terça-feira, 21 de maio de 2024

3ª Terça-feira da Páscoa


21 de Maio de 2024 (CC) / 08 de Maio (CE)
Santo Apóstolo e Evangelista João, o Teólogo; 
Arsênio, o Grande; Arsênio, Trabalhador; Pímen, o Jejuador de Pechersk; 
Traslado das Santas Relíquias de Arsênio de Nóvgorod; Zósimas e Adriano de Volokolamsk; 
Milagre da Mãe De Deus em Casiopia; 
Comemoração da Emanação do Maná da Tumba de São João, o Teólogo.
Tom 2




"Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!"


São João, filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, de profissão pescador, originário de Betsaida, como Pedro e André, ocupa um lugar de primeiro plano no elenco dos Apóstolos. O Autor do Quarto Evangelho e do Apocalipse, será classificado pelo Sinédrio como indouto e inculto. No entanto, o leitor, mesmo que leia superficialmente os seus escritos, percebe não só o arrojo do pensamento, mas também a capacidade de revestir com criativas imagens literárias os sublimes pensamentos de Deus. A voz do juiz divino é como o mugido de muitas águas. João é sempre o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à ação. É a águia que desde o primeiro bater das asas se eleva às vertiginosas alturas do Mistério Trinitário:

“No princípio de tudo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus.”

Ele está entre os mais íntimos de Jesus e nas horas mais solenes de sua vida João está perto. Está a seu lado na hora da ceia, durante o processo, e único entre os Apóstolos, que assiste à Sua morte junto com Maria.

Mas, contrariamente a tudo o que possam fazer pensar as representações da arte, João não era um homem fantasioso e delicado. Bastaria o apelido jocoso que o Mestre impôs a ele e a seu irmão Tiago: “Filhos do trovão” para nos indicar um temperamento vivaz e impulsivo, alheio a compromissos e hesitações, até aparecendo intolerante e cáustico. No seu Evangelho designa a si mesmo simplesmente como “o discípulo a quem Jesus amava.” Também se não nos é dado indagar sobre o segredo desta inefável amizade, podemos adivinhar uma certa analogia entre a alma do Filho do homem e a do filho do trovão, pois Jesus veio à terra não só trazer a paz, mas, também, o fogo.

Após a ressurreição, João está quase constantemente ao lado de Pedro. Paulo, na Epístola aos Gálatas, fala de Pedro, Tiago e João como colunas da Igreja. No Apocalipse, João diz que foi perseguido e degredado para a Ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”.

Conforme uma tradição unânime, ele viveu em Éfeso em companhia de Maria, e sob o Imperador Domiciano foi colocado dentro de uma caldeira com óleo a ferver, mas, saiu ileso e com a glória de ter dado testemunho. Depois do exílio de Patmos voltou definitivamente para Éfeso, onde exortava continuamente os fiéis ao amor fraterno, resultando em três cartas, acolhidas entre os textos sagrados, assim como o Apocalipse e o Evangelho. Morreu carregado de anos em Éfeso durante o império de Trajano (98-117), onde foi sepultado.
 
 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 8:5-17

Fragmento 18 – Naqueles dias, Filipe foi à cidade de Samaria, pregava-lhes a Cristo. As multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que operava; pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados; pelo que houve grande alegria naquela cidade. Ora, estava ali certo homem chamado Simão, que vinha exercendo naquela cidade a arte mágica, fazendo pasmar o povo da Samaria, e dizendo ser ele uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até o maior, dizendo: Este é o Poder de Deus que se chama Grande. Eles o atendiam porque já desde muito tempo os vinha fazendo pasmar com suas artes mágicas. Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus, batizavam-se homens e mulheres. E creu até o próprio Simão e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais e os grandes milagres que se faziam. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, tendo ouvido que os da Samaria haviam recebido a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João; os quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre nenhum deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo.

João 6:27-33

Fragmento 20 – Disse o Senhor aos judeus que vieram ter com ele: Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou. Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito:

“Deu-lhes a comer o pão do céu”.

Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. 

