sábado, 30 de abril de 2022

Sábado Luminoso

 

30 de Abril de 2022 (CC) / 17 de Abril (CE)
Santo Mártir Simeão, Bispo da Pérsia, 
Khusdazades, Ananios, Fúkcios, Azates, Askitria e mais 1257 mártires († 341); 
São Macário, Metropolita de Corinto; Venerável Zósimas, Higúmeno de Solovetsk; 
Místico Dipnos; Acácio, Bispo de Melitine. ESR Alexander de Svirsk; Mártir Adriano; Agapito, Patriarca de Roma; Donan, Higúmeno de Eigg e outros Mártires com ele. 




«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»



Comemoração de São Simeão
O Sacerdote Simeão, Bispo da Pérsia, padeceu durante o tempo de uma perseguição contra os cristãos sob o Imperador Persa, Sapor II (310-381). Simeão era o bispo de Selêucia (Keziphon). Eles acusaram o santo de estar em colaboração com o Imperador Grego e de atividades subversivas contra o Imperador Persa. 
No ano 344, o Imperador emitiu um edital, que impôs um grave imposto sobre os cristãos. Quando alguns deles se recusaram a pagá-lo (o que foi entendido como sendo uma rebelião), o Imperador deflagrou uma feroz perseguição contra os cristãos. Eles levaram São Simeão a julgamento em grilhões de ferro como um suposto inimigo do Reino Persa, juntamente com os dois Presbíteros mártires, Habdelai e Ananios. O santo bispo nem sequer se curvou perante o Imperador, que perguntou, por que não lhe mostrou o respeito obrigatório. O santo respondeu: 
"Outrora eu me inclinava à tua dignidade, mas, agora, que sou trazido perante ti para renunciar ao meu Deus e deixar a minha fé, não tornarei a me inclinar a ti". 
O Imperador o incitou a adorar ao sol, e em caso da recusa ele ameaçara apagar o cristianismo na terra. Mas, nem os apelos e nem as ameaças podiam abalar o santo bravamente firme, e o levaram para a prisão. Ao longo do caminho, o eunuco Khusdazades, um conselheiro do Imperador, avistou o santo. Ele se levantou e fez uma reverência ao bispo, mas o santo se afastou dele em atitude de censura, uma vez que ele era um ex-cristão, que por medo do Imperador, agora adorava o sol. O eunuco se arrependeu de todo o seu coração, substituiu o seu traje fino por trajes grosseiros e, sentado às portas da corte, clamou amargamente: 
"Ai de mim, quando estiver diante do meu Deus, de Quem sou cortado. Aqui estava Simeão, e ele virou as costas para mim." 
O Imperador Sapor soube do sofrimento de seu amado tutor e perguntou-lhe o que havia acontecido. Ele disse abertamente ao imperador, que lamentava amargamente sua apostasia e não adoraria mais o sol, mas somente o Único Deus Verdadeiro. O imperador ficou surpreso com a repentina decisão do ancião, e lisonjeiramente o encorajou a não abjurar os deuses que seus pais tinham reverenciado. Mas, Khusdazades estava inflexível, e o condenaram à morte por execução. O único pedido do mártir Khusdazades foi que os arautos da cidade anunciassem que ele não morrera por crimes contra o Imperador, mas por ser cristão. O imperador concedeu seu pedido. 
São Simeão também fora informado sobre o fim do Mártir Khusdazades, e com lágrimas ofereceu ação de graças ao Senhor. Quando o trouxeram uma segunda vez ante o Imperador, São Simeão rejeitou outra vez adorar os deuses pagãos e confessou sua fé em Cristo. O enfurecido Imperador deu ordens, diante dos olhos do santo, de decapitar todos os cristãos na prisão. Sem medo, os cristãos foram à execução, abençoados pelo santíssimo Hierarca, e eles mesmos puseram as suas cabeças sob a espada. Assim também foi decapitado o companheiro de São Simeão, o Sacerdote Habdelai. Quando o Presbítero Ananios colocou a cabeça no cadafalso, todo o seu corpo estremeceu. Então, um dos dignitários, São Fúkcios, um cristão secreto, assustou-se de que Ananios renunciasse a Cristo, e clamou em voz alta: 
"Não temais, ancião, a visão da decapitação, e tu verás imediatamente a Divina Luz de nosso Senhor Jesus Cristo". 
Por essa explosão ele se traiu. O Imperador deu ordens para arrancar a língua de São Fúcio e lhe tirar a pele. Juntamente com São Fúkcios foi martirizado sua filha, Askitria. São Simeão foi último a ser martirizado pelo carrasco, e com uma oração, pôs a cabeça no cadafalso († 17 de abril de 341). As execuções perduraram da Semana Pascal até 23 de Abril. Também viria a padecer como mártir, São Azates, o Eunuco, um oficial próximo ao Imperador. As fontes indicam que 1.000 mártires aceitaram o sofrimento, e depois ainda outros 100 ou 150 mais. 
Santo Acácio, Bispo De Melitene 
Acácio levou vida ascética no lugar onde nasceu, isto é, em Melitene, na Armênia. O bem-aventurado Otreius, o bispo daquela cidade, que participou do Segundo Concílio Ecumênico (Constantinopla, 381 dC), que estabeleceu o ensinamento Ortodoxo sobre o Espírito Santo como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, Uma em Essência e Sem Divisão. Otreius ordenou Acácio presbítero. Após a morte de Otreius, Acácio tornou-se bispo. Ele participou do Terceiro Concílio Ecumênico (Éfeso, 431 dC), que condenou a blasfêmia de Nestorius contra Cristo, a qual consistia em negar à Santíssima Virgem, o título de "Mãe de Deus". Juntamente com São Cirilo de Alexandria, Acácio com zelo lutou pela pureza da Fé Ortodoxa. 
