Ss. Pedro e Paulo, gloriosos e ilustres apóstolos, protocorifeus († 64 67).
MATINAS
João 21:15-25
15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. 16 Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. 17 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres. 19 Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me. 20 E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai? 21 Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será? 22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu. 23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? 24 Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.
LITURGIA
2 Coríntios 11:21-12:9
21 Falo com vergonha, como se nós fôssemos fracos; mas naquilo em que alguém se faz ousado, com insensatez falo, também eu sou ousado. 22 São hebreus? também eu; são israelitas? também eu; são descendência de Abraão? também eu; 23 são ministros de Cristo? falo como fora de mim, eu ainda mais; em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; 24 dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. 25 Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; 26 em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; 27 em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. 28 Além dessas coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas. 29 Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? 30 Se é preciso gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. 31 O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto. 32 Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas guardava a cidade dos damascenos, para me prender; 33 mas por uma janela desceram-me num cesto, muralha abaixo; e assim escapei das suas mãos. 1 É necessário gloriar-me, embora não convenha; mas passarei a visões e revelações do Senhor. 2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até o terceiro céu. 3 Sim, conheço o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei: Deus o sabe), 4 que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. 5 Desse tal me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. 6 Pois, se quiser gloriar-me, não serei insensato, porque direi a verdade; 7 E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; 8 acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; 9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.
Mateus 16:13-19
13 Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14 Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. 15 Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? 16 Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. 18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela; 19 dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
No tempo após o Pentecostes consideramos algumas festas liturgicamente secundárias. Voltemos agora às três grandes festas deste período. A primeira pela data (29 de junho/12 de julho) é a dos Apóstolos Pedro e Paulo. Existe um estreito laço espiritual entre esta festa e a do Pentecostes, pois o testemunho dos apóstolos é o fruto direto da descida do Espírito Santo sobre eles. A importância da festa de São Pedro e São Paulo no ciclo litúrgico bizantino é indicada pelo fato de uma quaresma especial - chamada de “quaresma dos apóstolos” - prepara os fiéis para esta solenidade. Este período de jejum começa na 2ª feira que se segue ao 1º domingo após o Pentecostes e termina no dia 28 de junho/11 de julho.
“Exaltemos Pedro e Paulo, estes dois luzeiros da Igreja pois eles brilham no firmamento da fé...” Assim cantamos nas vésperas da festa, na noite de 28 de junho. Nas matinas como nas vésperas os hinos parecem partilhar igualmente o louvor entre os dois apóstolos, a quem nos dirigimos um a cada vez. Entretanto o evangelho lido nas matinas trata especialmente sobre o apóstolo Pedro. Aí ouvimos nosso Senhor (Jo. 21,14-25) perguntar três vezes a Pedro: “Tu me amas?”. Na primeira vez Jesus diz: “Tu me amas mais do que estes?” Três vezes Pedro responde com uma humildade às vezes triste e às vezes chorosa:“Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo”. E três vezes Jesus lhe diz para apascentar o rebanho do Bom Pastor: “Apascenta os meus cordeiros... apascenta as minhas ovelhas...” Depois Jesus prediz a Pedro de maneira velada “o gênero de morte pelo qual Pedro devia glorificar a Deus”.
Este evangelho tem duas coisas para nos dizer. Primeiro, coloca claramente a pergunta única, pergunta que temos e que teremos que responder: “Tu me amas?” Tudo, na vida cristã, se reduz a esta pergunta. Podemos nós responder como Pedro: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo?” Não seriam nossas ações um lamentável desmentido desta afirmação? Entretanto responder simplesmente que não amamos o Senhor seria desconhecer e sufocar as aspirações - por mais fracas que sejam - que o Espírito Santo põe em nossos corações e dirige para Cristo. Digamos, então, a Jesus: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo. Não espero nada de mim; espero tudo da Graça”.
