quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

31ªQuarta-feira Depois de Pentecostes

15 de Janeiro de 2020 (CC) 02 de Janeiro (CE)
São Silvestre Papa de Roma; São Serafim de Sarov; Santa Juliana de Lazarevo
Tom 5




Silvestre nasceu em Roma, e desde sua juventude teve instrução secular e na fé de Cristo. Ele sempre conduziu sua vida de acordo com os mandamentos do Evangelho. Beneficiou-se muito da instrução de Timóteo, o Sacerdote, cuja morte por causa da Fé fora testemunhada pelo próprio Silvestre. Observando o exemplo do sacrifício heroico de seu professor, foi imbuído com tal espírito durante toda a sua vida. Tornando-se bispo de Roma aos trinta anos, Silvestre reformou certos costumes cristãos. Por exemplo: Ele dispensou o jejum aos sábados, praticado por muitos cristãos até então, e ordenou que o jejum fosse observado somente no Sábado Santo e Grande, assim como nos sábados que caíam nas temporadas de jejum. Por suas orações e milagres, Silvestre ajudou a trazer o Imperador Constantino e sua mãe Helena à verdadeira Fé e ao batismo. Com a imperatriz Helena participou na busca da Honorável Cruz. Ele governou a Igreja de Deus por vinte anos. Sua vida terrena terminou honradamente e entrou no Reino Celestial.

São Serafim de Sarov 
Nasceu em 1759 em Kursk, na Rússia como Prokhor Moshnin. Filho de um construtor, tendo uma educação de classe média. Embora estudioso em sua juventude (o que lhe garantia um futuro brilhante), foi capaz de se candidatar a monge, em Sarov, com o nome de Serafim, e passava os dias a estudar as Escrituras e outros escritos antigos da Igreja. Ficou muito doente e acamado de 1780 a 1783, mas continuou seus estudos mesmo na cama e recebeu várias aparições da Virgem Maria em 1793. Serafim celebrava a Liturgia diariamente, o que era não comum no seu tempo. Em 1794 se tornou um eremita na floresta perto do monastério de Sarov, onde passou 16 anos. 
Em 1804 apanhou muito, com o seu machado, de ladrões que o deixaram para morrer. Serafim se arrastou por horas até o mosteiro; ficou 5 meses se recuperando e passou o resto de sua vida se apoiando em uma bengala para caminhar. Ele viveu no topo de uma pedra, e mais tarde numa cela por ele construída com paredes sem janelas. Convidado para ser o Abade da Abadia de Sarov, em 1807, não aceitou e passou 3 anos sem falar uma palavra como auto penitencia. 
Em 1810 sua saúde se deteriorou a ponto de não conseguir viver na floresta, e  teve de retornar para a Abadia de Sarov, e lá viveu como ermita em sua cela. 
Em 1832 teve uma visão da Vigem Maria na qual lhe dizia para retornar ao  mundo e oferecer aos outros o benefício de sua sabedoria. São Serafim atraiu seguidores e discípulos, e passou a ser chamado de “Starets”, que em russo significa ” mestre (pai) espiritual”. Ensinou monges e monjas. Vários dos seus ensinamentos foram publicados no Ocidente e no Mosteiro de Diveyev,  onde  teve uma visão que foi presenciada pelas monjas do Mosteiro. 
Entre um sem número de curas que efetuava apenas com sua benção, ele curou Nicholau Motovilov. Esta cura foi notável porque fez com que o beneficiário escrevesse as conversas que ele teve com São Serafim, uma delas na presença do Divino Espírito Santo. Este trabalho foi publicado em inglês em varias edições.  Em uma de suas narrativas, Motovilov fala de como São Serafim, pela graça do Espírito Santo, fora transfigurado em sua presença, onde seu o corpo do santo se transformara em pura luz Divina - um fenômeno presenciado em homens e mulheres santas, tanto no Ocidente como no Oriente: 
"Uma radiação espiritual que se manifestava como uma luz cegante, o rodeava", escreveu Motovilov. 
Em seus ensinamentos, Serafim enfatizava ser o Espírito Santo a Fonte de luz que transfigurava a alma dos místicos. Ele também ensinava a importância do servir e da pobreza. Em janeiro de 1833, foi encontrado morto no chão de sua cela com suas roupas queimadas por uma vela que havia caído de suas mãos e com a face voltada para o ícone da Virgem na parede de sua cela. Foi canonizado em 1903 pela Igreja Ortodoxa Russa.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tiago 1:1-18 
1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos da Dispersão, saúde. 2 Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, 3 sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança; 4 e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma. 5 Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. 6 Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. 7 Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa, 8 homem vacilante que é, e inconstante em todos os seus caminhos. 9 Mas o irmão de condição humilde glorie-se na sua exaltação, 10 e o rico no seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva. 11 Pois o sol se levanta em seu ardor e faz secar a erva; a sua flor cai e a beleza do seu aspecto perece; assim murchará também o rico em seus caminhos. 12 Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. 13 Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. 14 Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; 15 então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. 16 Não vos enganeis, meus amados irmãos. 17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. 18 Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.


