segunda-feira, 13 de setembro de 2021

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

13 de Setembro de 2021 (CC) / 31 de Agosto (CE)
Deposição da Preciosa Cinta da SS. Mãe de Deus (395-408 d.C.); 
Hieromártir Cipriano, Bispo de Cartago († 258)
Pré-festa do Início do Ano Litúrgico
Tom 3




A deposição da cinta da Venerável Santíssima Mãe de Deus na Igreja de Constantinopla Blakhernae se deu durante o reinado do Imperador Arcadius (395‑408). Antes disso, a santa relíquia, confiada ao apóstolo Tomé pela própria Mãe de Deus, foi, depois de sua Dormição, mantida em Jerusalém por cristãos piedosos. Após muitos anos, durante o reinado do Imperador Leão, o Sábio (886-911), a Cinta da Mãe de Deus operou uma cura milagrosa em sua esposa Zoa, que era atormentada por um espírito impuro. 
A imperatriz teve uma visão de que ela seria curada de sua enfermidade quando a Cinta da Mãe de Deus fosse colocada sobre ela. O Imperador, encaminhou o pedido ao Patriarca, para que este trouxeste a relíquia. O Patriarca removeu o selo e abriu o vaso em que a relíquia estava guardada: A Cinto da Mãe de Deus parecia perfeitamente preservada, sem sofrer dano algum. O Patriarca colocou a Cinta na Imperatriz doente, e ela imediatamente foi libertada de sua enfermidade. Eles serviram um solene Moleben (Oração) de ação de graças à Santíssima Mãe de Deus, e à venerável Cinta, a qual  logo depois, a colocaram de volta no vaso e puseram novamente um selo. 
Em comemoração do milagroso ocorrido e da dupla deposição da venerável Cinta, foi instituída a Festa da Deposição da Venerável Cinta da Santíssima Mãe de Deus. Partes da Cinta Sagrada, estão no mosteiro Batopedia, no Monte Athos, e no mosteiro Trier, em Gruzia (Geórgia).
Comemoração de São Cipriano  
O Hieromártir Cipriano, bispo de Cartago, nasceu por volta do ano 200, na cidade de Cartago (África do Norte), onde toda a sua vida e obra ocorreu. Thascius Cyprianus era o filho de um rico senador pagão, e recebeu uma educação secular fina, se tornou um esplêndido orador e professor de retórica e filosofia na escola de Cartago. Muitas vezes aparecia nos tribunais para defender os seus concidadãos. 
Cipriano depois lembrou que por um longo tempo tinha "permanecido em uma névoa escura profunda .., longe da luz da Verdade."A fortuna que acumulara, herança de seus pais e de seu trabalho, foi gasta em banquetes suntuosos que não foram capazes de saciar nele a sede de verdade. Cipriano, então, familiarizou-se com os escritos do Apologista Tertuliano, e tornou-se convencido da verdade do Cristianismo. O santo Bispo escreveu mais tarde que ele pensara que lhe era impossível alcançar a regeneração prometida pelo Salvador, por causa de seus hábitos.  
Cipriano foi ajudado por seu amigo e guia, o Presbítero Cecílio, que lhe garantiu o poder da graça de Deus. Aos 46 anos de idade, o ilustre pagão foi recebido na comunidade cristã como um catecúmeno. Antes de aceitar o batismo, distribuiu os seus bens aos pobres e se mudou para a casa do presbítero Cecílio. 
Quando São Cipriano foi finalmente batizado, escreveu em seu "Tratado Para Donatus": 
"Quando a água da regeneração limpou a impureza da minha antiga vida, uma luz do alto brilhou em meu coração ... e o Espírito me transformou em um novo homem por um segundo nascimento. Então, ao mesmo tempo, de uma maneira milagrosa, a certeza substituiu a dúvida, mistérios foram revelados, e as trevas tornaram-se luz .... Então era possível reconhecer que o que nasceu da carne e viveu para o pecado era terreno, mas o que o Espírito Santo havia vivificado começou a ser de Deus .... Em Deus e de Deus é toda a nossa força .... É por meio dEle que, enquanto vivermos sobre a terra, somos orientados para um futuro feliz."  
Dois anos depois de seu batismo, o santo foi ordenado ao sacerdócio. Quando o Bispo Dênatus, de Cartago, morreu, São Cipriano foi escolhido bispo por unanimidade. Atendendo ao pedido de seu Pai Espiritual, Cipriano aceitou a indicação, e foi consagrado bispo de Cartago no ano 248. 
O Santo antes de tudo se preocupou com o bem estar da Igreja e da erradicação de vícios do clero e do rebanho. A vida santa do Arquipastor despertava em todos um desejo de imitar a sua piedade, humildade e sabedoria. A atividade fecunda de São Cipriano ficou conhecida além dos limites da sua diocese. Bispos de diversas partes, muitas vezes, vieram lhe visitar para aconselhamento sobre como lidar com vários assuntos.  
A perseguição do Imperador Décio (249-251), revelada ao santo em uma visão, o obrigou a fugir e se esconder. Para o seu rebanho, era necessário que sua vida fosse preservada a fim de fortalecer a fé e coragem entre os perseguidos. Antes de deixar sua diocese, o santo distribuiu os fundos da igreja entre todos os clérigos para o auxílio dos necessitados, e, além disso, de seus próprios recursos enviou mais fundos.  
Cipriano manteve contato constante com os cartagineses cristãos através de suas epístolas, e escreveu cartas para presbíteros, confessores e mártires. Alguns cristãos, intimidados por tortura, ofereceu um sacrifício aos deuses pagãos. Estes cristãos traidores apelaram aos confessores, pedindo para dar-lhes o que era chamado de uma carta de reconciliação, ou seja, um certificado para aceitá-los de volta para a Igreja. São Cipriano escreveu uma carta geral para todos os cristãos cartagineses, afirmando que aqueles que traíram a Fé durante o tempo de perseguição poderia ser admitido na Igreja, mas tal aceitação deveria ser precedida de uma investigação das circunstâncias em que a apostasia surgiu. Isto era necessário para se poder determinar a sinceridade do arrependimento de tal infidelidade. Admiti-los só era possível após penitência, e com a permissão do bispo. Alguns dos apóstatas exigiram sua imediata readmissão na Igreja e isto causou agitação em toda a comunidade. São Cipriano escreveu aos bispos de outras dioceses pedindo opinião deles, e de todos recebeu total aprovação de suas diretrizes.  