O segundo ensinamento dado por este evangelho concerne a natureza da autoridade na Igreja. O Senhor confere aqui a Pedro uma autoridade especial. Percebemos primeiro que esta autoridade está fundamentada sobre uma primazia do amor - “tu me amas mais do estes?” - e em seguida que ela consiste em um serviço humilde e desinteressado -“apascenta minhas ovelhas...”. Entre cristãos toda preeminência que não for uma preeminência de amor e de serviço não corresponde às intenções de nosso Senhor. Toda autoridade que, na Igreja, se expressasse em termos de prestígio ou de posse material ou de domínio tornar-se-ia estranha e hostil à solicitude verdadeiramente pastoral à qual Jesus chama Pedro para participar. Sobre estas palavras do Senhor a Pedro serão julgados todos aqueles que reivindicam uma autoridade no seio da comunidade dos fiéis.
A liturgia de 29 de junho/ 12 de julho manifesta, pelos textos que nos faz ouvir, o quanto o ministério de Pedro e o de Paulo são todos dois necessários e complementares. O evangelho (Mt.16,13-19) contém a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipos: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo...” e a resposta de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e as Portas do Inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Este texto levantou muitas controvérsias. Mas permanece certo que Jesus quis reconhecer e sancionar pela concessão de um poder espiritual eminente, o ato de Fé que Pedro acabava de formular.
A epístola (2Co.11,21-12;9) enumera os títulos de Paulo, chamado diretamente ao apostolado por Cristo, foi considerado como igual ou mesmo superior em autoridade aos ministros do Evangelho já regularmente instituídos e reconhecidos: “Eles são ministros de Cristo?...Eu, mais do que eles...” Paulo fundamenta esta afirmação de um lado pelos sofrimentos que enfrentou, de outro pelas graças e revelações que lhe foram concedidas. Um estudo atento das relações dele com os Onze pode ensinar-nos muito sobre a questão da autoridade na Igreja. Paulo nunca levantou-se contra o elemento institucional representado pelo apostolado “histórico” dos Onze. Ele recebeu a imposição de mãos daqueles que já eram reconhecidos como possuindo o Espírito Santo. Ele submeteu à aprovação da Igreja reunida em Jerusalém seus próprios métodos de apostolado. Mas jamais admitiu nem que sua vocação extraordinária fosse inferior à vocação normal dos outros apóstolos, nem que seu conhecimento de Cristo, todo espiritual e recebido pela graça, fosse menor que o conhecimento que tinham de Jesus os seus primeiros discípulos; nem que ele devesse sacrificar suas próprias convicções face ao mais autorizado dos apóstolos: “quando Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe em face, porque ele estava errado”.Quanto mais a Igreja for dominada pelo Espírito Santo, mais ela ultrapassará toda tensão entre autoridade regularmente adquirida e a liberdade espiritual. Uma síntese deve estabelecer-se entre a tradição e a inspiração. Pedro e Paulo não podem ser separados; e é por isso que a Igreja os comemora no mesmo dia. Digamos com ela:
“Rejubila, ó Apóstolo Pedro, tu, o grande amigo do Mestre, Cristo nosso Deus. Rejubila bem amado Paulo, pregador da fé e doutor do universo. Por isso, intercedei junto a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas”.
A Igreja quer associar todos os outros apóstolos à homenagem que ela presta a Pedro e Paulo. Assim, no dia 30 de junho, ela dedica à comemoração coletiva dos Doze. Como diz o Kondakion do dia: “... comemorando hoje a sua memória, nós glorificamos Aquele que os glorificou”.
TROPÁRIO DOS APÓSTOLOS MODO 4
Príncipes dos divinos Apóstolos e doutores do Universo, intercedeis junto do Mestre Universal para que ao mundo Ele dê a Paz e que conceda às nossas almas a graça da salvação.
KONDÁKION DOS APÓSTOLOS MODO 2
Os infalíveis pregadores da palavra de Deus, os Corifeus dos teus Apóstolos, Senhor, encontraram junto de ti o lugar do seu repouso, no usufruto dos Teus bens, pois Tu acolheste os seus sofrimentos e suas mortes melhor que outra oferenda das primícias da terra, Tu, O único que pode ler o coração dos homens.
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