
Véspera do Jejum da Natividade
Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!».
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe:
«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé: «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»
A respeito de sua pregação depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!
Tropárion do Santo Apóstolo Filipe, Tom 3: O mundo inteiro está esplendidamente adornado; / A Etiópia dança,/ agraciada como com uma coroa, tendo sido iluminada por ti, / e ela celebra radiantemente a tua memória, ó divinamente eloquente Filipe, / pois ensinaste a todos a crerem em Cristo / e concluíste apropriadamente o curso do Evangelho; / portanto, a terra da Etiópia suplica a Deus com ousadia. // Implora-Lhe que nos conceda grande misericórdia.
Kondákion, Tom 8: Teu discípulo e amigo, o imitador do Teu sofrimento,/ o divinamente eloquente Filipe, proclamou-Te ao mundo como Deus;// por suas orações e através da Theotókos, protege a Tua Igreja e cada cidade dos inimigos mais iníquos, ó Misericordiosíssimo.
São Gregório Palamas, Metropolita de Salônica
São Gregório, que viveu no século XIV, nasceu em Constantinopla, filho de pais nobres e piedosos. Tendo falecido aos 20 anos, tornou-se monge em um dos mosteiros do Monte Atos. Levando uma vida muito piedosa, recebeu revelações divinas e dons de cura de Deus. Elevado ao sacerdócio, São Gregório, ao realizar os mistérios de Deus, comovia profundamente os presentes em seus ritos sagrados, levando-os às lágrimas. Seus contemporâneos, admirados com a vida virtuosa de Gregório, o chamavam de "Portador de Deus". Gregório prestou um grande serviço à Igreja ao repreender os falsos mestres que rejeitavam o ensinamento ortodoxo sobre a luz espiritual da graça que ilumina o homem interior e que, por vezes, se revela visivelmente, como no Tabor e na pessoa de Moisés após sua conversa com Deus no Sinai ( Êxodo 34:29-30, 35 ). Tais eram os falsos mestres Barlaão, um monge da Calábria, e Acindino. Barlaão e seus seguidores, acreditando que a luz vista no Monte Tabor era uma criação, e não uma luz eterna como afirma a Igreja, declararam que nenhuma oração pode alcançar o brilho externo da luz celestial; que a graça e a luz da era vindoura são comuns ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, pelas quais os justos serão iluminados como o sol, como Cristo prefigurou ao resplandecer no monte; e que, em geral, todo poder e toda ação da Trindade pertencem à esfera da criação; e assim, impiamente, dividiram a mesma e única Divindade entre o criado e o incriado, e aqueles que reverentemente reconhecem esta luz divina e todo poder, toda ação, como incriados, são chamados de diteístas e politeístas. Considerando um erro a crença dos eremitas atonitas em contemplar a luz de Deus com seus olhos físicos e se preparar para ela através dos sentidos, Barlaão apresentou uma queixa escrita contra eles ao Patriarca de Constantinopla, João XIV Calaces (1341-1347). Portanto, para fortalecer a Ortodoxia, um concílio de muitos bispos foi convocado em 1341 na Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, sob a presidência do patriarca. Nesse concílio, Palamas, com suas palavras inflamadas, denunciou o erro de Barlaão de tal forma que o falso mestre, em desgraça, retirou-se para a Itália, deixando para trás, porém, as ervas daninhas de seus ensinamentos falsos, que o monge Akindynos semeou e replantou após sua morte. Um novo concílio foi convocado em Constantinopla contra Akindynos, no qual o zeloso defensor da Ortodoxia, São Gregório, expôs ainda mais o erro de Barlaão e Akindin, defendendo a doutrina da luz divina.
“Aqueles que se envaidecem com sabedoria mundana e vã”, disse o santo, “e que não dão ouvidos a homens experientes no ensino espiritual, quando ouvem falar da luz que brilhou sobre o Senhor no Monte da Transfiguração e foi vista pelos Apóstolos, pensam ver nela algo sensorial e criado; portanto, reduzem esta luz imaterial, imutável e eterna, que transcende não só os sentidos, mas também toda a mente, a uma luz sensorial e criada, embora Ele próprio, que brilhou com luz no Tabor, tenha mostrado claramente que esta luz não foi criada, chamando-a de Reino de Deus ( Mateus 16:28 ). Será o Reino de Deus realmente algo criado e de serviço? Será que o Senhor realmente recebeu no Monte alguma outra luz que não possuía antes? Que esta blasfêmia fique longe de nós; pois quem pensa assim deve reconhecer três naturezas em Cristo: a divina, a humana e a da luz. Portanto, cremos que na Transfiguração Ele não revelou nenhuma outra luz, mas apenas aquela que estava oculta nEle sob o véu da carne: esta A luz era a luz da natureza Divina e, portanto, incriada, Divina. Assim, segundo o ensinamento dos Padres da Igreja, Jesus Cristo foi transfigurado no monte, não recebendo nada nem sendo transformado em algo novo, algo que Ele não possuía antes, mas mostrando aos Seus discípulos apenas o que Ele já possuía. E por que, antes da Transfiguração, o Senhor escolheu os Apóstolos mais importantes e os conduziu separadamente ao monte? Certamente, para lhes mostrar algo grandioso e misterioso. O que há de tão importante e misterioso nessa demonstração de luz sensível, que não só os eleitos, mas também os outros Apóstolos já possuíam em abundância? Como podem a glória e o reino do Pai e do Espírito Santo ser apresentados em qualquer tipo de luz sensível? Será que Cristo realmente virá em tal glória e reino no fim dos tempos, quando não haverá necessidade de luz, nem de ar, nem de espaço, nem de nada semelhante, mas quando, segundo o testemunho do Apóstolo, Deus será tudo em todos ( 1 Coríntios 15:28 ), isto é, será tudo para todos? Se tudo, então a luz também. É Fica claro, portanto, que a luz do Tabor era a luz do Divino. E o evangelista João, ensinado pela revelação divina, afirma claramente que a futura cidade eterna e permanente não precisará do sol nem da lua para brilhar sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada ( Apocalipse 21:23 ). Não está ele mostrando claramente aqui o mesmo Jesus que agora foi divinamente transfigurado no Tabor e cuja carne brilhava como uma lâmpada? Da mesma forma, o Teólogo diz dos habitantes daquela cidade: " Eles não precisarão da luz de lâmpada, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os ilumina, e ali não haverá noite" ( Apocalipse 22:5 ). Mas que outra luz existe que não tem mudança nem sombra ( Tiago 1:17 )? Que luz é imutável e eterna, senão a luz da Divindade?
