terça-feira, 31 de maio de 2022

6ª Terça-feira da Páscoa

31 de Maio de 2022 (CC) / 18 de Maio (CE)
Comemoração dos Santos Padres dos Sete Concílios Ecumênicos;
Mártir Teódoto de Ancyra e sete virgens mártires: 
Alexandra, Tecusa, Claudia, Phaine, Euphraisa, Matrona, e Julia (303); 
Mártires Pedro de Lampsacus, e André, Paulo, e Dionísia, em Euridinos (249-251); 
São Macário (Glukharev) de Altai, na Sibéria (1847); Justo João (Gashkevich), Arcipreste da Korma (1917); Novo Hieromártir Michael, Sacerdote (1932); Novo Hieromártir Damjan (Damian) Strbac, Jr., de Grahovo, Sérvia (1940); Novo Hieromártir Basílio, Sacerdote (1942); Mártires Simeão, Isaque, e Bachtisius da Pérsia (339); Mártires Heráclito, Paulinus, Benedimus de Atenas (250); Santos Mártires Turco e Tarichan (693) (Geórgia); Mártir Euphrasia, de Nicéia (grega); Santo Estêvão, o Novo Patriarca de Constantinopla (grego); Hieromártir Theodoro, Papa de Roma (grego); Santo Anastaso, de Lukada (grego); Venerável Martiniano, de Areovinthus, monge (grego); Mártir Juliano (Grego); Hieromártir Potamon, bispo de Heraclea (341 - grego); Santa Elgiva, Rainha da Inglaterra.
Tom 4



"Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!"


Todos os sete pilares da Igreja, os sete Concílios Ecumênicos, estão reunidos nesta celebração.

Nossa Igreja celebra separadamente a memória dos santos padres de cada Concílio Ecumênico.

Os Sete Concílios Ecumênicos constitui a formação da Igreja, seus dogmas, a definição dos fundamentos da doutrina cristã. Portanto, é muito importante que nas questões mais íntimas, dogmáticas, legislativas, a Igreja nunca tenha tomado a opinião de uma pessoa como a autoridade máxima. Foi determinado, e permanece assim até hoje, que a mente conciliar da Igreja é considerada a autoridade na Igreja.

Os dois primeiros Concílios Ecumênicos foram no século IV, os dois seguintes no quinto e dois no sexto.

Com o Sétimo Concílio Ecumênico em 787, termina a era dos Concílios Ecumênicos.

No século IV, quando houve um período de martírio - pagãos x cristãos - era óbvio e claro aqui quem estava de que lado, quem lutava por quê.

Mas o inimigo não dorme, a luta continua e toma rumos mais sofisticados: não é uma luta entre o paganismo e o cristianismo, mas uma luta entre o diabo e o homem. Não há prós e contras aqui. Agora, no meio do cristão, entre os próprios cristãos, aparecem pessoas da igreja que carregam o espírito das trevas - acontece que são presbíteros ou mesmo santos. Infectados pela autoridade das heresias dos "mestres da igreja", centenas e milhares de cristãos os seguem.

Essa nova maneira de lidar com o homem é inventada pelo diabo: a Igreja é “testada fortemente” por dentro, por heresias e cismas.

Século IV - Época dos dois primeiros Concílios Ecumênicos 
Uma era educacional, quando chegam os grandes mestres da Igreja, Basílio Magno, João Crisóstomo, Gregório o Teólogo, Atanásio Magno, Nicolau de Mira e muitos outros.

Os santos padres começam a formar o pensamento teológico, mas até que ele seja formado, os hereges tentam substituir conceitos, revelações sobre Deus, sobre as pessoas da Santíssima Trindade - o Salvador, o Espírito Santo. Torna-se extremamente importante reunir-se e desenvolver aquelas regras sagradas que permanecerão e serão mais fortes que a pedra, mais duras que o ferro, permanecerão até o fim de toda a existência do mundo.

Os Concílios Ecumênicos geralmente se reuniram durante os períodos históricos mais difíceis da vida da Igreja, quando a agitação no mundo cristão confrontava o povo Ortodoxo com uma escolha.

A poderosa época dos Concílios Ecumênicos dos séculos IV a VIII produziu esses dogmas e essas leis que são indiscutivelmente praticadas em nossa Igreja até hoje.

A Igreja resistiu a um martírio incrível, provações incríveis e triunfos da Ortodoxia em 1014.

O feriado, em que se homenageia a memória dos santos padres dos sete Concílios Ecumênicos, nunca perderá sua relevância, porque ainda hoje o inimigo do gênero humano inventa novas e muito sérias formas de lutar contra o homem e a Igreja.

Para entender para onde ir diante de tantas estradas, apoiados em sólido suporte, fica a memória dos Santos Padres e o legado que eles deixaram. Todas as suas decisões dogmáticas são mantidas pela Igreja Ortodoxa. Somos chamados de Ortodoxos, o que significa que estamos no caminho certo.

