quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

35ª Sexta-feira Depois de Pentecostes


01 de Fevereiro de 2013 (CC) 19 de Janeiro (CE)
S. Macário Egípcio, eremita († c. 390) S. Arsênio, bispo de Corfu († fim do séc. X).


Hebreus 11:8, 11-16

     8 Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.    11 Pela fé, até a própria Sara recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade, porquanto teve por fiel aquele que lho havia prometido.    12 Pelo que também de um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar.    13 Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.    14 Ora, os que tais coisas dizem, mostram que estão buscando uma pátria.    15 E se, na verdade, se lembrassem daquela donde haviam saído, teriam oportunidade de voltar.    16 Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.   

Marcos 9:33-41

     33 Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?    34 Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.    35 E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.    36 Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:    37 Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.    38 Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.    39 Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;    40 pois quem não é contra nós, é por nós.    41 Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.   

35ª Quinta-feira Depois de Pentecostes



31 de Janeiro de 2013 (CC) 18 de Janeiro (CE)
Ss. Atanásio e Cirilo, bispo de Alexandria (séc. IV e V).


Hebreus 10:35-11:7

     35 Não lanceis fora, pois, a vossa confiança, que tem uma grande recompensa.    36 Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.    37 Pois ainda em bem pouco tempo aquele que há de vir virá, e não tardará.    38 Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.    39 Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.    1 Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.    2 Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho.    3 Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê.    4 Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e por meio dela depois de morto, ainda fala.    5 Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.    6 Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.    7 Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé.   

Marcos 9:10-16

     10 E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.    11 Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?    12 Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?    13 Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.    14 Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.    15 E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.    16 Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?   


Todas As Coisas Compõem Pelo Verbo Uma Divina Harmonia

Nada há absolutamente de quanto existe que não tenha sido feito nele e por ele. O Teólogo no-lo ensina pelas palavras: No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada se fez (Jo 1,1).

O musicista, com uma harpa bem afinada, combina artisticamente os sons graves com os agudos e os médios, de modo a produzir uma só harmonia. Assim também, a Sabedoria de Deus, empunhando todo o universo como uma harpa, conjuga as coisas aéreas com as terrenas e as celestes com as aéreas, ligando o todo com suas partes. Assim, dirigindo tudo por um aceno de sua vontade, produz um só universo, um universo com sua ordem cheia de beleza e de harmonia.

Entretanto ele mesmo, Verbo de Deus, permanece sempre imóvel junto do Pai, enquanto tudo se move dentro da força da respectiva natureza, segundo o agrado do Pai. Por seu dom, tudo vive e se mantém conforme sua natureza, compondo assim, por ele, uma admirável harmonia, verdadeiramente divina. Só por comparação podemos entender uma realidade tão imensa!

Por exemplo: num coro numeroso, com muitos homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes, sob a direção de um só, todos cantam conforme sua capacidade e estado, homem como homem, criança como criança, velho como velho, jovem como jovem. No entanto, todos formam uma só harmonia. Outro exemplo: como nossa alma, ao mesmo tempo, move nossos sentidos segundo suas propriedades. Na presença de alguma coisa, todos eles se movimentam: os olhos veem, os ouvidos escutam, as mãos tocam, o olfato percebe, o paladar prova e mesmo os outros membros muitas vezes agem, por exemplo, os pés caminham. Assim acontece nas coisas naturais. Estas são imagens, embora fraquíssimas, que nos ajudam a perceber as realidades mais altas.

Na verdade, num instante, um só aceno do Verbo de Deus rege todas as coisas ao mesmo tempo, de forma que cada ser realiza o que lhe é próprio e todos em conjunto perfazem uma só harmonia.

Santo Atanásio


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

35ª Quarta-feira Depois de Pentecostes


30 de Janeiro de 2013 (CC) 17 de Janeiro (CE)
S. Antão, o Grande, anacoreta († 356).






Hebreus 10:1-18

     1 Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus.    2 Doutra maneira, não teriam deixado de ser oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca mais teriam consciência de pecado.    3 Mas nesses sacrifícios cada ano se faz recordação dos pecados,    4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados.    5 Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste;    6 não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado.    7 Então eu disse: Eis-me aqui (no rol do livro está escrito de mim) para fazer, ó Deus, a tua vontade.    8 Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se oferecem segundo a lei);    9 agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo.    10 É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre.    11 Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados;    12 mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus,    13 daí por diante esperando, até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.    14 Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados.    15 E o Espírito Santo também no-lo testifica, porque depois de haver dito:    16 Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu entendimento; acrescenta:    17 E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniquidades.    18 Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado.   

Marcos 8:30-34

     30 E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.    31 Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.    32 E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.    33 Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens.    34 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.   



Ensinamento de Santo Antão

“Acontece que os homens são chamados, indevidamente, de racionais. No entanto, não são razoáveis ​​aqueles que estudaram os discursos e os livros dos sábios da história, mas aqueles que têm uma alma racional, e que são capazes de discernir entre o que é certo e o que é errado; aqueles que fogem de tudo que é mau e danoso para a alma; aquele que se empenha diligente para implementar tudo o que é bom e útil para a alma, e faz tudo isso com muita gratidão para com Deus. Somente estes últimos podem ser chamados, na verdade, homens racionais”.



