quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

30ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

31 de Dezembro de 2014 (CC) 18 de Dezembro (CE)
São Sebastião e seus companheiros, mártires († 288)
Jejum da Natividade
4º Modo


Nasceu em Milão, na Itália, entre os anos 250 e 256. De família distinta, foi agraciado pelo imperador Carinos com a nomeação para um cargo militar. Posteriormente, Diocleciano o promoveu à guarda pretoriana. Possuía um coração generoso e, em seu posto, foi frequentemente protetor dos pobres e de cristãos em geral, ajudando também a suprir as necessidades da Igreja de Roma. Por causa disso, o Papa Gaio de Roma (283-296) o nomeou defensor da igreja. 
Ao ter início as perseguições aos cristãos, foram presos um grupo de crentes.  Ao saber do disso, Sebastião foi até eles para apoiá-los espiritualmente e, no momento em que eram julgados e condenados à morte, para surpresa de todos, Sebastião declarou sua fé em Cristo. Diocleciano, então, o condenou à morte. E logo começaram a torturá-lo, golpeando com lanças o seu peito. Seu corpo, que já consideravam sem vida, foi recebido por Luciana que, notando que ainda respirava, depois de tratar cuidadosamente de suas feridas, recuperou a saúde. Ciente do restabelecimento de Sebastião, o imperador Diocleciano ordenou sua prisão, tendo lá sido açoitado até a morte.


LITURGIA

Hebreus 10:1-18 

Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho(No princípio do livro está escrito de mim),Para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).

Marcos 10:11-16 

E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra, adultera contra ela. E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultera. E traziam-lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele. E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

30ª Terça-feira Depois de Pentecostes

30 de Dezembro de 2014 (CC) 17 de Dezembro (CE)
29º Domingo Depois de Pentecostes
Vésperas da Pré-Natividade
Ss. Profeta Daniel; 3 Jovens Ananias, Azarias e Misael († séc. a.C. VI) 
e  Dionísio de Zante, Confessor.
Jejum da Natividade (Peixe, Azeite e Vinho é permitidos)
4º Modo



Daniel, Ananias, Azarias e Mizael eram da tribo real de Judá. 
Quando Nabucodonosor destruiu e saqueou Jerusalém, Daniel, ainda menino, foi levado como escravo em conjunto com o rei judeu Jehoiachim e inúmeros outros israelitas. O relato de sua vida,  sofrimentos e profecias podem ser encontrados em detalhes em seu livro. Totalmente dedicado a Deus, São Daniel, já em sua juventude, recebera de Deus o dom de possuir grande discernimento. Sua fama entre os judeus na Babilônia começou quando ele denunciou dois anciãos lascivos e injustos juízes judeus, e salvou a casta Susana de uma morte injusta. Mas sua fama entre os babilônios começara a partir do dia em que decifrou e interpretou o sonho do rei Nabucodonosor. Por isso, o rei fizera dele um príncipe em sua corte. 
Quando o rei estabeleceu um ídolo de ouro na planície de Dura, os três jovens  (Ananias, Azarias e Mizael) se recusaram a adorá-lo, e por isso  foram lançados em uma fornalha ardente. Mas um anjo de Deus apareceu no forno e arrefeceu o fogo para que as crianças caminhassem ao redor do forno ilesos, cantando: 
"Bendito És Tu, Senhor, Deus de nossos pais (Daniel 3:26). 
O rei vira esse milagre e ficara impressionado. Ele, então, trouxe as crianças para fora do forno e concedeu-lhes grandes honras. 
No tempo do rei Belsazar, quando o rei estava comendo e bebendo com seus convidados em um banquete de vasos consagrados retirado do Templo de Jerusalém, uma mão invisível escreveu três palavras na parede: 
"Mene, Tekel, UFARSlM" (Daniel 5: 25-28). 
Ninguém fora capaz de interpretar essas palavras, exceto Daniel. Naquela noite, o rei Belsazar morreu. Daniel foi duas vezes jogado na cova dos leões por causa de sua fé no único Deus vivo, e ambas as vezes o Senhor o salvou e ele permaneceu vivo. 
Daniel viu a Deus em um trono com as hostes celestiais; viu anjos; discerniu o futuro de certas pessoas, dos reinos, e de toda a raça humana; e profetizou o tempo da vinda do Salvador na Terra. De acordo com a São Cirilo de Alexandria, Daniel e os três Jovens viveram até a velhice na Babilônia e foram decapitados por causa da verdadeira fé. 
Quando Ananias fora decapitado, Azarias estendeu seu manto e pegou sua cabeça; após isso, Misael pegou a cabeça de Azarias e Daniel pegou a cabeça de Misael. Um anjo de Deus, trouxera seus corpos para a Judéia, para o Monte Gebal, e os colocara sob uma rocha. Segundo a Tradição, estes quatro, por terem sido agradáveis a Deus, ressuscitaram por ocasião da morte de Cristo, o Senhor, apareceram a muitos e, novamente, adormeceram. 
Daniel é contado entre os quatro grandes profetas (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel). Ele viveu e profetizou por volta do ano 500 antes de Cristo.


