33º Sábado Depois de Pentecoste
24 de Janeiro de 2015 (CC) - 11 de Janeiro (CE)
S. Teodósio Cenobiarca († c. 529)
24 de Janeiro de 2015 (CC) - 11 de Janeiro (CE)
S. Teodósio Cenobiarca († c. 529)
7º Modo
São Teodósio nasceu em Gariso, na Capadócia, no ano 423. Já havia sido ordenado leitor quando, a exemplo do Patriarca Abraão, deixou sua pátria e família, iniciando uma viagem à Jerusalém. Na viagem, desviou um pouco a sua rota e visitou São Simeão, o Estilita, de quem ouviu muitas predições sobre sua vida futura e obteve dele alguns conselhos. Enquanto visitava os lugares santos, em Jerusalém, São Teodósio, refletia sobre a melhor forma de consagrar-se a Deus. Escolheu então a vida monástica, pois achava que viver sem um diretor espiritual era muito perigoso. Assim pôs-se sob a direção espiritual de Longino, um santo homem de Deus que nutriu um grande afeto por seu discípulo. Em Belém, uma senhora havia construído uma igreja e Longino encarregou Teodósio de seu cuidado pastoral. Teodósio não quis aceitar, mas por necessidade, Longino lhe impôs esta obrigação em nome da obediência. Teodósio não ficou muito tempo no cargo, retirando-se logo para uma cela em uma gruta no cume de uma montanha vizinha.
Logo começaram a reunir-se numerosos companheiros que queriam servir a Deus sob sua direção. A principio, Teodósio só admitiu sete ou oito, mas em pouco tempo teve que aumentar este números chegando a não recusar nenhum vocacionado que manifestasse disposições sinceras. A primeira lição que deu aos seus companheiros foi mostrar-lhes um grande fosso que havia escavado nos arredores, e que haveria de servir como sepultura comum, para recordar-lhes que deveriam aprender a morrer a si mesmos constantemente.
Por atrair inúmeros aspirantes a vida religiosa, por causa da santidade de Teodósio, o monastério tornou-se pequeno. Teodósio construiu outro monastério maior localizado em um sitio chamado Catismo, próximo de Belém. Construiu também três hospitais: um para os doentes , outro para os anciãos e outro para os deficientes mentais. Neste lugares as pessoas encontravam socorro material e espiritual. Segundo narrativas, em alguns dias Teodósio recebia em seus albergues mais de 100 pessoas. Quando a alimentação era insuficiente para tantas pessoas, São Teodósio os fazia multiplicar por suas orações.
O monastério era uma espécie de cidade de santos em meio ao deserto. A ordem, o silêncio e a caridade reinavam nele. Quatro igrejas eram assistidas pelo monastério. Três eram dedicadas a cada um dos diferentes idiomas dos monges. A quarta era dedicada aos penitentes e aos que estavam em processo de cura. A comunidade estava dividida em três nacionalidades principais: aos gregos, que eram em maior número, e que vinham de todas as províncias do império; aos armênios entre os quais os árabes e os persas e, finalmente os monges de língua eslava e os originários das regiões vizinhas da Trácia.
Salustio, Patriarca de Jerusalem, nomeou São Savas, superior dos eremitas, e São Teodósio superior dos monges que viviam em comunidade em toda Palestina. Por isso São Teodósio é chamado de “o Cenobiarca”. Grande amizade unia estes dois santos e, posteriormente, os sofrimentos iria uni-los ainda mais à Igreja.
O imperador Anastácio apoiava a heresia de Eutiques e empreendeu vários esforços para que São Teodósio também a aderisse. No ano 513, depôs Elias, Patriarca de Jerusalém; antes, já ahavia desterrado Flaviano II de Antioquia, pondo em seu lugar Severo. São Teodósio e Savas defenderam veementemente os direitos de Elias e de seu sucessor João. Os agentes imperiais, conhecendo a fama de santidade de ambos, procuravam persuadi-los a defender sua causa. A ponto de o imperador enviar a Teodoro uma grande soma de dinheiro, com o pretexto se ajudar as obras de caridade. No entanto, esta doação envolvia outros interesses. São Teodósio aceitou o dinheiro e o distribuiu aos pobres. Anastásio, crendo que já tinha conquistado o apoio de Teodósio, enviou um documento (Profissão de fé onde as duas naturezas de Cristo se confundiam em uma só) para ser assinado). São Teodósio lhe respondeu com uma outra carta que aplacou o imperador por um tempo. Logo em seguido renovou os editos que perseguiam os cristãos ortodoxos e despachou tropas para executá-los. Ao saber disso, São Teodósio partiu por toda a Palestina exortando aos cristãos que permanecessem fieis aos ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos. Em Jerusalém, gritou do púlpito: “quem não considera os ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos como os quatro Evangelhos merece a morte eterna”. Estas palavras reanimaram os cristãos aterrorizados pelos editos imperiais.
Os sermões de Teodósio produziram efeitos maravilhosos e Deus confirmava seu zelo com milagres surpreendentes. Estre estes, conta-se que uma mulher que sofria de tumores, foi rapidamente curada ao tocar nas vestes de Teodósio. O Imperador então decidiu desterrar Teodósio. O imperador Anastásio morreu pouco depois e seu sucessor tirou Teodósio do exílio.
