quarta-feira, 15 de julho de 2020

6ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

15 de Julho de 2020 (CC) / 02 de Julho (CE)
Deposição da Preciosa Veste da Ss. Mãe de Deus em Blaquerne (458);
Fócio, Metropolita de Kiev; Juvenal Patriarca de Jerusalén; 
Juvenal, Protomártir de América e Alaska; João Maximovich de Shangai e São Francisco; Synaxis da Mãe de Deus dos Órfãos.
Tom 4



Na época do Imperador Leão I (457-474), dois irmãos empreenderam uma peregrinação à Terra Santa, hospedando-se na casa de uma viúva de idade já avançada. Nesta casa havia um pequeno altar improvisado e os dois irmãos tomaram conhecimento de que ali muitos milagres aconteciam. Insistiram, então, com a mulher para que lhes contasse como isso acontecia. A mulher, por fim, revelou que guardava num cofre um presente da Santa Mãe de Deus (Theotókos).

Nossa Senhora, disse ela, no transcurso de sua existência, era assistida por duas mulheres virgens que a ajudavam. Antes da sua Dormição, a Mãe de Deus ofereceu a cada uma delas um presente como bênção. Ela, a viúva, como fazia parte da família de uma destas duas virgens, tinha recebido este presente como herança, depois do mesmo ter atravessado gerações. Este presente (veste) da Theotókos foi, mais tarde, trasladado dentro de um cofre de ouro pelo então Patriarca Juvenal de Jerusalém à Igreja de Vlajerna (Blaquerne), localizada no subúrbio da área nordeste de Constantinopla, construída pela Rainha Pulquéria, filha do Imperador Arcádio e esposa do Imperador Markiano (451-457). A Igreja de Vlajerna sofreu um incêndio no ano 1070, tendo sido reconstruída anos mais tarde. Por descuido, um segundo incêndio atingiu a Igreja em 19 de janeiro de 1434. Após estes incidentes, foi conservada como um lugar de oração. 
 
A Colocação do Venerável Veste da Santíssima Mãe de Deus em Blakhernae:

Comemorado em 2 de julho

Durante os anos do reinado do Imperador bizantino Leão, o Grande, o macedônio (457-474), os irmãos Galbius e Candidus, associados do Imperador, partiram de Constantinopla para a Palestina para adorar nos lugares sagrados. Em um pequeno povoado perto de Nazaré, eles pararam para pernoitar na hospedaria de uma certa judia muito idosa. Em sua casa, a queima de velas e o incenso fumegante chamaram a atenção dos peregrinos. Para suas perguntas, sobre que tipo de coisa sagrada havia em sua casa, a mulher piedosa por um longo tempo não quis dar uma resposta, mas, depois de pedidos persistentes, ela respondeu, que com ela estava um item sagrado muito precioso - o Robe da Mãe de Deus, do qual ocorreram muitos milagres e curas. A Virgem Santíssima, antes do tempo de Sua Dormição ("Repouso"), legou uma de suas vestes a uma piedosa donzela judia da linhagem familiar desta casa, depois de instruí-la a entregá-la após a morte a outra virgem. Assim, de geração em geração, o manto da Mãe de Deus foi preservado nesta família. 
O baú de jóias, contendo o manto sagrado, foi transferido para Constantinopla. São Genádios, Patriarca de Constantinopla (+471), e o Imperador Leão, tendo aprendido da descoberta sagrada, convenceram-se da incorruptibilidade do santo manto e, com tremor, confirmaram sua autenticidade. Em Blakerne, perto do litoral, foi erguida uma nova igreja em honra da Mãe de Deus. Em 2 de junho de 458, São Genádios, em grande solenidade,  transferiu o manto sagrado para a igreja de Blakerne, colocando-o dentro de um novo relicário. 
Posteriormente, no relicário, juntamente com o manto da Mãe de Deus, foi colocado também Seu omofórion (um sobre-manto) e parte de sua faixa de cinto. Esta circunstância também estabeleceu seu selo sobre a iconografia Ortodoxa da festa, em conjugar os dois eventos: a Colocação da Túnica e a Colocação da Faixa-Cinturão da Mãe de Deus em Blakerne. O peregrino russo Stefan Novgorodets, visitando Tsar'grad por volta do ano de 1350, testemunha: 
"Chegamos a Blakerne, onde jaz o manto sobre um altar-trono em um relicário impresso". 
Mais de uma vez, durante a invasão de inimigos, a Santíssima Mãe de Deus salvou a cidade, à qual Ela entregou seu santo manto. Assim aconteceu durante o tempo do cerco de Constantinopla pelos ávaros em 626, pelos persas - em 677 e pelos árabes - no ano 717 e em 860 pelos russos, que anos mais tarde, vieram a se converter, sendo batizada a nação inteira em grande evento, o qual entrou para a história com o nome de "O Batismo de Kiev", ou "Batismo da Rússia".
Leituras Comemorativas 
Hebreus 9:1-7 
Lucas 10:38-42; 11:27-28 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