Durante sua ausência, o Santo autorizou a quatro sacerdotes para examinar a vida das pessoas que se preparam para a ordenação ao sacerdócio e ao diaconato. Este encontrou resistência do leigo Felicissimus e do Presbítero Novatus, despertando a indignação contra o seu bispo. São Cipriano excomungou Felicissimus e seis de seus seguidores. Em sua carta ao rebanho, o Santo mansamente admoestou todos a não quebrarem a unidade da Igreja, que se sujeitassem às decisões canônicas do bispo e aguardarem o seu retorno. Esta carta manteve a maioria dos cristãos cartagineses fiéis à Igreja.  
Em pouco tempo, São Cipriano voltou para o seu rebanho. A insubordinação de Felicissimus teve fim em um Concílio local no ano de 251. Este Concílio decretou que era possível receber novamente na Igreja os que haviam tropeçado depois de uma penitência, e confirmou a excomunhão de Felicissimus.  
Durante este tempo, ocorreu um novo cisma, liderada pelo presbítero romano Noviciano, e juntou-se ao presbítero cartaginês Novatus, um ex-adepto de Felicissimus. Novaciano afirmava que aqueles que cairam durante o tempo de perseguição não poderia ser readmitido, mesmo que se arrependessem dos seus pecados. Além disso, Novaciano com a ajuda de Novatus, convenceu três bispos italianos a depor o canônico Bispo de Roma, Celerinus, e eleger outro para ocupar a cátedra romana, uma vez que Celerinus apoiava Cipriano. Contra tal iniqüidade, o Santo escreveu uma série de encíclicas aos bispos africanos, e mais tarde um livro inteiro, sobre a unidade da Igreja. 
Quando a discórdia na igreja Cartaginense começou a se acalmar, uma nova calamidade começou: uma peste assolou os habitantes de Cartago. Centenas de pessoas fugiram da cidade, deixando os doentes sem ajuda, e os mortos sem sepultura. São Cipriano, proporcionando um exemplo pela sua firmeza e sua coragem, socorria os doentes e enterrava os mortos, não apenas cristãos, mas também os pagãos. A praga foi acompanhada por uma seca e pela fome. Uma horda de bárbaros númidas, aproveitando-se da desgraça, caiu sobre os habitantes, levando muitos em cativeiro. São Cipriano apelava ao cartagineses ricos para proverem meios para alimentar os prisioneiros famintos e pagar os seus resgates.  
Quando uma nova perseguição contra os cristãos foi deflagrada sob o Imperador Valeriano (253-259), o Procônsul cartaginês Paternus ordenou ao santo oferecer sacrifício aos ídolos. São Cipriano somente se recusou a praticar tal abominação, como também se recusou a dar os nomes e endereços dos presbíteros da igreja de Cartago. Eles enviaram o santo para a cidade de Curubis, e o Diácono Pontus voluntariamente seguiu seu bispo para o exílio.  
No dia em que o santo chegou ao local de exílio, teve uma visão, prevendo para si um rápido martírio muito próximo. Enquanto no exílio, São Cipriano escreveu muitas cartas e livros. Desejando padecer em Cartago, voltou para lá. Tendo comparecido ao tribunal, foi posto em liberdade até o ano seguinte. Quase todos os cristãos de Cartago foram se despedir de seu bispo e receber sua bênção.  
No julgamento, São Cipriano calma e firmemente, se recusou a oferecer sacrifícios aos ídolos, e foi condenado à decapitação com uma espada. Ao ouvir a sentença, São Cipriano disse: "Graças a Deus!" Todas as pessoas gritaram a uma só voz: "Vamos também ser decapitado com ele!"  
Chegando ao local da execução, o santo novamente deu sua bênção a todos e se dispôs a dar vinte e cinco moedas de ouro para o carrasco. Ele então amarrou um lenço sobre os olhos, e deu as mãos para ser amarradas ao Presbítero e ao Arquidiácono que estavam em pé ao seu lado, e baixou a cabeça. Os cristãos colocam suas toalhas e panoss na frente dele, a fim de coletar o sangue do mártir. São Cipriano foi executado no ano 258. O corpo do santo foi sepultado à noite em uma cripta particular do procurador Macrobius Candidianus. 
Alguns dizem que suas santas relíquias foram transferidas para a França, no tempo do rei Charles, o Grande (ou seja, Carlos Magno, 771-814).  
São Cipriano de Cartago deixou para a Igreja um precioso legado: seus escritos e 80 cartas. As obras de São Cipriano foram aceitas pela Igreja como um modelo de confissão Ortodoxa e lida em dois Concílios Ecumênicos (Éfeso e Calcedônia).  
Nos escritos de São Cipriano, o ensinamento Ortodoxo sobre a Igreja afirma: Ela tem o seu fundamento no Senhor Jesus Cristo, e foi proclamada e edificada pelos Apóstolos. A comunhão interior é expressa em uma unidade de fé e do amor, e da unidade externa é atualizada pela hierarquia e os sacramentos da Igreja.  
Na Igreja Cristo compreende toda a plenitude da vida e salvação. Aqueles que se separaram da unidade da Igreja não têm a verdadeira vida em si mesmos. O amor cristão é mostrado como o vínculo que mantém a Igreja juntos. "O amor é o fundamento de todas as virtudes, e conosco continua eternamente no Reino Celestial."



