terça-feira, 30 de setembro de 2014

17ª Terça-feira Depois de Pentecostes

30 de Setembro de 2014 (CC) / 17 de Setembro (CE)
Pós-festa da Exaltação da Santa e Vivificante Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo
Ss. Mártires Sofia e suas três filhas: Fé, Esperança e Caridade († c. 130)


Santa Sofia, nobre matrona romana cujo nome significa “Sabedoria Divina” teve por filhas as três virgens: Fé, Esperança e Caridade, nomes estes que ela escolheu no batismo pelo amor que dedicava a essas virtudes cristãs.  Santa Sofia buscou sempre a perfeição evangélica, sendo agraciada por Deus com o Dom de contemplar as grandezas celestiais, educando suas filhas num reto amor pelas virtudes, numa época de intensas perseguições ao Cristianismo, por volta do século 130 d.C., sendo discípulas incondicionais de Nosso Senhor Jesus Cristo, viveram na época da perseguição do Imperador Romano Adriano e seu prefeito Antíoco, que martirizou as filhas em presença de sua mãe, visto que estas pregavam por toda cidade de Roma e arredores a mensagem do crucificado.  Santa Sofia, cuja fé e fortaleza eram inabaláveis, animava suas filhas a perseverarem na virtude mesmo diante dos bárbaros tormentos que lhe foram infligidos pelo imperador, que fazendo sofrer as filhas, tencionava fazer Sofia renegar sua fé cristã.

Santa Fé foi a primeira martirizada, sendo despida, atada de mãos e pés, cruelmente chicoteada tendo seus cotovelos e tornozelos esmagados à marteladas, em meio aos sorrisos e injúrias do Imperador. Sua irmã, Santa Esperança, também despida, foi lançada lentamente numa caldeira de betume derretido e por fim, Santa Caridade, de apenas 9 (nove) anos de idade, foi decapitada, seu corpo retalhado e lançado ao fogo.  

Santa Sofia, a tudo assistiu, elevando os olhos ao céu na certeza de que suas filhas já contemplavam a visão beatífica concedida aos mártires da fé, consumida pela dor, continuou sua vida de intensas penitências e virtudes exemplares, arrastando milhares de pessoas ao Cristianismo, nem mesmo a violência e a tirania contra os cristãos faziam-na desistir, estava também disposta a dar sua vida por Cristo Rei, por sua Igreja!  Por amor a Jesus Cristo, a Santa perdeu seus bens, sua liberdade e a própria família. 

Dois meses se passaram em completa agonia, quando Jesus, o grande Mestre, sentindo piedade de sua serva fiel a fez tombar sem vida sobre o túmulo de suas filhas. Ali estava encerrada a vida desta heroína da Cruz, entrava agora na glória eterna acompanhada dos anjos em festa, recebendo do Senhor singulares dons, entre os quais o de curar pústulas venenosas, enfermidades e toda sorte de males.  Em resumo, sua vida é modelo de fé e de virtudes colocadas em prática. 

A santa e venerável Sofia faleceu aos 30 de setembro do ano 130, em cujo dia voou a mansão celestial, tornando-se uma das santas mais populares na Igreja Ortodoxa, sendo à ela dedicada a magnífica Basílica de Santa Sofia em Constantinopla (Istambul na atual Turquia), hoje dominada pelos muçulmanos que a transformaram em museu nacional. Seu Santuário na Itália localiza-se na cidade de Poderia-Salerno, e no Brasil na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Cosmos, Igreja esta construída pelo então comendador Serafim, grande devoto desta santa.




LITURGIA

Efésios 2:19-3:7

19 Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; 21 no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor, 22 no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito. 1 Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios... 2 Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; 3 como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, 4 pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, 5 o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, 6 a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho; 7 do qual fui feito ministro, segundo o dom da graça de Deus, que me foi dada conforme a operação do seu poder.   

Lucas 6:37-45

37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós. 39 E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco? 40 Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre. 41 Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? 42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. 43 Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 44 Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas. 45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. 


COMENTÁRIO


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

17ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

29 de Setembro de 2014 (CC) / 16 de Setembro (CE)
Pós-festa da Exaltação da Santa e Vivificante Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo
Santa Eufêmia, megalomártir († 304)



Eufêmia nasceu na Calcedônia, uma cidade perto de Constantinopla, numa família nobre e respeitável, foi criada nos ideais cristãos, que faziam dela um exemplo de virtude e beleza junto dos habitantes. Durante o reinado do Imperador Diocleciano, que proibia batizados, ela foi acusada e tendo recusado a casar com um herói da cidade, foi presa com outros cristãos. Torturada de maneira cruel, onde era usada uma roda de moinho, sempre se manteve fiel à sua fé e manteve intacta a sua decisão de nunca trair a Deus. Entregaram-na aos leões que acabaram por matá-la, mas não danificaram o seu corpo, deitando-se a seu lado como que a protegê-la de mais sofrimentos. Era o dia 16 de Setembro do ano 304, quando tinha ela somente 15 anos de idade. Os cristãos ficaram com o seu corpo, sendo depois sepultado em Calcedônia, onde construíram uma igreja. Em 620, quando a cidade foi invadida e conquistada pelos Persas, o seu corpo foi trasladado para Constantinopla e depositado numa Igreja que fora construída por ordem do Imperador Constantino, em sua honra.