São Acácio serviu devotamente a Igreja. Ele instruiu adultos e crianças na Sagrada Escritura e na Fé Ortodoxa. Entre seus alunos estava um tal luminar da Igreja como o Monge Euthymios o Grande (Comemorado em 20 de janeiro). Acácio era portador de abundante graça de Deus e operava muitos milagres. Após longo e zeloso serviço a Deus, Acácio repousou em paz no ano 435 dC 
São Agapito, Patriarca de Roma 
Santo Agapito, Patriarca de Roma, era um zeloso adepto da Ortodoxia. Pela sua vida piedosa ganhou a estima geral e foi elevado ao trono papal no ano 535. 
O Rei gótico, Teodorico, o Grande, enviou o Patriarca Agapito a Constantinopla para negociações de paz. Ao longo do caminho Santo Agapito encontrou um homem que era coxo e sem palavras. Ele o curou de sua claudicação e, depois de participar dos Santos Mistérios, o mudo falou. Em Constantinopla, o santo curou um mendigo cego. Ele, também, participou do Concílio Local, onde, zelosamente, defendeu o ensino ortodoxo contra o herege Severo.
Santo Agapito morreu em Constantinopla no ano 536. 
Os Veneráveis Zózimo e Savvatii 
Savvatii e Zózimo foram os co-fundadores da comunidade monástica situada na Ilha Solovki (Solovetsk) no Mar Branco. 
Zózimo, foi um grande luminar do norte russo. Nasceu na diocese de Novgorod, na vila de Tolvui, perto do Lago Onega. Desde seus primeiros anos, foi criado em piedade, e após a morte de seus pais Gavriil e Varvara, ele deu suas posses e recebeu a tonsura monástica. 
Em busca de um lugar solitário, o monge partiu para as margens do Mar Branco e na foz do Suma encontrou-se com o Monge Germano (Com. 30 de julho), que lhe contou sobre uma desolada ilha marítima, onde antigamente passara seis anos com o Monge Savvatii (Comemorado em 27 de Setembro). 
Por volta do ano de 1436, os eremitas, felizmente fazendo a viagem pelo mar, desembarcaram nas ilhas de Solovetsk. Deus abençoou o lugar de seu assentamento com uma visão para o Monge Zózimo de uma bela igreja no céu. Os monges com suas próprias mãos construíram celas e um recinto, e eles começaram a cultivar e semear a terra. Uma vez no final do outono, o Monge Germano partiu para o continente para obter provisões necessárias. Por causa do tempo do outono ele não fora capaz de retornar. O Monge Zózimo permaneceu todo o inverno sozinho na ilha. Ele sofreu muitas tentações na luta com os demônios. A morte por fome o ameaçou, mas, miraculosamente dois estranhos apareceram e deixaram-lhe um suprimento de pão, farinha e óleo. Na Primavera, o Monge Germano retornou a Solovetsk juntamente com o pescador Mark, e trouxe suprimentos de comida e equipamento para redes de peixe. 
Quando vários eremitas se reuniram na ilha, o Monge Zózimo construiu para eles uma pequena igreja de madeira em honra da Transfiguração do Senhor, juntamente com um refeitório. A pedido do Monge Zózimo um Higúmeno foi enviado de Novgorod para o recém-formado mosteiro com um Antimênsion para a igreja. Assim ocorreu o início do conhecido monastério de Solovetsk. Nas severas condições da remota ilha, os monges sabiam organizar sua economia. Mas os higúmenos, enviados de Novgorod a Solovetsk, não podiam resistir à vida em condições inusitadamente duras, e assim os irmãos escolheram como higúmeno o Monge Zósimas. 
São Zózimo possuía o dom da clarividência e, pouco antes de sua morte, o monge preparou um túmulo, no qual foi sepultado além do altar da igreja da Transfiguração († 17 de abril de 1478). Mais tarde, sobre suas relíquias foi construída uma capela. Suas relíquias juntamente com as relíquias do Monge Savvatii foram transferidas em 8 de agosto de 1566 para uma capela consagrada em sua memória na catedral da Transfiguração. 
Muitos milagres foram testemunhados, quando o Monge Zózimo com o Monge Savvatii apareceu a pescadores perecendo nas profundezas do mar. 
O Monge Zózimo é também patrono da apicultura, sendo-lhe próprio o apelido que recebeu de «Guardião das Abelhas». Ele também é venerado pelo pronto socorro que doentes recebiam por suas intercessões. As muitas igrejas hospitalares dedicadas a ele testemunham o grande poder curativo de sua oração diante de Deus. 
São Zózimo morreu em 1478 dC, e São Savvatii em 1435 dC.



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 3:11-16

11 Apegando-se o homem a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao pórtico chamado de Salomão. 12 Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? 13 O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este havia resolvido soltá-lo. 14 Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida; 15 e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. 16 E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a este homem que vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.

