2º DOMINGO DE PÁSCOA: ANTIPÁSCOA
01 de Maio de 2022 (CC) / 18 de Abril (CE)
São João, discípulo de São Gregório, o Decapolita († C. 850)
«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»
Neste domingo, o segundo domingo da Páscoa, celebramos a Antipascha, isto é, a rededicação da Ressurreição de Cristo, e também comemoramos o episódio do Santo Apóstolo Tomé tocar as chagas de Cristo.Esta comemoração é devido ao costume antigo de reconsagrar eventos importantes. Como um ano passa e a data de um evento como esse poderia chegar, uma comemoração foi feita de modo que esses grandes eventos não fossem esquecidos. É por isso que os Israelitas celebraram a Páscoa em Gilgal, para comemorar a passagem pelo Mar Vermelho. Eles também comemoraram a consagração do Tabernáculo do Testemunho, que estava no deserto e muitos outros eventos santos.Visto que a Ressurreição do Senhor é o maior e mais importante evento e além de todo pensamento, ela é rededicada, não apenas uma vez por ano, mas também a cada "oitavo dia". A primeira rededicação da Ressurreição é neste domingo, pois é verdadeiramente tanto o "oitavo" dia quanto o "primeiro". É o oitavo dia após a Páscoa, e o primeiro dia, porque é o início dos outros dias. Novamente, é chamado de "oitavo dia" porque prefigura o dia interminável da era futura, que será verdadeiramente o "primeiro" dia e um dia que não é dividido por uma única noite. É por isso que este domingo é chamado de Antipascha, que interpretado significa "no lugar da Páscoa". Devemos também saber que, devido à honra dada ao domingo pela Ressurreição do Senhor, os Santos Apóstolos transferiram o dia de descanso semanal do sábado judaico (sábado) para este dia tão honrado.É também chamado de “Domingo de Tomé”, pelo motivo que segue: No dia da Ressurreição, quando Cristo se mostrou aos Discípulos à noite, Tomé não estava presente, porque ele ainda não tinha se juntado aos outros Discípulos por medo dos Judeus. Quando ele se juntou aos outros, ele não só não acreditou no que eles lhe contaram sobre a Ressurreição de Cristo e o fato de eles O terem visto, mas ele, também, se recusou totalmente a acreditar que Cristo havia ressuscitado, embora ele próprio fosse um dos Doze. Deus, o bom Mestre, em sua verdadeira economia, esperou oito dias para tornar mais perfeito o Seu amor, desejando com firmeza atestar a verdade da Ressurreição e também os acontecimentos que ocorreram depois da Ressurreição. Assim, Tomé não acreditou para que pudesse proclamar com mais verdade a todos a Fé na Ressurreição. Portanto, o Senhor veio aos Apóstolos novamente enquanto Tomé estava entre eles. Embora as portas estivessem fechadas como antes, Ele entrou e concedeu-lhes paz de acordo com o costume. Ele então se voltou para Tomé e disse:“Toca aqui o teu dedo e olha para as minhas mãos; estende a tua mão aqui e põe-na no meu lado. Não sejais incrédulos, mas crente” (João 20:27).Então Tomé examinou intencionalmente o lado do Senhor com mais atenção e, recebendo fé por meio do exame, clamou: "Meu Senhor e meu Deus!" (João 20:28). Ele disse "Senhor" ao testemunhar a forma corporal de Cristo e "Deus" ao testemunhar a Sua Divindade. Então Cristo lhe disse: “Porque você me viu, Tomé, creu? Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Esta foi a segunda aparição de Cristo.Tomé foi chamado de "O Gêmeo" por uma das várias razões possíveis: ou ele nasceu gêmeo - um dos dois filhos nascidos ao mesmo tempo; ou porque ele nasceu duvidoso da Ressurreição; ou porque, por natureza, o dedo médio e o indicador de sua mão direita estavam unidos. Visto que pela Providência Divina ele tinha permissão para duvidar, era com esses dois dedos certos que ele iria sondar o lado de Cristo. No entanto, outros dizem que é mais provável e mais verdadeiro que o termo “dídimo”, signifique que Tomé era gêmeo.A terceira aparição de Cristo foi no Mar de Tiberíades durante uma pescaria, onde Ele até comeu uma refeição de peixe grelhado e favo de mel; este alimento em particular, como só Ele sabia, foi consumido pelo Fogo Divino. Este evento deu mais uma prova da Ressurreição do corpo - não apenas Dele, mas da nossa na Era por vir. Depois disso, Ele se revelou no caminho para Emaús. A quinta vez que Ele apareceu foi na Galileia aos onze, como está escrito. Desde a Ressurreição até Sua Ascensão, Ele operou diante de Seus Discípulos muitos sinais que ultrapassaram toda a natureza. No entanto, Ele não revelou todos esses sinais a muitos, pois era impossível para os homens que ainda viviam neste mundo ouvir tais maravilhas inexprimíveis.Pelas orações do Teu Santo Apóstolo Tomé, Ó Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos. Amém.Pravoslavie.ruComemoração de São João, Discípulo de São GregórioSão João foi um dos mais queridos discípulos de São Gregório, o Decapolita. Ainda muito pequeno, compreendeu o valor do amor a Jesus Cristo. Posteriormente, conservando este sentimento em seu coração, aproximou-se de São Gregório, o Decapolita, que lhe consagrou monge para que ele pudesse melhor se exercitar na luta espiritual e obter assim a salvação de sua alma, para glória de Deus. João cresceu espiritualmente na prática da obediência, a ponto de São Gregório agradecer a Deus por considerá-lo digno de ter um bom discípulo.