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

3ª Segunda-feira da Páscoa

20 de Maio de 2024 (CC) / 07 de Maio (CE)
Memória da Aparição do Sinal da Santa e Preciosa Cruz, em Jerusalém
Tom 2




«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»



Memória da Aparição nos Céus da Cruz do Senhor em Jerusalém (351): Após a morte do primeiro imperador cristão, Constantino, o Grande, o trono imperial foi ocupado por seu filho Constâncio, que se inclinou para a heresia de Ário, que negou a mesma essência do Filho de Deus com o Pai. Na reafirmação da santa Ortodoxia, o Senhor manifesta em Jerusalém um sinal maravilhoso. No dia do Santo Pentecostes, 7 de maio de 351, à terceira hora da manhã apareceu nos céus a imagem da Cruz do Senhor de proporções iguais, brilhando com uma luz inexprimível e mais brilhante que a luz do sol. Todas as pessoas foram testemunhas oculares disso e ficaram impressionadas com grande pavor e espanto. O aparecimento do Sinal da Cruz começou sobre o santo Monte Gólgota, quando o Senhor foi crucificado (Mt 27: 32-33; Jo 19: 17, 41; Hb 13: 12), e atingiu ao Monte das Oliveiras (Jo 8: 1; 18: 1-2), estendendo-se desde o Gólgota por uma distância de 15 estádios. O Sinal foi transfundido com todas as cores do arco-íris e chamou a atenção de todas as pessoas. Muitas pessoas, deixando de lado o que estavam fazendo, saíram das casas e ficaram admiradas contemplando o sinal maravilhoso. Então, uma numerosa multidão do povo de Jerusalém, com tremor e alegria, correu para a santa Igreja da Ressurreição. 
O santo Patriarca de Jerusalém Cirilo (350-387) aconselhou o emissário do imperador Constâncio sobre esta ocorrência milagrosa do aparecimento do Sinal da Cruz e exortou-o a retornar à fé ortodoxa. E Sozomen, um historiador da Igreja Antiga, também testemunha que através desta aparição da Santa Cruz muitos dos judeus e gregos pagãos chegaram à verdadeira fé, arrependendo-se em Cristo Deus, e aceitaram o Santo Batismo.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 6: 8 - 7:1-5, 47-60

Fragmento 17 - Naqueles dias, Estêvão, cheio de fé e poder, realizou grandes sinais e maravilhas entre o povo. Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão; e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. Então subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este santo lugar e contra a lei; porque nós o temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos transmitiu. Então todos os que estavam assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um anjo. E disse o sumo sacerdote: Porventura são assim estas coisas? Estêvão respondeu: Irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe:

"Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar".

Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais. E não lhe deu nela herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu que lha daria em possessão, e depois dele à sua descendência, não tendo ele ainda filho. Entretanto foi Salomão quem lhe edificou uma casa; mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:

"O céu é meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual o lugar do meu repouso? Não fez, porventura, a minha mão todas estas coisas?"

Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas, vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estêvão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus. Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele e, lançando-o fora da cidade o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.

João 4:46-54

Fragmento 13 – Naqueles dias, pela segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. Ouvindo este que Jesus vinha da Judéia para a Galileia, foi ter com ele, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte. Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis. Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho morra. Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu. E descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive. Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E disseram-lhe: Ontem às sete horas a febre o deixou. Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa. Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judéia para a Galileia.

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domingo, 19 de maio de 2024

Domingo das Mirróforas

19 de Maio de 2024 (CC) / 06 de Maio (CE)
O Justo e Longânime Sofredor, Jó
Tamara, Portadora da Fé Reta, Rainha da Geórgia 
(Comemoração transferida para o Domingo das Mirróforas).
Santas Maria e Marta, irmãs de São Lázaro (séc. I) 
((Comemoração transferida para o Domingo das Mirróforas).
Todos os Santos de Tessalônica [Celebrados no 3º domingo da Páscoa (grego)].
Novo Hieromártir Serafim, Arcebispo de Fanarion e Neochorion 
[Celebrado no 3º Domingo da Páscoa) (grego)].
Novo Monge Mártir Elias (Ardunis) do Monte Athos e Kalamata (1688) 
[Celebrado no 3º domingo da Páscoa (grego)].
Novo Mártir Demétrio do Peloponeso (1803) 
[Celebrado no 3º domingo da Páscoa (grego)].
Venerável Miquéias, discípulo de São Sérgio de Radonezh (1385).
Venerável Jó, abade e milagreiro de Pochaev (1651).
Santos Mártires e Soldados Bárbaros, Baco, Calímaco e Dionísio, na Moreia (362).
Mártir Bárbaro, o ex-ladrão do Épiro (séc. IX).