João 3:22-33

22 Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e batizava. 23 Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ia e se batizava. 24 Pois João ainda não fora lançado no cárcere. 25 Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação. 26 E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele. 27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. 28 Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. 29 Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo. 30 É necessário que ele cresça e que eu diminua. 31 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. 32 Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. 33 Mas o que aceitar o seu testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro.

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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Sexta-feira Luminosa

29 de Abril de 2022 (CC) / 16 de Abril (CE)
Santas Virgens Ágape, Irene, Chiônia, mártires de Dálmata († 304)





«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»




As Santas Mártires Agapia, Irene e Chionia eram irmãs de nascimento e viveram do final do século III ao início do século IV, perto da cidade italiana de Aquilea. Eles ficaram órfãos em tenra idade. As jovens levavam uma vida cristã piedosa e recusavam muitas ofertas de casamento. Seu guia espiritual era o Sacerdote Zeno. Foi revelado a ele em uma visão de sonho, que em um momento muito em breve ele morreria, e as santas virgens sofreriam o martírio. 
Situada também em Aquilea e tendo uma visão semelhante, foi a Grande Mártir Anastasia (+ c. 304, Comm. 22 de dezembro). Anastasia fez uma visita às irmãs e exortou-as a perseverar bravamente por Cristo. Logo o que foi predito na visão aconteceu. O padre Zeno morreu, e as três virgens foram presas e levadas a julgamento perante o Imperador Diocleciano (284-305).
Vendo a beleza juvenil das irmãs, o imperador exortou-as a se retratarem de sua fé Cristo e prometeu encontrar para elas, ilustres noivos entre a sua comitiva. Mas as santas irmãs responderam que elas tinham apenas um noivo, o Noivo Celestial – Cristo, pela fé em Quem elas estavam prontas para sofrer. O Imperador exigiu que renunciassem a Cristo, mas nem a irmã mais velha, nem as mais novas, consentiram. Elas chamavam os deuses pagãos de meros ídolos, feitos por mãos humanas, e pregavam a fé no Deus Verdadeiro.
Por ordem de Diocleciano, que estava partindo para a Macedônia, as santas irmãs também deveriam ser transportadas para lá. E as trouxeram à corte do Governador Dulceéio.
Quando ele viu a beleza das santas mártires, foi tomado por uma paixão impura. Dulcécio colocou as irmãs sob guarda e as informou que elas receberiam sua liberdade, se concordassem em cumprir seus desejos. Mas as santas mártires responderam que estavam preparadas para morrer por seu Noivo Celestial – Cristo. Então Dulcécio decidiu, secretamente forçar as irmãs a satisfaze-lo em seus desejos. Quando as santas irmãs se levantaram à noite e estavam glorificando o Senhor em oração, Dulcecio aproximou-se da porta e quis entrar. Mas uma força invisível o atingiu, ele perdeu os sentidos e cambaleou para longe. Incapaz de encontrar a saída, o torturador em seu caminho caiu na cozinha entre os utensílios de cozinha, as panelas e frigideiras, e ficou todo coberto de fuligem. Os criados e os soldados o reconheceram com dificuldade. Quando ele se viu no espelho, então percebeu que as santas mártires o haviam feito de bobo, e ele decidiu se vingar delas.
Em sua corte, Dulcécio deu ordens para desnudar as santas mártires diante dele. Mas os soldados, por mais que tentassem, não conseguiam fazer isso: as roupas, por assim dizer, se agarravam aos corpos das santas virgens. E durante o tempo do julgamento Dulcécio de repente adormeceu, e ninguém foi capaz de despertá-lo. Mas assim que o levaram para sua casa, ele imediatamente acordou.
Quando relataram ao Imperador Diocleciano tudo o que havia acontecido, ele ficou zangado com Dulcecio e entregou as santas virgens para julgamento a Sisínio. Este começou seu interrogatório com a irmã mais nova, Irene. Tendo se convencido de sua inflexibilidade, a despachou para a prisão e então tentou influenciar na renúncia as santas Chionia e Agapia. Mas a estas também era impossível induzi-las a renunciar a Cristo, e Sisínio ordenou que fossem queimadas as santas Agapia e Quiônia. As irmãs ao ouvirem a sentença renderam graças ao Senhor pelas coroas do martírio. E no fogo Agapia e Chionia expiraram em oração ao Senhor.
Quando o fogo se apagou, todos viram que os corpos das santas mártires e suas roupas não haviam sido chamuscadas pelo fogo, e seus rostos eram bonitos e pacíficos, como pessoas dormindo tranquilamente. No dia seguinte, Sisínio deu ordens para levar Santa Irene ao tribunal. Ele a ameaçou com o destino de suas irmãs mais velhas e instou-a a renunciar a Cristo, e então começou a ameaçar entregá-la por corrupção em um bordel. Mas a santa mártir respondeu: "Ainda que me forces a entregar meu corpo à corrupção, a minha alma nunca será contaminada pela renúncia de Cristo".
Quando os soldados de Sisínio conduziam Santa Irene à casa de má fama, dois soldados luminosos os alcançaram e disseram: "Seu mestre Sisínio manda que leveis esta virgem a uma alta montanha e a deixem lá, e depois voltem para ele e apresentem-se a ele. ele sobre o cumprimento do comando". E os soldados assim o fizeram. Quando eles relataram isso a Sisínio, ele ficou furioso, pois não havia dado tais ordens. Os soldados luminosos eram anjos de Deus, salvando a santa mártir da corrupção. Sisínio com um destacamento de soldados partiu para a montanha e viu Santa Irene em seu cume. Por um longo tempo eles procuraram o caminho para o topo, mas não conseguiram encontrá-lo. Então um dos soldados feriu Santa Irene com uma flecha de seu arco. A mártir clamou a Sisínio: "Eu zombo da tua malícia impotente, e puro e imaculado expiro para meu Senhor Jesus Cristo". Tendo dado graças ao Senhor, ela se deitou no chão e entregou seu espírito a Deus, no próprio dia da Santa Páscoa (+ 304).
A Grande Mártir Anastasia soube do fim das santas irmãs e enterrou reverentemente seus corpos.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 3:1-8

