
01 de Novembro de 2025 (CC) / 19 de Outubro (CE)
S. Profeta Joel (séc. VI a.C)
Justo João, o Prodigioso de Kronstadt (1908)
Tom 3
Joel foi o primeiro profeta que deixou anotações de suas pregações. Ele profetizou na Judá durante os reinados de Joás e Amazias, cerca de 800 anos antes de Cristo. Chamava-se a si mesmo de Petuel. Eram tempos de tranquilidade e bonança. Jerusalém, ou Sião, o templo e os serviços religiosos estavam constantemente na boca do profeta. Porém, nas catástrofes sofridas por Judá (uma seca e, sobretudo, um terrível ataque de gafanhotos) o profeta viu o início do juízo de Deus caindo sobre o povo judeu.O principal vício combatido pelo profeta era o cumprimento formal, sem verdadeiros sentimentos, dos rituais religiosos e das leis. Naquele tempo, o piedoso Rei Joás esforçou-se para restabelecer a religião em Judá, alcançando apenas êxito parcial. O profeta previu um crescimento das superstições pagãs e o subsequente castigo Divino, e conclamou o povo hebreu a um sincero arrependimento, dizendo:"Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal" (Jl 2, 12-13).Frequentemente, numa mesma visão profética se juntavam acontecimentos de distintos séculos, próximos, porém, no plano religioso. Assim, por exemplo, o juízo divino sobre o povo judeu se junta, em sua visão, com o juízo universal do fim dos tempos:"Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor. Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam, porque a sua malícia é grande. Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do SENHOR está perto, no vale da decisão. O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor. E o SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o SENHOR será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel. E vós sabereis que eu sou o SENHOR vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela. E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte, da casa do SENHOR, e regará o vale de Sitim. O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém de geração em geração. E purificarei o sangue dos que eu não tinha purificado; porque o SENHOR habitará em Sião" (Jl 3, 12-18).Antes, porém, do juízo final dar-se-á a descida do Espírito Santo e a renovação espiritual do povo de Deus."E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar" (Jl 2,28-32).O Apóstolo São Pedro lembrou esta profecia no dia da descida do Espírito Santo, durante a festividade de Pentecostes. O profeta Joel falava sobre os seguintes temas: a) o ataque dos gafanhotos (1,2-20); b) a aproximação do Dia do Senhor (2,1-11); c) o chamado ao arrependimento (2,12-17); d) a misericórdia divina (2,18-27); e) a renovação espiritual (2,28-32); o juízo sobre todos os povos (3,1-17); e a bênção divina por vir (3,18-21).
Comemoração de São João de Kronstadt
Hoje, a Igreja Ortodoxa Russa homenageia o nosso santo e justo Padre João de Kronstadt, o grande homem de oração. As orações do Padre João foram tão eficazes, tão claramente comoventes que nos fazem pensar. Este foi um homem que viveu até o limiar do século XX. Nossos bisavós, até mesmo os avós, poderiam tê-lo conhecido se morassem na Rússia. Esta parte de um folheto sobre São João de Kronstadt escrito pelo Bispo Alexander (Mileant) lança luz sobre a filosofia viva de oração do Padre João e como tal oração pode realizar milagres.
