domingo, 15 de junho de 2014

Domingo de Todos os Santos


1º Domingo Depois de Pentecostes
DOMINGO DE TODOS OS SANTOS
1º Domingo de São Mateus
15 de Junho de 2014 (CC) / 02 de Junho (CE)
Santos Nicéforo, o Confessor, Arcebispo de Constantinopla e seus companheiros; Megalomártir João, o Jovem de Sochav




MATINAS (I)

Mateus 28:16-20

     16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara.    17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.    18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.    19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;    20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.   


LITURGIA

Hebreus 11:33-12:2

     33 os quais por meio da fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões,    34 apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros.    35 As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição;    36 e outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda cadeias e prisões.    37 Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados    38 (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.    39 E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa;    40 visto que Deus provera alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.    1 Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta,    2 fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus.   

Mateus 10:32-33, 37-38; 19:27-30

     32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.    33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.    37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.    38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.    27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?    28 Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.    29 E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.    30 Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros. 




O DOMINGO DE TODOS OS SANTOS

Nós todos sabemos que nesta vida existem sofrimentos e dificuldades. Quem pensa o contrário nega uma parte fundamental do que é esta vida, pois a felicidade que o mundo oferece é passageira, e quando se vai, deixa o ser humano mais vazio do que estava antes.

Mas, o que é a felicidade?

Muitos hoje vivem anos e anos empenhados em buscar a felicidade e sem nunca a achar, pois o que nós temos por felicidade é a ideia de bem-estar; mas um bem-estar aparente, pois este consiste apenas em prazeres e excessos que têm consequências a longo prazo para os tolos ou incautos que a eles se entregaram.

Por exemplo: uma mulher que decidiu se casar com um homem por sua aparência ou status social, depois de um tempo vai se sentir diminuída e desvalorizada ao ter que viver uma mentira na frente dos outros, estando, no entanto, frustrada em seu interior. Ou o homem que se casa com uma mulher só por sua aparência para assim desfrutar os prazeres da carne. Passado o fogo dos primeiros momentos, verá todo seu prazer dar lugar ao tédio; logo em seguida, ambos buscarão preencher o vazio com outras pessoas ou coisas: futebol, ioga, amigos, restaurantes, carreiras, etc., contudo, nunca alcançando a felicidade.

Então o que é felicidade? 

A felicidade para a qual o homem foi criado não é esta vida terrena, mas a vida eterna. A presente vida destina-se ao aperfeiçoamento de nossas almas. Acaso não dizem as Sagradas Escrituras que a prata é exposta ao fogo para retirar a escória e assim ficar purificada (Salmo 66: 10-12)? Assim, cada um de nós, bem como todas as pessoas, temos que conviver com pobrezas, doenças, inimizades, e por elas somos refinados e purificados; mas o tolo não entende isso e se recusa a aceitar esta realidade violenta, contudo, assim diz o Senhor:

"O reino dos céus sofre violência e são os violentos que o conquistam" (Mateus 11:12).

E também:

"Se o grão de trigo não morrer, não dará fruto" (João 12:24)

Assim, se para nos mostrar o caminho da verdadeira felicidade, Ele mesmo, o Próprio Senhor, morreu e sofreu, e, embora sendo irrepreensível, tornou-se um homem de dores (Isaías 53:3), quanto mais nós devemos aceitar de bom grado o nosso sofrimento - não só para o perdão das nossas ofensas a Deus e aos irmãos - mas para alcançar a recompensa prometida por Jesus Cristo, nosso Deus?

No entanto, devemos sofrer em união com Cristo para que tal morte seja frutífera na ressurreição...

Palavras ainda mais claras e contundentes diz o nosso Senhor:

"Quem aprecia a sua vida vai perdê-la, ao passo que aqueles que podem descartá-la, mantê-la-ão para a vida eterna" (João 12:25).

Por isto, o verdadeiro sábio e prudente, aceita a perseguição, a ridicularização e a incompreensão, até mesmo de seus próprios parentes. A pobreza de vida a que nos referimos, é a pobreza por causa da injustiça e não a causada  do endividamento por adquirir as coisas perecíveis deste mundo; a incompreensão sofrida é a por querer seguir o exemplo e os sentimentos do Deus feito Homem; ser ridicularizado por não roubar e mentir, não ser infiel, não dado às paixões dos homens irracionais desta geração e suas acumulações sem sentido, embora elas a tenham como justas; por não engolir, como animais sem focinheira, o que anda na frente, mas com medida e sobriedade saciar o estômago para melhor dedicar-se à oração, suplicando a misericórdia de Deus; viver em austeridade, pois, mesmo tendo recursos para viver em largura, decide assemelhar-se a Jesus Cristo, o Qual nasceu em uma manjedoura e viveu na humilde vila de Nazaré, submetendo-se voluntariamente em obediência a seus pais e a trabalhos humildes. Esta foi a realidade que os Santos conheceram, isso foi o que a Mãe de Deus viveu em sagrado silêncio, isto é o que todos os bem-aventurados que viveram antes de nós sofreram, a exemplo do Senhor dos Céus que Se fez homem. É por isso que hoje nós celebramos o Domingo de todos os santos logo após o Domingo de Pentecostes, porque sem o Espírito Santo não podemos fazer coisa alguma:

"Sem Mim nada podeis fazer", disse Jesus (João 15:5)

Quem, então, conhece a felicidade e no que ela consiste?

A felicidade consiste em, voluntariamente, obter êxito em se despreender, em se aniquilar, em se despojar, em se humilhar, ser obediente, manso e praticante da oração, amar - além das próprias forças – a nosso detratores; pois a felicidade não é aqui, mas no mundo que há de vir, e é um presente de Deus para àqueles que tiverem aceito o mesmo caminho que Ele inaugurou.

Quem viver a vida assim, já encontra aqui mesmo, o consolo, a paz e a alegria, pois esta é a maravilhosa e insondável sabedoria de Deus e a alegria dos santos e perfeitos, os quais - suportando em Cristo todas as coisas - creram em seus corações que sendo fracos tornar-se-iam fortes, humilhados, seriam exaltados, que aceitando a correção se tornariam mestres, que apagando-se seriam iluminados e que morrendo em Cristo, em Cristo serão ressuscitados para a vida eterna.

Tornemo-nos dignos da recompensa tomando a nossa cruz e seguindo a Cristo; pela intercessão da Mãe de Deus e todos os santos. Amém!

Tradução do Pe. Mateus da “Hoja Dominical” de 30/06/2013
Da Metrópole Ortodoxa do Equador e América Latina


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