilmente, e assim poderemos nos arrepender e voltar a esta vida. Como poderíamos amar e desejar algo que não conhecêssemos? Como colocar acima de tudo, em nossa vida, algo que não vimos e não provamos? Em suma, como poderíamos procurar um Reino de que não tivéssemos a menor ideia? É a liturgia da Igreja que, desde o começo e ainda hoje, nos introduz, nos faz comungar a vida nova do Reino. É através de sua vida litúrgica que a Igreja nos revela algo daquilo que “o ouvido não ouviu, o olho não viu e que não subiu ao coração do homem, mas que Deus preparou para aqueles que O amam”. E no centro desta vida litúrgica, como seu coração e seu ápice, como o sol cujos raios penetram por toda a parte, encontra-se a Páscoa. É a porta aberta a cada ano ao esplendor do Reino de Cristo, a antecipação do júbilo eterno que nos espera, a glória da vitória que – desde já – ainda que invisivelmente, preenche toda oração: “a morte não mais existe!”

Toda a liturgia da Igreja é ordenada ao redor da Páscoa, e, assim, o ano litúrgico, isto é, a sucessão de estações e festas, torna-se uma viagem, uma peregrinação para a Páscoa, para o “Fim” que é ao mesmo tempo o “Começo”: fim do que é velho, começo da vida nova, uma “passagem” constante “deste mundo” para o Reino já revelado em Cristo.

E, entretanto, a vida “velha”, a vida do pecado e da mesquinharia, não é facilmente vencida e transformada. O evangelho espera e exige do homem um esforço de que ele é, em seu estado atual, virtualmente incapaz. Somos colocados perante um objetivo, um modelo de vida que estão tão além de nossas possibilidades! Os próprios apóstolos, quando ouviram os ensinamentos do seu Senhor, perguntaram- lhe, desesperados: “como isso é possível?”

Não é fácil realmente, rejeitar um ideal mesquinho de vida, perto de preocupações cotidianas, de busca de bens materiais, de segurança e prazer, por um ideal de vida cujo objetivo exclui tudo que está aquém da perfeição:

“Sê perfeito como vosso Pai Celeste é perfeito.”

Este mundo diz por todos os seus meios de comunicação:

“Sejam felizes, não se preocupem, tomem a via larga”.

Ora, Cristo diz no evangelho:

“Escolhei a via estreita, combatei e sofrei, pois é o caminho da única felicidade verdadeira”.

Sem o socorro da igreja, como podemos fazer esta escolha terrível, como podemos nos arrepender e retornar à gloriosa promessa que nos é dada a cada ano na Páscoa? É aqui que intervém a Quaresma. É o socorro que nos oferece a Igreja, escola de arrependimento que, somente ela, nos tornará possível acolher a Páscoa, não como uma simples permissão de comer, beber e se divertir, mas verdadeiramente como um fim daquilo que é “velho” em nós, como nossa entrada no “novo”.

Na Igreja primitiva, o principal objetivo da Quaresma era preparar ao batismo os catecúmenos, isto é, os cristãos recém-convertidos, em um tempo em que o batismo era ministrado durante a liturgia pascal. Entretanto, mesmo quando a Igreja não batizava mais adultos e a instituição do catecumenato tinha desaparecido, o sentido da quaresma permaneceu o mesmo. Pois, apesar de sermos batizados, o que perdemos e traímos constantemente é precisamente o que recebemos no batismo.

É por isso que a Páscoa é nosso retorno anual ao nosso próprio batismo, enquanto que a Quaresma é a preparação a este retorno, o esforço lento e resistente para, finalmente, realizar a nossa própria “passagem” ou “páscoa” na nova Vida em Cristo.

E se, como veremos, a liturgia da Quaresma conserva ainda hoje o seu caráter catequético e batismal, não é como um resto arqueológico do passado, mas como algo de valioso e essencial para nós. Pois, a cada ano, a Quaresma e a Páscoa nos fazem redescobrir uma vez mais e recobrar aquilo que a passagem batismal através da morte e da ressurreição havia operado em nós.

Uma viagem. Uma peregrinação.
E, ao empreendê-la, já desde o primeiro passo na “radiosa tristeza” da Quaresma, percebemos ao longe, bem longe, o destino: a alegria da Páscoa, a entrada na glória do Reino. E esta visão, o gosto antecipado da Páscoa, que torna radiosa a tristeza da Quaresma e faz de nosso esforço na Quaresma “primavera espiritual”.

A noite pode ser longa e sombria; mas, ao longo do caminho, uma aurora misteriosa e luminosa desponta no horizonte.