1 Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a nona. 2 E, era carregado um homem, coxo de nascença, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. 3 Ora, vendo ele a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. 4 E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. 5 E ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. 6 Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda. 7 Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram 8 e, dando ele um salto, pôs-se em pé. Começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus.

João 2:12-22

12 Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. 13 Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. 14 E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados; 15 e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas; 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. 17 Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará. 18 Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto? 19 Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei. 20 Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias? 21 Mas ele falava do santuário do seu corpo. 22 Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus havia dito.  

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COMENTÁRIOS

Bem-Aventurado Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)

“Somos As Pedras Vivas Com As Quais Se Edifica O Templo De Deus”

Com frequência temos advertido a vossa caridade que não devemos considerar os salmos como a voz isolada de um homem que canta, mas como a voz de todos aqueles que estão no Corpo de Cristo. E como no Corpo de Cristo estão todos, fala como um só homem, pois ele é ao mesmo tempo um e muitos. São muitos se considerados isoladamente; mas são um naquele que é um. Ele também é o templo de Deus do qual falou o apóstolo: O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós: todos os que creem em Cristo e, crendo, amam. Pois nisto consiste crer em Cristo: Em amar a Cristo; não como os demônios, que criam, porém não amavam. Por isso, apesar de crer, diziam: o que nós temos contigo, Filho de Deus? Nós, por outro lado, creiamos de tal forma que, crendo nele, lhe amemos e não digamos: o que nós temos contigo?, mas digamos melhor: “Te pertencemos, tu nos redimiste”. 
Realmente, todos quantos assim creem são como as pedras vivas com as quais se edifica o templo de Deus, e como a madeira incorruptível com a qual se construiu aquela arca que o dilúvio não conseguiu submergir. Este é o templo – isto é, os próprios homens – em que se roga a Deus e ele escuta. Somente ao que ora no templo de Deus lhe é dado ser escutado para a vida eterna. E ora no templo de Deus o que ora na paz da Igreja, na unidade do Corpo de Cristo. Este corpo de Cristo consta de uma multidão de crentes espalhados por todo o mundo; e por isso é escutado o que ora no templo. Ora, pois, no espírito e na verdade o que ora na paz da Igreja, não naquele templo que era somente uma figura. 
Em nível de imagem, o Senhor expulsou do templo aos que no templo buscavam seu próprio interesse, ou seja, os que iam ao templo para comprar e vender. Agora, se aquele templo era uma imagem, é evidente que também no Corpo de Cristo – que é o verdadeiro templo do qual o outro era uma imagem – existe uma miscelânea de compradores e vendedores, isto é, gente que busca seu interesse, e não o de Jesus Cristo. E visto que os homens são açoitados por seus próprios pecados, o Senhor fez um açoite de cordas e expulsou do templo a todos os que buscavam seus interesses, e não os de Jesus Cristo. 
Pois bem, a voz deste templo é a que ressoa no salmo. Neste templo – e não no templo material – se roga a Deus, como vos disse, e Deus escuta em espírito e verdade. Aquele templo era uma sombra, imagem do que haveria de vir. Por isso aquele templo já foi destruído. Isto quer dizer que foi derrubada nossa casa de oração? De forma alguma. Pois aquele templo que foi derrubado não pode ser chamado casa de oração, e do qual se disse: Minha casa é casa de oração, e assim será chamada por todos os povos. E escutastes o que disse nosso Senhor Jesus Cristo: Está escrito: Minha casa é casa de oração para todos os povos; porém vós a convertestes em uma cova de ladrões. 
Por acaso os que pretenderam converter a casa de Deus em uma cova de ladrões conseguiram destruir o templo? Da mesma maneira, os que vivem mal na Igreja Católica, naquilo que deles depende, querem converter a casa de Deus em uma cova de ladrões; porém, nem por isso destroem o templo. Mas chegará o dia em que, com o açoite trançado com seus pecados, serão precipitados fora. Pelo contrário, este templo de Deus, este Corpo de Cristo, esta assembleia de fiéis têm uma só voz, e canta no salmo como um só homem. Esta voz a escutamos em muitos salmos; ouçamo-la também neste. Se queremos, é nossa voz; se queremos, com o ouvido escutamos ao cantor, e com o coração também nós cantamos. Mas, se não queremos, seremos naquele templo como os compradores e vendedores, ou seja, como os que buscam seus próprios interesses: Entramos, sim, na igreja, mas somente para fazer o que agrada aos olhos de Deus.