Quando São Gregório faleceu, o crescimento espiritual de João não se estagnou, ao contrário, procurou cada vez mais aprofundar-se neste caminho. «A quem tem sede, darei de beber gratuitamente a água da vida» (Ap 21,6) Isto é, os que querem crescer intelectual e espiritualmente Deus os sacia com sua água, fonte de vida. João viajou por muitos lugares e cidades, incluindo Jerusalém onde descansou em paz no monastério de Xariton.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (I)
Mateus 28:16-20
16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
LITURGIA
Tropárion da Semana de Antipáscoa, Tom 7
Estando o sepulcro selado, Ó Vida, / Tu resplandeceste do túmulo, Ó Cristo Deus. / E ainda que as portas se encontrassem fechadas, / vieste aos Teus discípulos, Ó Ressurreição de todos, / renovando em nós, por eles, o Espírito de retidão, // por Tua grande e infinita misericórdia.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Kondákion da Semana de Antipáscoa, Tom 8
A hesitante mão direita de Tomé tocou Teu lado, Ó Portador da Vida; / e ao entrares enquanto as portas estavam fechadas, Ó Cristo Deus; / então, com o resto dos discípulos, ele a Ti exclamou : // Tu És o meu Senhor e o meu Deus!
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Prokímenon, Tom 3
R. Grande É o Senhor nosso Deus e poderosa a Sua força;
Sua sabedoria não tem limites.
V. Louvai o Senhor, porque Ele É bom!
Agradável é o louvor ao nosso Deus.
Atos 5:12-20
12 E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão. 13 Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima; 14 e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres; 15 a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. 16 Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados. 17 Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja, 18 deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública. 19 Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse: 20 Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)
Vinde, regozijemo-nos no Senhor;
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Porque o Senhor É grande,
É o grande Rei de toda a terra.
João 20:19-31
19 Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco. 20 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor. 21 Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. 22 E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos. 24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei. 26 Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco. 27 Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! 29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. 30 Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; 31 estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
Zadostoinik
O Anjo exclamou à Cheia de Graça: / "Virgem pura rejubila!"/ De novo digo: rejubila, // teu Filho ressuscitou do túmulo ao terceiro dia!
Resplandece, resplandece, ó nova Jerusalém, / pois a glória do Senhor brilhou sobre ti! / Dança de alegria e rejubila ó Sião; / e tu, Mãe de Deus toda pura, / sê exaltada na Ressurreição // Daquele a quem deste a luz.
Louvai ao Senhor, Jerusalém!
Louvai o teu Deus, ó Sião.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo!
Cristo ressuscitou!
Durante toda a Semana Luminosa vivemos na alegria pascal do Salvador ressuscitado, e a nossa alegria, assim como a dos santos apóstolos, foi misturada por uma confusão de sentimentos.
Afinal, não faz muito tempo , nós estávamos lembrando da morte daquele que é a Fonte da vida, mas agora nós nos alegramos, pois fomos restaurados para a vida por Ele.
Assim como os santos apóstolos fizeram durante os primeiros dias após a ressurreição, nos vividamente lembramos das paixões de Cristo durante a leitura dos 12 Evangelhos: a morte do Senhor e a retirada do Seu corpo da Cruz, o Seu sepultamento , para nós simbolizados quando carregamos o Sudário e fazemos a procissão ao redor da igreja, até as longas horas de espera em jejum total e oração, até o milagre no sábado da Grande Quietude.