«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»




O Domingo das Mulheres Mirróforas (Portadora de Aromas) cai no segundo domingo após a Páscoa. As mirróforas trouxeram especiarias funerais para preparar o corpo de Cristo para a sepultura. Elas foram as primeiras a ver o túmulo vazio, e o Senhor ressuscitado as enviou aos apóstolos para lhes anunciar a Sua ressurreição. Os santos José de Arimateia e Nicodemus também são comemorados neste dia.

Oito são as mulheres geralmente identificadas como portadoras de mirra. Cada um dos quatro Evangelhos dá um aspecto diferente aos papéis dessas oito mulheres na cruz e no túmulo na manhã de Páscoa; talvez essas oito mulheres tenham chegado em grupos diferentes e em horários diferentes. As oito são:

1. Maria, a Theotókos (Virgem Maria);
2. Maria Madalena;
3. Joanna;
4. Salomé;
5. Maria, mulher de Cleófas (ou Alfeu);
6. Susanna;
7. Maria de Betânia;
8. Marta, de Betânia.

Das oito, as cinco primeiras são – sem sombra de dúvidas - as mais proeminentes. A tradição inclui na lista as três últimas. Cinco dessas mulheres também eram muito ricas: Maria Madalena, Joana, Susana e as irmãs Maria e Marta de Betânia.

Um aspecto que gera confusão nas referências dos Evangelhos a estas mulheres: É que duas das Marias tiveram um filho chamado Tiago: Maria, a esposa de Alfeu, era a mãe de Tiago, um dos Doze Apóstolos e a Virgem Maria era madrasta de Tiago, o irmão do Senhor (Mateus 13:55, Gálatas 1:19).

Na tradição ocidental, Tiago, filho de Alfeu e Tiago, o irmão do Senhor, às vezes têm sido identificados como um só.

Na tradição oriental, Tiago, o irmão do Senhor, foi Bispo de Jerusalém (30-62 AD) e nunca saiu dos arredores de Jerusalém. Ele é o Tiago que proferiu a decisão do concílio de Jerusalém em 48 dC (Atos 15:13-19). Quanto a Tiago, filho de Alfeu, a Tradição Oriental lhe atribui atividades fora de Israel, especialmente no Egito, onde foi martirizado.

Uma dica útil, que pode esclarecer a confusão entre estas duas Marias, é a passagem que se refere à Virgem Maria como a mãe de Tiago e José (Mateus 13:55). Este é também chamado de José Barsabás, o Justo, ou também recebe o nome de Judas (Atos 1:23 e 15:22).

Assim, em Mateus 27:56, as mulheres que de longe observam a cruz são Maria Madalena, a Virgem Maria (que aqui é chamada de mãe de Tiago e José), e Salomé (A esposa do Zebedeu).

Mateus refere-se a Maria Madalena e à "outra Maria", que é provavelmente a Virgem Maria, também a partir do contexto (Mateus 27:61 e 28:1). Alguns Pais da Igreja como São Gregório de Nissa e São Gregório Palamás, apoiaram esta interpretação. Da mesma forma, São Gregório de Nissa identifica "Maria, mãe de Tiago" (Marcos 16:1 e Lucas 24:10) como sendo a Virgem Maria.
Estas oito mulheres foram companheiras de Jesus de perto durante os três anos do seu ministério público. Maria Madalena, Joana, Susana e outras (Lucas 8:3) são descritas como aquelas que proviam os recursos financeiros para a manutenção de Cristo e dos Apóstolos. Estas mesmas mulheres fielmente seguiam a Cristo desde a Galileia e vieram com Ele para Jerusalém (Mateus 27:55, Marcos 15:40-41 e Lucas 23:55). 



«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»


