sábado, 15 de fevereiro de 2014

1º Sábado do Triodion


39º Sábado Depois de Pentecostes
15 de fevereiro de 2014 (CC) 02 de Fevereiro (CE)
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MATINAS

Lucas 2:25-32

     25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.    26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.    27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,    28 Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:    29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;    30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,    31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;    32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.   


LITURGIA

Hebreus 7:7-17

     7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.    8 E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive.    9 E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos,    10 porquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.    11 De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?    12 Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.    13 Porque aquele, de quem estas coisas se dizem, pertence a outra tribo, da qual ninguém ainda serviu ao altar,    14 visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo da qual Moisés nada falou acerca de sacerdotes.    15 E ainda muito mais manifesto é isto, se à semelhança de Melquisedeque se levanta outro sacerdote,    16 que não foi feito conforme a lei de um mandamento carnal, mas segundo o poder duma vida indissolúvel.    17 Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.   

Lucas 2:22-40

     22 Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor    23 (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),    24 e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.    25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.    26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.    27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,    28 Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:    29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;    30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,    31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;    32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.    33 Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.    34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,    35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.    36 Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;    37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.    38 Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.    39 Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré.    40 E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.   

APOLITIKION DA FESTA MODO 1

Salve ó Virgem, Mãe de Deus, cheia de graça,
pois de ti nasceu o Sol da justiça, o Cristo nosso Deus,
iluminando os que estavam nas trevas.
Rejubila-te, ó justo Ancião, ao receber em teus braços
Aquele que libertou as nossas almas e nos deu a Ressurreição.

KONDAKION DA FESTA MODO 1

Tu, que santificaste, pelo teu nascimento, o seio virginal
e abençoaste, como era necessário, as mãos de Simeão,
salvaste-nos agora ao preceder-nos, ó Cristo nosso Deus.
Guarda, pois, em paz teu povo durante as guerras
e fortalece a tua Igreja, ó único amigo da humanidade!

EXPLICAÇÃO DA FESTA

Na narração que nos deixou a peregrina Etéria sobre a estada dela em Jerusalém (séc. IV), há uma referência também a respeito da festa do dia 2 de fevereiro. Ela não diz o nome, mas nos informa que "no quadragésimo dia" após a manifestação do Senhor sobre a terra "se celebra uma grande solenidade." Fazem "uma grande procissão até ao Anástasis" (que os latinos chamam de Santo Sepulcro) e tudo acontece "numa grande alegria, como na Páscoa." Acrescenta ainda que, em seguida, o bispo faz a leitura e o comentário do Evangelho de Lucas (2:21-39) que ainda hoje é lido nas Igrejas do Oriente e do Ocidente no dia 2 de fevereiro."

Por essa descrição podemos entender quão antiga e solene (significativa a alusão de Etéria à Páscoa) seja a festa que o Missal Romano atual intitula de "Apresentação do Senhor" ao passo que o Oriente bizantino chama de Hypapántê, que significa "Encontro." Com efeito, na adoração dos Reis Magos tudo tinha acontecido na intimidade da Sagrada Família, ao passo que em 2 de fevereiro se festeja o primeiro encontro público, no Templo de Jerusalém, do Verbo de Deus com o seu povo, bem representado pelo justo Simeão e pela profetisa Ana. Encontramos o nome Hypapántê também em antigos calendários romanos e é rico de interpretações, porque há também um encontro entre o Antigo e o Novo Testamento.

No Ofício do dia não podia faltar alguma composição do famoso hinógrafo bizantino, João Damasceno:

"Abra-se hoje a porta do céu! O Verbo eterno do Pai, de fato, tendo iniciado a sua existência temporal, sem separar-se da sua divindade, conforme a lei, deixa-se levar ao templo por sua Mãe, como menino de quarenta dias. O velho (Simeão) recebe-o em seus braços dizendo: 'Deixa ir-me em paz - exclama o servo ao Senhor -, pois meus olhos viram tua salvação'. ó tu que vieste ao mundo para salvar o gênero humano: Glória a ti, Senhor!"

O ícone da festa do Encontro nos apresenta todas as personagens de quem fala a liturgia; a reevocação plástica da cena tem sempre um andamento procissional. Simeão está sobre um estrado que evidencia a sua dignidade, mas, quase na mesma linha, vemos José com as duas pombinhas e Maria. Do lado oposto vemos Ana. Às vezes o pequeno Jesus está nos braços de Maria Santíssima num gesto de entregá-lo ao velho Simeão, mas não é incomum o caso em que é o mesmo Simeão que segura o Menino Jesus nos braços e inclina-se para ele numa atitude de profunda adoração, tendo sido iluminado pelo Espírito sobre a misteriosa identidade daquele menino. A tenda, no fundo, indica que a cena se desenvolve num interior, no Templo.

A "procissão" que se fazia em Jerusalém por ocasião dessa festa e da qual a peregrina Etéria, no séc. IV, nos deixou o testemunho, até hoje se conserva no Ocidente onde, um pouco mais tarde, foi acrescentada a bênção das velas. Alguns estudiosos (entre os quais Baumstark) acham que ela se originou de uma procissão lustral praticada na antiga Roma (a "amburbale"), embora se trate apenas de uma conjectura, não é de todo infundada. No Oriente bizantino não se faz a procissão nem se abençoam as velas, mas a riqueza de textos próprios (mais de sessenta), tão cheios de referências bíblicas e de poesia orante, permite aos fiéis penetrar o significado profundo e perene da festa do Encontro. Também para nós deve ser um novo encontro com "Aquele que, após ter dado a Moisés o livro da Lei, se submete à Lei, tendo-se feito semelhante a nós no seu amor para com os homens" (das Vésperas). Um encontro novo com a Mãe de Jesus e nossa, para a qual os hinógrafos têm expressões belíssimas:

"Ó Sião... acolhe Maria, a porta do céu: ela é semelhante ao trono dos Querubins e sustenta o Rei da glória. A Virgem é uma nuvem de luz que traz o Filho feito carne, nascido antes da estrela da marihã...." "Simeão abençoando a Virgem Maria, Mãe de Deus, viu profeticamente nela os sinais da paixão": na alegria, como no sofrimento, Maria permanece a primeira colaboradora na obra da redenção.

Madre Maria Donadeo (O Ano Litúrgico Bizantino)

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