quinta-feira, 9 de junho de 2016

Festa da Ascensão de Nosso Senhor Deus e salvador Jesus Cristo

6ª QUINTA-FEIRA DA PÁSCOA
09 de Junho de 2016 (CC) / 27 de Maio (CE)
São Procópio Decapolita (séc. VIII)
Modo 5





São Procópio viveu no século VIII, na época do imperador Leão III (717-741). Notabilizou-se pela sua nobreza e coragem na defesa da fé cristã. Procópio não se isolou na solidão de sua cela, ao contrário, foi à combate naqueles tempos críticos de perseguição aos cristãos, tornando-se, com muito valor, um guia da fé ortodoxa, sempre animado pela Palavra de Deus que diz: «Então prosperarás, se tiveres cuidado de cumprir os estatutos e os juízos, que o SENHOR mandou a Moisés acerca de Israel; esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem tenhas pavor» (1Cr 22:13). Estas palavras o motivavam a avançar sempre, com muita coragem e determinação. Procópio destacou-se, em particular, por sua posição contra os hereges monofisitas e também apoiou a veneração aos ícones. O imperador Leão era um selvagem iconoclasta que perseguiu e torturou muitos que defendiam a posição de São Procópio, o mesmo acontecendo ao santo. Procopio, com a ajuda de Deus e ainda com mais coragem e determinação, seguiu proclamando a verdadeira fé ortodoxa até o final de seus dias.
  




MATINAS

Marcos 16:9-20

9 Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. 10 Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando; 11 e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. 12 Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, 13 os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. 14 Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido. 15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. 19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. 20 Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.   


LITURGIA



Primeira Antífona.

Leitor
Povos todos batei palmas, aclamai a Deus com hinos de louvor.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus, Salva-nos, Senhor!

Leitor
Pois, o Senhor, o Deus Altíssimo É temível em toda a terra

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus... 

Leitor
Ele submeteu os povos sob o nosso jugo, e as nações por debaixo dos nossos pés.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus...

Leitor
Por entre aclamações o Senhor ascendeu, o Senhor se elevou ao toque da trombeta.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus... 

Leitor
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, eternamente agora e sempre, pelos séculos dos séculos.

Coro
Amém.


Segunda Antífona

Leitor
Grande É o Senhor e mui Digno de louvor na cidade do nosso Deus.

Coro
Sálva-nos, ó Filho de Deus, Tu que em glórias ascendeste aos céus: nós que a Ti cantamos: Aleluia!

Leitor
O Monte de Sião está ao norte, a cidade do Grande Rei.

Coro
Salva-nos ó Filho de Deus...

Leitor
Deus É reconhecido em Sua fortaleza.

Coro
Salva-nos ó Filho de Deus...

Leitor
Perante Ele vem a congregação dos reis.

Coro
Salva-nos ó Filho de Deus...

Leitor
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, eternamente agora e sempre, pelos séculos dos séculos.

Coro
Amém.


Terceira Antífona

Leitor
Escutai, ó povos todos; dai ouvidos, ó habitantes do universo.

Coro
Subiste glorioso ao céu, ó Cristo nosso Deus,/ enchendo de júbilo os discípulos/ pela promessa do Espírito Santo,/ e confirmando-os por Tua bênção,/ porque És o Filho de Deus, o Redentor do mundo.

Leitor
Homens todos: ricos e pobres.

Coro
Subiste glorioso ao céu, ó Cristo nosso Deus...

Leitor
Minha boca falará sabedoria, a meditação do meu coração compreenderá.

Coro
Subiste glorioso ao céu, ó Cristo nosso Deus...

Leitor
Inclinarei os meus ouvidos às parábolas, decifrarei enigmas com a salmodia.

Coro
Subiste glorioso ao céu, ó Cristo nosso Deus...

Leitor
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, eternamente agora e sempre, pelos séculos dos séculos.

Coro
Amém.

Atos 1:1-12

1 Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, 2 até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; 3 aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas concernentes ao reino de Deus. 4 Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes. 5 Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias. 6 Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel? 7 Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade. 8 Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra. 9 Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. 10 Estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco, 11 os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. 12 Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado. 

Lucas 24:36-53

36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. 37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. 38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? E por que surgem dúvidas em vossos corações? 39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer? 42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado, 43 o qual ele tomou e comeu diante deles. 44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; 47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois testemunhas destas coisas. 49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. 50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou. 51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu. 52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém; 53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.

Canto da Comunhão
Subiu Deus por entre aclamações, 
o Senhor, ao som das trombetas.
Aleluia, aleluia, aleluia!