Marcos 12:18-27

18 Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo: 19 Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão. 20 Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência; 21 o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência. 22 Depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram? 24 Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus? 25 Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus. 26 Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? 27 Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.

† † †

REFLEXÃO

“Eu Sou A Ressurreição E A Vida”

Nosso Senhor e Mestre, na resposta que deu aos saduceus que negam a ressurreição, e que ainda afrontam a Deus violando a lei, confirma a realidade da ressurreição e depõe em favor de Deus, dizendo-lhes:

«Estais muito equivocados por não compreender as Escrituras nem o poder de Deus.»

E a respeito da ressurreição – diz – dos mortos:

«Não lestes o que Deus disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó?» 

E acrescentou:

«Não é Deus de mortos, mas de vivos: porque para ele estão todos vivos.» 

Com estas palavras manifestou que Aquele que falou com Moisés na sarça e declarou Ser o Deus dos pais É o Deus dos vivos.

E quem É o Deus dos vivos a não ser o Único Deus, acima do qual não existe outro Deus? É o mesmo Deus anunciado pelo Profeta Daniel, quando ao dizer-lhe Ciro, o persa:

«Por que não adoras a Bel?»

Respondeu-lhe:

«Eu adoro o Senhor, meu Deus, que É o Deus vivo.» 

Assim o Deus vivo adorado pelos profetas É o Deus dos vivos, e o é também a Sua Palavra, que falou a Moisés, que refutou aos saduceus, que nos concedeu o dom da ressurreição, mostrando aos que estavam cegos estas duas verdades fundamentais: a ressurreição e Deus. Se Deus não É Deus de mortos, mas de vivos, e, contudo, é chamado Deus dos pais que já morreram, é incontestável que estão vivos para Deus e não pereceram:

«São filhos de Deus, porque participam da ressurreição.»
E a ressurreição é nosso Senhor em pessoa, como Ele mesmo afirmou:

«Eu sou a ressurreição e a vida.»

E os pais são seus filhos; já o disse o profeta:

«Em lugar de teus pais, são teus filhos».

Portanto, o próprio Cristo É juntamente com o Pai o Deus dos vivos, que falou a Moisés e Se manifestou aos pais. Isto é o que, ensinando, dizia aos judeus: 

«Abraão, vosso pai, pulava de alegria pensando em ver meu dia: o viu e se encheu de alegria.» 

Como assim? Abraão creu em Deus e lhe foi creditado como justiça. Creu, em primeiro lugar, que Ele É o Criador do céu e da terra, o Único Deus, e em segundo lugar, que multiplicaria sua descendência como as estrelas do céu. É o mesmo vocabulário de Paulo: "Como luzeiros do mundo". Com razão, pois, abandonando todos os seus parentes terrenos, seguia o Verbo de Deus, peregrinando com o Verbo, para morar com o Verbo. Com razão os Apóstolos, descendentes de Abraão, deixando a barca e o pai, seguiam ao Verbo de Deus. Com razão também nós, abraçando a mesma fé que Abraão, carregando a cruz – como Isaac com a lenha – o seguimos.