LITURGIA

Hebreus 9:8-10, 15- 23 

Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo, que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço; consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção. E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive? Por isso também o primeiro não foi consagrado sem sangue; porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo, dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado. E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.

Marcos 10:2-12 

E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: É lícito ao homem repudiar sua mulher? Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés? E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. E em casa tornaram os discípulos a interrogá-lo acerca disto mesmo. E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra, adultera contra ela. E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultera.



REFLEXÃO


30ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

29 de Dezembro de 2014 (CC) 16 de Dezembro (CE)
29º Domingo Depois de Pentecostes
Ss. Profeta Ageu († 516 a.C), Modesto do Patriarca de Jerusalém; 
Marinos e Monja Sofia, também chamada de Solomonia
Jejum da Natividade
4º Modo




O Santo Profeta Ageu profetizava em Judá, na época do rei persa Dario I (522-486 a. C). Naquele tempo, sob a liderança de Zorobabel, os judeus retornaram do cativeiro da Babilônia para Judá. O sumo sacerdote se chamava Josué. Dois anos depois do regresso, os judeus começaram a construir  em Jerusalém um Templo no mesmo lugar em que, antes, se encontrava o antigo Templo de Salomão, destruído. Por causa de um desacordo com os samaritanos e outros opositores, a construção do templo foi interrompida por 15 anos até que o rei Dario ordenasse  a retomada a obra. O povo era pobre, mas desejava que o novo templo não fosse menos magnífico que o de Salomão, destruído por Nabucodonosor, e isso era um grande incentivo aos construtores. Como estímulo para que a obra fosse concluída, Deus enviou o profeta Ageu, cujo ofício profético durou cerca de um ano. Ageu buscava convencer o povo a construir o templo dizendo: «Semeais muito e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.  Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o SENHOR.  Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa.  Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos. (Ag 1,6-10) E, em outra parte: «Segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, o meu Espírito permanece no meio de vós; não temais. Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca;  E farei tremer todas as nações, e virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o SENHOR dos Exércitos. Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o SENHOR dos Exércitos.  A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos (Ag 2,5-9). O livro de Ageu contem 3 capítulos que compreendem quatro discursos dirigidos ao povo  para encaminhar a construção.


LITURGIA


Hebreus 8:7-13 

Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda.
Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, Em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança,
Não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito;Como não permaneceram naquela minha aliança,Eu para eles não atentei, diz o Senhor.
Porque esta é a aliança que depois daqueles diasFarei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo;
E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior.
Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais.
Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar.

Marcos 9:42-50

E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar.
E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga,
Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga,
Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno,
Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal.
Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.


Domingo dos Ancestrais do Senhor

28 de Dezembro de 2014 (CC) 15 de Dezembro (CE)
29º Domingo Depois de Pentecostes
Ss. Hieromártir Eleutério, Bispo de Ilíria († c. 130 - Doxología); 
Ermitão Paulo de Letreia, Confessor Estêvão, Arcebispo de Surozh
Jejum da Natividade (Peixe, Azeite e Vinho é permitidos)
4º Modo




As duas Festas, do nascimento e do batismo de Cristo são intimamente ligadas entre si, na realidade, compreendendo uma única e indivisível observância. O Ano Litúrgico, consequentemente, contem dois pólos: o primeiro é a Páscoa; o segundo, o Natal e a Teofania.

Antes do Natal, assim como antes da Páscoa, há um demorado e elaborado período de preparação (pré-festa). O Natal é precedido por um jejum correspondente a Quaresma e com duração de quarenta dias. No domingo imediatamente anterior a 25 de dezembro, há uma especial comemoração, com ênfase na ligação entre a Antiga Aliança e a Nova. O segundo Domingo antes do Natal – o Domingo dos Antepassados do Senhor – traz a memória dos antepassados de Cristo segundo a carne, os que estavam antes ou os que estavam sob a Lei. O Domingo que se segue tem uma dimensão ainda mais ampla, comemorando todos os justos, homens e mulheres, que louvaram a Deus desde o início do tempo: dos dias de Adão, o primeiro homem, até José, o noivo da Mãe de Deus. Com o Natal aproximando-se desse modo, o fiel fica preparado para ver a Encarnação, não como uma abrupta e irracional intervenção do divino, mas como o auge de um longo processo que se estende por milhares de anos. Era a intenção original dos tradutores incluir os ofícios desses dois Domingos no presente volume, para que eles constituíssem um maravilhoso sumário da historia do Povo de Deus: infelizmente razões de espaço tornaram isso impossível.