COMEMORAÇÃO DE SANTO ANTÃO

Antônio, O Grande, nasceu no Egito por volta do ano de 250 numa família nobre e rica e os pais o educaram na fé cristã. Quando ele tinha 18 anos, os pais dele morreram e ele ficou só com a irmã, a qual ainda dependia dele. Uma vez, indo para a igreja, ficou a meditar sobre os apóstolos, como eles deixaram tudo neste mundo para seguir ao Senhor e O servir. Ao entrar na igreja, Antônio ouviu as palavras: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-Me" (Mateus 19:21). Antônio ficou perplexo com estas palavras, que foram como se dirigidas diretamente a ele. Em breve depois disto, Antônio deixou toda a sua herança em benefício dos pobres de sua aldeia, mas não sabia, para quem deixar a sua irmã. Com esta preocupação foi novamente para a igreja, e lá ouviu de novo as palavras do Senhor, como se dirigidas diretamente a ele: "Não vos preocupeis, portanto, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá por si mesmo as suas preocupações. Para cada dia é suficiente o seu cuidado" (Mateus 6:34). Antônio deixou a sua irmã aos cuidados de umas virgens cristãs que ele conhecia e, depois, deixou a cidade, para viver na solidão e servir a Deus.

Não foi de uma hora para outra que santo Antônio se afastou do mundo. No começo, morou perto da cidade junto com um ancião piedoso, que vivia na solidão, e tentava imitá-lo em tudo. Antônio visitava também outros eremitas que viviam nos arredores da cidade e se beneficiava com os conselhos deles. Já naquele tempo ele ficou famoso por sua austeridade, tanto, que era chamado de "amigo de Deus." Depois disto, ele se atreve a se afastar mais. Antônio convidou o ancião a vir junto, mas quando este se recusou, se despediu do ancião e foi viver uma gruta afastada. De vez em quando um dos seus amigos lhe trazia comida. Por fim, santo Antônio se afastou definitivamente dos lugares habitados, cruzou o Nilo e passou a viver nas ruínas de uma fortaleza militar abandonada. Antônio levou consigo pão suficiente para seis meses, e depois o recebia dos seus amigos somente duas vezes por ano, e isto através de um buraco no telhado.

É impossível relatar todas as tentações e aflições sofridas por este grande asceta. Ele sofreu de fome e sede, de frio e de calor. A mais terrível tentação, de acordo com o próprio Antônio, se encontrava no coração: a terrível saudade do mundo e a aflição nos pensamentos. Somados a isto vieram ainda as tentações e os horrores dos demônios. Por vezes o santo asceta morria de tristeza e quase desanimava. Nestas situações aparecia-lhe o Próprio Senhor, ou lhe mandava um anjo, para animá-lo. "Onde estavas, bom Jesus? Porque não viestes logo no começo para acabar com os meus sofrimentos?" — clamou Antônio, quando o Senhor, após uma tentação particularmente difícil, lhe apareceu. "Eu estava aqui, — lhe disse o Senhor, — e esperava até que Eu visse a tua ascese."

A luta de Santo Antão contra os demônios
Uma vez, no meio de uma terrível luta com os pensamentos, Antônio clamou: "Senhor, eu quero me salvar, e os pensamentos não me deixam." De repente viu que alguém, muito parecido com ele, estava sentado e trabalhando; depois se levantou e começou a rezar, depois disto novamente sentou e trabalhou. "Faça assim, e se salvarás," — lhe disse o anjo do Senhor.

Antônio vivia já há vinte anos na solidão quando alguns dos seus amigos, sabendo do lugar onde ele se encontrava, vieram para viver junto com ele. Eles bateram na porta durante muito tempo, pedindo-o a sair, e quando decidiram arrombar a porta, Antônio abriu a abriu e saiu da sua reclusão voluntária. Eles ficaram admirados porque não o acharam enfraquecido ou desgastado, levando uma vida onde padecia as maiores privações. A paz celestial reinava na alma dele e se espelhava em seu rosto. Antônio era calmo, discreto, igualmente atencioso com todos e em breve se tornou orientador de muitos. O deserto ficou cheio de vida: nos arredores, nos montes apareceram habitações de monges; muitas pessoas cantavam, liam, jejuavam, rezavam, trabalhavam e ajudavam aos pobres. Santo Antônio não impunha regras definidas aos seus discípulos sobre a vida monástica. Ele se preocupou com os ânimos deles, para que fossem piedosos, recomendando-lhes entregar-se à vontade de Deus, rezar, não se preocupar com nada do mundo e trabalhar incansavelmente.

Mas lá no deserto, o assédio das multidões passou a incomodar santo Antônio, e ele começou a procurar de novo a solidão. "Para onde queres fugir?" — lhe perguntou uma voz do céu, quando à beira do Nilo esperava por um barco para se afastar das pessoas. "Para a Tebaida lá encima," respondeu Antônio. Mas a mesma voz retrucou: "Seja lá encima na Tebaida, ou lá embaixo na Bucolia, não encontrarás sossego nenhum. Vá até o deserto interno" (assim se chamava o deserto nas margens do Mar Vermelho). Antônio se dirigiu para lá, seguindo um grupo de sarracenos.