Comemoração do Justo e Longânime Sofredor, Jó 
São Jó, o Justo, viveu no norte da Arábia, no país de Austidia na terra de Uz, cerca de 1.500 a 2000 anos antes do nascimento de Cristo.  Sua vida e sofrimentos estão registrados na Bíblia (Livro de Jó). Existe uma opinião de que Jó era por descendência um sobrinho de Abraão, filho de Nakhor, um irmão de Abraão. 
Jó era um homem temente a Deus e piedoso. Devotava toda a sua alma ao Senhor Deus e em tudo se conduzia de acordo com a vontade de Deus, abstendo-se de todo mau, não só nas obras, mas também nos pensamentos. O Senhor abençoou sua existência terrena e recompensou o Justo Jó com grandes riquezas: ele possuía muito gado e todo tipo de bens. Os sete filhos e três filhas do justo Jó eram amáveis ​​entre si e se reuniam para a refeição comum, todos em turnos em cada uma de suas casas. A cada sete dias, o justo Jó fazia oferendas a Deus por seus filhos, dizendo: "Se por acaso algum deles pecou ou ofendeu a Deus em seu coração". Por sua justiça e honestidade, São Jó era tido em alta estima por seus concidadãos e teve grande influência nos assuntos públicos. 
Uma vez, porém, quando os Santos Anjos estavam diante do Trono de Deus, Satanás apareceu entre eles. O Senhor Deus perguntou a Satanás se ele havia visto Seu servo Jó, um homem justo e sem defeito. Satanás respondeu audaciosamente, que não era à toa que Jó era temente a Deus, já que Deus estava cuidando dele e multiplicando suas riquezas; mas se o infortúnio lhe fosse enviado, ele deixaria de bendizer a Deus. Então o Senhor, querendo provar a paciência e a fé de Jó, disse a Satanás: 
"Tudo o que Jó tem, eu entrego na tua mão, mas somente ele não toca". 
Depois disso, Jó de repente perdeu toda a sua riqueza e também todos os seus filhos. O justo Jó voltou-se para Deus e disse: 
"Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei a minha mãe a terra. O Senhor dá, e o Senhor tira. Bendito seja o nome do Senhor! " 
E assim Jó não pecou diante do Senhor Deus, nem proferiu uma palavra impensada. 
Quando os Anjos de Deus novamente se apresentaram diante do Senhor e entre eles, novamente, Satanás, dizendo que Jó era justo, porque ele não padecera na sua carne. Então declarou o Senhor: 
"Eu te permito fazer com ele o que quiseres, poupando apenas a sua vida". 
Depois disso, Satanás infligiu ao Justo Jó uma doença horrível: Furúnculos leprosos, que o cobriram da cabeça aos pés. O sofredor foi obrigado a se afastar da companhia de pessoas, sentou-se fora da cidade em um monte de cinzas e teve que raspar suas feridas com um caco de barro. Todos os seus amigos e conhecidos o abandonaram. Sua esposa tinha que cuidar de seu próprio bem-estar, labutando e vagando de casa em casa. Ela não apenas não apoiou o marido com paciência, mas pensou que Deus estava punindo Jó por algum tipo de pecado secreto, e chorou e lamentou contra Deus, censurou também o marido e finalmente aconselhou o justo Jó a amaldiçoar a Deus. e morrer. O justo Jó lamentou gravemente, mas mesmo nesses sofrimentos, permaneceu fiel a Deus. Ele respondeu à esposa: 
"Você fala como uma histérica. Devemos receber de Deus apenas o bem, e não receber nenhum mal?" E o justo Jó em nada pecou diante de Deus. 
Três de seus amigos vieram de longe para confortar sua tristeza. Eles reconheceram que Jó estava sendo punido por Deus por seus pecados, e exortaram esse homem justo, embora inocente, a se arrepender. O justo respondeu que não estava sofrendo pelos pecados, mas que essas tribulações lhe foram enviadas do Senhor de acordo com a Vontade Divina, que é inescrutável para o homem. Seus amigos, no entanto, não acreditaram nele e continuaram a pensar que o Senhor estava lidando com Jó de acordo com as leis vigentes sob os padrões humanos, punindo assim Jó por cometer pecados. Em aflita tristeza da alma, o justo Jó voltou-se com uma oração a Deus, suplicando que Ele mesmo testemunhasse diante deles de sua inocência. Deus então se manifestou em um redemoinho tempestuoso e censurou Jó, por tentar penetrar por sua razão no mistério da ordem mundial e nos propósitos de julgamento de Deus. O Justo Jó com todo o seu coração se arrependeu desses pensamentos e disse: 
"Eu nada, sou, e confesso e me arrependo no pó e na cinza". 
O Senhor então ordenou aos amigos de Jó que recorressem a ele pedindo-lhe que oferecesse sacrifício por eles. “Visto que, – disse o Senhor, – somente de Jó Eu aceito o sacrifício, para que eu não vos despreze, porque falastes injustamente ao meu servo Jó." 
Então, Jó ofereceu sacrifício a Deus por seus amigos, e o Senhor aceitou sua intercessão, e o Senhor também devolveu ao justo Jó sua saúde e lhe deu duas vezes mais do que tinha antes. No lugar de seus filhos falecidos nasceram-lhe sete filhos e três filhas, mais bonitos do que qualquer outro naquela terra. Depois de suportar seus sofrimentos, Jó viveu mais 140 anos (ao todo ele viveu 248 anos) e viveu para ver seus descendentes até a quarta geração. 
São Jó prefigura o Senhor Jesus Cristo, o Qual, tendo descido à terra e sofrendo pela salvação da humanidade, foi glorificado em Sua gloriosa Ressurreição. 
O justo Jó, afligido com a lepra, disse: "Eu sei, que meu Redentor vive e Ele erguerá do pó, no último dia, a minha pele deteriorada; e eu em minha carne verei a Deus. Eu mesmo com meus próprios olhos O verei, e não com os olhos de um outro O vereio. Nesta expectativa , meu coração salta dentro do meu peito!" (Jó 19: 25-27). 
"Conhecei vós, o juízo, no qual só serão justificados os que têm a verdadeira sabedoria - o temor do Senhor e o verdadeiro entendimento - o afastamento do mal" (Jó 28: 28). 
São João Crisóstomo diz: "Não houve infortúnio humano que este homem não passasse. Ele era o mais firme e inflexível, assediado pela súbita tribulação, pela fome, e pela desgraça, e doença, e privado de filhos e perda de riquezas; e depois sofrendo abusos de sua esposa, insultos de seus amigos, reprovação de seus servos, e em tudo ele se mostrou mais sólido que uma pedra, e uma fonte perante a Lei e também da Graça".


