17 de Outubro de 2018 (CC) / 04 de Outubro (CE)
Hieromártir Hieroteu, Bispo de Atenas, discípulo de São Paulo (Séc. I);
Encontro das Santas Relíquias dos Santos Gury e Barsanufio, de Kazán
Jejum
Modo 3
A obra «Os Nomes Divinos», atribuída a Dionísio o Areopagita, afirma que Hieroteu de Atenas estava presente durante os eventos da Dormição da Virgem Maria, e que ele estava entre os Apóstolos do Senhor consolando-os com hinos e cânticos espirituais. Abaixo está a citação em que Dionísio diz que Hieroteu estava presente durante o cortejo fúnebre da Mãe de Deus:
«Pois até mesmo entre os nossos hierarcas inspirados, quando, como tu sabes, nós juntamente com ele (um presbítero ateniense chamado Hieroteu) e muitos de nossos santos irmãos se reuniram para contemplar aquele corpo mortal (de Maria), Fonte da Vida, que recebeu o Deus encarnado, e Tiago, irmão de Deus (isto é, Tiago de Jerusalém) estava lá, e Pedro, o chefe maior dos escritores sagrados, e então, depois de terem contemplado isso, todos os hierarcas ali presentes celebraram, segundo o poder de cada um, a bondade onipotente da fraqueza Divina (ou seja, que Deus se fizesse homem)”, “Naquela ocasião, eu digo, ele (isto é, Hieroteu) ultrapassou todos os iniciados, com exceção dos escritores divinos, sim, ele estava completamente transportado, completamente absorto, e ficou tão emocionado através da comunhão com aqueles mistérios que ele estava comemorando, que todos os que o ouviram, viram e conheceram (ou melhor, não o conheceram), consideraram que ele era arrebatado por Deus e um hinógrafo divino».
Comemoração de Santo Amon
Diz-se que Santo Amon foi o primeiro dos Padres do Egito, e que fundou um monastério em Nitria, tornando-se um dos mais célebres ermitães do deserto. Depois da morte de seus pais, que eram pessoas de muitas posses, seu tio e outros parentes obrigaram o jovem a se casar. Nessa época Amon estava com vinte e oito anos de idade. Lendo para a sua esposa os louvores de São Paulo, no estado de virgindade, conseguiu convencê-la a viver com ele em absoluta continência durante 18 anos. Amon se mortificava severamente, preparando-se para a austeridade da vida do deserto. Passava dias inteiros entregue ao trabalho, numa grande plantação de árvores de bálsamo. Ceava com sua esposa algumas ervas e frutos, retirando-se depois para a oração que se estendia noite adentro. Quando seu tio e os outros parentes que tinham interesse em que permanecesse na vida do mundo morreram, Amon conseguiu o consentimento de sua esposa e retirou-se ao deserto de Nitria. Sua esposa reuniu em sua casa uma comunidade de mulheres devotas, e Santo Amon as visitava duas vezes ao ano para dirigi-las no caminho da vida espiritual.
Nítria se chama, atualmente Wady Natrun, estando situada há uns cento e dez quilômetros ao sudeste de Alexandria. Há uma descrição deste lugar que diz o seguinte:
«É um pântano doentio e coberto de ervas, infestado de répteis e insetos venenosos. Existem bons e maus oásis. O oásis pantanoso de Nítria recebeu esse nome porque suas águas são salgadas. Os ermitães o elegeram porque era ainda pior que o deserto».
Os primeiros discípulos de Santo Amon viviam em celas separadas até que Santo Antônio, o Grande, os aconselhou que se reunissem sob a direção de um diretor sensato. No entanto, o monastério não passava, até então, de uma espécie de colônias de celas independentes. O próprio Santo Antônio escolheu o lugar para o seu grupo de monges. Santo Amon e Santo Antônio costumavam visitar-se um ao outro com freqüência.
Santo Amon levava uma vida de muita austeridade. Desde que chegou ao deserto, acostumou-se a alimentar-se de pão e água e apenas uma vez ao dia e, às vezes, a cada três ou quatro dias. Assim o fez até o fim de seus dias. Entre os muitos milagres atribuídos a ele, Santo Atanásio faz referência a um em sua obra «A Vida de Santo Antão». Em certa ocasião, Santo Amon precisou cruzar o rio em companhia de um de seus discípulos, Teodoro, As águas tinham alcançado um nível elevado. Se discípulo se afastou um pouco para despir-se. Santo Amon não gostava de despir-se para atravessar o rio, mesmo quando estava sozinho. De súbito, foi transportado, milagrosamente para a outra margem. Quando chegou a sua vez, Teodoro percebeu que seu mestre não estava molhado. Perguntou-lhe, então, o que havia acontecido. Santo Amon não viu outra saída senão revelar a Teodoro o milagre, na condição de que seu discípulo prometesse não revelar nada a ninguém enquanto ele, Amon, estivesse vivo. E viveu até alcançar a idade de setenta e dois anos. Santo Antônio encontrava-se, então, a uma distância de treze dias de viagem, e soube que seu amigo havia morrido através de uma visão em que presenciou a alma de Santo Amon subindo aos céus.
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Colossenses 1:18-23
E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.
E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.
Lucas 6:46-7:1
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa. E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.