Os Santos Padres não nos deixam perder neste mar revolto de opiniões científicas e não científicas modernas. Eles nos deixaram um legado indelével na forma dos dogmas da Igreja, que nos mantêm inabaláveis ​​no caminho da Ortodoxia.

O pensamento teológico no tempo dos santos padres foi formado sob a influência de um fator poderoso: a necessidade de proteger o cristianismo, por um lado, do ataque do mundo pagão, por outro, da influência corruptora das heresias. Mas suas idéias fundamentais são para sempre.

A teologia cristã se desenvolveu, formando um sistema doutrinário coerente que continha verdades eternas, explicadas em uma linguagem compreensível para uma pessoa moderna, apoiada pelo raciocínio da mente.

O maior mérito da teologia patrística é que ela se desenvolveu sem romper com a tradição apostólica, baseou-se na Revelação Divina e correspondeu às exigências da vida.
O Santo Mártir Theodotos e as Santas Sete Virgens Tecusa, Thainá, Cláudia, Matrona, Júlia, Alexandra e Eufrásia

Estes santos mártires, viveram durante a segunda metade do século III, na cidade de Ancyra, distrito da Galácia, e morreram como mártires por Cristo no início do século IV. 
São Theodotos era um hoteleiro, tinha sua própria hospedaria e era casado. Também era um homem espiritualmente próspero: mantinha a prudência e a pureza, cultivava a temperança em si mesmo, subjugava a carne ao espírito e praticava jejuns e orações. Por seus diálogos, trouxera judeus e pagãos à fé cristã e também conduzira pecadores ao arrependimento e ao aperfeiçoamento. São Teodotos recebera do Senhor o dom da cura, e curava os doentes impondo as mãos sobre eles. 
Durante o tempo da perseguição sob o Imperador Diocleciano (284-305), foi nomeado Governador da cidade de Ancyra, Theoteknes, conhecido por sua crueldade. Muitos cristãos fugiram da cidade, tendo abandonado suas casas e propriedades. Theoteknes fez uma proclamação pela qual obrigava a todos os cristãos a oferecer sacrifícios aos ídolos, e em caso de recusa, seriam entregues à tortura e à morte. Os pagãos denunciavam os cristãos para serem torturados e depois, dividiam entre si suas propriedades. 
Uma fome se abateu sobre o país. Durante esses dias sombrios, São Teodotos deu abrigo em sua pousada aos cristãos desabrigados. Alimentou-os, escondeu os que estavam sendo perseguidos e, de seus suprimentos, deu às igrejas devastadas tudo o que era necessário para a celebração da Divina Liturgia. Ele entrava destemidamente nas prisões, prestando ajuda aos inocentemente condenados, e os encorajava a serem fiéis a Cristo Salvador até o fim. Teodotos não temia enterrar os restos mortais dos santos mártires, quer os levando secretamente, quer os resgatando dos soldados por dinheiro. Quando as igrejas cristãs em Ancyra foram destruídas e fechadas, a Divina Liturgia passou a ser celebrada em sua hospedaria. Percebendo que o ato do martírio também o aguardava, São Theodotos, em conversa com o Sacerdote Phrontonos, previu que em breve lhes trariam as relíquias dos mártires, em um lugar escolhido por ambos. Com a certeza de suas palavras, São Teodotos deu seu anel ao padre. 
Durante este período, sete virgens sagradas aceitaram a morte por Cristo, das quais, a mais velha, Santa Tecusa, era uma tia de São Teodotos. As santas virgens sagradas Tecusa, Thainá, Cláudia, Matrona, Júlia, Alexandra e Eufrásia, desde suas juventudes se dedicavam a Deus e viviam em constante oração, jejum, temperança e boas obras. Todos elas tinham atingido uma idade avançada. Levadas a julgamento como cristãs, as santas virgens, na frente de Theoteknes, confiantemente confessaram sua fé em Cristo e, por isto, foram torturadas, mas permaneceram firmes. O Governador, então, entregou-as a jovens devassos para que esses as estuprassem. As Santas Virgens oraram intensamente, pedindo a ajuda de Deus. Santa Tecusa caiu aos pés de um jovem e, erguendo o véu da cabeça, mostrou-lhe o cabelo acinzentado. Os jovens ficaram assustados, começaram a chorar e fugiram. O governador, então, ordenou que as Santas participassem da ablução dos ídolos, feita por sacerdotes pagãos; mas novamente as virgens recusaram. Por isso elas foram condenadas à morte. 
Uma pedra pesada fora amarrada às pernas de cada uma, e todas as sete Santas Virgens foram afogadas em um lago. Na noite seguinte, Santa Tecusa apareceu em um sonho para São Teodotos, pedindo-lhe para pegar seus corpos e dá-lhes o enterro cristão. São Teodotos, levando consigo seu amigo Polychronios e vários outros cristãos, partiu para o lago. Estava escuro e uma tocha acesa liderava o caminho. Em meio a eles, na frente do guarda postado pelos pagãos às margens do lago, apareceu o Santo Mártir Sosander. O guarda tomou um susto e fugiu aterrorizado. O vento levou a água para o outro lado do lago. Os cristãos pegaram os corpos das Santas martirizados e os levaram para a igreja, e lá foram sepultadas. 
Tomando conhecimento do roubo dos corpos das Santas martirizadas, o Governador ficou furioso e deu ordens para atacar todos os cristãos e entregá-los à tortura. Polychronios também foi preso. Não podendo suportar a tortura, ele informou sobre São Teodotos, identificando-o como o autor do roubo dos corpos. São Teodotos começou a preparar-se para morrer por Cristo. Tendo chegado junto a todos os cristãos zelosos em oração, ele fez o legado do seu corpo ao sacerdote Phrontonos, a quem antes havia dado o seu anel. O santo veio perante o juiz. Apresentando-lhe vários instrumentos de tortura, propuseram honras e riquezas, se ele se retratasse de Cristo. São Teodotos glorificou o Senhor Jesus Cristo e confessou sua fé Nele. Cheios de ira, os pagãos submeteram o Santo a constantes torturas, mas o poder de Deus sustentava o Santo Mártir. Theodotos permaneceu vivo e foi lançado na prisão. Na manhã seguinte, o Governador ordenou novamente que torturassem o Santo, mas ele logo percebeu que era impossível quebrar sua coragem. Então, deu ordens para decapitar o Mártir. A execução foi feita, mas sentindo que uma tempestade se aproximava, os soldados incendiaram o corpo do mártir, e sentados em uma tenda para guardar o corpo. Neste ponto, o Sacerdote Phrontonos, casualmente por ali estava passando levando um burro com uma carga de vinho de sua vinha. O burro de repente caiu perto do local onde estava o corpo de São Teodotos. Os soldados ajudaram a colocar o jumento de volta e disseram a Phrontonos que estavam guardando o corpo dos Cristãos Theodotos executados. O sacerdote percebeu que o Senhor o havia enviado intencionalmente para lá. Ele colocou os restos sagrados no jumento e os levou para o local, indicado por São Teodotos para seu enterro, e com honra os entregou à terra. Depois ele construiu uma igreja neste local. 
São Teodotos aceitou a morte de Cristo em 7 de junho de 303 ou 304, e sua memória é comemorada em 18 de maio, no dia da morte das sagradas virgens. O relato do martírio de São Teodotos e o sofrimento das Santas Virgens foi compilado por Nilos, contemporâneo e companheiro de São Teodotos, e uma testemunha ocular de sua morte. Nilos, vivia na cidade de Ancyra durante o período de perseguição dos cristãos sob o imperador Diocleciano. 
Comemoração dos Santos Mártires Pedro, Dionísio, André, Paulo e Cristina

