quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

34ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA TEOFANIA
24 de Janeiro de 2024 (CC) 11 de Janeiro (CE)
S. Teodósio Cenobiarca († c. 529); S. Mikhail de Novgorod; 
S. Mikhail de Klops, o Milagroso;
Ss. Monjas Ethenia e Fidelmia; Ss. Mártires Nicolau, Teodoro e Vladimir
Jejum (Peixe é permitido)
Tom 8



São Teodósio nasceu em Gariso, na Capadócia, no ano 423. Já havia sido ordenado leitor quando, a exemplo do Patriarca Abraão, deixou sua pátria e família, iniciando uma viagem à Jerusalém. Na viagem, desviou um pouco a sua rota e visitou São Simeão, o Estilita, de quem ouviu muitas predições sobre sua vida futura e obteve dele alguns conselhos. Enquanto visitava os lugares santos, em Jerusalém, São Teodósio, refletia sobre a melhor forma de consagrar-se a Deus. Escolheu então a vida monástica, pois achava que viver sem um diretor espiritual era muito perigoso. Assim pôs-se sob a direção espiritual de Longino, um santo homem de Deus que nutriu um grande afeto por seu discípulo. Em Belém, uma senhora havia construído uma igreja e Longino encarregou Teodósio de seu cuidado pastoral. Teodósio não quis aceitar, mas por necessidade, Longino lhe impôs esta obrigação em nome da obediência. Teodósio não ficou muito tempo no cargo, retirando-se logo para uma cela em uma gruta no cume de uma montanha vizinha.

Logo começaram a reunir-se numerosos companheiros que queriam servir a Deus sob sua direção. A principio, Teodósio só admitiu sete ou oito, mas em pouco tempo teve que aumentar este número chegando a não recusar nenhum vocacionado que manifestasse disposições sinceras. A primeira lição que deu aos seus companheiros foi mostrar-lhes um grande fosso que havia escavado nos arredores, e que haveria de servir como sepultura comum, para recordar-lhes que deveriam aprender a morrer a si mesmos constantemente.

Por atrair inúmeros aspirantes a vida religiosa, por causa da santidade de Teodósio, o monastério tornou-se pequeno. Teodósio construiu outro monastério maior localizado em um sitio chamado Catismo, próximo de Belém. Construiu também três hospitais: um para os doentes, outro para os anciãos e outro para os deficientes mentais. Nestes lugares as pessoas encontravam socorro material e espiritual. Segundo narrativas, em alguns dias Teodósio recebia em seus albergues mais de 100 pessoas. Quando a alimentação era insuficiente para tantas pessoas, São Teodósio os fazia multiplicar por suas orações.

O monastério era uma espécie de cidade de santos em meio ao deserto. A ordem, o silêncio e a caridade reinavam nele. Quatro igrejas eram assistidas pelo monastério. Três eram dedicadas a cada um dos diferentes idiomas dos monges. A quarta era dedicada aos penitentes e aos que estavam em processo de cura. A comunidade estava dividida em três nacionalidades principais: aos gregos, que eram em maior número, e que vinham de todas as províncias do império; aos armênios entre os quais os árabes e os persas e, finalmente os monges de língua eslava e os originários das regiões vizinhas da Trácia.

Salustio, Patriarca de Jerusalém, nomeou São Savas, superior dos eremitas, e São Teodósio superior dos monges que viviam em comunidade em toda Palestina. Por isso São Teodósio é chamado de “o Cenobiarca”. Grande amizade unia estes dois santos e, posteriormente, os sofrimentos iria uni-los ainda mais à Igreja.

O Imperador Anastácio apoiava a heresia de Eutiques e empreendeu vários esforços para que São Teodósio também a aderisse. No ano 513, depôs Elias, Patriarca de Jerusalém; antes, já havia desterrado Flaviano II de Antioquia, pondo em seu lugar Severo. São Teodósio e Savas defenderam veementemente os direitos de Elias e de seu sucessor João. Os agentes imperiais, conhecendo a fama de santidade de ambos, procuravam persuadi-los a defender sua causa. A ponto de o imperador enviar a Teodoro uma grande soma de dinheiro, com o pretexto se ajudar as obras de caridade. No entanto, esta doação envolvia outros interesses. São Teodósio aceitou o dinheiro e o distribuiu aos pobres. Anastásio, crendo que já tinha conquistado o apoio de Teodósio, enviou um documento (Profissão de fé onde as duas naturezas de Cristo se confundiam em uma só) para ser assinado). São Teodósio lhe respondeu com uma outra carta que aplacou o imperador por um tempo. Logo em seguido renovou os editos que perseguiam os cristãos ortodoxos e despachou tropas para executá-los. Ao saber disso, São Teodósio partiu por toda a Palestina exortando aos cristãos que permanecessem fieis aos ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos. Em Jerusalém, gritou do púlpito: “quem não considera os ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos como os quatro Evangelhos merece a morte eterna”. Estas palavras reanimaram os cristãos aterrorizados pelos editos imperiais.

Os sermões de Teodósio produziram efeitos maravilhosos e Deus confirmava seu zelo com milagres surpreendentes. Estre estes, conta-se que uma mulher que sofria de tumores, foi rapidamente curada ao tocar nas vestes de Teodósio. O Imperador então decidiu desterrar Teodósio. O imperador Anastásio morreu pouco depois e seu sucessor tirou Teodósio do exílio.