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São Cirilo, Patriarca de Alexandria (séc. V)

“Cristo, Pontífice E Mediador”

Cristo intercede por nós como homem de Deus, como reconciliador e mediador dos homens. Ele é realmente nosso soberano e santíssimo pontífice que, oferecendo-se por nós, abranda com suas súplicas o coração de seu Progenitor. Ele é, verdadeiramente, vítima e sacerdote, ele é o mediador e o sacrifício imaculado, o verdadeiro cordeiro que tira o pecado do mundo. 
Certo tipo e sombra da mediação de Cristo manifestada nos últimos tempos foi aquela antiga mediação de Moisés; e o pontífice da lei prefigurou ao pontífice que estava acima da lei. Os preceitos legais são realmente sombras da verdade. Por isso, Moisés, o homem de Deus, e com ele o venerável Aarão, foram os eternos mediadores entre Deus e a assembleia do povo, algumas vezes aplacando a ira de Deus provocada pelos pecados dos israelitas, e implorando a suprema bondade sobre aqueles corações arrependidos; outras vezes fazendo votos, abençoando e oferecendo os sacrifícios legais e as oferendas pelo pecado conforme estabelece a lei; e, por fim, também apresentando ações de graças pelos benefícios recebidos de Deus. 
Cristo, que nos últimos tempos brilhou como pontífice e mediador superando tipos e imagens, roga certamente por nós como homem, porém derrama sua bondade sobre nós juntamente com Deus Pai enquanto Deus, distribuindo seus dons aos que são dignos. Isto é o que explicitamente nos ensina Paulo ao dizer: Eu vos desejo a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. 
Portanto, quem roga como homem é o mesmo que distribui dons como Deus. Sendo como é pontífice santo, inocente e imaculado, oferece-se a si mesmo não por sua própria fragilidade – como ordena a lei aos sacerdotes –, mas pela salvação de nossas almas. Tendo realizado isto uma só vez por nossos pecados, advoga por nós diante do Pai. Ele é vítima de propiciação por nossos pecados, não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro, ou seja, por todos os que, mediante a lei, seriam chamados procedentes de toda nação e raça, a justiça e a santificação.
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quinta-feira, 28 de abril de 2022

Quinta-feira Luminosa

28 de Abril de 2022 (CC) / 15 de Abril (CE)
Santos Apóstolos Aristarco, Pudens e Trófimo [Apóstolos dos 70] († Séc. I)







«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»


Comemoração dos Santos Aristarco, Pudens e Trófimo. 

Os Santos Discípulos Aristarco, Pudens e Trófimo estão entre os Setenta Discípulos, que o Senhor Jesus Cristo enviara adiante d’Ele, às cidades de Israel, para anunciar as boas novas do Evangelho (Lc. 10: 1-24).
O santo discípulo Aristarco, colaborador do Santo Apóstolo Paulo, tornou-se bispo da cidade síria de Apameia. Aristarco é, por diversas vezes, citado no livro dos Atos dos Santos Apóstolos (Atos 19: 29, 20: 4, 27: 2) e nas Epístolas do Apóstolo Paulo (Col. 4: 10, Filemom 1: 24).
O Santo discípulo Pudens (também conhecido como Pudente ou Prudente), é mencionado na 2ª Epístola do Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm. 4: 21). Ele ocupou alta posição como membro do Senado Romano. Em sua casa, o santo acolheu os Apóstolos de primeiro escalão Pedro e Paulo. Sua casa foi convertida em igreja, recebendo o nome de "Pastorum". Nela, segundo a tradição, o próprio Santo Apóstolo Pedro serviu como sacerdote.
O Santo Discípulo Trófimo veio da cidade de Edessa. Seu nome é mencionado no livro dos Atos dos Santos Apóstolos (Atos 20:4) e na 2ª Epístola do Apóstolo Paulo a Timóteo (2Tm 4:20). Foi discípulo e companheiro do Santo Apóstolo Paulo em suas missões, compartilhando com ele todas as dores e perseguições. 
Todos esses três santos discípulos acolheram o martírio em Roma sob o imperador Nero (54-68), ao mesmo tempo que o Apóstolo Paulo (c. 67).


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Atos 2:38-45

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

João 3:1-15

E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim étodo aquele que é nascido do Espírito. Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Quarta-feira Luminosa



27 de Abril de 2022 (CC) / 14 de Abril (CE)
Santo Mártir Ardalion, o Comediante († Séc. III ?)






«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»




No início, Ardalion era um comediante. Por ser o martírio público dos cristãos uma diversão muito apreciada pelo povo, Ardalio, compulsiva e reiteradamente, representava em seus espetáculos, o papel de um mártir da Fé, zombando dos cristãos de todas as maneiras possíveis. 
Foi durante uma perseguição deflagrada à época do reinado do Imperador Maximiano, que seu espírito mudou completamente. Na frente da multidão, São Ardalion gritou em voz alta que ele era um cristão e que não estava brincando. E por isto, Ardalion, foi preso e condenado. Ele padeceu por Cristo e morreu triturado, amarrado a um carro de abrir estradas vermelho, cumprindo verdadeira e honrosamente o papel de um mártir.  







Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!


Atos 2:22-36

22 Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; 23 a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos; 24 ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela. 25 Porque dele fala Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado; 26 por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e além disso a minha carne há de repousar em esperança; 27 pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; 28 fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua presença. 29 Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. 30 Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes - 31 prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a corrupção. 32 Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. 33 De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. 34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, 35 até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. 36 Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

João 1:35-51

35 No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos 36 e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus! 37 Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. 38 Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas? 39 Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus. 41 Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo). 42 E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). 43 No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galileia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me. 44 Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 45 Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. 46 Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê. 47 Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! 48 Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. 49 Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel. 50 Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás. 51 E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.


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COMENTÁRIO

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)


Diz a Sabedoria: Os maus me buscarão e não me encontrarão. E não é que o Senhor recusasse ser achado pelos homens, ele que se oferecia a todos, até mesmo aos que não o buscavam, mas porque era buscado com ações tais que os tornava indignos de encontrá-lo. Mas, por outro lado, Simeão, que o aguardava, o encontrou.

André o encontrou e disse a Simão: Encontramos ao Messias (que significa Cristo). Também Felipe diz a Natanael: Aquele sobre quem Moisés na lei e os profetas escreveram, o encontramos: É Jesus, filho de José, de Nazaré. E com a finalidade de mostrar-lhe qual é o caminho para encontrar a Jesus, lhe diz: Vem e verás. Portanto, quem busca a Cristo, acorra não com passos corporais, mas com a disposição da alma; que o veja não com os olhos da face, mas com os interiores do coração; porque ao eterno não se vê com os olhos da face, visto que aquilo que se enxerga é temporal; o que não se vê é eterno.

E Cristo não é temporal, mas nascido do Pai antes dos tempos, como Deus que é e verdadeiro Filho de Deus; e como poder sempiterno e supratemporal, ao qual nenhum limite temporal é capaz de circunscrever; como vida metatemporal, a quem jamais o dia da morte poderá surpreender-lhe. Porque o seu morrer foi um morrer ao pecado de uma vez para sempre; e seu viver é um viver para Deus.

Ouves o que o apóstolo diz? Ao pecado, morreu de uma vez para sempre. Uma vez Cristo morreu por ti, pecador: não voltes a pecar depois do batismo. Morreu uma vez por toda a coletividade, e uma vez – e não frequentemente – morre por cada indivíduo em particular. És pecador, ó homem: por isso o Pai todo-poderoso fez ao seu Cristo pecado. O fez homem para que carregasse nossos pecados. Por mim, pois, morreu o Senhor Jesus ao pecado: para que nós, mediante ele, obtivéssemos a justificação de Deus. Por mim morreu, para ressuscitar por mim. Morreu uma vez e uma vez ressuscitou. E tu morreste com ele, com ele fostes sepultado, e com ele, no batismo, ressuscitaste: cuida para que, uma vez morto, não voltes mais a morrer. Doravante, já não morrerás ao pecado, mas ao perdão: não aconteça que, tendo ressuscitado, morras uma segunda vez. Porque Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre mais, a morte já não tem domínio sobre ele. Então a morte lhe tinha dominado? Sim, visto que ao dizer: a morte já não tem domínio sobre ele, revela o domínio da morte. Não te ponhas a perder este benefício, ó homem! Por ti Cristo se submeteu ao domínio da morte, a fim de libertar-te do jugo da dominação. Ele acatou a servidão da morte, para conceder-te a liberdade da vida eterna.

Portanto, aquele que busca a Cristo, busca igualmente sua tribulação, e não evita a paixão. No perigo clamei ao Senhor, e ele me escutou colocando-me a salvo. É boa, pois, a tribulação que nos faz dignos de que o Senhor nos escute colocando-nos a salvo. Ser escutado pelo Senhor já é uma graça. Por isso, quem busca a Cristo, não recusa a tribulação; quem não a evita é encontrado pelo Senhor. E não a evita quem medita os mandamentos do Senhor com a adesão cordial e com as obras.

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“O VERBO MESTRE E O VERBO PEDAGOGO”

São Clemente de Alexandria (séc. III)

Estabelecemos para vocês, meus filhos, uma base de verdade, fundamento inquebrantável de conhecimento do sagrado templo do grande Deus; uma bela exortação, um desejo de vida eterna que se alcança por uma obediência digna do Verbo, e que foi fundamentada no terreno da inteligência.

Das três coisas que há no homem: costumes, ações e paixões, o “Verbo Protréptico”[4] se encarregou dos costumes; guia da religião, permanece como substrato ao edifício da fé, qual quilha[5] de uma nave. Graças a ele abjuramos alegres de nossas velhas crenças, e nos rejuvenescemos para alcançar a salvação, cantando com o profeta: Que bom é Deus para Israel, para aqueles que têm um coração reto.

Um Verbo preside também as nossas ações: o “Verbo Conselheiro”; e um Verbo cura nossas paixões: o “Verbo Consolador”. Porém, é sempre o mesmo Verbo, o que arranca ao homem de seus costumes naturais e mundanos, e o que, como pedagogo, o conduz à única salvação da fé em Deus.

Bem, o guia celestial, o Verbo, recebia o nome de protréptico porque nos exortava à salvação – esta é a denominação especial que o Verbo recebe encarregado de estimular-nos, tomando o todo o nome da parte; toda religião é, de fato, protréptica, já que gera no espírito o desejo da vida presente e da futura.