Quantas coisas são qualificadas de boas no Evangelho! Dá-se o qualificativo de bom à árvore, a um tesouro, a um homem, a um servo: “A árvore boa não pode dar frutos ruins. O homem bom tira do bom tesouro de seu coração coisas boas. Muito bem, servo bom e fiel”. É incontestável que em todos estes casos se trata de uma bondade real, não imaginária. No entanto, se dirigirmos o olhar para a bondade de Deus, nenhum deles poderá tornar-se digno do qualificativo de “bom”. Assim o afirma o Senhor: “Ninguém é bom a não ser Deus”.
Frente a ele, os próprios apóstolos – a quem o mérito de sua eleição lhes situa em muitos aspectos acima da bondade comum dos homens – são declarados maus. Na realidade, a eles se direcionam estas palavras: “Portanto, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas para vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará coisas boas para quem as pede!”
Portanto, se nossa bondade se transforma em malícia ao considerar a bondade celestial, nossa justiça, comparada à justiça divina vem a ser semelhante, como diz Isaías, a um lenço imundo: “Toda a nossa justiça é como um lenço imundo”. E se apelamos para um testemunho ainda mais evidente, eis aqui o que nos dizem os preceitos de vida da Lei: Ela – se afirma – foi dada por anjos, através de um mediador. E dela também diz São Paulo: “Portanto, a Lei é santa; e o preceito é santo, justo e bom”. Porém, a palavra divina proclama que não são bons frente à perfeição evangélica: “Foi-lhes dado preceitos que não são bons, e mandamentos nos quais não encontrarão a vida”. Ouvi ainda a São Paulo, que afirma que toda a glória da Lei se eclipsa ante a luz que reflete o Novo Testamento, até ao ponto de que frente ao esplendor do Evangelho já não merece ser glorificado: O que em outra época foi glorificado, deixa de ser glorificado frente a esta insigne glória.
A Escritura segue esta trajetória e este mesmo estilo, quando, com sinal inverso, coloca na balança os pecados dos homens. Assim, em comparação com os ímpios, justifica aos que pecaram menos, dizendo: “Tu justificaste a Sodoma”. E ainda: “Qual foi o pecado de Sodoma, tua irmã?” E também: “Israel, o infiel, parece justo em comparação da pérfida Judá.”
O mesmo acontece com todas as virtudes enumeradas mais acima. São boas e preciosas em si mesmas, porém obscurecem ante a claridade da “teoria”[1]. É que, por mais que os santos se ocupem em boas obras, muitas vezes estão envoltas em cuidados terrenos que diminuem e retardam da contemplação daquele sublime bem.
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa. E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.
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A Bondade e Justiça Humanas Não São Boas
Comparadas Com a Bondade e Justiça Divinas
Quantas coisas são qualificadas de boas no Evangelho! Dá-se o qualificativo de bom à árvore, a um tesouro, a um homem, a um servo: “A árvore boa não pode dar frutos ruins. O homem bom tira do bom tesouro de seu coração coisas boas. Muito bem, servo bom e fiel”. É incontestável que em todos estes casos se trata de uma bondade real, não imaginária. No entanto, se dirigirmos o olhar para a bondade de Deus, nenhum deles poderá tornar-se digno do qualificativo de “bom”. Assim o afirma o Senhor: “Ninguém é bom a não ser Deus”.
Frente a ele, os próprios apóstolos – a quem o mérito de sua eleição lhes situa em muitos aspectos acima da bondade comum dos homens – são declarados maus. Na realidade, a eles se direcionam estas palavras: “Portanto, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas para vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará coisas boas para quem as pede!”
Portanto, se nossa bondade se transforma em malícia ao considerar a bondade celestial, nossa justiça, comparada à justiça divina vem a ser semelhante, como diz Isaías, a um lenço imundo: “Toda a nossa justiça é como um lenço imundo”. E se apelamos para um testemunho ainda mais evidente, eis aqui o que nos dizem os preceitos de vida da Lei: Ela – se afirma – foi dada por anjos, através de um mediador. E dela também diz São Paulo: “Portanto, a Lei é santa; e o preceito é santo, justo e bom”. Porém, a palavra divina proclama que não são bons frente à perfeição evangélica: “Foi-lhes dado preceitos que não são bons, e mandamentos nos quais não encontrarão a vida”. Ouvi ainda a São Paulo, que afirma que toda a glória da Lei se eclipsa ante a luz que reflete o Novo Testamento, até ao ponto de que frente ao esplendor do Evangelho já não merece ser glorificado: O que em outra época foi glorificado, deixa de ser glorificado frente a esta insigne glória.
A Escritura segue esta trajetória e este mesmo estilo, quando, com sinal inverso, coloca na balança os pecados dos homens. Assim, em comparação com os ímpios, justifica aos que pecaram menos, dizendo: “Tu justificaste a Sodoma”. E ainda: “Qual foi o pecado de Sodoma, tua irmã?” E também: “Israel, o infiel, parece justo em comparação da pérfida Judá.”
O mesmo acontece com todas as virtudes enumeradas mais acima. São boas e preciosas em si mesmas, porém obscurecem ante a claridade da “teoria”[1]. É que, por mais que os santos se ocupem em boas obras, muitas vezes estão envoltas em cuidados terrenos que diminuem e retardam da contemplação daquele sublime bem.
São João Cassiano (séc. V)
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