Na verdade, em Abraão o homem aprendeu e se acostumou a seguir o Verbo de Deus. De fato, Abraão, favorecendo, em conformidade com a sua fé, o mandato do Verbo de Deus, consentiu oferecer em sacrifício a Deus seu unigênito e amado filho, para que também Deus concordasse no sacrifício de seu Filho unigênito em favor de toda a sua posteridade, ou seja, por nossa redenção. Por isso Abraão, profeta como era, vendo em espírito o dia da vinda do Senhor e a economia da paixão, pela qual ele mesmo e todos os que cressem como ele começariam a inaugurar a salvação, encheu-se de intensa alegria.”

Santo Irineu de Lião (séc. II)

“Cristo Transformará O Nosso Humilde Corpo”

Para isto Cristo morreu e ressuscitou: para ser Senhor dos vivos e dos mortos. Mas, contudo, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. Os mortos, portanto, que têm como Senhor ao que voltou à vida, já não estão mortos, mas vivem, e a vida os penetra de tal forma que vivem sem temer a morte.

Como Cristo que, uma vez ressuscitado dentre os mortos já não morre mais, assim também eles, libertos da corrupção, já não conhecerão a morte e participarão da ressurreição de Cristo, como Cristo participou de nossa morte.

Cristo, de fato, somente desceu à terra para destruir as portas de bronze e quebrar os ferrolhos de ferro, que desde a Antiguidade aprisionavam o homem, e para libertar nossas vidas da corrupção e atrair-nos a si, transladando-nos da escravidão para a liberdade.

Se ainda não contemplamos este plano de salvação totalmente realizado – pois os homens continuam morrendo e seus corpos continuam corrompendo-se nas sepulturas –, que ninguém veja nisso um obstáculo para a fé. Que pense antes como já recebemos as primícias dos bens que mencionamos e como já possuímos o penhor de nossa ascensão ao mais alto dos céus, porque já estamos sentados no trono de Deus, junto àquele que, como afirma São Paulo, nos levou consigo às alturas; escutai o que afirma o apóstolo:

«Nos ressuscitou com Cristo Jesus e nos sentou no céu juntamente com ele».

Chegaremos à consumação quando chegar o tempo prefixado pelo Pai, quando, deixando de sermos crianças, alcancemos a medida do homem perfeito. Assim aprouve ao Pai dos séculos, que o determinou desta forma para que não voltássemos a recair na insensatez infantil, e não se perdessem novamente os seus dons.

Sendo que o corpo do Senhor ressuscitou de uma forma espiritual, será necessário insistir que, como afirma São Paulo, dos outros corpos se semeia um corpo animal, mas ressuscita um corpo espiritual, ou seja, transfigurado como o de Jesus Cristo, que nos precedeu com a sua gloriosa transfiguração?

Realmente o apóstolo, bem inteirado desta matéria, nos ensina qual seja o futuro de toda a humanidade, graças a Cristo, o qual transformará nosso corpo humilde, conforme o modelo de seu corpo glorioso.
Se, portanto, esta transformação consiste em que o corpo se torna espiritual, e este corpo é semelhante ao corpo glorioso de Cristo, que ressuscitou com um corpo espiritual, tudo isso não significa senão que o corpo, que foi semeado em condição humilde, será transformado em corpo glorioso.

Por esta razão, quando Cristo elevou até o Pai as primícias de nossa natureza, elevou às alturas a todo o universo, como Ele mesmo o havia prometido ao dizer:

«Quando eu for elevado da terra, atrairei a mim todo ser.»

Santo Atanásio de Antioquia

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