Nos últimos anos de vida, Teodósio foi tomado por uma grave enfermidade quando pode dar provas de sua paciência e submissão absoluta à vontade de Deus. Uma pessoa que assistia seus sofrimentos lhe rogara que orasse a Deus para aliviar suas dores, mas Teodósio negava-se a fazer, dizendo que se fizesse, constituiria falta de paciência. Quando Teodósio compreendeu que seu fim estava próximo, dirigiu a seus discípulos uma ultima exortação e predisse muitas coisas que iria acontecer após sua morte. O santo cenobiarca entregou sua alma a Deus em 529, aos 105 anos. O Patriarca Pedro de Jerusalém e toda a cidade assistiram seus funerais onde pode comprovar vários milagres. Foi sepultado dentro da primeira cela que havia ocupado, chamada “gruta dos magos”, pois havia uma tradição que dizia que os Reis Magos haviam se abrigado ali, quando foram adorar o Senhor, em Belém

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 10:1-18

Porque a lei, tendo a sombra das coisas boas que virão, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, com os mesmos sacrifícios que eram continuamente oferecidos de ano em ano, aperfeiçoar os que se achegam. Se ainda o fosse, não teriam deixado de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido uma vez purificados, nunca mais teriam consciência de pecado. Mas, nesses sacrifícios, a cada ano se recordam os pecados. Porque não é possível que o sangue de touros e de bodes tire pecados. Pelo que, quando ele veio ao mundo, diz: 
"Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste. Em ofertas queimadas e sacrifícios pelo pecado não tens prazer algum. Então, eu disse: Eis-me aqui (na cabeça do rolo está escrito sobre mim) para fazer a tua vontade, ó Deus." Salmo 39:7a,8a (Bíblia Septuaginta)
Acima, quando disse: "Sacrifício e ofertas, e ofertas queimadas e ofertas pelo pecado não quiseste, nem neles tiveste prazer," os quais são oferecidos pela lei. Então, ele disse: "Eis-me aqui para fazer a tua vontade, ó Deus." Ele tira o primeiro, para que possa estabelecer o segundo. Por cuja vontade somos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez por todas. E cada sacerdote se apresenta diariamente, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados. Mas este homem, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados para sempre, assentou-se à direita de Deus. Deste momento em diante encontra-se à espera, até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oferta ele aperfeiçoou para sempre os que estão santificados; e disto o Espírito Santo também nos é por testemunha, porque depois de haver dito: 
"Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Colocarei as minhas leis em seus corações, e em suas mentes as escreverei; e de seus pecados e iniquidades não mais me lembrarei."  Jeremias 38:33,34b (Bíblia Septuaginta)
Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado.

Marcos 8:30-34

E ele ordenou-lhes que não contassem a nenhum homem sobre ele. E ele começou a ensinar-lhes que o Filho do homem deveria sofrer muitas coisas, e ser rejeitado pelos anciãos, e pelos principais sacerdotes e escribas, que fosse morto, e após três dias ressuscitar. E ele falava estas palavras publicamente. E Pedro, tomando-o, começou a repreendê-lo. Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque tu não tens gosto das coisas que são de Deus, mas das coisas que são dos homens. E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.

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Teodoreto de Ciro (séc. V)

Jesus chega espontaneamente à paixão que dele estava escrita e que mais de uma vez havia anunciado aos seus discípulos, censurando a Pedro em certa ocasião por ter aceito de má vontade este anúncio da paixão, e demonstrando finalmente que através dela seria salvo o mundo. Por isso, ele mesmo apresentou-se aos que vinham prender-lhe, dizendo: Eu sou a quem buscais. E quando o acusavam não respondeu, e, tendo a oportunidade de esconder-se, não o quis fazer; por mais que em várias outras ocasiões em que o buscavam para prendê-lo, desapareceu.

Ademais, chorou sobre Jerusalém, que com sua incredulidade preparava sua própria calamidade e predisse sua ruína definitiva e a destruição do templo. Também sofreu com paciência que alguns homens duplamente desprezíveis lhe batessem na cabeça. Foi esbofeteado, cuspido, injuriado, atormentado, flagelado e, finalmente, levado para a crucifixão, deixando que o crucificassem entre dois ladrões, sendo desta forma contado entre os homicidas e malfeitores, degustando também o vinagre e o fel da vinha perversa, coroado de espinhos em vez de palmas e ramos, vestido de púrpura por deboche e golpeado com uma vara, atravessado por uma lança no lado e, finalmente, sepultado.

Com todos estes sofrimentos buscava a nossa salvação. Porque todos aqueles que se fizeram escravos do pecado deviam sofrer o castigo de suas obras; porém ele, isento de todo pecado, ele, que caminhou até o fim pelo caminho da justiça perfeita, sofreu o suplício dos pecadores, apagando na cruz o decreto da antiga maldição. Cristo – diz São Paulo – nos resgatou da maldição da lei, tornando-se um maldito por nós, porque diz a Escritura: Maldito todo aquele que pende de uma árvore. E com a coroa de espinhos pôs fim ao castigo de Adão, ao qual foi dito após o pecado: Maldito o solo por tua culpa: brotarão para ti abrolhos e espinhos.

Com o fel, carregou sobre si a amargura e os desgostos desta vida mortal e passível; com o vinagre, assumiu a natureza deteriorada do homem e a reintegrou ao seu estado primitivo. A púrpura foi sinal de sua realeza; a vara, indício da debilidade e fragilidade do poder do diabo; as bofetadas que recebeu anunciavam nossa liberdade, ao tolerar as injúrias, os castigos e golpes que nós tínhamos merecido.

Seu lado foi aberto, como o de Adão, porém não saiu dele uma mulher que com seu erro gerou a morte, mas uma fonte de vida que vivifica ao mundo com uma dupla torrente: um deles nos renova no batistério e nos veste a túnica da imortalidade; o outro alimenta na sagrada mesa aos que nasceram de novo pelo batismo, como o leite amamenta aos recém-nascidos.

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