segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

34ª Segunda-feira Depois de Pentecostes


07 de Fevereiro de 2022 (CC) 25 de Janeiro (CE)
S. Gregório Nazianzeno, o Teólogo, Arcebispo de Constantinopla († c. 389)
Tom 8



São Gregório, o Teólogo, (326-389) era filho de Gregório (que mais tarde tornou-se Bispo de Nazianzeno) e de Nonna, mulher de ilibada conduta moral. Antes mesmo de dar à luz a Gregório, prometera que dedicaria seu filho a Deus, educando-o e fazendo todo esforço para que sua vontade fosse inclinada ao serviço de Deus. Por isso, São Gregório considerava que a educação que recebeu de mãe foi decisiva em sua vocação. Era muito inteligente e recebeu uma excelente educação. Estudou nas escolas de Cesárea, onde existia uma biblioteca cujos livros foram organizados por São Panfílio. Em Alexandria, estudou as obras de Orígenes e, em Atenas, cultivou uma profunda amizade por São Basílio, o Grande, que já o conhecia anteriormente. A amizade por São Basílio lhe rendeu um grande aprendizado que, dificilmente poderia obter em qualquer escola de nível superior. Em Atenas, dividiam a mesma morada e compartilhavam da mesma maneira de viver. Conheciam só dois caminhos: um que os levava a escola e o outro que os conduzia a Igreja. Também em Atenas, São Gregório conheceu Juliano, o Apóstata, que mais tarde tornou-se imperador e renegou o cristianismo, tentando fazer renascer o paganismo no Império Romano (361-363), deixando marcas de perversidade e firmando-se como inimigo da Igreja. Ao completar 26 anos, São Gregório foi batizado e regressou à sua pátria, afastando-se por muito tempo de todos os cargos públicos, ocupando-se com leituras, orações, composições de canções e com o cuidado de seus pais que já eram idosos.

Passou algum tempo no deserto, considerado por ele, como o tempo mais feliz de sua vida. Seu pai, sendo já bispo, precisava de um auxiliar, e chamou seu filho Gregório do Monastério Basiliense para a cidade de Nazianzo, e lhe ordenou presbítero. A dignidade do sacerdócio e o peso das obrigações atemorizaram São Gregório que se refugiou no deserto para viver uma vida de solidão. Posteriormente, quando seu espírito já estava apaziguado, regressou e aceitou as obrigações sacerdotais, consolando-se por servir a Deus, auxiliando seu velho pai no serviço das paróquias.

Aconteceu também que seu amigo Basílio, tornou-se arcebispo e, desejando ter consigo um fiel e instruído auxiliar para cuidar de uma ampla região, ofereceu a Gregório o cargo de principal presbítero de sua sede. Gregório, porém, recusou este honroso e influente cargo. Tempos depois, Gregório foi escolhido para ser bispo de Sasima, fruto de um acordo entre Basílio e o pai de seu pai. Vendo em tudo isto a vontade de Deus, Gregório aceitou ser ordenado, mas não quis o título, continuando como vigário na paróquia de Nazianzo, ajudando seu pai. Em 374, seu pai faleceu e, pouco depois, sua mãe. São Gregório continuou trabalhando e ocupando-se das funções que eram de seu pai, dirigindo a Igreja de Nazianzo. Adoeceu gravemente, e quando já estava recuperado, afastou-se para um monastério isolado onde, em jejum e oração, viveu próximo de três anos. Mas, uma pessoa como ele, não poderia se esconder na cela de um monastério. Foi eleito pelos Bispos Ortodoxos e pelos Fiéis, Arcebispo de Constantinopla, na época em que os arianos tinham muita influência e poder, e tomavam todas as igrejas da capital.

São Gregório se hospedou em uma casa de conhecidos. Transformou um cômodo numa pequena Igreja e a dedicou à Anastasia (Ressurreição), acreditando que ressuscitaria a Ortodoxia, e começou seu trabalho de pregação. Os arianos o incomodavam atirando-lhe pedras e enviando secretamente assassinos. O povo reconheceu o seu verdadeiro pastor e, cada vez, mais aproximavam-se de sua cátedra, “como o metal se aproxima do imã”, como costumava dizer. Por suas palavras fortes, exemplo de vida e diligência pastoral, vencia os inimigos da Igreja. Muitas pessoas vinham de todas as partes para escutar suas inspiradoras palavras. O público presente parecia um mar atormentado, aplaudiam-no, gritavam com grande entusiasmo expressando concordar com o que ouviam e, alguns escribas anotavam suas palavras para a posteridade. Cada semana, milhares de pessoas retornavam à Fé Ortodoxa. Quando o Ortodoxo Teodósio se tornou Imperador (379-395), os arianos foram então expulsos das igrejas da capital.