O período preparatório para a festa do Natal começa em 20 de Dezembro, e deste ponto em diante muitos dos textos são diretamente relacionados com o Natal. Mais uma vez, considerações de espaço fizeram com que fossem omitidos todos os ofícios dos dias do período preparatório, com exceção dos ofícios do dia logo anterior. Na Véspera de Natal - conhecida pelo nome especial de paramoni ( grego: paramonh; Eslavão: navechéríe) – o ofício toma uma forma especial. Os ofícios das Horas são mais longo do que de costume e são chamados de ‘A Grande Hora’ ou ‘Real Hora’, pois, no período Bizantino, eram assistidos pelo imperador e sua corte. Em seguida às Horas vem a Grande Véspera e a Liturgia de São Basílio.

LITURGIA


Tropárion da Ressurreição
Ouvindo do Anjo o alegre anúncio da Ressurreição, 
que da antiga condenação nos libertou, 
as discípulas do Senhor, disseram envaidecidas aos apóstolos: 
«A morte foi vencida, e o Cristo Deus ressuscitou 
dando ao mundo a grande misericórdia.»

Kondáquion da Ressurreição
O Salvador e Redentor meu, sendo Deus, 
rompeu as portas do Hades, 
libertando de suas cadeias os habitantes da terra, 
e, sendo Soberano, ressuscitou ao terceiro dia. 

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos
E nossa medianeira ante o Criador,
Não desprezes a súplicas de nós, pecadores,
Mas, apressa-te a auxiliarnos como Mãe bondosa que és,
Pois, te invocamos com fé:
Roga por nós, junto de Deus,
Tu que defendes sempre àqueles que te veneram.
Tropárion de São Mateus
Santo Apóstolo Mateus interceda/ Junto ao Bondoso Deus/ Que Ele nos conceda o perdão/ E às nossas almas salvação.

Troparion da Festa Modo IV
Pela fé justificaste os Antepassados
e por eles desposaste a Igreja que é dos gentios.
Os santos se ufanam da glória,
porque da sua semente nasceu o fruto glorioso
o que te gerou sem semente.
Pelas suas orações, ó Cristo Deus,
salva as nossas almas!

Tropário de Santo Eleutério Modo 5
Adornado com o manto sacerdotal
tingido com rios de sangue,
ó sábio e bendito Eleutério,
preciosidade de Cristo, teu Mestre,
ó triunfador de Satanás:
Roga incessantemente por aqueles que fielmente honram tua trajetória.

Troparion de Santo Estêvão de Sourozh - Modo 4
Morador solitário com os anfitriõesIncorpóreos
tu fizeste da cruz a tua arma 
para manter-se firme contra os iconoclastas e macedônios;
que não veneravam o Ícone de Cristo, nosso Deus;
tu destruíste todas as heresias perversas.
E, como quem recebe a coroa do martírio
tu os livraste a tua cidade, Sourozh, de todos os inimigos.
Por isto nós te suplicamos, ó Estêvão, 
para que sejamos libertos das tentações 
e dos tormentos eternos.

Troparion doVenerável Paulo Modo 4
Ó mui glorioso Paulo, nós Te louvamos
como aquele que habita junto aos anfitriões incorpóreos
e como companheiro de todos os que são veneráveis:
Por isto nós te pedimos: Nunca cesses de orar nós, 
a fim de que possamos encontrar misericórdia.


Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Kondákion da Festa Modo IV
Ó três vezes bem-aventurados,
não adoraste ídolo feito pela mão do homem,
mas, escudando-vos na essência indescritível
permaneceste de pé no meio de um fogo insuportável
e clamastes a Deus dizendo: 
«Vem ó Compassivo, apressa-te em nos auxiliar, 
Tu que és bondoso podes tudo o que queres!»

Theotokion
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Teus méritos são glorificados acima de toda a razão, ó Mãe de Deus,
Na pureza selada, preservaste a tua virgindade,
verdadeiramente mãe, és reconhecida
que deste à luz o verdadeiro Deus
roga a Ele que salve as nossas almas!.


Prokímenon

Quão magníficas são as Tuas obras, Senhor,
fizeste com sabedoria todas as coisas. (Sl 103:24) 

Bendize ó minha alma o Senhor
Senhor, como Tu És grandioso. (Sl 103:1)


EPÍSTOLA  (COLOSSENSES 3:4-11 )

Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Cinge a tua espada, com majestade e esplendor,
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 


Aleluia, aleluia, aleluia!
Amaste a justiça e detestaste a iniquidade,

por isso Deus te ungiu com o óleo da alegria.


Aleluia, aleluia, aleluia!

EVANGELHO (LUCAS 14:16-24)


Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.


HOMILIA


«A Parábola das Bodas»


Nesta parábola, Cristo trata da transferência do Reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no Reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.

