Maria Madalena era uma das miróforas (“portadora de mirra”, uma das mulheres que ungiram com perfumes o Corpo de Jesus em Seu sepultamento) e é considerada na Igreja como sendo “igual aos Apóstolos,” título reservado a bem poucos.
A partir do papa Gregório Magno, na Igreja latina se começou a identificar erroneamente a pessoa de Maria de Magdala com a homônima irmã de Lázaro e com a pecadora descrita pelo evangelista Lucas (7:36 50),
Os dados essenciais sobre a santa os encontramos nos evangelhos. Nascida em Magdala (na época, província da Síria) tinha sido curada por Jesus: “da qual haviam saído sete demônios” (Lc 8,2) e a gratidão para com o Salvador se manifestou numa vida nova no seguimento dele.
Em seu coração ardia tamanha fé e amor para com Jesus Cristo que nada no mundo conseguiu apaga-los. Ao seu Senhor ela entregou inteiramente o seu espírito e o seu coração. Em Jesus se concentravam todos os seus pensamentos, desejos, esperanças. Em Jesus se encerrava o tesouro do seu coração e a vida da alma. Seguindo Jesus Cristo com profunda fé, Maria O amava com ardor e desprendimento... Por Jesus era instruída sobre os mistérios do reino de Deus e o servia com os seus bens. Mesmo quando todos, abandonando-O, fugiram (Mc. 14:50), ela não se afastou do Salvador... Sem temer a fúria dos seus inimigos, desafiando a multidão que injuriava o Crucificado, ela O acompanhou até o Gólgota, aproximou se da cruz para participar do seu sofrimento, com a sua presença confortou, na medida do possível, a imensa dor da puríssima Mãe de Jesus. Quis assistir ao sepultamento e à unção com os aromas perfumados.
Em seguida é narrado o que aconteceu a Maria de Magdala após a ressurreição de Cristo. Entre os textos litúrgicos, próprios da santa, que se encontram no Minéon de julho no dia 22, eis o tropário conclusivo.
“Seguiste o Cristo, nascido para nós da Virgem,
ó venerável Maria Madalena, observando seus preceitos e suas leis;
e nós que celebramos tua santíssima memória,
esperamos, através de tuas preces, ser libertados dos pecados.”
Nas Vésperas se insiste sobre a presença da santa junto ao túmulo de Jesus e sobre o privilégio da primeira aparição do Ressuscitado:
“Preparaste aromas para o Cristo deposto no sepulcro,
para Aquele que doa a ressurreição a todos os mortos;
e tendo O visto por primeira, ó teófora Maria,
em prantos te prosternaste diante d’Ele.
Roga-Lhe para que conceda às nossas almas a paz e a graça da salvação.”
É frequente, nos textos litúrgicos, a dramatização de cenas, nas quais são colocados nos lábios dos protagonistas os seus sentimentos. Várias vezes encontramo-la também no Ofício desse dia em que, por exemplo, enquanto está junto à cruz, a santa exclama:
“Que maravilha é esta? Como pode ser entregue à morte e perecer o destruidor da morte, que por sua natureza é a Vida?” (Ode oitava).
No segundo domingo depois da Páscoa a Igreja Ortodoxa celebra as miróforas, entre as quais está Maria Madalena, nomeada sempre em primeiro lugar. Também na festa de 22 de julho se relembra a sua “compaixão, na qual, misturando suas lágrimas, preparou os aromas” para o amado Mestre.
Também para o título “igual aos Apóstolos,” encontramos textos alusivos, como neste Ikos:
“A Luz do mundo, Cristo, vendo a vigilância da tua fé
e a fidelidade do teu amor, apareceu por primeiro a ti, ressurgido do túmulo,
enquanto te apressavas em levar a Ele, o Inacessível, o miron unido às tuas lágrimas.
Por recompensa te concedeu o que o Espírito reservava aos apóstolos:
o mesmo poder e a mesma vontade;
te enviou, pois, a anunciar a boa nova da sua ressurreição
àqueles que tinham sido iniciados por Ele;
e tu intercedes pelo mundo em todo o tempo.”
Na Ode quinta do Cânon se diz de Maria Madalena:
“Após a maravilhosa ascensão do Salvador, percorreste o mundo para anunciar lhe a sua palavra sagrada, tu discípula do Verbo...”
Leituras Comemorativas
1 Coríntios 9:2-12
Lucas 8:1-3
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Coríntios 14:26-40
Mateus 21:12-14, 17-20
12 Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; 13 e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores. 14 E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou. 17 E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite. 18 Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; 19 e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. 20 Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
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