terça-feira, 28 de janeiro de 2020

33ª Terça-feira Depois de Pentecostes

28 de Janeiro de 2020 (CC) 15 de Janeiro (CE)
São Paulo de Tebas, no Egito (341), e São João Calabytes 
Tom 7


São Paulo nasceu no Egito, na baixa Tebaida, e perdeu seus pais quando tinha 14 anos. Distinguia-se por conhecer a língua grega e a cultura egípcia. Era bondoso, modesto e temente a Deus. A cruel perseguição do imperador Décio perturbou a Igreja no ano de 250. O demônio tratava de matar, com seus sutis artifícios, tanto os corpos quanto as almas. Durante estes dias, Paulo permaneceu escondido na casa de um amigo. Mas, ao saber que fora denunciado por um cunhado que cuidava de suas propriedades, fugiu para o deserto. Lá encontrou algumas cavernas que, segundo a tradição, serviram para cunhar moedas na época de Cleópatra, rainha do Egito. Escolheu para sua morada uma destas cavernas, próximo de uma fonte e de uma palmeira. Vestia-se com as folhas das palmeiras, seus frutos o alimentava e a água da fonte o saciava. 
Paulo tinha 22 anos quando chegou ao deserto. Seu primeiro propósito era gozar a liberdade para servir a Deus, durante as perseguições. Tendo gostado da doçura da contemplação, na solidão, resolveu não mais voltar a cidade e se esquecer totalmente do mundo. Paulo se alimentava do fruto da palmeira até seus 43 anos. Depois disso, até sua morte, assim como Elias, ele também era alimentado por um corvo que trazia pão no bico. Não se sabe de que forma viveu e com que se ocupava até morrer aos 90 anos quando Deus se deu a conhecer a seu servo. 
O Monge João, o Morador da Tenda

O Monge João, o morador das barracas, era filho de pais ricos e ilustres que viviam em Constantinopla durante o século V, e recebeu uma boa educação. Ele adorava ler livros espirituais, e tendo percebido a vaidade da vida secular, o preferiu "ao invés do caminho amplo, o que era estreito, frágil e extremamente rigoroso". Tendo persuadido seus pais a dar-lhe um evangelho, ele partiu secretamente para Bitínia. 
No mosteiro "vigilância Incessante" recebeu tonsura monástica. O jovem monge começou a sua ascese com extremo zelo, surpreendendo seus irmãos com oração incessante, obediência humilde, abstinência estrita e perseverança no trabalho. 
Depois de seis anos ele começou a passar por tentações: pensamentos sobre seus pais, sobre seu amor e carinho, sobre sua tristeza – tudo isso começou a perturbar o jovem asceta. 
São João revelou a sua situação ao higúmeno e pediu para ser liberado do mosteiro, e rogou aos irmãos para não esquecê-lo em suas orações, esperando que por suas orações ele iria, com a ajuda de Deus, tanto ver seus pais e superar também as armadilhas do diabo. O higúmeno deu-lhe a sua bênção. 
São João voltou para Constantinopla vestido de mendigo e não foi reconhecido por ninguém. Instalou-se às portas da casa dos pais. Os pais mandaram-lhe comida da mesa, por amor de Deus. Durante três anos, oprimido e insultado, viveu numa tenda (cabana), suportando frio e geada, conversando incessantemente com o Senhor e os Santos Anjos. Sempre com ele estava o Evangelho, dado por seus pais, e do qual ele incessantemente reunia palavras de vida eterna. Antes de sua morte, o Senhor apareceu em uma visão para o monge, revelando que o fim de suas dores estava se aproximando e que depois de três dias ele seria levado para o Reino Celestial.

Só, então, o Santo mostrou aos seus pais o evangelho que eles lhe tinham dado pouco antes de ele ter deixado a sua casa parental. Os pais reconheceram o filho. Com lágrimas de alegria abraçaram-no simultaneamente com lágrimas de tristeza, em que ele tinha sofrido privação por tanto tempo nas próprias portas de sua casa parental. São João deu instruções finais a seus pais para enterrá-lo no local onde estava sua tenda, e para colocar na sepultura os trapos do mendigo que ele usava durante a vida.  
O Santo morreu em meados do século V, quando ainda não tinha 25 anos de idade. No lugar de seu enterro os pais construíram uma igreja para Deus e ao lado dela uma casa de hospitalidade para estranhos. No século XII, uma parte das relíquias do Santo fora levada pelos cruzados para Besacon (na França), e as outras relíquias do santo foram levadas para Roma.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tiago 3:1-10

Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.

Marcos 11:11-23

E Jesus entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo em redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze. E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto. E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo. E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões. E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina. E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade. E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

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COMENTÁRIO

A leitura do Evangelho de hoje faz saltar aos nossos olhos uma faceta de Cristo pouco lembrada e até mesmo negada por muitos cristãos: a severidade e a virilidade, pois geralmente se concebem tais características como incompatíveis com a natureza do amor, principalmente quando este é compreendido única e pragmaticamente numa dimensão romântica.

O ícone denominado “Pantokrator do Sinai” (obra datada do sec. IV e preservada pelo Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai) chama muita atenção, além de sua beleza, pela estranha pintura dos olhos de Cristo, que nesta tela se apresentam desenhados de formas distintas e assimétricas. Esta disposição faz com que uma de suas faces lhe confira um semblante severo e a outra uma aparência tenra. São os olhares da justiça e da misericórdia, as quais em Cristo não são realidades divergentes, mas convergentes, conforme está escrito no Salmo 84(85): “A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram” (Sl 84:10).

O episódio narrado pelo Evangelista São Marcos da maldição da figueira é uma figuração teológica da nação de Israel, que regada e adubada pelos Patriarcas, por Moisés e todos os Profetas foi encontrada estéril e sem fruto quando o Emanuel lhe veio visitar. Por isto João Batista clamava: “O machado está posto na raiz das árvores e toda árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo”. A observação que são Marcos faz de que não havia frutos na figueira por ainda não ser o tempo de figos, representa a chegada repentina e inesperada do Reino de Deus e do Seu Juízo. A figueira, a oliveira e a videira sempre foram usadas pelos Profetas do Velho Testamento como símbolos de Israel.

O Templo transformado em camelódromo (mercado público) exemplifica a perversão religiosa existente em Israel; e a ação viril de Cristo, o juízo devastador que cairia sobre eles, não ficando “pedra sobre pedra” quando os Romanos devastaram Jerusalém, no ano 70 dc, pondo definitivamente um fim ao culto judaico, fazendo assim, cessar o sacrifício e a possibilidade de perdão, conforme a Antiga Aliança. Assim, São Paulo adverte: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus”. E São Tiago, o irmão do Senhor, no trecho de sua Epístola que hoje lemos, se mostra cuidadoso para que os mestres cristãos não repitam os mesmos erros dos judeus, lembrando que os mestres sofrem juízo mais severo do que os demais e, que a habilidade no falar deve estar conjugada a uma disciplina pessoal capaz de subjugar as paixões que atuam na natureza humana.

Pe. Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Guarda, Senhor, a minha alma, e livra-me; não me deixes abatido, porquanto confio em Ti. Preservem-me a inocência e a retidão, porquanto espero em Ti. Salmo 24:20,21 (25:20,21)

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