Pelo seu zelo em afirmar os ensinamentos da Igreja Ortodoxa, São Gregório foi persuadido pelo Santo Concílio e pelo Imperador a aceitar a ordenação como Arcebispo de Tessalônica, e por quase trinta anos pastoreou a Igreja de Tessalônica. Logo após sua morte, foi glorificado pela Igreja por sua santidade. No século XIV, ano em que viveu e morreu, o Patriarca Filoteu de Constantinopla (1362-1365) estabeleceu sua vida e a ordem do serviço religioso em sua memória.
Tropárion de São Gregório de Palamas, Tom 8: Ó taumaturgo Gregório, instrutor na Ortodoxia, adorno dos santos hierarcas, campeão invencível dos teólogos, grande orgulho de Tessalônica, pregador da graça: intercede junto a Cristo Deus para que nossas almas sejam salvas.
Kondákion, no Tom 8: Ó Gregório, divinamente eloquente, juntos te louvamos, instrumento sagrado e divino da sabedoria, o brilhante clarim da teologia. E como uma mente diante da Mente primordial, ó pai, guia nossa mente até Ele, para que possamos clamar: Alegra-te, ó pregador da graça!
Leituras Comemorativas João 21:15-25 (Matinas);1 Coríntios 4:9-16;João 1:43-51
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra. No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós; para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos. Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.
Fragmento 80 - O Senhor falou esta parábola: Havia certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que, o meu senhor, me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinquenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
Usai o dinheiro injusto para fazer amigos. Acaso Zaqueu possuía suas riquezas de forma justa? Leiam e vejam. Era o chefe dos publicanos, ou seja, aquele a quem eram entregues os tributos públicos. Dali tirou as suas riquezas. Tinha oprimido a muitos; tinha roubado a muitos, tinha armazenado muito. Cristo entrou em sua casa e a salvação chegou a ele, pois o Senhor afirma: Hoje entrou a salvação nesta casa.
Contemplai agora em que consiste a salvação. Inicialmente desejava ver ao Senhor, pois tinha baixa estatura. Como a multidão o impedia, subiu num sicômoro e o viu quando passava. Jesus o viu e disse: Zaqueu, desce. Convém que hoje eu fique em tua casa. Estás suspenso, mas não te mantenho no ar, ou seja, não dou tempo ao tempo. Querias ver-me ao passar; hoje me encontrarás habitando em tua casa. O Senhor entrou nela. Zaqueu, cheio de alegria, disse: Darei aos pobres a metade dos meus bens.
Veja como corre quem se apressa a usar o dinheiro injusto para fazer o bem com aquilo, que tu não permaneças sendo mau. As tuas moedas se convertem em bem e tu vais continuar sendo mau?
Pode-se entender também de outra maneira; não a calarei. O dinheiro injusto são as riquezas do mundo, procedam de onde procedam. De qualquer forma que se acumulem, são riquezas injustas. O que significa “são riquezas injustas”? É ao dinheiro que a injustiça chama com o nome de riquezas. Se tu buscas as verdadeiras riquezas, são outras. Nelas abundava Jó, ainda que estivesse nu, quando tinha o coração cheio de Deus e, tendo perdido tudo, proferia louvores a Deus, qual pedras preciosas. De que tesouro se nada possuía?
Essas são as verdadeiras riquezas. As outras somente a injustiça as denomina assim. Se as tens, não te reprovo: recebeu uma herança, teu pai ficou rico e as legou para ti. As adquiriste honestamente. Tu tens a casa cheia como fruto dos teus trabalhos, não te reprovo. Contudo, não as chames riquezas, porque, se fazes isto, as amarás e, se as amares, perecerás com elas. Perde-as, para que tu não pereças; doa-as, para adquiri-las; semeia-as, para colhê-las.
Não as chames riquezas, porque não são as verdadeiras. Estão cheias de pobreza e sempre sujeitas a infortúnios. Como chamar riquezas ao que te faz ter medo do ladrão, te leva a sentir medo do teu criado, medo de que te mate, que as pegue e fuja? Se fossem verdadeiras riquezas, te dariam segurança.
Portanto, são autênticas riquezas aquelas que, uma vez possuídas, não podemos perder. E para não ter medo do ladrão por causa delas, estejam ali onde ninguém as arrebata. Escuta ao Senhor: Acumulai vossos tesouros no céu, onde o ladrão não entra. Então serão autênticas riquezas: quando as mudes de lugar. Enquanto estão na terra, não são riquezas. Porém, o mundo, a injustiça, as denominam riquezas. Por isso Deus as chama dinheiro da injustiça, porque é a injustiça quem as denomina riquezas.



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