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS III

Marcos 16:9-20

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição Tom 2 -Ó Vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o inferno com o fulgor da Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes celestes Te aclamaram dizendo: // Glória a Ti, Ó Cristo nosso Deus e Autor da vida.

Tropárion de José de Arimateia Tom 2 - O nobre José, tendo descido da Cruz o Teu Puríssimo Corpo, / envolveu-o em puro linho e especiarias, e o colocou num sepulcro novo. / Mas Tu ressuscitaste ao terceiro dia, Senhor, // concedendo ao mundo grande misericórdia.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion das Mirróforas Tom 2 - Quando disseste às mirróforas, Rejubilai, / Tu cessaste a lamentação de Eva, a primeira mãe, / pela Tua Ressurreição, ó Cristo Deus. // E Tu ordenaste a Teus Apóstolos que pregassem: // O Senhor ressuscitou do túmulo.

... Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Kondákion de Páscoa Tom 8 - Tendo descido ao túmulo, ó Imortal, / Tu destruíste o poderio do Inferno, / e levantaste-Te como um vencedor, Ó Cristo Deus, / Tu que disseste às mulheres mirróforas: “Rejubilai!”, // que aos Apóstolos dás a paz, e que ressuscitas aqueles que sucumbiram.

Prokímenon Tom 6

R. O Senhor É minha força e meu vigor
Ele foi a minha salvação. (Sl 117:14)

V. O Senhor severamente me castigou,
mas não me entregou à morte. (Sl 117:18)

Atos 6:1-7

Fragmento 16 - Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

O Senhor Se agradou de Sua Terra,
E trouxe de volta os cativos de Jacó. (Salmo 84:1)

A misericórdia e a verdade se encontraram,
A justiça e a paz se beijaram. (Salmo 84:10)

Marcos 15: 43 - 16: 8

Fragmento 69B - Naquela época, chegou José de Arimateia, senador honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José; o qual comprara um lençol fino; e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro. E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham. E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.

Zadostoinik (Hino À Virgem)

Refrão: Um Anjo exclamou A Cheia de graça, / Virgem pura rejubila! / De novo digo, rejubila! / Teu Filho ressuscitou do túmulo ao terceiro dia.

Hirmos: Resplandece, resplandece, ó Nova Jerusalém! / pois a glória do Senhor brilhou sobre ti! / Exulta agora e alegra-te Sião! / E Tu, ó Mãe de Deus toda pura, // rejubila na ressurreição do teu Filho!

No final da Liturgia, em vez de cantar “Vimos a Luz Verdadeira”, o Coro canta o Tropárion da Ressureição “Cristo ressuscitou dos mortos e venceu a morte... (3x);

Também, na Despedida, depois que o Padre diz “Glória a Ti, Ó Cristo...”, entoa-se novamente o Tropárion da Ressurreição por 3x, e em seguida diz-se o “Glória ao Pai...”