Mas agora, atuando continuamente na qualidade de terapeuta e de conselheiro, aconselha ao que previamente se converteu e, o que é mais importante, promete a cura de nossas paixões. Demos-lhe, portanto, o único nome que naturalmente lhe corresponde: o de Pedagogo. O Pedagogo é educador prático, não teórico; seu objetivo é o desenvolvimento da alma, não a instrução; é guia de uma vida virtuosa, não erudita.

O mesmo Verbo é também Mestre, mas não o é ainda. O Verbo Mestre expõe e revela as verdades doutrinais; o Pedagogo, porém, na qualidade de prático nos exorta primeiro a levar uma vida moral, e já nos convida a pôr logo em prática nossos deveres ditando os preceitos que devem guardar-se intactos, e mostrando aos homens do amanhã o exemplo daqueles que anteriormente erraram o caminho.

Ambos os métodos são altamente eficazes: um conduz a obediência; é o gênero parenético; o outro, que reveste a forma de exemplo, subdivide-se, por sua vez – paralelamente – em dois modos de proceder: um consiste em que imitemos o bem e o prefiramos; o outro, em que nos afastemos dos maus exemplos, repelindo-os.

Disto se segue a cura das paixões. O Pedagogo, com exemplos consoladores, fortalece a alma; e, como se tratasse de doces remédios, com seus remédios, cheios de calor humano, cuida dos enfermos, conduzindo-lhes para o perfeito conhecimento da verdade. Saúde e conhecimento não são o mesmo; aquela se obtém pela cura; este, pelo estudo.

Um enfermo não poderia assimilar nada dos ensinamentos até que não estivesse completamente restabelecido; a prescrição que se dita aos aprendizes não tem o mesmo caráter que aquela que se dá aos que estão enfermos: aos primeiros, lhes é administrado para o seu conhecimento; aos segundos, para a sua cura.

Assim como os enfermos do corpo necessitam de um médico, do mesmo modo os enfermos da alma precisam do Pedagogo, para que sare nossas paixões. Então, vamos ao mestre, que nos guiará na tarefa de purificar nossa alma para a aquisição do conhecimento e para que seja capaz de receber a revelação do Verbo. Desta forma, o Verbo – que ama plenamente aos homens –, solícito de que alcancemos gradualmente a salvação, realiza em nós um bonito e eficaz programa educativo: primeiro, nos exorta; em seguida, nos educa como um pedagogo; finalmente, nos ensina.

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“ENCONTRAMOS O MESSIAS”

Santo Atanásio de Alexandria (séc. IV)

André foi em busca de seu irmão Simão e partilhou com ele o tesouro de sua contemplação. Conduziu Pedro ao Senhor. Coisa surpreendente. André ainda não é discípulo e já é condutor de homens. Ensinando começa a aprender e adquire a dignidade de apóstolo. Encontramos o Messias. Após tantas noites de insônia à margem do Jordão, agora encontramos o objeto de nossos desejos.

Pedro foi rápido ao atender este chamado. Era o irmão de André e adiantou-se cheio de fervor com o ouvido atento. Tomando a Pedro consigo, André leva ao Senhor seu irmão segundo a natureza e o sangue, para que se beneficie de seu ensinamento. É a primeira façanha de André. Fez crescer o número de discípulos, apresentou Pedro, em quem Cristo encontrará o chefe de seus discípulos.

Isto é tão verdade que, quando, mais tarde, Pedro tenha uma conduta admirável, a deverá ao que André havia semeado. Porém, o louvor dirigido a um recai igualmente no outro. Porque os bens de um pertencem ao outro, e cada um deles se glorifica com os bens do outro.

Que alegria Pedro buscou para todos quando respondeu rapidamente a pergunta do Senhor, rompendo o silêncio embaraçoso dos discípulos! Segundo o povo, disse Jesus: quem é o filho do homem? Então, como se fosse a língua dos que tinham sido interrogados, e como se todos respondessem por ele, disse sozinho em nome de todos: tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.

Em uma frase proclamou ao Mestre o seu desígnio de salvação. Admirável harmonia das palavras. Aquelas que André utilizou para levar a Pedro, as subscreve o Pai desde o céu ao inspirar semelhantes a Pedro. André tinha dito: Encontramos o Messias. O Pai disse a Pedro: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.

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terça-feira, 26 de abril de 2022

Terça-feira Luminosa

26 de Abril de 2022 (CC) / 13 de Abril (CE)
São Martinho, o Confessor, Papa de Roma, mártir († 656)







«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»