«O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu. Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt. 22:2-14).

No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.

O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.


Bispo Alexander (Mileant)




sábado, 27 de dezembro de 2014

29º Sábado Depois de Pentecostes

27 de Dezembro de 2014 (CC) 14 de Dezembro (CE)
Ss. Tirso, Léucio, Kalinico, Apolônio, Ariano e Filêmon, mártires († séc. III)
Jejum da Natividade
(Peixe, azeite e vinho permitidos)


Estes santos mártires viveram no século III e eram naturais de Bithynia na Capadócia. Todos de famílias distintas, eram humildes servidores do Senhor «na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido» (II Cor. 6,6). Eles se afastaram da agitação, o que não foi suficiente para se ocultarem da fama de homens muito caridosos, o que os tornou conhecidos. O prefeito Kombrikios, um fanático idólatra, percebendo que se tornavam cada vez mais conhecidos e procurados, de muitas formas tentou pôr limites ao trabalho que realizavam, o que levou Léucio ir conversar com ele e solicitar sua benevolência para com eles. Após lhe ter ouvido, Kombrikios o condenou a morte, e na manhã do dia seguinte Léucio foi decapitado do lado de fora da cidade. Tal acontecimento entristeceu os cristãos, porém aumentou o fervor dos seguidores de Cristo. Depois de dois dias, outro cristão chamado Tirso, foi à presença do prefeito e, destemidamente lhe admoestou: «a idolatria é um erro e Cristo será, finalmente, vencedor». Estas e outras palavras sábias proferidas por Tirso foram ouvidas por um sacerdote idólatra de nome Calinico que, depois, se converteu ao cristianismo após ter iluminada sua alma. O prefeito ordenou que ambos fossem decapitados.


LITURGIA


Efésios 2:11-13 

Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.

Lucas 14:1-11

Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando. E eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico. E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei, e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no sábado? Eles, porém, calaram-se. E, tomando-o, o curou e despediu. E respondendo-lhes disse: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo? E nada lhe podiam replicar sobre isto. E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes:
Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.



REFLEXÃO

São Doroteu de Gaza (séc. VI)

Existem duas classes de humildade, assim como existem duas classes de orgulho: a primeira classe de orgulho consiste em desprezar ao seu irmão, não o levando em consideração, como se não fosse nada, e em crer-se superior a ele. Se não tratamos imediatamente de vigiar-nos com rigor, cairemos pouco a pouco na segunda espécie que consiste em exaltar-se diante do próprio Deus e atribuir suas boas obras a si mesmo e não a Deus... Devemos lutar contra a primeira classe de orgulho, para não cair lentamente no orgulho total.

Existe também um orgulho mundano e um orgulho monástico. O mundano consiste em crer-se mais do que seu irmão por ser mais rico, mais belo, melhor vestido ou mais nobre do que ele. Quando percebemos que nos gloriamos nestas coisas, ou que nosso monastério seja maior ou mais rico ou mais numeroso, saibamos que ainda estamos no orgulho mundano. O mesmo acontece quando nos vangloriamos de qualidades naturais, por exemplo: ter uma bela voz ou salmodiar bem, ou ser hábil ou de trabalhar e servir corretamente. Estes motivos são mais elevados que os primeiros, embora ainda se trate de orgulho mundano.

O orgulho monástico consiste em gloriar-se de suas vigílias, de seus jejuns, de sua piedade, de suas observações, de seu zelo, assim como em humilhar-se por vaidade. Tudo isso é orgulho monástico. Se não podemos evitar de orgulhar-nos, convém que este orgulho recaia sobre coisas monásticas e não mundanas. Explicamos, então, qual é a primeira espécie de orgulho e qual a segunda; também temos definido o orgulho mundano e o orgulho monástico. Mostremos agora quais são as espécies de humildade.

A primeira consiste em considerar ao seu irmão como mais inteligente que a si mesmo e superior em tudo; a saber, como dizia um santo: “Colocar-se abaixo de todos”.

A segunda espécie de humildade consiste em atribuir a Deus as boas obras. Essa é a perfeita humildade dos santos. Ela nasce naturalmente na alma como consequência da prática dos mandamentos. De fato, olhemos, irmãos, às árvores carregadas de frutos: São os frutos que fazem curvar e baixar os galhos. Ao contrário, o galho que não tem frutos se ergue no espaço e cresce direito. Inclusive há certas árvores cujos galhos não dão frutos enquanto se mantêm erguidos para o céu, porém, se lhes coloca uma pedra para orientá-los para baixo, então dão fruto. O mesmo acontece com a alma: quando se humilha dá fruto, e quanto mais produz, mais se humilha. Porque quanto mais se aproxima de Deus, mais pecadora se vê.

