segunda-feira, 9 de setembro de 2019

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

09 de Setembro de 2019 (CC) / 27 de Agosto (CE)

São Fanúrio, Mártir
Tom 3



A biografia do glorioso Santo e Grande Mártir Fanúrio é relativamente recente. Nada pode ser dito sobre a sua origem, seus pais, o período em que viveu, onde pregou a palavra de Deus e, por último, em que reinado, ou sob que Imperador ele testemunhou sua fé, entregando-se ao martírio. Nenhum testemunho de sua vida foi conservado, escrito ou oral, e nada saberíamos sobre sua existência, seu nome, não fosse este acontecimento: 
Quando a linda ilha de Rodes (Grécia) foi conquistada pelos turcos, um de seus governadores quis reconstruir as muralhas da cidade destruídas pela guerra. Para isso, algumas cabanas em ruínas que se encontravam do lado de fora das muralhas precisavam ser demolidas. Assim, quando aconteceu a demolição e a área em torno foi escavada, descobriu-se soterrada entre os escombros uma linda igreja que tinha apenas uma de suas laterais destruída. Nas ruínas desta igreja esquecida até então, foram encontrados muitos ícones (imagens) de santos, todos já muito estragados pelo tempo, a ponto de não ser possível distinguir nem as letras nem as figuras humanas que representavam. Entretanto, entre todas estas imagens destruídas, uma estava ainda em tão bom estado de conservação que parecia ter sido pintada naquele dia em que havia sido descoberta no interior da igreja soterrada. Esta maravilhosa imagem que não havia sofrido os efeitos corrosivos do tempo e das condições em que se encontrava sob o solo, era a imagem de São Fanúrio. 
As Doze Representações da Imagem   
Logo que foi descoberta aquela igreja, um muito respeitado bispo da região chamado Nilo, homem fervoroso na fé e de vida muita santa, foi até o local e, com facilidade, leu as inscrições sobre aquele ícone: «São Fanúrio». Esta imagem estava rodeada por doze outras pequenas imagens que revelavam diferentes circunstâncias da vida do santo. No centro, estava Fanúrio ainda jovem, vestido com uniforme militar. Em sua mão esquerda tinha uma cruz e na direita uma vela acesa. As doze pequenas imagens em torno da imagem principal do santo mostravam as seguintes situações de sua vida, destacando as torturas e suplícios sofridos por causa de sua fé em Cristo e seu martírio final:  
A primeira mostrava o santo diante de um juiz que o interrogava. Fanúrio é mostrado entre os guardas, em pé diante do juiz, e parece fazer sua apologia com coragem, defendendo sua fé cristã.  
A segunda representa o santo entre os soldados que o conduzem para as torturas, sendo atingido com pedras na boca e cabeça. 
A terceira mostra o santo já caído por terra e os soldados que o golpeiam com pedaços de pau.  
Na quarta cena, uma tortura ainda mais terrível: o santo se encontra desnudo na cela do cárcere enquanto seus torturadores rasgam seu corpo com instrumentos de ferro. Pela postura, São Fanúrio parece suportar com serenidade este terrível tormento. Tem suas mãos cruzadas, o olhar dirigido ao céu e, com semblante de devoção parece rezar ao Senhor no qual depositou suas esperanças.  
A quinta imagem o mostra sozinho, trancado na cela e rezando com devoção a Deus, suplicando força para suportar as torturas a que logo seria submetido pelos brutais e impiedosos carrascos.  
Na sexta representação aparece novamente diante do tirano fazendo corajosamente sua apologia e, apesar das novas ameaças de torturas ainda piores, ele se recusa a negar a sua fé em Cristo. 
Na sétima imagem ele aparece novamente na prisão em outra cela fechada e seus torturadores queimam seu corpo com tochas acesas. 
A oitava imagem mostra o santo sofrendo uma tortura ainda mais terrível. Os carrascos, duros de coração, impiedosos e enfurecidos por sua persistente negação a oferecer culto aos seus ídolos, o colocam numa prensa e trituram seus ossos enquanto ele, tranquilo diante deste terrível tormento, sofre todas as dores com paciência e coragem, e seu lindo rosto mostra que foi derramado sobre ele uma alegria divina, porque o Senhor o fez digno de ser um dos seletos testemunhos da fé cristã.  
Na figura nona ele aparece jogado numa grande fossa entre animais selvagens para que o devorem enquanto, acima, seus carrascos o espreitam. Os animais, porém, não lhe fazem nenhum mal, ao contrário, com aspecto de mansidão o rodeiam enquanto o santo, com as mãos cruzadas sobre o peito, reza agradecido a Deus por ter livrado de mais este tormento.  
A décima imagem mostra um novo, mas não menos terrível, tormento. O santo está posto no chão com uma pesada laje de mármore posta sobre seu peito que lhe fratura o tórax impedindo a respiração.  
A figura décima – primeira mostra o santo diante dos ídolos dos infiéis. Segura nas mãos brasas acesas e está sendo vigiado por seus carrascos armados. No ar, acima do altar dos ídolos, sobrevoa um demônio com aspecto de dragão alado, que parece chorar e flagelar-se pelos exorcismos do santo.  
Finalmente, a décima segunda e última imagem mostra São Fanúrio em pé, dentro de um grande forno sobre troncos em chamas e, enquanto as chamas e a fumaça o envolvem, ora serenamente com as mãos elevadas para o céu, dirigindo ao Senhor os seus últimos pensamentos neste seu martírio final.
Um Milagre do Ícone Do Santo  
Observando as doze cenas tão descritivas da vida de São Fanúrio neste ícone, o piedoso bispo Nilo compreendeu imediatamente que São Fanúrio tinha sido um dos mártires mais importantes da fé cristã. Logo enviou pessoas de sua confiança ao Governador do lugar para pedir-lhe que cedesse aquele lugar para que aquela igreja pudesse ser reconstruída. Mas ele se recusou a conceder esse favor. Sem perder tempo, o piedoso bispo foi pessoalmente à capital e lá conseguiu a autorização. Voltou logo a Rodes e reconstruiu a igreja de São Fanúrio, fora da muralha da cidade, no local mesmo onde havia sido feita a descoberta. Esta nova igreja, que ainda existe atualmente, tornou-se um lugar de muitos milagres e uma multidão acorria de toda a parte para adorar a Deus e honrar a memória de São Fanúrio.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS (IV)