Comemoração de São Martinho
A sua terra natal era Todi e na Igreja Romana era diácono, mas, o seu grande feito seria o de substituir o então Papa Teodoro em 13 de maio de 649. 
Cedo provou ser de linha dura, tendo mão forte no governo, onde, inclusíve, não aguardou o consentimento da sua eleição pelo então Imperador Constante II. Por disputas políticas, das quais Martinho participou de modo a incomodar o Imperador com a sua atitude, este último ordenou que o exarca de Ravena, de nome Olímpio, assassinasse Martinho em meio da celebração de uma liturgia em que ambos estavam presentes. Mas, ao tentar cravar o punhal, Olímpio foi atingido por uma intensa luz que o cegaria totalmente. Este acontecimento convenceu o próprio Olímpio da santidade daquele ao qual esteve disposto a matar. Assim, mudou de atitude e tentou a reconciliação com o santo. 
O Imperador sabendo da morte em 653 de Olímpio, conseguiu concretizar a sua vingança com o mais novo exarca que seria Teodoro de Calíopa, que prende o Papa. Neste momento a acusação era a de Martinho ter-se apropriado ilegalmente do cargo de Papa e, assim, inicia o seu longo período de martírio e dor, onde se somaram as piores calamidades. Ao longo de todo esse sofrimento tentava manter a vontade do corpo, mas, por fim foi aprisionado e submetido à falta de comida que o enfraqueceria até a morte em 13 de Abril de 656. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Atos 2:14-21   

14 Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja- vos isto notório, e escutai as minhas palavras. 15 Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia. 16 Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: 17 E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos; 18 e sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. 19 E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. 20 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. 21 e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

Lucas 24:12-35 

12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido. 13 Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; 14 e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. 15 Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; 16 mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. 17 Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes. 18 E um deles, chamado Cleópas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias? 19 Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. 20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. 22 Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro 23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo. 24 Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram. 25 Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! 26 Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? 27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. 28 Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. 29 Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. 30 Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. 31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. 32 E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?  33 E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles, 34 os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão. 35 Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.

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COMENTÁRIO

ESEGUIR A CRISTO ESTÁ A NOSSA SALVAÇÃO”
São Clemente de Alexandria (Séc. III)

Batizados, somos iluminados; iluminados, recebemos a adoção filial; adotados, conduzidos à perfeição; aperfeiçoados, recebemos o dom da imortalidade. Diz a Escritura: Eu declaro: Sois deuses e todos filhos do Altíssimo. Esta operação (o batismo) recebe nomes diversos: graça, iluminação, perfeição, banho.

Banho, porque nele nos purificamos de nossos pecados; graça, porque nos são perdoadas as penas devidas pelos pecados; iluminação, a qual nos facilita a visão daquela santa e salvífica luz, isto é, que nos possibilita a contemplação de Deus; e chamamos perfeito ao que não carece de nada. Seria realmente absurdo chamar “graça de Deus” a uma graça que não seja perfeita e completa em todos os sentidos: aquele que é perfeito distribuirá normalmente dons perfeitos.

Se no plano da palavra bastou ordenar e tudo veio à existência, no plano da graça bastará que ele queira concedê-la para que essa graça seja plena. O que há de acontecer no futuro é antecipado graças ao poder de sua vontade. Acrescente-se a isto que a libertação dos males já é o começo da salvação. Nem pisamos direito os limiares da vida, e já somos perfeitos: e começamos a viver no mesmo instante em que somos subtraídos ao império da morte. Portanto, em seguir a Cristo está a nossa salvação. O que nele se fez, é vida. Eu vos asseguro, disse, quem escuta minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte para a vida. Portanto, somente o fato de crer e de ser regenerado é a perfeição na vida, pois Deus jamais é deficiente.

Do mesmo modo que seu querer já é uma realidade, e uma realidade que chamamos mundo, da mesma forma seu projeto é a salvação dos homens, uma salvação que se chama Igreja. Ele conhece, pois, aos que chamou e salvou: porque os chamou e salvou ao mesmo tempo. Vós mesmos, diz o apóstolo, fostes instruídos por Deus. Na verdade, seria blasfemo considerar imperfeito o ensinamento do próprio Deus. E o que dele aprendemos é a eterna salvação do Salvador eterno: a ele a graça pelos séculos dos séculos. Amém. Alguém apenas está regenerado quando – como seu mesmo nome o indica – fica iluminado, quando é imediatamente libertado das trevas e é gratificado automaticamente com a luz.

Somos totalmente lavados de nossos pecados e, no mesmo instante, deixamos de ser maus. Esta é a graça singular da iluminação: nossa conduta não é a mesma que antes de descer às águas batismais. Mas como o conhecimento se origina ao mesmo tempo em que a iluminação, ilustrando a inteligência, e nós que éramos rudes e ignorantes, imediatamente fomos chamados discípulos, isto é devido a que a iniciação sobredita nos foi concedida previamente? Impossível precisar o momento.

O certo é que a catequese conduz à fé, e que a fé, no momento do santo batismo, é formada pelo Espírito Santo. Contudo, que a fé é o único e universal caminho de salvação da natureza humana, e que é um dom do Deus justo e filantropo para com todos igualmente, o expôs muito claramente Paulo, dizendo: Antes que chegasse a fé, estávamos prisioneiros, custodiados pela lei, à espera da fé que devia ser revelada. Assim, a lei foi nosso pedagogo, que nos conduziu a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Uma vez que a fé chegou, já não estamos submetidos ao pedagogo. Não acabais de ouvir que já não estamos sob a lei do temor, mas sim sob o Logos, que é o pedagogo do livre-arbítrio? Na continuação Paulo acrescenta uma expressão livre de qualquer tipo de parcialidade: Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Vós que fostes incorporados a Cristo pelo batismo, vos revestistes de Cristo. Já não há distinção entre judeus e gentios, escravos e livres, homens e mulheres, porque todos sois um só em Cristo Jesus.

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