Já nos primeiros momentos daquela manhã no dia do Ressurreição, a boa notícia foi sendo propagada para toda a criação, tanto pelos anjos do céu (Marcos 16:06) quanto pelas santas miróforas na terra (Lucas 24:9) e até mesmo pelos guardas do Sinédrio (Mateus 28:11) que já haviam falado sobre o milagre.
Contudo, ainda assim os apóstolos estavam em um estado de medo e dúvida, escondendo-se por trás de portas "por medo dos judeus" (João 20:19).
A dúvida dos discípulos não deve nos surpreender, pois eles afinal eram testemunhas do maior milagre da história da criação: O homem matou Deus, e Ele ressuscitou dos mortos e salvou a raça humana das garras do inferno.
Os discípulos de Cristo, depois da detenção do Mestre, esqueceram todas as Suas profecias sobre as coisas que estariam por vir.
E é por isso que eles não acreditaram de pronto na milagrosa história registrada pelas Santas Miróforas (Marcos 16:11, Lucas 24:11), e mesmo enquanto conversavam com o Ressuscitado face a face, eles hesitavam em confiar em seus próprios corações (Lucas 24:25), que estavam a arder e tremer na presença de Deus (Lucas 24:32).
Esta maravilhosa descrença (Lucas 24:41), advinda da fraqueza humana , incapaz de abarcar a magnitude do milagre que teve lugar, reflete-se nas famosas palavras do apóstolo Tomé: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos e colocar o meu dedo onde estavam os pregos, e por a minha mão no seu lado, eu não vou acreditar. "(João 20:25)
Muitas vezes as pessoas referem-se a Tomé como aquele que "duvidou", sem realmente considerar a profundidade e a dimensão da "dúvida" deste santo apóstolo.
Mas vamos agora olhar mais cuidadosamente para este homem.
Pois então, podemos pensar que a sua dúvida era a mesma que a dos judeus que gritavam: "desça agora da cruz, e acreditaremos "(Mateus 27:42).
E assim, podemos especular se essa dúvida não seria semelhante a aquela que ouvimos proferida pelos nossos contemporâneos, quando esses dizem : "Se Deus existe, que Ele se mostre a todos, e vamos então passar a crer nEle "?
Os antigos escribas e fariseus sabiam de todos os milagres de Cristo e, ao que parece, sabia Quem Jesus da Galileia Era realmente.
Mas cada vez que eles eram confrontados com Divino, eles se tornavam ainda mais enraizados na blasfêmia.
Quando descobriram que Cristo curou um cego de nascença, em vez de levantar louvores, eles vomitavam maldições: "Este homem é um pecador (João 9:24), e Tu és nascido todo em pecados "(João 9:34).
Tendo ouvido que Cristo tinha ressuscitado um homem morto já ha quatro dias, (um homem que apresentava os odores da putrefação), algo que aparentemente não deixaria mais qualquer dúvidas sobre divindade de Cristo, os anciãos da nação decidiram " matem Lázaro também "(João 12:10).
Finalmente, depois de terem sido confrontados com o fato da Ressurreição milagrosa de Cristo, e tendo ouvido as testemunhas oculares dos guardas (Mateus 28:11), que tinham caído no chão tremendo na presença de um anjo brilhante (Mateus 28:4), os anciãos subornaram os soldados e buscaram enganar o povo (Mateus 28:12-14), tornando cada vez maior a sua blasfêmia.
Os Fariseus modernos também só aprofundam as suas blasfêmias, estando novamente face a face com o Ressuscitado e ainda não são convencidos, mesmo diante dos Seus tantos milagres?
Mas o caso é que São Tomé não é um desses fariseus.
Nós sabemos sobre a sua fidelidade e amor sacrificial pelo seu Mestre.
Pois sabemos, que depois de seguir o Salvador por três anos, Tomé compreendia muito bem as consequências, os perigos de Cristo enfrentar os escribas e os fariseus.
Os outros discípulos também compreendiam muito bem tal perigo, e é por isso que quando o Salvador decidiu ir para a Jerusalém, os apóstolos tentaram falar com Ele sobre isso, buscando O alertar para o perigo (João 11:8).