Os Santos Mártires Pedro, Dionísio, André, Paulo e Cristina sofreram sob o imperador Décio (249-251). Pedro sofreu na cidade de Lampsaka. Levado a julgamento perante o prefeito Optimino, ele corajosamente confessou sua fé em Cristo. Eles tentaram forçar os jovens a negar o Senhor e adorar a deusa Vênus. O mártir recusou-se a fazer isso, declarando a todos que quisessem ouvir, que um cristão jamais se curvaria a um ídolo de uma mulher lasciva. São Pedro foi submetido a torturas cruéis, mas suportou-as com coragem, dando graças ao Senhor Jesus Cristo, por dar-lhe sua toda-poderosa ajuda. Então ele foi decapitado. 
Dionísio, Nicómaco, e dois soldados, André e Paulo, que haviam sido transferidos da Mesopotâmia, foram levados a julgamento. Todos eles confessaram sua fé em Cristo e se recusaram a oferecer sacrifícios aos ídolos, sendo assim foram torturados. Para grande tristeza de todos os cristãos, Nicómaco não perseverou. Ele negou o Senhor Jesus Cristo, e entrou em um templo pagão para oferecer sacrifícios. Ele caiu em um frenesi terrível e morreu espumando pela boca, rasgando a pele de seu corpo com os dentes.Na manhã seguinte, os santos Dionísio, André e Paulo foram novamente levados perante o prefeito. Por confessarem a fé em Cristo, foram levados aos pagãos para serem condenados à morte. Amarraram os santos pelos pés, os arrastaram para o local da execução e os apedrejaram até a morte.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 17:19-28

Fragmento 40B – Naquela época, os atenienses tomando a Paulo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois tu nos trazes aos ouvidos coisas estranhas; portanto queremos saber o que vem a ser isto. Ora, todos os atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a última novidade. Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago, disse: “Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos; porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração”.