⧫⧫⧫



HOMILIA DA ASCENSÃO DE CRISTO 
Por Protopresbítero George Dion Dragas*


A Ascensão como o auge das Festas do Senhor:

Como brilhante e maravilhosa é esta festa! É o auge de todas as festas do Senhor, porque com ela o sagrado propósito da Encarnação do Indizível Verbo de Deus se conclui, conforme a Divina economia. Para que o Filho e Verbo de Deus feito homem, foi submetido a paixão, a morte, a ressurreição e a ascensão ...? Todos estes eventos aconteceram de modo que a natureza humana não permanecesse prostrada, mas se elevasse para o céu, para que se tornasse divinizada e glorificada, de acordo com o projeto original do Criador. Esta, então, era a finalidade para a qual o Filho de Deus se dignou a assumir em Sua Santíssima pessoa (hipóstase) a nossa natureza humana, que havia caído de sua condição original, a fim de renová-la com a sua crucificação e ressurreição e erguê-la para as alturas celestiais com sua gloriosa ascensão, apresentando-a a Deus, o Pai, como o troféu radiante de Sua vitória.

A Ascensão como o triunfo da natureza humana:

Na Ascensão de Cristo, Deus o Pai aceitou as primícias de nossa humanidade, e se agradou não só por causa da dignidade d’Aquele que a ofereceu, mas também pela pureza da oferta . Esta, então, é a vitória perfeita contra o pecado. Este é o triunfo da natureza humana. A natureza humana não poderia ter descido para um ponto mais baixo do que a que chegou após a queda de Adão, mas também não poderia ascender a um ponto mais alto do que aquele em que o novo (ou último) Adão a ergueu com sua ascensão!

A Ascensão que o benefício final oferecido por Deus ao homem:

O que a mente poderia apreender das dimensões reais deste evento? A natureza desamparada e frágil ser humano, a natureza que fugiu de Deus e foi exilada do paraíso, a natureza rasteira, miserável condenada e escravizada dos seres humanos torna-se hoje mais gloriosa do que a dos anjos, projetada para sentar-se com Cristo no seio do Pai, agora é adorada por toda a criação visível e invisível! Que linguagem há que possa louvar a magnitude desta celebração ou descrever dignamente a maravilha da beneficência de Deus aos seres humanos? Hoje, a desejada entrada no paraíso, a Jerusalém celeste, é aberta aos descendentes do exilado Adão. Hoje, a restauração do novo Israel na Terra Prometida é realizada.

A Ascensão como a vitória final de Cristo para o homem:
Hoje, no Monte das Oliveiras o Céu e a Terra se beijam e anjos e seres humanos estão unidos. Aqui, o coro dos Apóstolos cumprimenta seu doce Mestre com alegria em sua partida, e as Ordens dos Anjos saúdam o Rei dos Céus com alegria inefável. Aqui, o cativeiro, é levado cativo pelo Vencedor da morte com a sua ascensão às alturas, ou seja, as almas dos justos que foram redimidos, têm seus olhos em seu Redentor com sentimentos de euforia e alegria. Aqui também, a Sua Mãe, a Virgem pura, se despede do seu Filho amado, o Qual sobe ao Céu, onde Deus, o Pai acolhe o seu Filho unigênito e O faz sentar sentar à Sua direita. Aqui, no prestigioso Monte das Oliveiras, também nós somos chamados a elevar nossas mentes e nos tornarmos testemunhas oculares dos eventos grandes e maravilhosos que ocorreram, tendo como nosso guia Lucas, o teólogo, o único entre os Evangelistas a narrar – de forma breve, mas no melhor estilo das narrativas sacerdotais - a solene e gloriosa ascensão de nosso Senhor e Deus e Salvador Jesus Cristo.

Por que a Ascensão ter lugar 40 dias após e não imediatamente após a Ressurreição?

O Senhor da vida, rompeu os laços da morte por sua ressurreição e se reuniu com seus discípulos durante 40 dias;  ressurreição que se tornou para eles inconteste por meio de várias provas. Cristo não subiu ao céu no dia em que ressuscitou, porque um evento como esse teria levantado dúvidas e perguntas. Se ele tivesse feito isso, muitos dos incrédulos estariam em condições de projetar o argumento de que a ressurreição era mais um sonho de aspirações piedosas que facilmente surgem e desaparecem mais facilmente. Por este motivo, então, Cristo permaneceu por 40 dias sobre a terra, e apareceu aos seus discípulos várias vezes, mostrando-lhes as marcas de suas feridas, explicando-lhes as profecias que Ele cumpriu em sua vida e sofrimentos como homem, e até mesmo comeu com eles.


* O Protopresbítero George Dion Dragas é um proeminente mestre e escritor Ortodoxo da atualidade. Padre George ensina Patrística na Escola Ortodoxa Grega de Teologia Santa Cruz em Brookline, Massachusetts (EUA).

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