Após três dias de caminhada,  achou um monte alto, inabitado, com uma fonte de água e algumas palmeiras lá embaixo. Antônio se instalou no monte. Lá desbravou um pequeno campo, de modo que agora ninguém precisava vir para lhe trazer pão. De vez em quando Antônio visitava os monges. Para seu sustento, um camelo levava água e pão durante estas difíceis travessias no deserto. Mas os seus admiradores o acharam até neste seu último retiro. Começaram a vir muitas pessoas pedindo suas orações e seus conselhos. Traziam-lhe enfermos: ele rezava por todos e os curava.

Santo Antônio já vivia no deserto quase setenta anos, quando contra a sua própria vontade,  começou a ser tentado por um pensamento orgulhoso: O de ser o mais experiente de todos os eremitas. Antônio pediu a Deus afastar este pensamento dele e recebeu a revelação de que havia um eremita, que vivia lá há muito mais tempo e que servia a Deus melhor do que ele.

Antônio levantou de madrugada e se pôs a procurar este asceta desconhecido. Andou o dia todo, mas não encontrou ninguém além de animais selvagens. Em frente sua frente se descortinava uma imensidão, mas ele não perdia a esperança. No dia seguinte continuou a sua busca. Uma loba, que corria para uma nascente, cruzou o seu caminho. Antônio a seguiu e chegando à fonte, viu uma gruta. Com a sua aproximação, a porta da gruta se fechou. Até meio-dia clamou santo Antônio ao asceta desconhecido, pedindo lhe sair. Enfim, a porta se abriu e de lá saiu um ancião, com cabelos e barba completamente brancos. Este era são Paulo de Tebaida. Ele vivia no deserto já cerca de noventa anos. Após um osculo fraternal, Paulo perguntou ao Antônio: em que condições se acha a humanidade? Quem reina no mundo? Será que ainda existem idolatras? Com grande alegria ele ouviu a boa nova que não havia mais perseguições e que o cristianismo triunfara no Império Romano; mas se entristeceu muito quando soube da heresia de Ário. Enquanto os dois anciões conversavam, desceu um corvo e lhes trouxe pão. "Como é generoso e misericordioso Nosso Senhor," exclamou Paulo. "Há quantos anos recebo diariamente Dele metade de um filão e hoje, por causa de tua visita, Ele nos mandou um filão inteiro."

No dia seguinte Paulo revelou a Antônio que dentro em breve deveria deixar este mundo e pediu-lhe que lhe trouxesse o manto do bispo Atanásio, (celebre defensor da Ortodoxia contra a heresia de Ário), para cobrir os seus restos mortais. Antônio se apressou a cumprir o desejo do santo ancião. Depois ele voltou para o seu deserto muito agitado e só podia responder uma coisa às perguntas dos irmãos monges: "Eu sou um pecador que pensava ser um monge! Eu vi Elias, eu vi João, eu vi Paulo no paraíso." Voltando para são Paulo, ele o viu ascendendo para o céu rodeado por inúmeros anjos, profetas e apóstolos.

"Paulo, por que não esperaste por mim? — exclamou Antônio. — Foi tão tarde que eu te conheci e tu me deixas tão cedo!" Porém, quando Antônio entrou na gruta de Paulo, o achou ajoelhado, calado e imóvel. Antônio se ajoelhou também e começou rezar. Após algumas horas de orações ele viu, que Paulo ficava imóvel porque já estava morto. Antônio lavou o corpo do santo monge com grande devoção e o cobriu com o manto do bispo Atanásio. De repente apareceram dois leões, que com as suas garras cavaram um buraco fundo, onde Antônio enterrou o santo asceta.

Santo Antônio morreu muito velho (tinha 106 anos, no ano de 356), e pela sua ascese foi cognominado Grande.

Santo Antônio foi o fundador da vida monástica eremítica. Alguns eremitas, sob orientação espiritual de um "abba" (abba é uma palavra aramaica e significa "pai") viviam separadamente um do outro em cabanas ou grutas (ermidas), rezando, jejuando e trabalhando. Algumas ermidas, reunidas sob a orientação de um abba, se chamava de "lavra”. Mas ainda durante a vida de Antônio, o Grande, apareceu um outro tipo de vida monástica. Os ascetas se juntavam numa comunidade, dividiam o trabalho conforme a força e talento de cada um, dividiam a comida e se submetiam a regras iguais para todos. Estas comunidades se chamavam de cenóbios ou mosteiros. Os abbas destas comunidades passaram a ser chamados de arquimandritas. Pacômio, o Grande, foi o fundador destes mosteiros.

Tropário de Santo Antão Modo 4

Com os teus modos imitando o zeloso Elias
Seguindo ao Batista por caminhos justos,
Ó Padre Antônio, tu vivias no deserto fortalecendo o mundo com as tuas orações.
Ora a Cristo Deus que salve as nossas almas.