“Não desaponte nossa espera, ó Amigo do Homem!”

† † † 



domingo, 26 de fevereiro de 2017

Domingo do Perdão

36º Domingo Depois de Pentecostes
Semana da Abstinência de Queijo 
26 de Fevereiro de 2017 (CC) - 13 de Fevereiro (CE)
São Martiniano de Cesaréia, monge; Santas Zoê e Fotini († fim do séc. IV)
Modo 3






Ainda muito jovem, São Martiniano estabeleceu-se no deserto, próximo a Cesaréia, na Palestina. Seu jovem corpo era atormentado pelas paixões carnais e sua alma turbava-se ante as tentações diabólicas que eram vencidas através dos freqüentes jejuns, orações e trabalhos. Assim viveu durante 25 anos. Graças a sua continência, uma prostituta chamada Zoê, que veio especialmente para tentá-lo, se converteu à santidade.  
Certa vez ele pisou com os pés descalços sobre brasas ardentes e, com muito esforço e suportando a dor, gritou: «e como será então o fogo do inferno?» Surpreendida pela força espiritual e pelos sofrimentos do eremita, Zoê se arrependeu e pediu que orasse por ela. Martiniano orientou então que ela fosse ao Monastério de Santa Paula, em Belém. Lá, Zoê viveu durante 12 anos até seu falecimento, esforçando-se espiritualmente para expiar seus pecados. Até o último dia de sua vida, Zoê não bebia vinho e se alimentava de pão e água, dormindo no chão.  
São Martiniano passou durante muitos anos em uma ilha desabitada; não tinha sequer um teto. Recebia alimentação do dono de um barco para o qual confeccionava cestos. Nesta mesma ilha onde São Martiniano vivia, uma jovem, de nome Fotini, havia se refugiado após o naufrágio de seu barco, levada pelas ondas. Após recebê-la na ilha e evitar as tentações, São Martiniano foi para o mar e, por graça de Deus, alcançou o Sul da Grécia por onde peregrinou durante dois meses até chegar a Atenas onde faleceu em paz no ano 122. Santa Fotini ficou na ilha onde viveu durante mais seis anos até seu falecimento. 
Fonte: Ecclesia



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (III)

Marcos 16:9-20

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.

LITURGIA

Tropárion
Rejubilem-se os céus e alegre-se a terra, / pois o Senhor manifestou a força de Seu braço; / com Sua morte venceu a morte, / tornou-Se o Primogênito dos mortos; / libertou-nos das entranhas dos infernos // revelando ao mundo a grande misericórdia! 

Kondakion do Domingo do Queijo Modo 6
Ó Senhor, que És o guia para a sabedoria, o Doador da prudência, o instrutor do insensato e o protetor dos pobres: fortalece e iluminar-meu coração. Dá-me o dom de saber me expressar, ó Tu que És a Palavra do Pai; porque eis que não impedirás os meus lábios de clamar a Ti, ó Misericordioso Senhor: tem piedade de mim que tenho caído.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion
Hoje Te levantaste da tumba, ó Compassivo, / e nos conduziste para fora das portas da morte, / Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os Profetas / e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade. 

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o Amigo dos seres humanos.

Prokímenon

Cantai salmos ao nosso Deus, cantai!
Cantai salmos ao nosso Rei, cantai! 

Nações, aplaudi todas com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres! 

Romanos 13:11-14:4
11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. 12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. 1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. 2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. 3 Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. 4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; 
Não seja eu confundido para sempre,
Por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor 
E uma casa de refúgio que me abrigue. 


Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 6:14-21

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 

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Meditação Para O Domingo Do Perdão

Este é o quarto e último domingo da temporada preparativa para a Grande Quaresma, e amanhã iniciamos o período bendito da Grande Quaresma.

No "Domingo do Fariseu e do Publicano", Cristo abre as portas do arrependimento e inicia o caminho que conduz à Grande Quaresma.

No "Domingo do Filho Pródigo" se direciona o olhar para o Pai, a meta da Grande Quaresma.

No "Domingo do Juízo Final" e da "Abstinência de Carne", se medita sobre a importância do próximo, porque com ele se cumprirão as "obras do amor".

E hoje, no "Domingo do Perdão", se dá ao próximo o beijo de amor para iniciar o jejum com alegria, reconciliando-nos com Deus e com o próximo, e, por conseguinte, conosco mesmo.

Nos Ofícios e orações deste domingo, como assim também na passagem do Evangelho (Mt 6:14-21), duas temáticas se sobressaem. 