Nos últimos anos de vida, Teodósio foi tomado por uma grave enfermidade quando pode dar provas de sua paciência e submissão absoluta à vontade de Deus. Uma pessoa que assistia seus sofrimentos lhe rogara que orasse a Deus para aliviar suas dores, mas Teodósio negava-se a fazer, dizendo que se fizesse, constituiria falta de paciência. Quando Teodósio compreendeu que seu fim estava próximo, dirigiu a seus discípulos uma ultima exortação e predisse muitas coisas que iria acontecer após sua morte. O santo cenobiarca entregou sua alma a Deus em 529, aos 105 anos. O Patriarca Pedro de Jerusalém e toda a cidade assistiram seus funerais onde pode comprovar vários milagres. Foi sepultado dentro da primeira cela que havia ocupado, chamada “ gruta dos magos”, pois havia uma tradição que dizia que os Reis Magos haviam se abrigado ali, quando foram adorar o Senhor, em Belém.
1 Tessalonicenses 5:14-23
14 Exortamo-vos também, irmãos, a que admoesteis os insubordinados, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos. 15 Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, uns para com os outros, e para com todos. 16 Regozijai-vos sempre. 17 Orai sem cessar. 18 Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 19 Não extingais o Espírito; 20 não desprezeis as profecias, 21 mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom; 22 Abstende-vos de toda espécie de mal. 23 E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Lucas 17:3-10
3 Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás. 5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. 6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria. 7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa? 8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás? 9 Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado? 10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
COMENTÁRIO
A Igreja é a família de Deus. Todos os que fomos batizados em Cristo somos um só Corpo e participantes de um único e mesmo Corpo de Cristo. Todos – sem exceção – somos os irmãos. A Hierarquia não é uma classe senhorial, uma casta ou coisa semelhante. Os Hierarcas são irmãos mais velhos aos quais o Pai confiou o cuidado dos outros irmãos; assim, lhes devemos honra e respeito pela vocação que lhes fora designada. Este sentimento de pertença, de identidade comum e de verdadeiros laços fraternos, vem desaparecendo das consciências, tanto do povo como da hierarquia, os quais - pela falta de vigilância – vêm se deixando moldar pelo mundo que cada vez mais assume a configuração de uma sociedade fragmentária, individualista e competitiva. Assim, pecamos contra o Grande Mandamento deixado pelo Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei”.
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso suprassubstancial nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mau.
COMENTÁRIO DA FESTA
São Máximo de Turim (séc. V)
Hoje saiu para o mundo o verdadeiro sol, hoje nas trevas do século surgiu a luz. Deus se fez homem para que o homem chegue a ser Deus; o Senhor assumiu a forma de escravo para que o servo se converta em Senhor; o morador e Criador dos céus habitou na terra para que o homem, povoador da terra, possa emigrar aos céus.
Ó dia mais luminoso que qualquer sol! Ó momento mais esperado de todos os séculos! O que ansiavam os anjos, o que nem serafins nem querubins nem coros celestiais conheceram, isto é o que se revelou em nossos dias; o que eles viam como em um espelho e mediante imagens, nós o contemplamos em sua própria realidade. Aquele que falou ao povo de Israel pela boca de Isaías, Jeremias e demais profetas, agora nos fala por seu Filho. Que diferença entre o Antigo e o Novo Testamento! No Antigo, Deus falava através da nuvem, a nós nos fala abertamente; ali Deus se mostrava na sarça, aqui Deus nasce da Virgem; ali era o fogo o que consumia os pecados do povo, aqui é um homem o que perdoa os pecados do povo, ou melhor, é o Senhor que perdoa a seus servos, pois ninguém, a não ser Deus, pode perdoar pecados.
Tanto se o Senhor Jesus nasceu hoje ou se hoje é o dia de seu batismo – existem a respeito opiniões diversas e podemos aderir àquela que nos pareça melhor –, uma coisa é clara: seja hoje o dia que nasceu da Virgem, seja o dia em que renasceu no batismo, seu nascimento, na carne e no espírito, é em nosso proveito: ambos os mistérios são meus, minha é a utilidade que redunda deles. O Filho de Deus não tinha necessidade nem de nascer nem de ser batizado, pois não tinha cometido pecado para que se lhe perdoasse no batismo. Porém, sua humildade é nossa sublimidade, sua cruz é nossa vitória, seu patíbulo é nosso triunfo.
Coloquemos alegres este sinal sobre nossos ombros, levantemos o estandarte da vitória ainda mais: gravemos este lábaro em nossas frontes. Quando o diabo vir este sinal na padieira de nossas portas se estremecerá, e os que não temem os dourados capitólios[2], temem a cruz; os que não se retraem diante dos cetros reais, a púrpura e o fausto dos césares, põem-se a tremer ante as macerações e os jejuns dos cristãos.
Alegremo-nos, pois, caríssimos irmãos, e elevemos ao céu em forma de cruz as mãos puras. Enquanto Moisés mantinha as mãos no alto, vencia Israel; enquanto as abaixava vencia Amalec. As próprias aves quando se elevam para as alturas e planam no ar com as asas estendidas imitam a cruz. E as próprias cruzes artísticas são verdadeiros troféus e despojos de guerra, cruzes que devemos levar não somente nas frontes, mas também em nossas almas, para que, armados desta forma, caminhemos entre áspides e víboras em Cristo Jesus, a quem se deve a glória pelos séculos dos séculos.
[2]. Referência ao templo de Júpiter em Roma.
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