terça-feira, 7 de novembro de 2017

23ª Terça-feira Depois de Pentecostes

07 de Novembro de 2017 (CC) / 25 de Outubro (CE)
Ss. Mártires Escribas Marciano e Martírio († 358); 
Policarpos e Filadelfo; Justa Tabita.
Modo 5



Os Santos Mártires Marciano e Martírio, serviam na Catedral de Constantinopla como Leitor e Subdiácono, respectivamente. Ocupavam-se ainda das tarefas de notário e secretário do Patriarca de Constantinopla, Paulo, o Confessor, nos anos do Imperador ariano Constantino (337-349). Os Santos receberam uma excelente educação e eram exímios defensores da Fé Ortodoxa.
 
Quando o Patriarca Paulo de Constantinopla, não aceitou estar de acordo com os arianos, foi exilado pelo Imperador para a Armênia, onde foi afogado pelos arianos daquela região. Então, Marciano e Martírio seguiram ainda com maior firmeza sua fé na doutrina Ortodoxa, tendo sempre em mente as palavras do Senhor:
 
«Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos» (Jo 8,31).
 
Marciano e Martírio provaram na própria carne o que fora dito pelo Senhor, quando foram presos e torturados por ordem do Imperador e, tendo perseverado com firmeza na fé, foram martirizados pela espada. Seus corpos foram reverentemente sepultados por cristãos da região. Mais tarde, por um decreto do santo Arcebispo de Constantinopla, João Crisóstomo, as relíquias dos santos mártires foram transferidas para uma igreja construída especialmente para isto.

 

Oração Antes de Ler as Escrituras
 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
 
1 Tessalonicenses 1:6-10

E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na macedônia e Acaia. Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.

Lucas 11:1-10

E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. O pão nosso suprassubstancial, dá-nos hoje*; e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal. Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister. E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.


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COMENTÁRIOS


Sobre a Oração

Seria digno de observar se no Antigo Testamento se encontra uma oração na qual alguém invoca a Deus como Pai, porque nós, até o presente, não a temos encontrado, apesar de tê-la buscado com interesse. E não dizemos que Deus não foi chamado com o título de Pai, ou que aqueles que nele têm crido não foram chamados filhos de Deus; mas que em nenhuma parte encontramos em uma oração essa confiança proclamada pelo Salvador de invocar a Deus como Pai.

Além disso, que Deus é chamado Pai e, de filhos, os que se ativeram à palavra divina, pode-se constatar em muitas passagens veterotestamentárias. Assim: 

"Deixaste ao Deus que te gerou, e deste ouvido ao Deus que te alimentou?" 

E ainda na mesma passagem: 

"São filhos sem fidelidade alguma".

E em Isaías: 

"Eu criei filhos e os tenho enaltecido, porém eles me têm desprezado";

E em Malaquias: 

"O filho honrará ao seu pai e o servo ao seu Senhor. Porque se eu sou pai, onde está a minha honra?"

Ainda que em todos estes textos Deus seja chamado de Pai, e filhos aqueles que foram gerados pela palavra da fé nEle, não se encontra, contudo, na Antiguidade uma afirmação clara e infalível desta filiação. Desta forma os mesmos lugares citados mostram que eram realmente súditos aqueles que se chamavam filhos. Já que, segundo o apóstolo, enquanto o herdeiro é menor, sendo o Senhor de tudo, não difere do servo; mas está sob tutores e encarregados até a data assinalada pelo pai.

Mas a plenitude dos tempos chegou com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, quando pode se receber livremente a adoção, como ensina São Paulo, afirmando que "tendes recebido o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Abbá, Pai!"

E no Evangelho de São João lemos: 

"Mas a todos os que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que creem em seu nome." 

E por este espírito de adoção de filhos sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, porque a semente de Deus está nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.

Por tudo isto, se entendêssemos o que escreve São Lucas ao dizer: "Quando orardes, dizei: Pai", nos envergonharíamos de invocá-lo sob esse título se não somos filhos legítimos. Porque seria triste que, junto aos nossos outros pecados, acrescentássemos o crime de impiedade.