A primeira trata da comemoração da expulsão de Adão do Paraíso, o qual o deixa em lágrimas. Os hinos e as leituras bíblicas comparam a situação paradisíaca com a situação posterior à queda, a qual realmente merece o pranto e o arrependimento, algo que os hinos reiteram exaustivamente.

A segunda temática trata do perdão, isto é, pedir perdão a Deus e perdoar ao próximo. Sobre isto nos fala a passagem do Evangelho: o perdão que Deus nos concede e o perdão que devemos conceder aos demais. Justamente antes de tratar do tema do jejum. Por meio desta celebração, a Igreja conclui este período de preparação com o perdão, e inicia a Grande Quaresma.

Assim, ambas as temáticas - a do pranto de Adão pela expulsão do Paraíso e a de pedir o perdão de Deus e perdoar ao próximo - se reúnem em um único tema, que é o jejum.

Acaso não é pelo fato de não haver obedecido a Deus, e de haver transgredido o mandamento de jejuar (ou seja, não comer da árvore proibida) a causa da expulsão de Adão do Paraíso? Agora, o jejum é a ferramenta que possibilitará a reconciliação entre os seres humanos Deus, pois, o jejum nos brinda com o perdão Divino pelo arrependimento das nossas transgressões.

Este domingo nos recorda dois acontecimentos. O primeiro é a expulsão de Adão do Paraíso; o momento da separação entre Deus e o homem, momento este retrato nas Bíblia com imagens fortes, pois Deus põe querubins para vigiar as portas do Paraíso com uma espada de fogo em suas mãos. É uma imagem que dá a entender que a porta está fechada frente a qualquer intento de reconciliação com Deus, depois que Adão e Eva se descuidaram do "jejum". O segundo é o anuncio antecipado do perdão de Deus, outorgado com a esperança de que os homens se perdoarão para que o perdão Divino se cumpra completa e definitivamente, como claramente fala a Escritura. Este será o momento da "reconciliação" com Deus.

Nos reconciliaremos com Deus por meio do jejum, o qual deve ser iniciado perdoando o próximo e nos reconciliando com ele. Pode ser que seja mais fácil ajudar a um pobre ou nos compadecer de um estranho; mas, o mais difícil é perdoar ao nosso próximo (o perdão entre Fiéis e próximos), pois, a reconciliação somente ocorre quando o amor chega realmente a superar nosso amor por nós mesmos e a todo orgulho pessoal. Será a prova que temos posto ao próximo não somente acima de algumas de nossas razões, como também acima da nossa própria dignidade; porque ao nos reconciliar com nosso próximo, alcançamos agradar o coração Divino e sentir paz.

Por isto a Igreja estabeleceu em seu culto (e o culto é a forma visível da vivência da Fé), que todos os cristãos se reúnam no Ofício das "Vésperas do Domingo do Perdão", e ao final do Ofício troquem o beijo da paz entrei e se abracem mutuamente como sinal de reconciliação e amor verdadeiro. A Tradição da Igreja Ortodoxa prevê que o Bispo junto com todos os Sacerdotes e Fiéis se congreguem na tarde daquele dia, para celebrar o Ofício de Vésperas, que se peçam mutuamente perdão a fim de iniciar a Grande Quaresma com alegria e determinação. Este gesto também pode igualmente se dar ao final da Divina Liturgia deste domingo.

Depois de abordar a necessidade de perdoar ao próximo para obter o perdão Divino, o texto bíblico aborda o tema do jejum, o qual deve ser acompanhado de sinais de alegria e não com "rostos tristes" para que as pessoas percebam que estamos jejuando.

Sim, a Quaresma não é um período em que nos torturamos, nem que nos castigamos, tão pouco se trata de "pagar" nossas dívidas para com Deus. A Quaresma é o período no qual predomina o amor fraterno, e o sentido de amor a Deus e à Luz que Ele nos concedeu. O jejum é o período no qual nos enchemos da Graça Divina derramada em nossos corações e nos alegramos com a presença da Graça em nós, a tal ponto que "nos esquecemos de comer nosso pão" - Salmo 101(102):4. A Quaresma é o período no qual não vivemos competindo por um pedaço de pão; é o período em que "o pão nosso de cada dia" se converte no pão dos anjos - quer dizer, louvor - e também em dar de comer ao próximo - quer dizer, amor.

Assim nos exorta o Ofício de Vésperas celebrado neste domingo à tarde:

"Iniciemos o período do jejum com alegria, 
Livremente desejando percorrer pela via do combate espiritual;
Purifiquemos nossa alma, purifiquemos nosso corpo,
Jejuando das paixões tal como jejuaremos dos alimentos.
Gozemos, pois, das virtudes do Espírito."