“Concentremos a nossa atenção em como o Padre João expressa o seu ensinamento cristão sobre Deus Pai. Quantas vezes Deus Pai é apresentado como distante do mundo! Nos ensinamentos filosóficos religiosos sobre Deus, o Verbo, ou Logos, é explicado em outro sentido, que Deus, o Pai, como o Absoluto, não é igual ao mundo relativo e, portanto, não pode ter contato direto com ele e, conseqüentemente, está em necessidade de um intercessor entre Ele e o mundo, e que tal intercessor é Deus o Verbo, Deus o Filho (Filho de Deus). Tal perspectiva, aliás, foi expressa no sistema filosófico de Vladimir Soloviev. Esta visão penetra muitas vezes também nas nossas ideias religiosas comuns: Deus Pai, vivendo numa Luz inacessível, reservou-se, por esta mesma razão, o direito de estar afastado deste mundo terreno e de nós, pessoas. De maneira semelhante, o pensamento do afastamento de Deus Pai das pessoas é sentido no ensinamento católico romano sobre a expiação (redenção), onde a redenção da humanidade com o Sangue do Filho de Deus é explicada pela necessidade de apaziguar e satisfazer a Deus Pai por Ele ter sido insultado pelo pecado do homem.Padre João ensina uma ideia totalmente diferente:"Deus, Pai da Palavra, é também nosso Pai benevolente e amoroso. Ao dizer 'O Pai Nosso', devemos acreditar e lembrar que o Pai que está no céu nunca se esquece e nunca se esquecerá de nós, pois o que o pai terreno esquece ou não cuida de seus filhos? Lembre-se de que nosso Pai Celestial constantemente nos cerca com amor e cuidado, e não é em vão que Ele é chamado de nosso Pai - este não é um nome sem significado e força, mas um nome com grande significado e poder." "Não deveríamos reconhecê-Lo como ainda mais benevolente, porque Ele deu... o maior dom de Sua benevolência, sabedoria e onipotência - com isso se entende liberdade... não se deixar abalar pela ingratidão daqueles que receberam o dom, para que Sua bondade pudesse brilhar mais forte do que o sol diante de todos? E Ele não mostrou por Suas ações Seu amor ilimitado e sabedoria ilimitada, concedendo-nos liberdade, quando, após nossa queda na pecaminosidade e nosso afastamento Dele, e ruína espiritual, Ele enviou ao mundo Seu Filho, o Unigênito, à semelhança do homem perecível, e O deu para sofrer e morrer por nós?""Cristão! Lembre-se e tenha constantemente em mente e em seu coração as grandes palavras da Oração do Pai Nosso: 'Pai Nosso, que estás nos Céus.' Lembre-se de quem é nosso Pai. Deus é nosso Pai, nosso Amor: quem somos nós? Somos Seus filhos, e entre nós, irmãos; com que tipo de amor os filhos deveriam viver entre si, tendo um Pai assim? Se vocês fossem filhos de Abraão, você teria feito as obras de Abraão; que tipos de ações devemos fazer?" “Nossa vida é de amor - sim, amor. E onde há amor, há Deus, e onde há Deus, há todo o bem... E assim com alegria alimentar e encantar a todos, agradar a todos e depender de todas as coisas estão sobre o Pai celeste, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Traga ao seu próximo em sacrifício aquilo que lhe é caro...” E assim, vemos o Padre João converter os dogmas fundamentais em admoestações morais imediatas; ele mostra que toda verdade da fé contém em si um propósito moral.Padre João, em sua teologia sobre o Pai ensina, antes de tudo, sobre o pensamento divino. “Da mente de Deus, do pensamento de Deus, procede todo pensamento do mundo. Em geral, em todo o mundo vemos o reino do pensamento, como em toda a estrutura do mundo visível, assim também, em particular, na terra, em a rotação e a vida do planeta terrestre, na distribuição dos elementos do mundo: ar, água, fogo, enquanto outros fenômenos estão distribuídos em todos os animais, nos pássaros, peixes, cobras, feras, e no homem, em seus sábios e formação proposital, e em suas capacidades, moral, hábitos; nas plantas, em sua adaptação, na nutrição, e assim por diante; em todos os lugares vemos o reino do pensamento, mesmo na pedra e na areia inanimadas.
Oração Antes de Ler as EscriturasFaz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
2 Coríntios 3:12-18
Fragmento 174 - Irmãos, tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por ser levantado quando se ler a Antiga Aliança, a qual foi por Cristo abolida; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há libertação.
Fragmento 174 - Irmãos, tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por ser levantado quando se ler a Antiga Aliança, a qual foi por Cristo abolida; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há libertação.
Lucas 7:2-10
Fragmento 29 - Naquela época, Jesus entrou em Cafarnaum. E o servo de um certo centurião, muito estimado por ele, estava doente e moribundo. E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-Lhe uns anciãos dos judeus, rogando-Lhe que viesse curar o seu servo. E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-Lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto, porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga. E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-Lhe o centurião uns amigos, dizendo-Lhe: Senhor, não Te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado. E por isso nem ainda me julguei digno de ir ter Contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz. E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-Se dele, e voltando-Se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé. E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo.