ORAÇÃO

Ó Senhor e Mestre da minha vida, afasta de mim o espírito de preguiça, o espírito de desânimo, o desejo de poder e a vâ loquacidade.
Mas concede a mim, Teu servo, o espírito da castidade, da humildade, da paciência e do amor.
Sim, Senhor e Rei, concede-me que eu veja as minhas faltas e não julgue meus irmãos. Pois tu és bendito pelos séculos dos séculos.
Amém.

Santo Efrem, o Sírio


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

29ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

26 de Dezembro de 2014 (CC) 13 de Dezembro (CE)
Ss. Eustrácio, Auxêncio, Eugênio, 
Mardário e Orestes, mártires († início do séc. IV).
S. Virgem Lúcia dda Sicília
Jejum da Natividade
(Vinho e azeite são permitidos)



Estes mártires viveram na época em que as perseguições aos cristãos, impetradas pelo imperador  Diocleciano, eram freqüentes. Eustrácio, um oficial superior, foi aprisionado pelo Duque de Lysia que, após torturá-lo cruelmente, o enviou ao prefeito Agricola, conhecido por sua crueldade aos cristãos. Este, por sua vêz, submeteu Eustrácio a novas formas de torturas, ordenando depois que se fossem calçados em seus pé sapatos de ferro com lâminas afiadas, obrigando-o a caminhar. Por fim, ainda vivo, foi jogado ao fogo. Auxêncio era sacerdote, conterrâneo de Eustrácio. O monarca tentou, com muitas promessas, persuadí-lo a renegar a fé cristã. O digno sacerdote de Cristo, porém, contestou: «Não é necessário que eu lhe diga muitas palavras, caro Lysia. Nesta vida sou de Cristo e o serei até a morte. E, nem com inumeráveis castigos e feridas, nem com fogo  ou ferro, conseguirás me fazer mudar minha fé porque Cristo é onipotente e sua cruz invencível» – isto é, o homem Auxêncio pode ser frágil, mas o cristão Auxêncio e sua fé são indestrutíveis. O monarca, muito irritado com a resposta de Auxêncio, ordenou que fosse decapitado. Mardário, após ter sido perfurado no tornozelo, foi pendurado de cabeça para baixo e depois queimado. O oficial Eugênio, após ter sua língua e mãos cortadas, quebraram-lhe as pernas e faleceu. O soldado Orestes foi queimado sobre uma pilha de madeira. Que Deus os tenha em seus braços, estes santos mártires e confessores, exemplos de fé.

LITURGIA


Hebreus 7:18-25

Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus. E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque, de tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Marcos 9:33-41

E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior. E ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. E, lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou. E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós, é por nós. Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão.


REFLEXÃO



São Máximo de Turim (séc. V)

“Pela Humildade se Chega ao Reino; Pela Simplicidade se Entra no Céu”

Se escutastes com atenção a leitura evangélica podereis compreender o respeito que se deve aos ministros e sacerdotes de Deus e a humildade com que os próprios clérigos devem prevenir-se uns aos outros. De fato, tendo os seus discípulos perguntado ao Senhor quem deles seria o maior no Reino dos Céus, aproximando a uma criança, a colocou no meio deles e lhes disse: Aquele que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos Céus. De onde deduzimos que pela humildade se chega ao reino, pela simplicidade se entra no céu.

Portanto, quem deseje escalar o cume da divindade empenhe-se por alcançar os abismos da humildade; quem deseje preceder ao seu irmão no reino deve antes antecipar-se no amor, como diz o apóstolo: Estimando aos demais mais do que a si mesmo. Supere-se na afabilidade, para poder vencer-lhe em santidade. Pois se o irmão não te ofendeu é credor ao dom de teu amor; e se talvez tiver te ofendido, é ainda mais credor a dádiva de tua superação. Esta é realmente a quintessência do cristianismo: devolver amor por amor e responder com a paciência a quem nos ofende.


Assim, quem for mais paciente em suportar as injúrias, mais potente será no reino. Porque ao império dos céus não se chega mediante um brilhante título abonado pela faustuosidade das riquezas, mas mediante a humildade, a pobreza, a mansidão. Quão estreita é a porta e quão apertado o caminho que conduz à vida! Em consequência, quem estiver rompante de honras e carregado de ouro, qual jumento sobrecarregado, não conseguirá passar pelo apertado caminho do reino. E no preciso momento em que acreditar ter chegado à porta estreita, ao não dar espaço a sua carga, lhe impedirá de entrar e lhe obrigará a retroceder. A porta do céu é para o rico tão apertada como estreita é ao camelo o furo de uma agulha. É mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus.