Eis aqui um tempo oportuno, eis aqui o período do arrependimento, o qual poderemos iniciar com uma frase: "Perdoa-me, meu irmão" - e, assim, iniciar juntamente com nosso próximo, a Grande Quaresma com o beijo da paz. Amém

Metropolita Chrysóstomos,

Igreja Ortodoxa Grega (GOC),
Metrópole Autônoma do Equador e América Latina

sábado, 25 de fevereiro de 2017

3º Sábado do Triódion

36º Sábado Depois de Pentecostes
Semana da Abstinência de Carne 
25 de Fevereiro de 2017 (CC) - 12 de Fevereiro (CE)
São Melécio, arcebispo de Antioquia († 381)
Modo 2


São Melécio nasceu em Melitene, no ano 310, aproximadamente. Pertencia a uma das mais distintas famílias da Armênia Menor. Distinguia-se por sua inteligência e piedade. No ano 357, foi ordenado Bispo de Sebaste. Na cidade, encontrou violenta oposição ao cristianismo e decidiu retirar-se para o deserto e, mais tarde, para Beroa na Síria. Após o desterro de Eustásio em 331, a Igreja de Antioquia estava sob o domínio dos arianos, já que vários bispos fomentavam essa heresia. Eudóxio, ainda ariano, foi expulso  por um grupo que professava a mesma heresia, em uma revolta contra as autoridades. Pouco depois, usurpou o trono de Constantinopla. Os arianos, diante deste fato, junto com alguns cristãos ortodoxos, concordaram em eleger Melécio à sede de Antioquia, no ano 361. O imperador confirmou a eleição, ainda que outros ortodoxos se negassem a reconhecê-lo, dizendo que era uma escolha ilegal uma vez que alguns arianos haviam participado da eleição. Os arianos esperavam que Melécio se declarasse em favor da heresia, o que não se confirmou. Certa vez o imperador Constâncio, vindo de Antioquia, pediu a vários prelados que explicassem um texto do Livro dos Provérbios. Jorge de Laodicéia explicou o texto no sentido ariano; Acácio de Cesaréia explicou num sentido herético e Melécio deu uma explicação no sentido ortodoxo. A explicação de Melécio enfureceu os arianos e,  por causa disso Eudóxio, em Constantinopla, influenciou o imperador para que desterrasse Melécio para a Armênia Menor.  
Substituindo a sé vacante, os arianos elegeram Euzoius que anteriormente havia sido expulso da Igreja por Santo Alexandro, arcebispo de Alexandria. Este fato marcou o Cisma de Antioquia, ainda que o verdadeiro inicio do cisma tenha acontecido com o desterro de Eustásio, trinta anos antes. Em 381, reuniu-se em Constantinopla o Segundo Concilio Ecumênico, presidido por São Melécio. Durante a realização do Concilio, o bispo faleceu após suportar com paciência muitos sofrimentos. A notícia de sua morte foi recebida com grande dor pelos padres conciliares e pelo imperador Teodósio que lhe havia dado boas vindas à cidade, com demonstração de grande afeto: «te recebo como um filho que recebe o pai depois de muito tempo ausente». Sendo sempre muito humilde, Melécio conquistou a todos que o conheciam. São João Crisóstomo afirmava que seu nome era tão venerado que muitos habitantes de Antioquia escolhiam aquele nome para os filhos; gravavam suas imagens em selos e em vasilhas e esculpiam em suas casas. Todos os Padres do Concilio e os fiéis da cidade assistiram ao seu funeral em Constantinopla. Um dos prelados mais eminentes, São Gregório de Nissa, pronunciou a oração fúnebre que fazia referência ao doce e tranqüilo olhar, ao radiante sorriso e às bondosas mãos que acompanhavam sua aprazível voz. Terminou a oração dizendo: «Agora que vês a Deus face a face, roga a Ele por nós e pelo seu povo». Cinco anos depois, São João Crisóstomo, a quem São Melécio tinha ordenado diácono, compilou e pronunciou um panegírico no dia 12 de fevereiro, dia de sua morte e de sua trasladação para Antioquia. 
Fonte: Ecclesia



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
HORA SEXTA

Romanos 14:19-23, 16:25-27

Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado... Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé; ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.

Mateus 6:1-13

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso suprassubstancial nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.



Comemoração dos Falecidos

Gálatas 5:22-6:2; Mateus 11:27-30

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