Mas foi São Tomé, que disse: "Vamos nós também, para que possamos morrer com Ele "(João 11:16). Nós não vamos ouvir tais palavras de um descrente !
Após a Ascensão do Salvador, o Apóstolo Tomé, de acordo com a Tradição da Igreja, foi pregar o Evangelho em um dos mais distantes e difíceis lugares do mundo antigo, a Índia, onde foi torturado e morto por Cristo.
Mas naquele dia, uma semana depois da Ressurreição, quando o Salvador veio aos Seus discípulos e Tomé estava com eles, ao Santo Apóstolo foi necessário apenas um toque para que este discípulo que amava tão abnegadamente o seu Mestre percebesse a quem tinha dedicado a sua vida : "Meu Senhor e meu Deus ", exclamou Tomé, que apenas um minuto antes era compreensivelmente cético sobre os relatos dos seus irmãos.
"Meu Senhor e meu Deus", exclamou Tomé do fundo do seu coração amoroso !
Pois uma pessoa como Tomé, Deus vem, e a este tipo de pessoa, Ele permite mesmo que O toque !
Em seu desejo de salvar as pessoas, Cristo sofreu tudo: zombarias e açoites, a tortura e a morte vergonhosa, e mesmo que cutucassem as suas feridas com os dedos após Sua ressurreição gloriosa. Pois se Ele é aguardado, Cristo chega mesmo através de portas fechadas (João 20:26).
Mas o que Ele ouvirá ao adentrar em nossos corações? Ele vai ouvir de nós as palavras "meu Senhor e meu Deus" ou ele vai apenas receber zombaria e açoites?
Será que vamos adorá-Lo, como fez São Tomé, ou vamos crucificá-Lo com nossa falta de arrependimento e lançaremos as pedras dos nossos tantos pecados Nele ?
Ó Senhor, pelas orações do Santo Apóstolo Tomé, nos dê fé e nos ajude a nossa incredulidade (Marcos 9:24)!
Amém.
Durante toda a Semana Luminosa vivemos na alegria pascal do Salvador ressuscitado, e a nossa alegria, assim como a dos santos apóstolos, foi misturada por uma confusão de sentimentos.
Afinal, não faz muito tempo , nós estávamos lembrando da morte daquele que é a Fonte da vida, mas agora nós nos alegramos, pois fomos restaurados para a vida por Ele.
Assim como os santos apóstolos fizeram durante os primeiros dias após a ressurreição, nos vividamente lembramos das paixões de Cristo durante a leitura dos 12 Evangelhos: a morte do Senhor e a retirada do Seu corpo da Cruz, o Seu sepultamento , para nós simbolizados quando carregamos o Sudário e fazemos a procissão ao redor da igreja, até as longas horas de espera em jejum total e oração, até o milagre no sábado da Grande Quietude.
Já nos primeiros momentos daquela manhã no dia do Ressurreição, a boa notícia foi sendo propagada para toda a criação, tanto pelos anjos do céu (Marcos 16:06) quanto pelas santas miróforas na terra (Lucas 24:9) e até mesmo pelos guardas do Sinédrio (Mateus 28:11) que já haviam falado sobre o milagre.
Contudo, ainda assim os apóstolos estavam em um estado de medo e dúvida, escondendo-se por trás de portas "por medo dos judeus" (João 20:19).
A dúvida dos discípulos não deve nos surpreender, pois eles afinal eram testemunhas do maior milagre da história da criação: O homem matou Deus, e Ele ressuscitou dos mortos e salvou a raça humana das garras do inferno.
Os discípulos de Cristo, depois da detenção do Mestre, esqueceram todas as Suas profecias sobre as coisas que estariam por vir.
E é por isso que eles não acreditaram de pronto na milagrosa história registrada pelas Santas Miróforas (Marcos 16:11, Lucas 24:11), e mesmo enquanto conversavam com o Ressuscitado face a face, eles hesitavam em confiar em seus próprios corações (Lucas 24:25), que estavam a arder e tremer na presença de Deus (Lucas 24:32).
Esta maravilhosa descrença (Lucas 24:41), advinda da fraqueza humana , incapaz de abarcar a magnitude do milagre que teve lugar, reflete-se nas famosas palavras do apóstolo Tomé: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos e colocar o meu dedo onde estavam os pregos, e por a minha mão no seu lado, eu não vou acreditar. "(João 20:25)
Muitas vezes as pessoas referem-se a Tomé como aquele que "duvidou", sem realmente considerar a profundidade e a dimensão da "dúvida" deste santo apóstolo.