João 12:19-36

Fragmento 42A - Naqueles dias, os fariseus reuniram o sinédrio contra Jesus, e disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? Eis que o mundo inteiro vai após ele. Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galileia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus. Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus. Respondeu-lhes Jesus: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o Teu Nome”. Veio, então, do céu esta voz: “Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”. A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: “Um anjo lhe falou”. Respondeu Jesus: “Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer. Respondeu-lhe a multidão: “Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?” Disse-lhes então Jesus: “Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz”. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.

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REFLEXÃO

“É Necessário Que a Ressurreição Seja Como Foi a de Cristo”

O que significa: Se o grão de trigo não cai na terra e morre? Ele fala da crucificação. Para que não se perturbassem ao ver que ele se condenava à morte, justamente quando os gentios se aproximavam dele, lhes diz: “É precisamente isto o que os fará vir até mim; isto é o que estenderá o anúncio”. Em seguida, como não conseguia persuadi-los totalmente com suas palavras, os estimula colocando-lhes diante da experiência e lhes diz: “O mesmo acontece com o trigo, que quando morre aí é que frutifica. Se nas sementes acontece isso, muito mais acontecerá em mim”. Porém, os discípulos não entenderam suas palavras. E o evangelista repete com frequência este dado, para escusá--los, visto que logo se dispersarão. Também Paulo fez alusão ao grão de trigo quando falou da ressurreição.

Que desculpa terão os que não creem na ressurreição? Porque cada dia podemos vê-la nas sementes, nas plantas e nas gerações humanas. Primeiro é necessário que a semente se corrompa, para que a partir disso ocorra a brotação. Falando de forma geral, quando é Deus quem realiza algo, não se necessitam mais explicações. Como ele nos criou do nada? Isto o digo aos cristãos que professam crer nas Escrituras. Porém, acrescentarei algo mais do raciocínio humano. Alguns homens são maus; outros são bons. Dos que são maus, muitos chegaram à idade avançada com prosperidade, enquanto que aos bons lhes aconteceu tudo ao contrário. Então quando, em que momento cada um receberá o que merece? Tu insistes dizendo: “Sim!, porém os corpos não ressuscitam”. Estes não ouvem a Paulo que diz: É necessário que o corruptível se revista da imortalidade. Ele não fala da alma, pois a alma não é corruptível; e a ressurreição é própria de quem morreu; e é o corpo que morreu.

Mas por que não admites a ressurreição da carne? Será, por acaso, impossível para Deus? Afirmá-lo seria recorrer ao extremo da necessidade. Mas não convém? Por que não convém que este elemento corruptível, que padeceu os sofrimentos e a morte, participe das coroas?

Se não conviesse, nos princípios nem sequer teria sido criado o corpo, nem Cristo teria assumido nossa carne. Porém, que ele de fato a assumiu e ressuscitou, ouve como ele mesmo o afirma: Coloca aqui teus dedos e vede que os espíritos não têm carne nem ossos. Por que ressuscitou a Lázaro desta forma, se era melhor ressuscitar sem corpo? Por que colocou a ressurreição no número dos milagres e dos benefícios? Por que para a ressuscitada lhe proporcionou alimentos? Em consequência, caríssimos, que os hereges não vos enganem. Existe a ressurreição, existe o juízo. Os negam todos os que não querem dar contas de suas obras. É necessário que a ressurreição seja como foi a de Cristo. Ele é primícia e o primogênito dentre os mortos.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V)

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“Cristo Brotou No Meio de Nós Como Uma Espiga de Trigo; 
Morreu e Produz Muito Fruto


Cristo foi a primícia deste trigo, ele é o único que escapou da maldição, precisamente quando desejou tornar-se maldição por nós. E mais: venceu até mesmo os agentes da corrupção, retornando por si mesmo à existência livre entre os mortos. Realmente ressuscitou derrotando a morte e subiu ao Pai como dom ofertado, qual primícia da natureza humana renovada na incorruptibilidade. Verdadeiramente, Cristo não entrou em um santuário construído por homens – imagem do autêntico –, mas sim no próprio céu, para dispor-se diante de Deus, intercedendo por nós.

Que Cristo seja aquele pão de vida descido do céu; e que também perdoe os pecados e liberte aos homens de suas transgressões oferecendo-se a si mesmo a Deus Pai como vítima de agradável odor, o poderás compreender perfeitamente se, com os olhos do espírito, o contemplas como aquele novilho sacrificado e como aquele bode imolado pelos pecados do povo. Cristo realmente ofereceu sua vida por nós, para cancelar os pecados do mundo.

Portanto, assim como no pão vemos a Cristo como vida e doador da vida, no novilho o vemos imolado, oferecendo-se novamente a Deus Pai em odor de suavidade; e na figura do bode o contemplamos transformado em pecado por nós e em vítima pelos pecados, da mesma forma podemos considerá-lo como um feixe de trigo. O que pode representar este feixe, eu vos explicarei em poucas palavras.