1 Coríntios 2:9-3:8

Mas, como está escrito:As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,e não subiram ao coração do homem,são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.

Mateus 13:31-36

Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado. Tudo isto disse Jesus, por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas; Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo. Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES

“Assim como o fermento faz fermentar toda a massa, 
assim vós convertereis o mundo inteiro”

O Reino dos Céus é como o fermento; uma mulher o amassa com três medidas de farinha e basta para que tudo fique fermentado. Assim como o fermento faz fermentar toda a massa, assim vós convertereis o mundo inteiro. E não me digas: O que podemos fazer doze homens perdidos entre uma grande multidão? Porque precisamente o simples fato de que não recusais misturar-vos com as multidões torna imensamente mais admirável vossa eficácia. E assim como o fermento faz fermentar a massa quando a aproximamos da farinha – e não somente quando a aproximamos, mas quando a aproximamos tanto que se mistura com ela, pois não disse simplesmente “pôs”, mas “amassou” –, assim também vós, consolidados e unidos com vossos opositores, acabareis por superá-los.

E assim como o fermento fica envolto na massa, mas não perdido nela, mas vai gradualmente penetrando sua virtualidade a toda a massa, exatamente assim acontecerá na pregação. Assim, não tendes por que temer se vos predisse muitas tribulações: desta forma ressaltará mais a vossa índole e acabareis superando a tudo.

Porque é Cristo aquele que dá ao fermento essa virtude. Por isso aos que criam nele os misturou com a multidão, para que comuniquemos aos demais a nossa compreensão. Que ninguém se queixe, pois, de sua pequenez, pois o dinamismo da pregação é gigantesco, e aquele que uma vez fermentou, converte-se em fermento para os demais.

E da mesma forma como uma faísca que cai sobre a lenha se prende a ela e a converte em chamas, que por sua vez “coloca fogo aos outros troncos, ocorre exatamente assim com a pregação. Contudo, Jesus não falou de fogo, mas de fermento. Por quê? Justamente porque no primeiro caso nem tudo procede do fogo, mas também da lenha que queima; porém, no segundo exemplo o fermento tudo o faz por sua própria virtualidade.

Entretanto, se doze homens fizeram fermentar toda a terra, pensa quão grande não será a nossa maldade, pois, sendo tão numerosos, não conseguimos converter aos que ainda restam, de tal forma que deveríamos estar em condição de fazer fermentar a mil mundos. Porém, eles – me dirás – eram apóstolos. E o que isso significa? Será que eles não participavam de tua mesma condição? Não viviam nas cidades? Será que eles desfrutaram das mesmas coisas que você? Não exerceram seus ofícios? Eram por acaso anjos? Acaso baixaram do céu? Porém me replicarás: eles fizeram milagres. Até quando utilizaremos o pretexto dos milagres para encobrir a nossa indiferença? Que milagres fez João que teve a tantas cidades dependentes de si? Nenhum, como testemunha o evangelista: João não fez nenhum milagre.

E o próprio Cristo, o que é que dizia ao dar normas aos seus discípulos? Realizai milagres para que os homens os vejam? Em absoluto. Então, o que é que lhes dizia? Brilhe assim vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e deem glória ao vosso Pai que está no céu. Vês como é necessário em todas as partes que a vida seja boa e esteja cheia de boas obras? Pois por seus frutos – ele diz – os conhecereis.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla  

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