ORAÇÃO

Meu coração não é, soberbo, ó meu Senhor, nem traz no meu olhar arrogância ou altivez qualquer! Coisas demais não procuro que sejam grandiosas nem maravilhosas demais pra mim. Mas em sossego fiz calar, minh' alma, como uma uma criança desmamada que descansa no colo de sua mãe eu fiz calar a minha alma em mim.
Salmo 130(131)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

29ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

25 de Dezembro de 2014 (CC) 12 de Dezembro (CE)
Ss. Espiridião, bispo de Trimitus, em Chipre, taumaturgo († c. 348) e Hermas, do Alaska. 
Sem Jejum



Santo Espiridião é muito amado na Igreja Ortodoxa. Em sua vida se recapitulam todos os ensinamentos do Evangelho. O pastor de ovelhas se converte em pastor de almas, confirma a fé ortodoxa e vence a impiedade dos hereges. Se por um lado não possuía tesouros terrenos, por outro, era imensamente rico em tesouros celestiais, pois quem se humilha será imensamente exaltado. «Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens». (1Cor 1,25). Suas santas relíquias são veneradas na ilha grega de Kerkira e permanecem incorruptas até os dias de hoje. Chipre foi o lugar de seu nascimento e o lugar onde passou sua vida a serviço da Igreja. Veio de uma família de agricultores e permaneceu simples e humilde até o final de sua vida. Casou-se jovem e teve uma filha, porém, ao ficar viúvo, dedicou-se inteiramente ao serviço de Deus. Como conseqüência de sua fé, de seu amor a Jesus e do seu respeito à Igreja, foi escolhido como bispo de Tremitunte, no Chipre. Mesmo bispo, não mudou seu simples estilo de vida. Preocupava-se muito com os pobres o os ajudava. 
O Senhor lhe deu a graça de operar grandes milagres. Pelo poder de Deus fez chover após uma grande seca, trouxe de volta à vida alguns que haviam morrido, e curou o imperador Constantino de uma grave doença. Via e ouvia os santos anjos, antevia o futuro e lia os segredos dos corações dos homens. Converteu muitos à verdadeira fé, entre outros milagres. Esteve presente no Primeiro Concilio Ecumênico celebrado em Nicéia em 325. Diante de suas claras e  simples exposições sobre a fé e dos milagres que operou, muitos hereges regressaram à ortodoxia. Glorificou o Senhor através dos milagres e foi de grande ajuda para o povo e a Igreja. Descansou no Senhor no ano de 350. Suas relíquias, que operaram maravilhas, repousam na ilha de Kerkira, onde continuam glorificando a Deus pelos seus milagres. 
TROPÁRIO: Revelado como triunfador  do Primeiro Concilio Ecumênico, São Espiridião, o milagroso, portador de Deus. Por tua voz, chamaste  do túmulo uma mulher que havia morrido, transformaste em ouro uma serpente e, ao som de tuas orações, os anjos associaram-se ao teu culto, oh santo pai. Glória  Àquele que te glorificou. Glória Àquele que te coroou. Glória Àquele que por ti  nos concede o dom da cura de nossas almas!


LITURGIA


Hebreus 7:1-6 

Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas.

Marcos 9:10-16

E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dentre os mortos. E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as coisas restaurará; e, como está escrito do Filho do homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado. Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito. E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas que disputavam com eles. E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada e, correndo para ele, o saudaram. E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles?



REFLEXÃO

Os textos de hoje se revelam de difícil compreensão para o leitor que não está familiarizado com a teologia e a cultura oriental, que, principalmente à época dos Profetas e de Cristo, exerce uma maneira de raciocinar, muito distinta da cultura ocidental hodierna. O pensamento oriental, ao contrário do nosso, é simbólico e não analítico; cíclico e não-linear; místico e não-científico; contemplativo e litúrgico, e não pragmático.

Desconhecendo o caráter e a tradição do pensamento hebreu, surgiu no Brasil, por meio do Espiritismo Kardecista, a ideia de que João Batista seria a reencarnação do profeta Elias.

Ora, fora profetizado pelo Arcanjo Gabriel a Zacarias, que o menino João, seria "cheio do Espírito Santo desde o ventre materno e que iria adiante dele no espírito e virtude de Elias"; ou seja, o Espírito Santo iria atuar em João, da mesma forma como atuou em Elias; por isto o Senhor disse que Elias viria primeiro.

O fato do “espírito de Elias estar” em alguém já se deu em tempos anteriores a João Batista. Diz a Escritura acerca de Eliseu:
“Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O ESPÍRITO DE ELIAS REPOUSA SOBRE ELISEU. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra” (2 Reis 2:15).
Ora se a fala do Arcanjo de que o espírito de Elias estaria em João sugere uma “reencarnação”, a expressão  “o espírito de Elias repousa sobre Eliseu” também deve ser entendida neste sentido, o que se mostra um absurdo, porque, como poderia Eliseu ser a reencarnação de Elias, se ambos foram contemporâneos e amigos?