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 8:7-15

7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis. 8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos. 10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; 11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. 12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. 13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, 14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; 15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.   

Marcos 3:6-12

6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. 7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia, 8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. 9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; 10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. 12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 

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COMENTÁRIO

A caridade é a mais preciosa das virtudes cristãs: “Se eu não tiver amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13). Caridade não é esmola, é doação de si. É a palavra portuguesa que mais se aproxima da ideia do termo grego “ágape” (amor). Ela não é apenas um sentimento, é uma ação. Paulo estimula a Igreja de Corinto à prática da caridade, que deverá ser abundante naquela Igreja tanto quanto estava sendo abundante a fé e a ciência deles. Cristo é o maior exemplo de caridade: sendo rico se fez pobre por amor de nós.

Assim, São Marcos nesta passagem nos mostra o quanto ele se doou para os portadores de todos os tipos de necessidades. O Reino de Deus não é um mistério restrito à interioridade do ser, encerrado na oração e na adoração interior. Se o coração ímpio exterioriza seu interior (maledicências, impurezas, avarezas, cobiças e etc), também o coração justo exterioriza sua justiça, pois cada árvore produz fruto de acordo com sua natureza. Os santos Padres do deserto para lá se retiraram em busca da cura de suas almas, e por isto menos, não negligenciavam os pobres e desvalidos. Sendo pobres, enriqueciam a muitos com seus conhecimentos, e com seus trabalhos manuais ajudavam os famintos e doentes.

Devemos vigiar o nosso coração para que a fé que alimentamos e desenvolvemos não se transforme numa ação egoísta, espiritualmente confortável e socialmente agradável.

Com o frenesi da vida hodierna, onde o stress parece carcomer nossa existência, estas palavras podem soar como um sobrepeso, como mais uma responsabilidade que se acrescenta às demais para aumentar as pressões que vivemos. A caridade não se apresenta como um peso, pois o santo Apóstolo sabiamente observa que as ações caritativas devem ser “segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem"(v.12). Não devemos entender a caridade como messianismo de nossa parte, uma vocação para heróis. Esta é uma dimensão egóica, fruto de vaidade e do desejo de reconhecimento e de se destacar dos demais.

Quando a Fé nos estimula à solidariedade, não está falando do distante, do que temos acesso somente de maneira virtual, do pobre idealizado, das vítimas distantes de catástrofes, de aldeias longínquas ou de culturas inóspitas, pois isto faria da caridade um ato circunstancial e dissociado.  Há pessoas com todos os tipos de necessidades bem próximas de nós e que muitas vezes não demanda tantos esforços para lhes sermos propícios. A caridade nada mais é do que solidariedade, se por no lugar do outro que está diante de nós. Para que a caridade de Cristo seja manifesta em nós, basta pormos toda a diligência em cumprir seu ensinamento que nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12).

Padre Mateus (Antonio Eça)

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ORAÇÃO

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer! A sua descendência será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Bens e riquezas há na sua casa; e a sua justiça permanece para sempre. Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo. Ditoso é o homem que se compadece, e empresta, que conduz os seus negócios com justiça; pois ele nunca será abalado; o justo ficará em memória eterna. Ele não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversários. Espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça subsiste para sempre; o seu poder será exaltado em honra. O ímpio vê isto e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos ímpios perecerá.
Salmo 111(112)

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