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ENSINO DOS SANTOS PADRES
Portanto, o que diz o centurião? Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada. O escutemos, todos nós que queremos receber a Cristo, porque agora também é possível recebê-lo. O escutemos e o imitemos, e recebamos a Cristo com o mesmo fervor. Diz uma só palavra e o meu servo será curado. Observa como o centurião, assim como o leproso, tem uma opinião verdadeira a respeito de Cristo. Pois este também não diz: “roga”, nem “suplica”, mas somente ordena. E em seguida, temeroso por modéstia de que Cristo se negasse, acrescentou: Porque eu também sou um subordinado; mas tenho soldados sob meu comando e digo a este: “Vai”, e ele vai; e a outro: “vem”, e ele vem; e a meu servo: “faz isto”, e ele faz.
Perguntarás: Mas o que se conclui disto? Se é que o centurião apenas suspeitava do poder de Cristo! Porque o que se quer saber é se Cristo o proclamou e confirmou. Bela e prudentemente o perguntas! Então, o investiguemos. Logo percebemos que aqui aconteceu o mesmo que no caso do leproso. Neste, disse o leproso: Se queres. E se confirma o poder de Cristo não apenas pelo que diz o leproso, mas também pelas palavras de Cristo; visto que não só não refutou a opinião do leproso, mas também a confirmou, acrescentando algo que parecia supérfluo, quando disse: Quero, sê limpo, para dar apoio aquela opinião. No caso do centurião é igualmente necessário examinar se acaso Cristo também o confirma em sua opinião: concluiremos que aconteceu o mesmo.
Porque o centurião apenas terminou de falar e já deu testemunho do grande poder de Cristo; este não só não o repreendeu, mas ainda o aprovou e fez algo a mais. Pois o evangelista não só diz que Cristo louvou suas palavras, mas também que, dando a entender o grau elevado de seu louvor, diz que Cristo se admirou; e que estando presente todo o povo, o apresentou como exemplo para que o imitassem. Observas como todos os que testemunham o poder de Cristo o faziam com admiração?
E as multidões se espantavam de sua doutrina, porque Cristo lhes ensinava como quem tem autoridade. E ele não apenas não os repreende, mas desce com eles do monte, e com a cura do leproso confirma-os em sua opinião (a respeito dele). O leproso dizia: Se queres, podes limpar-me. E Cristo não só não o corrigiu, mas ainda procedeu como o leproso dizia, e assim o curou. Aqui também o centurião dizia: Diz uma só palavra e meu servo será curado. E Cristo com admiração lhe disse: Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.
Podes conhecer a mesma coisa em um exemplo ao contrário. Marta não disse nada semelhante a isso, mas tudo ao inverso: Eu sei que o que pedires a Deus, Deus te concederá. Mas Cristo não a louvou, apesar de ser sua conhecida e que lhe amava muito e era uma das que com empenho lhe serviam. Pelo contrário, a corrigiu, porque não se expressava corretamente. E lhe disse assim: Não te disse que se creres verás a glória de Deus? Com isto a corrigia por ainda não ter crido. E como ela dizia: “Eu sei que o que pedires a Deus, Deus te concede”, a afasta de semelhante opinião, e lhe ensina que ele não suplica a outro, mas que ele é a fonte de todo bem. E lhe diz: Eu sou a ressurreição e a vida.
Como se dissesse: “Eu não tenho que esperar de outro a força para agir, mas tudo o faço por minha virtude própria”. Este é, pois, o motivo do centurião admirar-se; e desta forma o exalta sobre tudo o povo e lhe dá a honra do reino e estimula os outros a imitá-lo. E para que vejas que Cristo disse isto para ensinar aos outros a mesma fé, observa o empenho do evangelista e como o deixa entender quando diz: Virando-se Jesus, disse aos que o seguiam: Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. De maneira que pensar maravilhosamente de Cristo é o que há de mais próprio da fé, e é o que nos traz o Reino dos Céus e todos os outros bens.
São João Crisóstomo,
Patriarca de Constantinopla
Fonte: Lecionário Patrístico
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