O gênero humano pode ser comparado às espigas de um campo: nasce de certo modo da terra, desenvolve-se buscando seu crescimento normal, e é ceifado quando a morte o colhe. O próprio Cristo falou disto aos seus discípulos, dizendo: Vocês não dizem que ainda faltam quatro meses para a colheita? Eu porém vos digo: Levantai os olhos e contemplai os campos que já estão maduros para a ceifa; o ceifeiro já está recebendo o salário e armazenando fruto para a vida eterna.

Os habitantes da terra podem, portanto, comparar-se, e com razão, à messe dos campos. E Cristo, modelado conforme nossa natureza, nasceu da Santíssima Virgem assim como uma espiga de trigo. Na realidade, é o próprio Cristo quem se dá o nome de grão de trigo: Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, permanece infecundo; porém, se morre, dá muito fruto. Por esta razão Cristo se tornou para nós anátema, ou seja, em algo consagrado e ofertado ao Pai, à maneira de um feixe ou como as primícias da terra. Uma única espiga, porém, não considerada isoladamente, mas unida a todos nós que, como um feixe formado de muitas espigas, formamos um só molho.

Pois bem, esta realidade é necessária para a nossa utilidade e proveito, e complementa o símbolo do mistério. Pois Cristo Jesus é único, mas pode ser considerado – e realmente o é – como um feixe cingido, pois que contém em si a todos os crentes, com uma união preferentemente espiritual. Do contrário, como poderia São Paulo ter escrito: Ressuscitou-nos com Cristo Jesus e nos assentou com ele no céu? Sendo ele um de nós, comungamos com ele em um mesmo corpo e, mediante a carne, alcançamos a união com ele. E esta é a razão pela qual, em outra passagem, ele mesmo dirige a Deus, Pai celestial, estas palavras: Pai, este é o meu desejo: que todos sejam um, como tu, ó Pai, está em mim e eu em ti, que também eles estejam em nós.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)

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segunda-feira, 30 de maio de 2022

6ª Segunda-feira da Páscoa

30 de Maio de 2022 (CC) / 17 de Maio (CE)
Santos Andrônico e Junia, Apóstolos [dos 70] 
Tom 5




"Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!"

São Andronicus e Santa Júnia, Apóstolos dos Setenta, eram parentes do Santo Apóstolo Paulo. Eles trabalharam muito, pregando o Evangelho aos pagãos. São Paulo os menciona em sua Epístola aos Romanos: "Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes e companheiros de prisão, os quais se distinguiram entre os Apóstolos, que estavam em Cristo, antes de mim" (Romanos 16: 7).
Santo Andronicus foi feito bispo de Pannonia, mas sua pregação também o levou, e também a Santa Júnia para outras terras, longe dos limites da sua diocese. Através dos esforços dos Santos Andrônico e Junia a Igreja de Cristo foi reforçada, os pagãos foram convertidos para o conhecimento de Deus, muitos templos pagãos fechados, e em seu lugar igrejas cristãs foram construídas. O Ofício em homenagem a estes santos afirma que eles padeceram o martírio por Cristo.
No século V, durante o reinado do imperador Arcádio e Honório, suas relíquias foram descobertas na periferia de Constantinopla, juntamente com as relíquias de outros mártires, no portão de Eugenius (22 de fevereiro).
Fora revelado ao piedoso clérigo Nicholas Kalligraphos, que entre as relíquias desses dezessete mártires, estavam as relíquias do Santo Apóstolo Andronicus. Depois, uma magnífica igreja foi construída neste local.
Junia é objeto de debate dentro do mundo acadêmico sobre as implicações de um líder apostólico ser do sexo feminino dentro da Igreja primitiva, o que pode sugerir a ordenação de mulheres. Na tradição ortodoxa, no entanto, o título de apóstolo não confere necessariamente o tipo de posição que os Doze tinham na Igreja de Cristo. Em vez disso, especialmente quando usado em referência aos Setenta, designa alguém que serviu como missionário para a Igreja, especialmente em sua primeira geração. Apóstolo (de apostolos grego), literalmente, refere-se a alguém que está "enviado", e sua origem é de uso militar. Nos séculos subseqüentes, santas que espalham significativamente a Fé Ortodoxa são frequentemente referidas como igual aos Apóstolos, e este título é dado sem referência ao sexo.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 17:1-15