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sábado, 18 de maio de 2024

2º Sábado da Páscoa

18 de Maio de 2024 (CC) / 05 de Maio (CE)
Santa Irene de Tessalônica, Grande e Ilustre mártir (séc. I-II) 
Tom 1






«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»



A Santa e grande mártir Irene nasceu na cidade de Magedon, na Pérsia, durante o século I. Era filha do Rei pagão Licínio, e seus pais lhe deram o nome de Penélope. Já em sua juventude Irene aceitou a fé cristã, compreendendo a futilidade da vida pagã. Segundo a tradição, foi batizada pelo apóstolo São Timóteo, discípulo do Apóstolo São Paulo. Desejando dedicar sua vida de forma plena ao Senhor, Irene renunciou ao casamento. Ao conhecer mais profundamente a fé cristã, procurou convencer seus pais para que se convertessem ao cristianismo. O pai de Irene começou, a princípio, a ouvir as suas palavras com benevolência, mas logo ficou indignado com ela e, quando ela se negou a adorar os ídolos, ele a jogou sob as patas dos cavalos selvagens. Sem tocar a mártir, os cavalos se jogaram sobre o pai de Irene e o esmagaram até a morte. Quando, por suas orações, foi trazido de volta à vida, ele, sua família e mais de 3000 pessoas aderiram à fé cristã. 
Depois disso, Santa Irene começou de forma determinada a profetizar sobre Jesus Cristo entre os povos da Macedônia, tendo sido, por causa disso,  submetida a frequentes sofrimentos e humilhações. Por ordem do Governador de Sedeka, Santa Irene foi jogada em um poço com víboras. Retirada com vida, mais tarde, finalmente foi amarrada a uma roda de moinho. Os sofrimentos da santa eram acompanhados por sinais miraculosos, atraindo muitas pessoas à fé em Cristo: As víboras não tocaram Irene; as serras não marcaram seu corpo; a roda de moinho parou de girar. O próprio carrasco, Vavodón, passou a crer em Jesus Cristo e foi batizado. No total, graças à Irene, cerca de 10 mil pagãos tornaram-se cristãos. Quando o Senhor predisse a Irene em que ela morreria, foi para uma caverna no interior de uma montanha perto da cidade de Éfeso, e a seu pedido a entrada foi fechada com pedras. No 4º dia seus conhecidos retornaram à gruta e não encontraram o corpo de Irene. Todos compreenderam que ela foi levada pelo Senhor ao céu. Na antiga Bizâncio a comemoração de Santa Irene era muito reverenciada. Em Constantinopla vários e magníficos templos foram construídos em sua memória.  

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 
Atos 5:21-33

Fragmento 15 - Naquela época, os Apóstolos entraram no templo pela manhã e ensinavam. Chegando, porém o Sumo Sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para trazê-los. Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão; e voltando, lho anunciaram, dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro. E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do que viria a ser isso. Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o povo. Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem. Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.

João 6:14-27

Fragmento 19 - Naquele tempo, as pessoas que viram o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho. Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar; e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles; ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento. Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados. Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais. Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam. No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças); quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus. E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.

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COMENTÁRIOS

“A Participação do Corpo e Sangue de Cristo Nos Santifica”

Quando oferecemos o nosso sacrifício, realizamos aquilo mesmo que nos ordenou o Salvador; assim nos testemunha o apóstolo ao dizer: O Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, pronunciando a ação de graças, o partiu e disse: Isto é meu corpo, que será entregue por vós. Fazei isto em minha memória. Fez o mesmo com o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue, toda vez que o beberdes, fazei isto em minha memória. Por isso, cada vez que comeis deste pão e bebeis deste cálice, proclamais a morte do Senhor até que venha.

Nosso sacrifício, portanto, oferece-se para proclamar a morte do Senhor e para reavivar, com esta comemoração, a memória daquele que por nós entregou a sua própria vida. Foi o próprio Senhor quem disse: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. E porque Cristo morreu por nosso amor, quando fazemos memória de sua morte em nosso sacrifício pedimos que venha o Espírito Santo e nos comunique o amor; suplicamos fervorosamente que aquele mesmo amor que levou Cristo a deixar-se crucificar por nós seja infundido pelo Espírito Santo em nossos próprios corações, com o objetivo de que consideremos ao mundo como crucificado para nós, e nós saibamos viver crucificados para o mundo; assim, imitando a morte de nosso Senhor, como Cristo morreu ao pecado de uma vez para sempre, e seu viver é um viver para Deus, também nós andemos em uma vida nova, e, cheios de caridade, mortos para o pecado, vivamos para Deus.