Com a entrada no poder do Imperador Nicefor, que era contra símbolos religiosos, os cristãos temiam que ele pudesse ordenar a remoção do corpo de Santa. Eufêmia. Conta-se que numa noite de violenta tempestade o sarcófago de mármore desapareceu da cidade. Possivelmente, pescadores cristãos carregaram-no em seus barcos, com a esperança de a transportar para um lugar seguro. Em 13 de Julho do ano 800, as pessoas de Rovinj, viram dar à costa, ondulando gentilmente nas águas, um sarcófago. Os sinos repicaram, as pessoas que se juntaram na praia tentaram retirá-lo da água, mas em vão, todos os esforços eram inúteis, até que apareceu uma criança com dois fracos bezerros e que para espanto de todos conseguiu remover o pesado sarcófago da água e o levou até a igreja local. Quando abriram o sarcófago, viram o corpo de uma jovem muito bonita e que vestia um luxuoso vestido e junto dela, um pergaminho que dizia: «este é o corpo de Santa Eufêmia, virgem mártir da Calcedônia, filha de um nobre senador, nascida para o céu em 16 de Setembro do ano 304 AD…». O seu corpo continua preservado numa igreja na cidade de Rovinj, na atual Croácia, onde pode ser visitado.


Efésios 1:22-2:1-3

E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.

Lucas 3:19-22

Sendo, porém, o tetrarca Herodes repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito, Acrescentou a todas as outras ainda esta, a de encerrar João num cárcere. E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu; E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.

domingo, 28 de setembro de 2014

Domingo Posterior à Festa da Exaltação da Santa e Vivificante Cruz

28 de Setembro de 2014 (CC) / 15 de Setembro (CE)
São Nicetas, o Grande Mártir († c. 372)


São Nicetas foi um dos mártires mais célebres entre os visigodos. Nicetas era um visigodo nascido às margens do Danúbio e convertido à fé já na sua juventude por Ulfilas, um brilhante missionário que viveu entre aquele povo e traduziu a Bíblia para a língua gótica. Foi ainda Ulfilas quem ordenou Nicetas sacerdote. Por volta do ano 372, várias centenas de visigodos, fugindo dos invasores hunos, refugiaram-se na Moldávia e tiveram uma recepção nada acolhedora de parte das autoridades romanas, sendo alvos, ao contrário, de insultos e ofensas. Imediatamente, em represália, o rei Atanarico, senhor dos visigodos do Oriente, cujo território fazia fronteira com o Império Romano na região da Trácia, começou uma violenta perseguição contra os cristãos. Por ordem do rei, um ídolo foi colocado sobre uma carreta e levado por todas as cidades e aldeias onde se suspeitava da presença de cristãos, e qualquer pessoa que se recusasse a adorar o tal ídolo, estava, consequentemente, condenado à morte. E para que fossem mortos em massa, os perseguidores usavam o método de trancar os cristãos capturados em casas ou igrejas, queimando-as em seguida. No exército de mártires que glorificaram a Deus nessa ocasião, figura São Nicetas, que selou sua fé e obediência com seu sangue, purificando-se de toda a culpa pela morte no fogo, e entrando triunfante na vida eterna. Suas relíquias foram levadas para Mopsuecia na Cilicia, depositadas num santuário erguido em sua honra pelo qual o mártir visigodo foi venerado nas igrejas bizantinas e sírias.


MATINAS

Lucas 24:12-35

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, Os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.


LITURGIA


Gálatas 2:16-20

16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada. 17 Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum. 18 Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. 19 Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus.  20 Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

Marcos 8:34-9:1

34 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. 35 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. 36 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? 37 Ou que diria o homem em troca da sua vida? 38 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. 1 Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.



COMENTÁRIO

Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.

Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.

Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós". (1 Co 5,7).

S. João Crisóstomo,
Homilia 1 «Sobre a Cruz e sobre o Ladrão»



ORAÇÃO

Pelo teu precioso sangue resgataste-nos da maldição da lei; tendo sido pregado à cruz e traspassado pela lança, tornaste-te para nós fonte de imortalidade; Ó Salvador nosso, glória a Ti!



sábado, 27 de setembro de 2014

Festa da Exaltação da Santa, Venerável e Vivificante Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo

27 de Setembro de 2014 (CC) / 14de Setembro (CE)
Dormição de São João Crisóstomo (407)



O primeiro mérito da rainha Helena foi a educação cristã que ela deu ao seu filho Constantino, desta forma preparava-o para a aceitação do cristianismo enquanto os outros filhos dos aristocratas eram educados em paganismo e desprezavam o cristianismo. O segundo mérito foi o achado da Cruz do Nosso Senhor.

