terça-feira, 27 de novembro de 2018

27ª Terça-feira Depois de Pentecostes

27 de Novembro de 2018 (CC) / 14 de Novembro (CE)
Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I)
Véspera da Quaresma da Natividade
Modo1


Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!». 
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: 
«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»  
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé:  «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»  
A respeito de sua pregação depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.  
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!

Comemoração do Apóstolo Filipe 
Leituras Comemorativas 
1 Coríntios 4:9-16; João 1:43-51  


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Timóteo 5:11-21

Mas não admitas as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se; tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé. E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém. Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer; porque já algumas se desviaram, indo após Satanás. Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas. Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário. Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor. Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.

Lucas 14:25-35

Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

† † †
REFLEXÃO


Sobre as Três Renúncias

Cabe-nos agora falar das renúncias. Tanto a tradição dos padres como a autoridade das Sagradas Escrituras demonstram que são três renúncias que cada um de nós há de trabalhar com afinco para colocá-las em prática.

Mediante a primeira desprezamos todas as riquezas e bens materiais do mundo; mediante a segunda desprezamos os costumes, vícios e paixões da vida passada, tanto da alma como da carne; mediante a terceira afastamos o pensamento de todos os bens presentes e visíveis, para centrar-nos exclusivamente na contemplação das realidades futuras e no anelo do invisível. Que estas três renúncias devem ser praticadas lemos que o Senhor já ordenara a Abraão, quando disse: Sai da tua terra, de tua pátria e da casa de teu pai.

Primeiro ele disse: Sai de tua terra, isto é, dos bens deste mundo e das riquezas terrenas; em segundo lugar: sai da tua pátria, isto é, do modo de viver, dos costumes e vícios do passado, todas elas coisas tão estritamente vinculadas a nós desde o nosso nascimento, que se converteram em nossos parentes baseado em uma espécie de afinidade e consanguinidade; em terceiro lugar: sai da casa de teu pai, ou seja, de toda memória deste mundo e que se encontra debaixo do campo de observação de nossos olhos. E saindo com o coração desta casa temporal e visível, dirigimos os nossos olhos e nosso contemplar para aquela casa na qual habitaremos para sempre. O que cumpriremos quando, sendo homens e procedendo como tais, começarmos a militar nas fileiras do Senhor guiados não por objetivos humanos, confirmando com as obras e a virtude aquela sentença do bem-aventurado apóstolo: Nós, pelo contrário, somos cidadãos do céu.

Por este motivo, de nada nos adiantaria ter empreendido com toda a devoção de nossa fé a primeira renúncia, se não colocássemos em obra a segunda com o mesmo empenho e idêntico ardor. E assim, uma vez alcançada esta, poderemos chegar também àquela terceira renúncia, mediante a qual, saindo da casa de nosso primeiro pai, centramos toda a atenção de nossa alma nos bens celestiais.

Assim, mereceremos alcançar a verdadeira perfeição da terceira renúncia quando nosso espírito, não debilitado por contágio algum de estupidez carnal, mas purificado de todo afeto e apego terreno mediante um notável trabalho de acabamento, através da incessante meditação das divinas Escrituras e o exercício da contemplação, se houvesse transladado de tal modo ao mundo do invisível que, atento somente às realidades soberanas e incorpóreas, não perceba que está ainda envolto na fragilidade da carne e circunscrito a um determinado lugar.
São João Cassiano (séc. V)

† † †

Nenhum comentário:

Postar um comentário