Fragmento 39 – Naqueles dias, Paulo e Silas, tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus. Ora, Paulo, segundo o seu costume, foi ter com eles; e por três sábados discutiu com eles as Escrituras, expondo e demonstrando que era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos; e dizia-lhes: “Este Jesus que eu vos anuncio, é o Cristo”. E alguns deles ficaram persuadidos e aderiram a Paulo e Silas, bem como grande multidão de gregos devotos e não poucas mulheres de posição. Mas os judeus, movidos de inveja, tomando consigo alguns homens maus dentre os vadios e ajuntando o povo, alvoroçavam a cidade e, assaltando a casa de Jáson, os procuravam para entregá-los ao povo. Porém, não os achando, arrastaram Jáson e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: “Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, os quais Jáson acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver outro rei, que é Jesus”. Assim alvoroçaram a multidão e os magistrados da cidade, que ouviram estas coisas. Tendo, porém, recebido fiança de Jáson e dos demais, soltaram-nos. E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes tinham mais gente da nobresa do que os de Tessalônica, e recebendo a palavra com toda avidez, examinavam diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. De sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta posição e não poucos homens. Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que também em Beréia era anunciada por Paulo a palavra de Deus, foram lá agitar e sublevar as multidões. Imediatamente os irmãos fizeram sair a Paulo para que fosse até o mar; mas Silas e Timóteo ficaram ali. E os que acompanhavam a Paulo levaram-no até Atenas e, tendo recebido ordem para Silas e Timóteo a fim de que estes fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram.

João 11:47-57

Fragmento 40 - Naqueles dias, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus contra Jesus e diziam: Que faremos? Porquanto este homem vem operando muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação. Um deles, porém, chamado Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda. Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos. Desde aquele dia, pois, tomavam conselho para o matarem. De sorte que Jesus já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim; e ali demorou com os seus discípulos. Ora, estava próxima a páscoa dos judeus, e dessa região subiram muitos a Jerusalém, antes da páscoa, para se purificarem. Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá ele à festa? Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.

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domingo, 29 de maio de 2022

Domingo do Cego

6ª DOMINGO DA PÁSCOA
29 de Maio de 2022 (CC) / 16 de Maio (CE)
São Teodoro, o Santificado, Discípulo de São Pacômio (368)
Tom 5




"Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!"


A humildade de Teodoro e a sua obediência incondicional a Pacômio o levou a estar sempre muito próximo deste e a ajudá-lo na direção dos monastérios por ele (Pacômio) fundados. Alguns monges o criticavam por isso, porque ele era mais jovem que os demais. Pacômio, porém, permaneceu dando todo o seu apoio, a ponto de, certa vez, dizer aos monges: 
"Teodoro e eu cumprimos o mesmo serviço a Deus; e ele também tem autoridade para vos dirigir como pai". 
São Pacômio desenvolveu um trabalho destacado como abade do monastério de São Orsiesius. No ano 346 , Teodoro foi nomeado como o novo abade deste monastério. São Teodoro morreu no mês de maio de 368. Os monges choraram amargamente a sua morte, tanto que o som de seus prantos ultrapassavam as muralhas do monastério por vários quilômetros.


Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (VIII)

João 20:11-18

Fragmento 64 – Naqueles dias, Maria, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro, e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! - que quer dizer, Mestre. Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! - e que ele lhe dissera estas coisas.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição, no 5º Tom: Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo / Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria, / pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz/ para dar a vida a todos os mortos, //pela Sua gloriosa Ressurreição.

Kondákion da Ressurreição, no 5º Tom: Tu, Ó meu Salvador, desceste ao Inferno, / e partiste em pedaços os portões como Todo-Poderoso; / e como Criador, ressuscitaste os mortos / e destruíste, Ó Cristo, o aguilhão da morte; / e libertaste Adão da maldição, Ó Tu que amas a humanidade. / Por isso, nós todos clamamos: // Salva-nos Ó Senhor!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion do Cego, no 4º Tom: Privado dos olhos da alma, recorro a Ti, Ó Cristo, / como o cego de nascimento, / clamando com arrependimento: // “Tu És a Luz Resplandecente para os que estão nas trevas.”

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Kondákion Da Páscoa, no 8º Tom: Tendo descido ao túmulo, Ó Imortal, / Tu destruíste o poderio dos infernos / e levantaste-Te como vencedor, Ó Cristo Deus, / Tu, que disseste às mulheres mirróforas: rejubilai! / E aos Apóstolos, dás a paz, // Tu que ressuscitas aqueles que sucumbiram.

Prokímenon, no 8º Tom

R. Fazei votos, e pagai-os
Ao Senhor, vosso Deus. (Sl. 75:11)

V. Conhecido É Deus em Judá, grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

Atos 16:16-34

Fragmento 38 – Naqueles dias, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou- se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu. Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade. e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós romanos. A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão interior e lhes segurou os pés no tronco. Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos. Ora, o carcereiro, tendo acordado e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, porque todos aqui estamos. Tendo ele pedido luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar? Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. Então lhe pregaram a palavra de Deus, e a todos os que estavam em sua casa. Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou- lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus. Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou- se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus.

