sexta-feira, 25 de agosto de 2017

12ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO
25 de Agosto 2017 (CC) / 12 de Agosto (CE)
Santos Mártires Fócio e Aniceto, († 305).
Jejum da Dormição
Modo 2


Os santos mártires Fócio e Aniceto, seu sobrinho, eram naturais de Nicomédia da Bithynia. Quando Diocleciano (235-284) começou a planejar as perseguições aos cristãos, planejando criar na cidade uma praça de execução para pôr medo aos que se sentissem movidos à fé e, diante do senado, prioferiu insultos contra eles, Aniceto, que estava presente naquele momento, não só não se deixou intimidar como reagiu valorosamente, afirmando-se cristão e, dirigindo-se ao Imperador disse:  
«Então pensas que agindo deste modo, pondo-se contra os cristãos e insultando-os com palavras desrespeitosas,  possas ter qualquer êxito? Saiba que os cristãos constituem hoje a porção mais sadia do Império Romano, e é impossível, até mesmo absurdo, que possam crer nos ídolos. Portanto, não importa as medidas que venhas a adotar contra os cristãos, o prejudicado serás tu. Quanto a eles, serão venerados como mártires».  
Diocleciano, furioso com as palavras de Aniceto, ordenou que ele fosse lançado como alimento a um feroz leão. No entanto, diante de Aniceto, o ímpeto selvagem do animal foi abrandado, e nenhum mal lhe causou. Houve depois um forte terremoto e muitas estátuas dos ídolos do templo de Hércules foram jogadas em pedaços ao chão, e muitos pereceram.  
Aniceto foi então preso a uma roda giratória e, por debaixo dela, acenderam fogo. Porém, uma vez mais foi preservado incólume, tendo a roda parado de girar e o fogo se apagado milagrosamente. Em seguida jogaram-no num forno com estanho em ebulição, mas o estanho se esfriou imediatamente e Deus o preservou para a edificação de muitos.  
Fócio então correu a abraçar seu tio. Os idólatras, ao verem o que se passava, amarraram os dois e os levaram à prisão.  Três dias depois, Diocleciano voltou a persuadi-los a prestarem culto aos seus ídolos, prometendo-lhes em troca glória e riquezas. Os santos responderam:  
«Que pereçam tua glória e tuas riquezas!»  
Foram então amarrados pelas pernas à cavalos selvagens e arrastados pela terra. Mais uma vez permaneceram ilesos. Finalmente, Diocleciano ordenou que fossem jogados numa grande fornalha.  E assim, entregaram suas almas a Deus.  Muitos outros cristãos, inspirados e encorajados pela vida dos santos Aniceto e Fócio, e com suas palavras: «somos cristãos!», morreram com esta mesma oração nos lábios.  
Os corpos dos santos Aniceto e Fócio foram preservados incólumes da ação do fogo, até mesmo seus cabelos. Vendo tudo isto, muitos, muitos pagãos abandonaram seus cultos idólatras aderindo à fé em Cristo. Isto se deu no ano 305.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 7:10-16

10 Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. 11 Pois vêde quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes nesse negócio. 12 Portanto, ainda que vos escrevi, não foi por causa do que fez o mal, nem por causa do que o sofreu, mas para que fosse manifesto, diante de Deus, o vosso grande cuidado por nós. 13 Por isso temos sido consolados. E em nossa consolação nos alegramos ainda muito mais pela alegria de Tito, porque o seu espírito tem sido recreado por vós todos. 14 Porque, se em alguma coisa me gloriei de vós para com ele, não fiquei envergonhado; mas como vos dissemos tudo com verdade, assim também o louvor que de vós fizemos a Tito se achou verdadeiro. 15 E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor. 16 Regozijo-me porque em tudo tenho confiança em vós.

Marcos 2:18-22

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar; 20 dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar. 21 Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura. 22 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.  

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REFLEXÃO

«ENTÃO JEJUARÃO»

«Dias virão em que o Esposo lhes será retirado; então jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de tristeza e de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos homens; a graça escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo na mão dos seus carrascos, perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos vivos (Is 53, 2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver. Felizes dos que, antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença, interrogá-Lo como queriam e escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos agora ao cumprimento daquilo que Ele disse: «dias virão em que desejareis apenas ver um dos dias do Filho do homem, mas não o vereis» (Luc 17,22)...

«As minhas lágrimas tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde está o teu Deus?"» (Sl 41,4).

Quem não diria com o rei profeta: Cremos n' Ele, sem dúvida, sentado já à direita do Pai, mas enquanto estivermos neste corpo, estamos longe d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua existência e, mesmo quem a nega dizendo: «Onde está o teu Deus?»...

«Um pouco mais de tempo ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a hora acerca da qual Ele disse: «Vós estareis na tristeza, mas o mundo estará na alegria»... Mas, acrescenta ele, «voltarei a ver-vos e o vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A esperança que nos dá assim, Aquele que É fiel nas suas promessas não nos deixa, desde agora, sem nenhuma alegria – até que venha a alegria sobreabundaste do dia em que nos tornaremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo 3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz (diz Nosso Senhor), sofre, porque chegou a sua hora, mas quando o filho nasce, experimenta uma grande alegria, porque um ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que ninguém poderá tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da concepção presente da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque estamos ainda no dia do parto.

Agostinho, Bispo de Hipona.

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QUANDO E COMO JEJUAR

Quando é que os discípulos de Cristo devem jejuar? Quando o Noivo estiver ausente. Embora realmente presente em Espírito entre nós, já por dois mil anos ausente fisicamente. O Noivo nos foi retirado, embora não nos tenha deixado órfãos.

O jejum, conforme ensina a Santa Tradição, além de simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados cometidos, também é um exercício de privação do apetite, dos desejos por saciedade e do prazer oral. Esta privação não é um exercício “de dor pela dor”, mas um treinamento de fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos do corpo, fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha enfraquecida pelo pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da carne, ou seja, é um combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada para Deus. Não é meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta em que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na imagem (semelhança), do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).

Como deve ser praticado o jejum? Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos jejuando.

Em segundo lugar praticando-o, conforme as nossas forças e de acordo com as circunstâncias. Existem três tipos de jejuns: o rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum rigoroso diz respeito a uma total abstinência de comida e bebida, inclusive água. O jejum estrito corresponde à abstinência total de comidas e bebidas, podendo, no entanto, beber água.  E, por fim, o jejum moderado, que consiste numa abstinência de ingestão de produtos animais (carnes, lacticínios e derivados) como também de bebida forte.

Os dois primeiros tipos de jejuns são altamente impróprios para as pessoas desacostumadas a esta pratica, principalmente àquelas que habitam os grandes centros urbanos e necessitam empreender trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão. Estes dois tipos de jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de jejum - quando tiver de ser realizado por um longo período (tal como os períodos Quaresmais), deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente. As pessoas com problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de jejuar, pois afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda perante Deus (1 Cor. 8:8; Col. 2:16).

A Santa Tradição prescreve a todos os Cristãos Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões especiais e próprias) duas vezes por semana (às quartas-feiras e às sextas-feiras); além de um jejum parcial a partir da meia noite do sábado até o final da Divina Liturgia (a qual é celebrada aos domingos pela manhã), a fim de que os preciosos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as primícias de nossa alimentação.

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Como a corça suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus? As lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o dia: “Onde está o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite cantarei uma prece a Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha alma, e gemes dentro de mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da minha face e meu Deus!”.

Salmo 41(42): 2-4,9,12


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