No intuito de achar a Cruz do Nosso Senhor, no ano de 326 a imperatriz Helena viajou para Jerusalém. Lá lhe disseram, que a Cruz estava enterrada no lugar onde os pagãos construíram um templo em honra da deusa Vênus. Quando, por ordem da Helena, demoliram o prédio e começaram a cavar a terra, acharam três cruzes e perto delas uma tabuinha com a inscrição: "Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus."

Para determinar, qual era a cruz do Nosso Senhor, trouxeram um morto e começaram a colocá-lo encima das cruzes, um após o outros. Na deposição das duas primeiras cruzes não aconteceu nenhum milagre. Porém, quando colocaram o morto encima da terceira cruz, o morto ressuscitou e assim ficou comprovada a cruz do Nosso Salvador.

Quando o povo ficou sabendo do milagre, todos queriam ver a Santa Cruz. Então, o Patriarca de Jerusalém Makários e a Imperatriz Helena foram até um lugar alto e lá levantaram a cruz. Todos, vendo a cruz do Nosso Senhor, rezavam com lágrimas: "Senhor, tenha piedade de nos."

Em memória deste acontecimento, a Igreja estabeleceu a festa da Exaltação da Santíssima e Vivificante Cruz do Nosso Senhor. Esta festa pertence às maiores festas e é comemorada no dia 14 de setembro (27 de setembro Calendário Civil). Neste dia a cruz é levada solenemente até o centro da igreja para adoração.

Durante o reinado do Constantino, foi restabelecido o nome de Jerusalém no lugar de “Aelia Capitolina”, dado pelo imperador Adriano (117-138).

A imperatriz Helena construiu várias igrejas na Terra Santa: a basílica de Ressurreição (chamada no Ocidente de Igreja do Santo Sepulcro) do Nosso Senhor na Gólgota, onde todo ano, na noite de Páscoa, desce o fogo celestial; no monte das Oliveiras (de onde Nosso Senhor ascendeu ao Céu); em Belém (onde Nosso Senhor nasceu como homem) e no Hebron, perto do carvalho no vale de Mamré, onde Deus apareceu ao Abraão.



O Repouso de São João Crisóstomo


São João Crisóstomo morreu em 14 de setembro 407, mas por causa da festa da Exaltação da Vivificante Cruz do Senhor, a comemoração do santo foi transferida para 13 de novembro, onde as informações sobre sua vida e testemunho são lembradas. Em 27 de janeiro é feita uma comemoração da transferência das relíquias de São João Crisóstomo de Komaneia para Constantinopla, e em 30 de janeiro - é a celebração da Sinaxys dos Três Hierarcas ecumênico.




MATINAS


João 12:28-36

28 Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei. 29 A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou.    30 Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós. 31 Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. 32 E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. 33 Isto dizia, significando de que modo havia de morrer. 34 Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem? 35 Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. 36 Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.


LITURGIA

1 Coríntios 1:18-24

18 Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. 19 porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos. 20 Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? 21 Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que creem. 22 Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, 23 nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, 24 mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.  

João 19:6-11, 13-20, 25-28, 30-35

6 Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele. 7 Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. 8 Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou; 9 e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar? 11 Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem. 13 Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá. 14 Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei. 15 Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César. 16 Então lho entregou para ser crucificado. 17 Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, 18 onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19 E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. 20 Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. 25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. 26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. 27 Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. 28 Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede. 30 Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali. 32 Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado; 33 mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34 contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.  




HOMILIAS 

Homilia 1 
«Sobre a Cruz e sobre o Ladrão»
São João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla

Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.

Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.

Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória do Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: "Celebremos esta festa", diz ele, "não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade" (1 Co 5,8). E ele explica-nos a razão dizendo: "Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós". (1 Co 5,7).



Homilia 2 
«A cruz, árvore de vida»

São Teodoro Estudita (759-826), monge em Constantinopla

Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden, não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o gênero humano da escravidão do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa natureza ferida por Satanás.

Depois de termos sido mortos pelo madeiro, encontramos a vida pelo madeiro; depois de termos sido enganados pelo madeiro, é pelo madeiro que repelimos a serpente enganadora. Que permutas surpreendentes! A vida em vez da morte, a imortalidade em vez da corrupção, a glória em vez da ignomínia. Por este motivo, o apóstolo Paulo exclamou: “Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14) … Mais do que qualquer sabedoria, esta sabedoria que floresceu na cruz tornou ignóbeis as pretensões da sabedoria do mundo (1 Cor 1, 17s) …

É pela cruz que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.

Fonte: O Evangelho Cotidiano