Orígenes, Presbítero de Alexandria (séc. III)


“Estes São os Bens que Principalmente Devemos Pedir”

Desejando nosso Senhor e Salvador que cheguemos às alegrias do reino celestial, ensinou-nos a pedir-lhe estas mesmas alegrias e prometeu de concedê-las a nós se o pedimos: Pedi – diz ele – e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto. Devemos refletir seriamente e com a máxima atenção, caríssimos irmãos, sobre a mensagem de que são portadoras estas palavras do Senhor, visto que nos asseguram que o Reino dos Céus não é patrimônio de ociosos e desocupados, mas que se dará, será encontrado e se abrirá para aqueles que o peçam, o procurem e chamem às suas portas.

Desta forma, a entrada no reino temos de pedi-la orando, temos de procurá-la vivendo honradamente e temos de chamar às suas portas perseverando. Porque não é suficiente limitar-se a pedi-lo de palavra, mas devemos indagar diligentemente qual há de ser a nossa conduta para merecer alcançar o que pedimos, segundo a afirmação daquele que afirma: Nem todo o que me diz Senhor entrará no Reino dos Céus, mas aquele que cumpra a vontade de meu Pai que está no céu: esse entrará no Reino dos Céus.

Portanto, é necessário, meus irmãos, que peçamos assiduamente, que oremos constantemente, que nos prostremos por terra, bendizendo ao Senhor, nosso Criador. E para que mereçamos ser escutados, consideremos solicitamente como ele quer que vivamos, que é cumprir o que nosso Criador nos ordenou. Recorramos ao Senhor e ao seu poder, busquemos continuamente a sua face. E para que mereçamos achá-lo e contemplá-lo, limpemo-nos de toda sujidade de corpo ou de espírito, pois no dia da ressurreição somente subirão ao céu aqueles que tenham conservado a castidade do corpo, unicamente os puros de coração poderão contemplar a glória da divina Majestade.

E se desejamos saber o que ele quer que peçamos, escutemos aquilo do Evangelho: Buscai o Reino de Deus e sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Buscar o Reino de Deus e sua justiça significa desejar os dons da pátria celestial, significa indagar incessantemente qual é o comportamento adequado para alcançá-los, não ocorra que cheguemos a nos desviar do caminho que a isso nos conduz, nos vejamos impossibilitados de alcançar a meta à qual nos tínhamos proposto. Estes são, caríssimos irmãos, os bens que principalmente temos de pedir a Deus, esta é a justiça do reino que preferencialmente temos de buscar, ou seja, a fé, a esperança e a caridade, porque está escrito: O justo viverá por sua fé; o que confia no Senhor, a misericórdia o cerca; e amar é cumprir a lei inteira; porque toda a lei se concentra nesta frase: amarás ao próximo como a ti mesmo.

Por isso o Senhor amavelmente nos promete que o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que o peçam. Com o qual quer decisivamente indicar-nos que aqueles que são maus por natureza podem tornar-se bons mediante a aceitação da graça do Espírito.

Promete que o Pai dará o Espírito Santo àqueles que o pedem, porque a própria fé, a esperança e a caridade, como quaisquer outros bens celestiais que desejamos alcançar, nos são concedidos unicamente pelo dom do Espírito Santo.

Seguindo suas pegadas, na medida do possível, peçamos, amadíssimos irmãos, a Deus Pai que, pela graça de seu Espírito, nos guie pelo reto caminho da fé, uma fé ativa na prática do amor. E para que mereçamos alcançar os bens desejados, procuremos viver de tal maneira que não sejamos indignos de tão grande Pai; pelo contrário, esforcemo-nos por conservar, com corpo sempre íntegro e alma pura, o ministério do segundo nascimento, mediante o qual e no batismo nos convertemos em filhos de Deus. Porque é seguro que, se observamos os mandamentos do Pai eterno, nos remunerará com a herança de uma bênção eterna, preparada para nós desde o princípio por Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina com Deus Pai, na unidade do Espírito Santo, é Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.

São Beda o Venerável, monge (séc. VIII)

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