O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, e a participação do corpo e sangue de Cristo, quando comemos o pão e bebemos o cálice, no-lo recorda, insinuando-nos, com isso, que também nós devemos morrer ao mundo e ter nossa vida escondida com a de Cristo em Deus, crucificando nossa carne com seus pecados e concupiscências.

Devemos dizer, portanto, que todos os fiéis que amam a Deus e ao seu próximo, ainda que não cheguem a beber o cálice de uma morte corporal, devem beber, contudo, o cálice do amor do Senhor, embriagados com o qual mortificarão seus membros na terra e, revestidos de Nosso Senhor Jesus Cristo, já não se entregarão aos desejos e prazeres da carne nem viverão dedicados aos bens visíveis, mas aos invisíveis. Deste modo, beberão o cálice do Senhor e alimentarão com ele a caridade, sem a qual, ainda que exista quem entregue seu próprio corpo às chamas, de nada lhe aproveitará. Mas, quando possuímos o dom desta caridade, chegamos a converter-nos realmente naquilo mesmo que sacramentalmente celebramos em nosso sacrifício.

São Fulgêncio de Ruspe (séc. VI)

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“Para Nós o Pão É o Verbo De Deus”

Nós, para quem o Verbo se fez carne ao final do século e na tarde do mundo, dizemos que o Senhor pode ser reconhecido na carne que assumiu da Virgem. De fato, esta carne do Verbo de Deus não é comida nem pela manhã, nem ao meio-dia, mas pela tarde. A chegada do Senhor na carne teve lugar pela tarde, como disse João: Meus filhos, é a última hora.

Pela manhã vos saciareis de pães. Para nós o pão é o Verbo de Deus. Ele é o pão vivo que desceu do céu e dá vida a este mundo. E quanto ao que diz – que este pão é dado pela manhã, ainda que sua vinda na carne, como já dissemos, teve lugar na tarde – penso que há de ser entendido deste modo: certamente, o Senhor veio à tarde de um mundo que já declinava e que estava próximo do fim de sua carreira, porém a sua chegada, visto que ele é o Sol de justiça, criou para os crentes um novo dia. Porque ele acendeu para o mundo a nova luz do conhecimento, porque de alguma forma pela manhã ele criou o seu próprio dia e como Sol de justiça produziu a sua própria manhã, e nesta manhã se saciarão de pão aqueles que cumprem os seus mandamentos. Não te espantes de que o Verbo de Deus seja chamado também carne e pão, leite e até mesmo legumes, e que seja chamado com diversos nomes segundo a capacidade dos crentes ou a possibilidade daqueles que o recebem.

Apesar disso, é possível outra interpretação: após sua ressurreição que, como já demonstramos, ocorreu pela manhã, saciou aos crentes de pães, porque nos deu os livros da lei e dos profetas antes ignorados e desconhecidos, e para o nosso ensinamento deu estas Escrituras para a Igreja, para ser ele mesmo pão no Evangelho. Porém, os livros da lei ou dos profetas ou os históricos são chamados pães, dos quais se saciam os crentes que procedem das nações. Nós mantemos que isto não ocorreu sem a autoridade profética. Já o tinha previsto Isaías deste modo: Subirão para a montanha, beberão vinho, se ungirão com unguento. Transmite tudo isso às nações, pois é o desígnio do Senhor todo-poderoso.

Por isso recebemos convenientemente carne pela tarde e pela manhã nos saciamos de pães, porque não era possível para nós comer carne pela manhã, porque ainda não tinha chegado o tempo, nem tampouco podíamos ao meio-dia. A duras penas os anjos comem carne ao meio-dia, e talvez ao tempo do meio-dia realmente lhe seja permitido esta regra.

Também podemos entendê-lo de outro modo: Para cada um de nós a manhã e o início do dia é o tempo em que somos iluminados pela primeira vez e chegamos à luz da fé. Neste tempo, quando ainda estamos no princípio, não podemos comer a carne do Verbo, isto é, ainda não somos capazes de uma perfeita e consumada doutrina. Mas após longos exercícios, depois de um grande progresso, quando já estamos próximos da tarde e quase tocamos o próprio fim da perfeição, então podemos ser capazes de um alimento mais sólido e perfeito. Portanto, agora corramos para receber o maná celestial; este maná, sabe, na boca de cada um, ao que ele quer.