Portanto, a expressão “espírito de Elias” não dever ser entendida como se referindo à pessoa de Elias, mas, sim ao Espírito Santo que estava em Elias.

Elias prefigurava João Batista, assim como o Rei Davi, prefigurava o Cristo. Este tipo de raciocínio é peculiar aos Apóstolos, e disto temos o exemplo de São Pedro, no Pentecostes, quando interpreta para o povo a profecia de que Davi ressuscitaria, mostrando que não se tratava propriamente de Davi, mas, do Cristo, seu descendente e do qual Davi era ícone (Atos 2:29-31).


Pe. Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

"Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da Tua Lei".

Salmo 118(119):18





quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

29ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

24 de Dezembro de 2014 (CC) 11 de Dezembro (CE)
Ss. Daniel e Lucas, Estilitas, monges († 493); Venerável Nikon el escondido de Pechersk
Jejum da Natividade
Modo 3 


Depois de São Simeão, primeiro e maior de todos os estilitas, o mais famoso dentre eles é São Daniel. São Daniel nasceu na aldeia de Bythar, perto da cidade de Samósata, na Mesopotâmia. Sua mãe, Marta, não teve filhos por um longo tempo e, em suas orações, fez a Deus um voto que, se tivesse um filho, iria dedicá-lo ao Senhor. Suas preces foram ouvidas e Marta deu à luz um menino, que permaneceu sem nome até a idade de 5 anos. Os pais do desejado menino consideraram que, uma vez que seu nascimento foi dádiva de Deus, também seu nome deveria ser indicação Daquele que os concedeu tal graça. Certo dia, foram com o filho a um monastério situado nas proximidades e, aproximando-se do Hegúmeno (abade), este lhes ordenou que abrissem o livro de ofícios. Assim o fizeram e, ao abri-lo, encontraram a menção ao profeta Daniel (Comemorado no dia 17 de dezembro). E este nome foi dado por eles ao menino. Depois, pediram para que Daniel permanecesse no monastério, mas o Hegúmeno, não concordou, considerando que era ainda uma criança. Aos 12 anos de idade, sem dizer nada a ninguém, o rapaz saiu de casa e foi para o monastério. 
Seus pais ficaram felizes quando souberam onde o filho se encontrava, indo logo ao seu encontro. Vendo que ele ainda vestia suas roupas seculares, rogaram ao Hegúmeno que lhe concedesse um hábito. No domingo seguinte o Hegúmeno atendeu ao pedido de seus pais, permitindo ainda que pudessem visitá-lo quantas vezes desejassem. Os monges ficaram surpresos com esta atitude incomum do Hegúmeno. 
Certa ocasião, o Hegúmeno o levou consigo numa viagem à Antioquia. Ao passarem por Telenisse, visitaram São Simeão em sua coluna. São Simeão pediu a Daniel que se aproximasse e lhe deu a sua bênção, predizendo que sofreria muito por causa de Jesus Cristo. Pouco depois da morte do Hegúmeno, Daniel foi eleito como seu sucessor, mas não quis aceitar tal cargo, indo novamente visitar São Simeão. Depois de passar duas semanas no monastério próximo a coluna de São Simeão, Daniel iniciou uma peregrinação à Terra Santa. Como a guerra o impediu de prosseguir viagem ao destino pretendido, dirigiu-se à Constantinopla. Ali passou uma semana na igreja de São Miguel extra-muros. Após ter construído um erimitério num templo abandonado em Filempora, lá viveu durante nove anos sob a proteção de Patriarca Santo Anatólio. Finalmente, Daniel decidiu seguir o mesmo estilo de vida de São Simeão que havia morrido no ano de 459. São Simeão havia dado sua túnica ao imperador Leão I. No entanto, seu discípulo Sérgio não havia conseguido entregar o presente ao seu destinatário já que não lhe foi concedida uma audiência com o imperador. Assim, São Simeão presenteou a túnica a Daniel. São Daniel escolheu um lugar sobre o Bósforo,a  uns quatro quilômetros da cidade, lá instalando-se numa ampla coluna que um amigo havia mandado construir.   
Certa noite, como São Daniel estava a ponto de perecer de frio, o imperador lhe construiu uma coluna mais alta e melhor. Na verdade eram duas colunas unidas e na plataforma superior havia uma espécie de refúgio. Ainda que naquela região houvesse ventos muito gelados, São Daniel  viveu lá até seus 84 anos. Sua ordenação sacerdotal aconteceu naquele mesmo lugar. São Genádios, Patriarca de Constantinopla, iniciou as orações de ordenação já na parte de baixo da coluna, subindo depois para, provavelmente, fazer a imposição de mãos sobre Daniel. Algumas crônicas dizem que o Patriarca subiu para dar-lhe a comunhão. São Daniel não desejava ser ordenado e, por isso, não teria descido naquela ocasião. No ano 465, um incêndio destruiu oito dos bairros de Constantinopla. São Daniel havia predito esta catástrofe e havia aconselhado ao Patriarca e ao imperador que fizessem orações públicas duas vezes por semana, mas não lhe deram fé. Ao se cumprir o vaticínio, todo o povo recorreu à coluna de São Daniel que estendeu os abraços ao céu e orou pela multidão. O imperador Leão, que tinha uma grande veneração por Daniel, ia visitá-lo com freqüência. Nem todos, porém, respeitavam São Daniel. 
Certa vez, alguns homens que freqüentavam os prostíbulos, enviaram uma mulher de má reputação, de nome Basiana para tentá-lo. A tentativa fracassou, mas Basiana sustentou o contrário, até que enredada em suas próprias mentiras, confessou publicamente a verdade e delatou aqueles que a tinham enviado. Muitas pessoas acorriam a ele para lhe escutar. Não pregava da mesma maneira que os retóricos e filósofos, mas falava do amor de Deus, o cuidado com os pobres, o amor fraternal e sobre a condenação eterna que espera os pecadores. Aos 84 anos, São Daniel comunicou seu testamento aos amigos e discípulos. Tratava-se de um documento muito breve, cheio de um amável espírito de caridade e amor, onde  expunha sucintamente os deveres dos homens. Depois de celebrar pela ultima vez os sagrados mistérios a meia noite em sua coluna, São Daniel compreendeu que Deus o chamava para si. Imediatamente pediu para se avistar com  Patriarca Eufêmico. Sua morte ocorreu no ano de 493 e foi sepultado ao pé da coluna onde viveu por 33 anos.