Aleluia, no 8º Tom

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Olha para mim, e tem misericórdia de mim. (Sl. 24:16)

Ordena os meus passos segundo a Tua palavra. (Sl. 118:133)

João 9:1-38

Fragmento 34 – Naqueles dias, Jesus passando, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus. Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego, e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar? Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele dizia: Sou eu. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos? Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo. E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei. Levaram aos fariseus o que fora cego. Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Então os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista. Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo. Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles. Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É profeta. Os judeus, porém, não acreditaram que ele tivesse sido cego e recebido a vista, enquanto não chamaram os pais do que fora curado, e lhes perguntaram: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora? Responderam seus pais: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego; mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe abriu os olhos, nós não sabemos; perguntai a ele mesmo; tem idade; ele falará por si mesmo. Isso disseram seus pais, porque temiam os judeus, porquanto já tinham estes combinado que se alguém confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da sinagoga. Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo. Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo. Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez? Como te abriu os olhos? Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele? Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele és tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés; mas quanto a este, não sabemos donde é. Respondeu-lhes o homem: Nisto, pois, está a maravilha: não sabeis donde ele é, e, entretanto, ele me abriu os olhos; sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer. Replicaram-lhe eles: Tu nasceste todo em pecados, e vens nos ensinar a nós? E expulsaram-no. Soube Jesus que o haviam expulsado; e achando-o perguntou-lhe: Crês tu no Filho do homem? Respondeu ele: Quem é, senhor, para que nele creia? Disse-lhe Jesus: Já o viste, e é ele quem fala contigo. Disse o homem: Creio, Senhor! E o adorou.

Hino À Virgem: O Anjo exclamou à Cheia de Graça: / “Virgem Pura, rejubila. / De novo digo, rejubila. / Teu Filho ressuscitou do Túmulo, ao terceiro dia". / Resplandece, resplandece, ó Nova Jerusalém, / Pois a Glória do Senhor / Brilhou sobre Ti. / Exulta agora e alegra-Te Sião. / E Tu, ó Mãe de Deus Toda Pura, / Rejubila na Ressurreição de Teu Filho.

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Cantamos “Cristo ressuscitou…” em vez de “Vimos a luz verdadeira …”

Na Despedida, quando o Sacerdote diz: “Glória a Ti, Ó Cristo Deus…” O Coro canta “Cristo ressuscitou…” 3x em vez de “Glória ao Pai... Padre, dá-nos a tua...” Então o Padre dá a bênção.

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sábado, 28 de maio de 2022

5º Sábado da Páscoa

28 de Maio de 2022 (CC) / 15 de Maio (CE)
São Pacômio, o Grande, Pai do Monasticismo Cenobita no Egito; 
Santo Aquiles, bispo de Larissa; 
São Dimitri (Demétrius) Príncipe herdeiro, de Moscou (1591)
Tom 4




"Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!"


Comemoração de São Pacômio 
São Pacômio nasceu no Egito no ano de 287, na Tebaida. Filho de pais pagãos, cheios de superstições e idolatrias, desde a infância mostrou grande aversão a tudo isso. Aos vinte anos de idade foi convocado para o exército imperial e acabou ficando prisioneiro em Tebes. Foi quando fez o seu primeiro contato com os cristãos, cuja religião até então lhe era desconhecida. À noite, na prisão recebeu um pouco de alimento de alguns cristãos, que escondidos conseguiram entrar. 
Comovido com esse gesto de pessoas desconhecidas, perguntou quem havia mandado que fizessem aquilo e eles responderam: “Deus que está no céu”. Nesta noite Pacômio rezou com eles para esse Deus, sentindo já nas primeiras palavras ouvidas que esta seria a sua doutrina.  
O Evangelho o tocou de tal forma que ele se converteu e voltou para o Egito, onde recebeu o batismo. Depois, compartilhou durante sete anos a companhia de um ancião eremita de nome Palemon, que vivia dedicado à oração. A princípio o ancião não quis aceitá-lo a seu lado, porque sabia que a vida de solidão e orações não era nada fácil. Mas Pacômio estava determinado e convenceu-o de que deveria ficar. Um dia, durante suas caminhadas, Pacômio ouviu uma voz que lhe dizia para inaugurar ali, exatamente naquele lugar, um monastério onde receberia e acolheria muitos religiosos. Depois, apareceu-lhe um anjo que o ensinou como deveria organizar o monastério. Pacômio pôs-se a trabalhar arduamente e o deixou pronto. As profecias que ele ouviu se concretizaram e muitas pessoas se juntaram a ele. Monges, eremitas e religiosos de todos os lugares pediram admissão no monastério de Pacômio, que obteve a aprovação do bispo Atanásio, santo e doutor da Igreja. Inclusive seu irmão João, que distribuiu toda sua riqueza entre os pobres e uniu-se a ele.  
Com Pacômio nasceu a vida monástica, ou cenobítica no Egito, não mais com um chefe carismático que agregava ermitãos reunidos em pequenos grupos em torno de si, mas uma comunidade de religiosos, com regras precisas de vida em comum na oração, contemplação e trabalho, à exemplo dos primeiros apóstolos de Jesus. Pacômio abriu ainda mais oito mosteiros masculinos, um deles feminino, onde sua irmã foi a primeira abadessa (superiora). Sua fama de santidade espalhou-se pelo Egito e na Ásia Menor. Foi agraciado por Deus com o dom da profecia e morreu no ano de 347, vítima de uma peste que assolava o Egito, na época. Até o século XII havia ainda cerca de quinhentos monges da Ordem de São Pacômio. São Pacômio, o eremita, até hoje é considerado um dos representantes de Deus que mais prestaram serviço à Igreja.  
Santo Aquiles, bispo de Larissa