Mas vamos agora olhar mais cuidadosamente para este homem.
Pois então, podemos pensar que a sua dúvida era a mesma que a dos judeus que gritavam: "desça agora da cruz, e acreditaremos "(Mateus 27:42).
E assim, podemos especular se essa dúvida não seria semelhante a aquela que ouvimos proferida pelos nossos contemporâneos, quando esses dizem : "Se Deus existe, que Ele se mostre a todos, e vamos então passar a crer nEle "?
Os antigos escribas e fariseus sabiam de todos os milagres de Cristo e, ao que parece, sabia Quem Jesus da Galileia Era realmente.
Mas cada vez que eles eram confrontados com Divino, eles se tornavam ainda mais enraizados na blasfêmia.
Quando descobriram que Cristo curou um cego de nascença, em vez de levantar louvores, eles vomitavam maldições: "Este homem é um pecador (João 9:24), e Tu és nascido todo em pecados "(João 9:34).
Tendo ouvido que Cristo tinha ressuscitado um homem morto já ha quatro dias, (um homem que apresentava os odores da putrefação), algo que aparentemente não deixaria mais qualquer dúvidas sobre divindade de Cristo, os anciãos da nação decidiram " matem Lázaro também "(João 12:10).
Finalmente, depois de terem sido confrontados com o fato da Ressurreição milagrosa de Cristo, e tendo ouvido as testemunhas oculares dos guardas (Mateus 28:11), que tinham caído no chão tremendo na presença de um anjo brilhante (Mateus 28:4), os anciãos subornaram os soldados e buscaram enganar o povo (Mateus 28:12-14), tornando cada vez maior a sua blasfêmia.
Os Fariseus modernos também só aprofundam as suas blasfêmias, estando novamente face a face com o Ressuscitado e ainda não são convencidos, mesmo diante dos Seus tantos milagres?
Mas o caso é que São Tomé não é um desses fariseus.
Nós sabemos sobre a sua fidelidade e amor sacrificial pelo seu Mestre.
Pois sabemos, que depois de seguir o Salvador por três anos, Tomé compreendia muito bem as consequências, os perigos de Cristo enfrentar os escribas e os fariseus.
Os outros discípulos também compreendiam muito bem tal perigo, e é por isso que quando o Salvador decidiu ir para a Jerusalém, os apóstolos tentaram falar com Ele sobre isso, buscando O alertar para o perigo (João 11:8).
Mas foi São Tomé, que disse: "Vamos nós também, para que possamos morrer com Ele "(João 11:16). Nós não vamos ouvir tais palavras de um descrente !
Após a Ascensão do Salvador, o Apóstolo Tomé, de acordo com a Tradição da Igreja, foi pregar o Evangelho em um dos mais distantes e difíceis lugares do mundo antigo, a Índia, onde foi torturado e morto por Cristo.
Mas naquele dia, uma semana depois da Ressurreição, quando o Salvador veio aos Seus discípulos e Tomé estava com eles, ao Santo Apóstolo foi necessário apenas um toque para que este discípulo que amava tão abnegadamente o seu Mestre percebesse a quem tinha dedicado a sua vida : "Meu Senhor e meu Deus ", exclamou Tomé, que apenas um minuto antes era compreensivelmente cético sobre os relatos dos seus irmãos.
"Meu Senhor e meu Deus", exclamou Tomé do fundo do seu coração amoroso !
Pois uma pessoa como Tomé, Deus vem, e a este tipo de pessoa, Ele permite mesmo que O toque !
Em seu desejo de salvar as pessoas, Cristo sofreu tudo: zombarias e açoites, a tortura e a morte vergonhosa, e mesmo que cutucassem as suas feridas com os dedos após Sua ressurreição gloriosa. Pois se Ele é aguardado, Cristo chega mesmo através de portas fechadas (João 20:26).
Mas o que Ele ouvirá ao adentrar em nossos corações? Ele vai ouvir de nós as palavras "meu Senhor e meu Deus" ou ele vai apenas receber zombaria e açoites?
Será que vamos adorá-Lo, como fez São Tomé, ou vamos crucificá-Lo com nossa falta de arrependimento e lançaremos as pedras dos nossos tantos pecados Nele ?
Ó Senhor, pelas orações do Santo Apóstolo Tomé, nos dê fé e nos ajude a nossa incredulidade (Marcos 9:24)!
Amém.
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