LITURGIA


Hebreus 5:11-6:8 

Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E isto faremos, se Deus o permitir. Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.

Marcos 8:30-34

E admoestou-os, para que a ninguém dissessem aquilo dele. E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria. E dizia abertamente estas palavras. E Pedro o tomou à parte, e começou a repreendê-lo. Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens. E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.


REFLEXÃO


Teodoreto de Ciro (séc. V)


Jesus chega espontaneamente à paixão que dele estava escrita e que mais de uma vez havia anunciado aos seus discípulos, censurando a Pedro em certa ocasião por ter aceito de má vontade este anúncio da paixão, e demonstrando finalmente que através dela seria salvo o mundo. Por isso, ele mesmo apresentou-se aos que vinham prender-lhe, dizendo: Eu sou a quem buscais. E quando o acusavam não respondeu, e, tendo a oportunidade de esconder-se, não o quis fazer; por mais que em várias outras ocasiões em que o buscavam para prendê-lo, desapareceu.

Ademais, chorou sobre Jerusalém, que com sua incredulidade preparava sua própria calamidade e predisse sua ruína definitiva e a destruição do templo. Também sofreu com paciência que alguns homens duplamente desprezíveis lhe batessem na cabeça. Foi esbofeteado, cuspido, injuriado, atormentado, flagelado e, finalmente, levado para a crucifixão, deixando que o crucificassem entre dois ladrões, sendo desta forma contado entre os homicidas e malfeitores, degustando também o vinagre e o fel da vinha perversa, coroado de espinhos em vez de palmas e ramos, vestido de púrpura por deboche e golpeado com uma vara, atravessado por uma lança no lado e, finalmente, sepultado.

Com todos estes sofrimentos buscava a nossa salvação. Porque todos aqueles que se fizeram escravos do pecado deviam sofrer o castigo de suas obras; porém ele, isento de todo pecado, ele, que caminhou até o fim pelo caminho da justiça perfeita, sofreu o suplício dos pecadores, apagando na cruz o decreto da antiga maldição. Cristo – diz São Paulo – nos resgatou da maldição da lei, tornando-se um maldito por nós, porque diz a Escritura: Maldito todo aquele que pende de uma árvore. E com a coroa de espinhos pôs fim ao castigo de Adão, ao qual foi dito após o pecado: Maldito o solo por tua culpa: brotarão para ti abrolhos e espinhos.

Com o fel, carregou sobre si a amargura e os desgostos desta vida mortal e passível; com o vinagre, assumiu a natureza deteriorada do homem e a reintegrou ao seu estado primitivo. A púrpura foi sinal de sua realeza; a vara, indício da debilidade e fragilidade do poder do diabo; as bofetadas que recebeu anunciavam nossa liberdade, ao tolerar as injúrias, os castigos e golpes que nós tínhamos merecido.

Seu lado foi aberto, como o de Adão, porém não saiu dele uma mulher que com seu erro gerou a morte, mas uma fonte de vida que vivifica ao mundo com uma dupla torrente: um deles nos renova no batistério e nos veste a túnica da imortalidade; o outro alimenta na sagrada mesa aos que nasceram de novo pelo batismo, como o leite amamenta aos recém-nascidos.