2 Coríntios 8:7-15

7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis. 8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos. 10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; 11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. 12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. 13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, 14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; 15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.   

Marcos 3:6-12

6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. 7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia, 8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. 9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; 10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. 12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 

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COMENTÁRIO

A caridade é a mais preciosa das virtudes cristãs: “Se eu não tiver amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13). Caridade não é esmola, é doação de si. É a palavra portuguesa que mais se aproxima da ideia do termo grego “ágape” (amor). Ela não é apenas um sentimento, é uma ação. Paulo estimula a Igreja de Corinto à prática da caridade, que deverá ser abundante naquela Igreja tanto quanto estava sendo abundante a fé e a ciência deles. Cristo é o maior exemplo de caridade: sendo rico se fez pobre por amor de nós.

Assim, São Marcos nesta passagem nos mostra o quanto ele se doou para os portadores de todos os tipos de necessidades. O Reino de Deus não é um mistério restrito à interioridade do ser, encerrado na oração e na adoração interior. Se o coração ímpio exterioriza seu interior (maledicências, impurezas, avarezas, cobiças e etc), também o coração justo exterioriza sua justiça, pois cada árvore produz fruto de acordo com sua natureza. Os santos Padres do deserto para lá se retiraram em busca da cura de suas almas, e por isto menos, não negligenciavam os pobres e desvalidos. Sendo pobres, enriqueciam a muitos com seus conhecimentos, e com seus trabalhos manuais ajudavam os famintos e doentes.

Devemos vigiar o nosso coração para que a fé que alimentamos e desenvolvemos não se transforme numa ação egoísta, espiritualmente confortável e socialmente agradável.

Com o frenesi da vida hodierna, onde o stress parece carcomer nossa existência, estas palavras podem soar como um sobrepeso, como mais uma responsabilidade que se acrescenta às demais para aumentar as pressões que vivemos. A caridade não se apresenta como um peso, pois o santo Apóstolo sabiamente observa que as ações caritativas devem ser “segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem"(v.12). Não devemos entender a caridade como messianismo de nossa parte, uma vocação para heróis. Esta é uma dimensão egóica, fruto de vaidade e do desejo de reconhecimento e de se destacar dos demais.

Quando a Fé nos estimula à solidariedade, não está falando do distante, do que temos acesso somente de maneira virtual, do pobre idealizado, das vítimas distantes de catástrofes, de aldeias longínquas ou de culturas inóspitas, pois isto faria da caridade um ato circunstancial e dissociado.  Há pessoas com todos os tipos de necessidades bem próximas de nós e que muitas vezes não demanda tantos esforços para lhes sermos propícios. A caridade nada mais é do que solidariedade, se por no lugar do outro que está diante de nós. Para que a caridade de Cristo seja manifesta em nós, basta pormos toda a diligência em cumprir seu ensinamento que nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12).

Padre Mateus (Antonio Eça)

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ORAÇÃO

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer! A sua descendência será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Bens e riquezas há na sua casa; e a sua justiça permanece para sempre. Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo. Ditoso é o homem que se compadece, e empresta, que conduz os seus negócios com justiça; pois ele nunca será abalado; o justo ficará em memória eterna. Ele não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversários. Espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça subsiste para sempre; o seu poder será exaltado em honra. O ímpio vê isto e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos ímpios perecerá.
Salmo 111(112)

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