Santo Aquiles de Lárissa foi um dos 318 bispos que participaram do Primeiro Concílio de Niceia. Era o metropolita de Lárissa, na Tessália (Grécia), e é lembrado principalmente por sua veemente defesa da Ortodoxia doutrinária durante o Concílio de Niceia e por um milagre que ele teria realizado como prova contra o arianismo. Tomando uma pedra, Aquiles chamou os arianos: 
“Se Cristo é uma criatura de Deus, como vocês afirmam, ordenem que óleo flua desta pedra”. 
Os heréticos se mantiveram calados, impressionados com o pedido de Santo Aquiles. Então, o santo continuou: 
“E se o Filho de Deus for igual ao Pai, como acreditamos, que flua então o óleo desta pedra!” E o óleo fluiu para espanto de todos. 
Santo Aquiles morreu em Lárissa em 330. Quando o Tsar Samuel da Bulgária conquistou a Tessália, ele transladou as relíquias de Aquiles para Prespa, especificamente para uma ilha num lago que foi posteriormente rebatizada em homenagem ao santo. 
Comemoração São Dimitri (Demétrius)

Dimitri foi assassinado aos oito anos, na cidade de Uglich, por um decreto expedido por Bóris Godunov. Após sua morte, Dimitri apareceu a um monge e previu com precisão a morte de Bóris Godunov. Inúmeros milagres foram operados no túmulo do Tsarevich (termo russo que significa “Príncipe Herdeiro”). Quando sua tumba foi aberta, quinze anos após sua morte, suas relíquias foram encontradas inteiras e incorruptas e foram solenemente enterradas na Igreja do Arcanjo Miguel, em Moscou. As circunstâncias da morte de Bóris Godunov valem a pena ser contadas. 
Gudonov tentou matar o Príncipe usando um veneno muito forte, mas que não fez efeito. Então, ele ordenou que a criança fosse decapitada publicamente. Não muito tempo depois, um falso “Dimitri" surgiu, alegando ser o Príncipe Herdeiro (Tsarevich), e reuniu um grande exército contra Godunov. Este foi levado a uma posição tão desesperada que tirou a própria vida por veneno, o "remédio" que ele pretendia dar para o verdadeiro Dimitri.



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 15:35-41

Fragmento 37 - Naqueles dias, Paulo e Barnabé viviam em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor. Decorrido algum tempo, Paulo disse a Barnabé: vamos voltar e visitar nossos irmãos em todas as cidades em que pregamos a palavra do Senhor, para ver como eles estão. Barnabé queria levar consigo João, chamado Marcos. Mas Paulo decidiu não levar aquele que havia ficado para trás na Panfília e que não foi com eles para a obra para a qual foram enviados. E houve entre eles tamanha desavença, de modo que eles se separaram; e Barnabé, levando Marcos, navegou para Chipre; e Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus; e passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas.

João 10:27-38

Fragmento 38 - Disse o Senhor aos Judeus que vieram ter com Ele: As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu as conheço, e elas Me seguem. E Eu dou-lhes a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da Minha mão. Meu pai, Que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai. Eu e o Pai somos um. Aqui novamente os Judeus pegaram pedras para apedrejá-Lo. Respondeu-lhes Jesus: muitas obras boas vos tenho mostrado de Meu Pai; por qual destas obras Me apedrejais? Responderam-Lhe os judeus: não é por nenhuma obra boa que vamos Te apedrejar, mas por blasfêmia; pois, sendo Tu homem, Te fazes Deus. Respondeu-lhes jesus: não está escrito na vossa lei: “Eu disse: sois deuses?” Se Ele chamou deuses àqueles a quem veio a palavra de Deus, e a Escritura não pode ser quebrada; então, Daquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: blasfemas; porque Eu disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de Meu Pai, não Me acrediteis; mas, se as faço, embora não Me creiais a mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em Mim e Eu Nele.

Comentário:

"Vós sois deuses": As pessoas que, pela fé recebem a graça de Deus, participarão de Sua natureza divina (2Pd 1:4), por isto podem justamente ser chamadas de deuses. Cristo está efetivamente dizendo:

"Se aqueles que receberam essa honra pela graça não são culpados por se chamarem de deuses, como pode Aquele que tem isso por natureza merecer ser repreendido?"

(São João Crisóstomo)).

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