sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

34ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

11 de Fevereiro de 2022 (CC) - 29 de Janeiro (CE)
S. Inácio de Antioquia – trasladação das relíquias (c.440)
Tom 8



No dia 20 de dezembro, comemora-se a memória de Santo Inácio de Antioquia, porém, no dia de hoje, lembramos a trasladação de suas relíquias, de Roma para Antioquia. São João Crisóstomo, referindo-se ao traslado, escreveu  que, se em Roma Santo Inácio derramou seu sangue pelo martírio, a cidade de Antioquia guarda as suas relíquias: 
«Vós o guardastes por um tempo; o recebestes como Bispo e devolveis como mártir. Dele vos despedistes com orações, e o trouxestes de volta para a sua terra com a coroa da vitória».
Santo Inácio de Antioquia, conforme historiadores, viveu por volta do segundo século. Coração ardente (o nome Inácio deriva de ignis = fogo), ele é lembrado sobretudo pelas expressões de intenso amor a Cristo. A cidade da Síria, Antioquia, terceira em ordem de grandeza do vasto império romano, teve como primeiro bispo o apóstolo Pedro, ao qual sucederam Evódio e em seguida Inácio, o Teófolo, o que traz Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado. Pesquisadores indicam que Inácio de Antioquia conheceu pessoalmente os apóstolos Pedro e Paulo. 
Por volta do ano 110, foi preso vítima da perseguição de Trajano. Nessa viagem de Antioquia a Roma para onde ia como prisioneiro, o santo bispo escreveu sete cartas, dirigidas a várias Igrejas e a São Policarpo. Tais cartas constituem preciosos documentos sobre a Igreja primitiva, seus fundamentos teológicos, sua constituição hierárquica… Trazido acorrentado para Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens, tornou-se objeto de afetuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por onde passou. A ânsia de alcançar Deus, de encontrar Cristo, expressa com intensidade que faz lembrar São Paulo. 
As suas palavras inflamadas de amor a Cristo e à Igreja ficaram na lembrança de todas as gerações futuras. 
«Deixem-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho de ser triturado pelos dentes das feras, para tornar-me pão puro de Cristo».  
«Onde está o Bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja», foi escrito na carta endereçada ao então jovem bispo de Esmirna, São Policarpo. Os cristãos de Antioquia veneravam, desde a antiguidade, o seu sepulcro nas portas da cidade.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Pedro 1:1-10

1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor. 3 Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo autêntico conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; 4 pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 5 E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude; e à virtude o conhecimento; 6 e ao conhecimento, o domínio próprio; e ao domínio próprio a perseverança; e à perseverança a piedade; 7 e à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. 8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Pois, aquele em quem não há estas coisas é cego, míope, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. 10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, jamais tropeçareis.

Marcos 13:1-8

1 Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! 2 Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. 3 Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: 4 Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir? 5 Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane; 6 muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão. 7 Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim. 8 Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.

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A DEIFICAÇÃO

“Deificação” é uma antiga palavra teológica, usada para descrever o processo pelo qual um cristão vai se tornando cada vez mais semelhante a Deus. São Pedro fala desse processo quando escreve:

"Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade... para que por elas vos torneis participantes da natureza divina..." (2 Pd. 1: 3, 4).

O que significa participar da natureza divina, e como experimentamos isso? Antes de darmos uma resposta, vamos primeiro abordar o que deificação não é, e depois descrever o que é.

O Que A Deificação Não É. 

Quando somos chamados a buscar a piedade, a nos assemelhar mais a Deus, isso não significa que os seres humanos se tornem iguais a Deus. Não nos tornamos como Deus em Sua Essência. Isto não seria apenas heresia, como, também, impossível; pois, desde nossas origens somos humanos e sempre o seremos. Não podemos assumir a natureza (essência) de Deus.

São João de Damasco faz uma observação notável. A palavra "Deus" nas Escrituras não se refere à natureza divina enquanto essência, pois Sua Essência é incognoscível. "Deus" refere-se às Energias divinas - o poder e a graça de Deus que podemos perceber neste mundo. O termo grego para “Deus” (theos), vem de um verbo que significa "correr", "ver" ou "queimar". Estas palavras sugerem, por assim dizer, uma energia (ação, força dinâmica), e não “essência”.

Em João 10:34, Jesus, citando o Salmo 81:6: "Vós sois deuses". Ele estava falando com um grupo de líderes religiosos hipócritas que O acusavam de blasfêmia, dando um claro sentido duplo à tal afirmação. Ora, Jesus não está usando "deus" para se referir à “Essência” de Deus. Somos deuses na medida em que nós carregamos a Sua imagem, não a Sua Essência.

O Que É Deificação? 

Deificação significa que devemos nos tornar mais semelhantes a Deus através da Sua graça ou energias divinas. Na criação, os seres humanos foram feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), de acordo com a natureza humana. Em outras palavras, a humanidade por é, por natureza, um ícone ou deidade. A imagem divina está em toda a humanidade. Por meio do pecado, porém, esta imagem de Deus foi borrada, e nós caímos.

Quando o Filho de Deus assumiu nossa humanidade no seio da bem-aventurada Virgem Maria, o processo de nosso ser, renovado à imagem e semelhança de Deus, foi reiniciado. Assim, aqueles que estão unidos a Cristo no Santo Batismo, através da fé, iniciam um processo de recriação, sendo renovados à imagem e semelhança de Deus. Nós nos tornamos, como escreve São Pedro, "participantes da natureza[1] divina" (1:4).

Por causa da Encarnação do Filho de Deus, e porque a plenitude de Deus habitou a carne humana, sendo unida a Cristo, significa que é novamente possível experimentar a deificação, a realização do nosso destino humano. Ou seja, através da união com Cristo, nos tornamos pela graça, o que Deus É por natureza (energia) - "nos tornamos filhos de Deus" (João 1:12). Sua divindade interpenetra nossa humanidade.

Historicamente, a deificação tem sido muitas vezes ilustrada pelo exemplo de uma espada no fogo. Uma espada em aço, que é submetida a um fogo quente até que a espada assuma um brilho vermelho. A energia do fogo interpenetra a espada. A espada nunca se torna fogo, mas pega as propriedades do fogo. Da mesma forma, as energias divinas interpenetram a natureza humana de Cristo. Quando estamos unidos a Cristo, nossa humanidade está interpenetrada com as energias de Deus através da Carne glorificada. Alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo, participamos da graça de Deus: Sua força, Sua justiça, Seu amor, e nos tornamos capacitados a servi-Lo.

Artigo extraído da “Orthodox Study Bible,
Adaptado pelo Pe. Mateus (Antonio Eça)

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