Escuta ao Senhor que diz aos que se aproximam dele: Que te aconteça segundo a tua fé. Portanto, se recebes a Palavra de Deus, que é pregada na Igreja, com grande fé e perfeita devoção, esta mesma Palavra se converterá para ti naquilo que desejas.

Orígenes (séc. III)

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“Fome de Ouvir a Palavra Do Senhor”

Eis que chegarão dias – oráculo do Senhor – em que enviarei fome ao país; não fome de pão nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor. Percebes que tipo de fome é a que atormenta aos pecadores? Percebes qual é a fome que se abaterá sobre o país? O homem terreno aspira às coisas terrenas e não é capaz de perceber o que é próprio do Espírito de Deus; padece fome da Palavra de Deus, não escuta os preceitos da lei, desconhece a correção dos profetas, ignora os consolos apostólicos, não reage à medicação do Evangelho.

Mas, para os justos e para aqueles que meditam a sua lei dia e noite, a sabedoria colocou a sua mesa, matou as suas rezes, misturou seu vinho na taça e o anuncia aos brados, não para que todos acorram, não para que venham a seu banquete os abastados, os ricos ou os sábios deste mundo, mas para que venham – se existem – os simples, ou seja, se existe algum que seja humilde de coração, que em outro lugar são denominados “pobres em espírito”, porém ricos na fé: Estes sim, estes que acorram ao banquete da sabedoria e, saciados de seus manjares, expulsem a fome que se abate sobre o país. E tu, cuidado, para que não te tomem por um egípcio e morras de fome; não aconteça que, concentrado nos negócios deste mundo, te apartes dos manjares da sabedoria que diariamente se oferecem nas igrejas de Deus.

Porque se te fazes de surdo ao que se lê ou se comenta na igreja, é inevitável que padeças fome da Palavra de Deus. Porém, se descendes da estirpe de Abraão e conservas a nobreza da raça de Israel, a lei continuamente te alimenta, te nutrem os profetas e até os apóstolos te oferecerão opulentos banquetes. Os próprios evangelhos te convidarão a sentar-te com Abraão, Isaac e Jacó no reino do Pai, para que ali comas da árvore da vida e bebas o vinho da vide verdadeira, o vinho novo, em companhia de Cristo no reino de seu Pai. Pois destes manjares não podem jejuar nem padecer fome os amigos do noivo, enquanto o noivo está com eles.
Orígenes (séc. III)

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sexta-feira, 17 de maio de 2024

2ª Sexta-feira da Páscoa

 


17 de Maio de 2024 (CC) / 04 de Maio (CE)
Santa Pelágia de Tarso, virgem e mártir (c. † 287)
Jejum (Peixe é permitido)
Tom 4




«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»

 

Santa Pelágia nasceu em Tarso (Ásia Menor). Seus pais eram pagãos e muito conhecidos. Destacava-se por sua rara beleza e por sua brilhante educação. 
O Imperador Diocleciano (284-305) tinha intenção de casar Pelágia com seu futuro herdeiro, um filho adotivo. No entanto, Pelágia pretendia entregar sua vida totalmente a Deus e, por isso,  se negou-se  a casar com herdeiro do Imperador. Decidiu então se batizar e tinha a intenção de converter sua mãe que, não concordando com a filha, decidiu entregá-la ao noivo rejeitado. O noivo sabendo que sua noiva não abandonaria sua fé em Cristo e que por causa disso, inevitavelmente, seria torturada como os demais cristãos, caiu em uma profunda tristeza e se suicidou. 
Tal fato enfureceu ainda mais sua mãe que decidiu então entregar sua filha ao Imperador Diocleciano para ser julgada. O Imperador, ao ver Pelágia, encantou-se com sua beleza e quis casar-se com ela. Pelágia, no entanto, recusou mais uma vez, justificando que seu único noivo era Jesus Cristo e por Ele estava disposta a morrer. Diocleciano ordenou que ela fosse então torturada e, depois de sofrer grandes tormentos, entregou seu espírito ao Senhor no ano de 287.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 
Atos 5:1-11

Fragmento 13 – Naqueles dias, certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto. Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram. Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, sabendo o que havia acontecido. E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti. Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.  Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.

João 5:30-6:2

Fragmento 17 - Disse o Senhor aos Judeus que vieram até Ele: Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade; eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz. Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou. E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida! Eu não recebo glória da parte dos homens; mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis. Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras? Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.

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