São Gregório combatia também a heresia de Macedônio, que negava a divindade do Espírito Santo. Participou ativamente do segundo Concílio Ecumênico. Ao terminar seus trabalhos, não quis mais o trono de Constantinopla dizendo: “Adeus cátedra – elevado e perigoso posto que suscita tanta inveja”. Afastou-se para sua cidade natal Arianzo, próximo de Nazianzo, onde passou seus últimos anos de vida vivendo como asceta. Por suas excelentes obras teológicas e por sua habilidade em discorrer sobre assuntos profundos da fé, explicando suas inexplicáveis verdades, com caridade, rigor e exatidão, São Gregório recebeu da Igreja o respeitável título de “Teólogo” e “Mestre Universal”. Também a Igreja o chama de “Mente superior”. Seus sermões são cheios de poesia e muitas de suas expressões foram utilizados nas orações próprias para os dias festivos (por São João Damasceno e outros). Até os dias de hoje, das suas relíquias brotam um agradável aroma.
Leituras Comemorativas
João 10:1-9 (Matinas)
2 Timóteo 3:1-9 
Lucas 20:46-21:1-4


São Máximo nasceu em Constantinopla em uma nobre família da qual recebeu uma boa educação. Foi um dos conselheiros do imperador Heráclio (610-641). Naquela época, a heresia dos monofisitas, na qual acreditava também o imperador, alastrava-se fortemente. (do grego μονο = único, é uma doutrina cristológica do século V que admitia em Jesus Cristo uma só natureza, a divina. Foi elaborada por Eutiques em reação ao Nestorianismo e foi considerada também uma heresia. Esta doutrina era originária do Egito e estendeu-se progressivamente à Palestina e à Síria. Os monofisitas não aceitam, portanto, a doutrina das “duas naturezas”, decretada pelo Concílio de Calcedônia (451); negam a  natureza humana de Jesus Cristo e, por consequência, reduzem os seus sofrimentos salvíficos na Cruz).

Máximo deixou então o palácio imperial e ingressou no monastério Cristopolsky do qual, tempos depois, tornou-se seu abade. Sendo teólogo e grande pensador de seu tempo, ardoroso defensor da Ortodoxia, combateu com coragem os erros da doutrina monofisita. Foi frequentemente perseguido pelos inimigos da Igreja. Os argumentos de São Máximo em prol da Ortodoxia foram tão conclusivos que depois de um debate público com o Patriarca monofisita de Constantinopla Pirro, este acabou por renunciar em 645 a heresia. Várias vezes foi deportado e chamado à Constantinopla. As exortações e as promessas dos hereges transformavam-se, frequentemente, em ameaças, constrangimentos e golpes contra São Máximo. No entanto, o santo permanecia firme em suas convicções religiosas. Cortaram-lhe o braço direito e a língua para que não pudesse mais nem escrever nem proclamar e defender a verdade. Enviaram-lhe recluso ao Caucaso em Lasov, região da Mingrelia, onde faleceu em 13 de agosto de 662, data que já havia previsto.

São Máximo escreveu muitas obras teológicas em defesa da Ortodoxia. Suas obras são valiosas por suas pregações sobre a vida espiritual e contemplativa, algumas das quais fazem parte da coleção dos sermões dos Santos Padres que falam da vida dos ascetas. Nestas pregações se revelam a profundidade espiritual e a agudeza de pensamento de São Máximo. Também escreveu uma obra explicando a Liturgia com grande significado teológico. 
Leituras comemorativas 
Mateus 11:27-30 Matinas
Gálatas 5:22-6:2
Lucas 6:17-23

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!


1 Pedro 2:21-3:1-9

Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; Considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto. Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações. E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção.

Marcos 12:13-17

E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem nalguma palavra. E, chegando eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas à aparência dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus; é lícito dar o tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos? Então ele, conhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja. E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles lhe disseram: De César. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.

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REFLEXÃO


“O que Deus te pede? Sua imagem”

Buscas a imagem de Deus? Você a tem em si mesmo; o artífice não pode fazer a imagem de Deus, mas Deus pode fazer uma imagem de si mesmo. Não fez outro distinto de ti mesmo, mas que te fez a ti a sua imagem. Adorando, pois, a imagem de homem que o artífice fez, profana a imagem de Deus, que Deus imprimiu em ti mesmo. Portanto, quando te chama para que voltes, quer devolver-te aquela imagem que tu, esfregando-a em certo modo com a ambição terrena, perdeste e obscureceste.

Daqui procede, irmãos, que Deus busque a sua imagem em nós. Isto foi o que recordou àqueles judeus que lhe apresentaram uma moeda. Quando lhe disseram: Senhor, é lícito pagar tributo a César?, sua primeira intenção era lhe tentar; se dizia “é lícito”, seria acusado de querer que Israel vivesse sob maldição, ao querer que estivesse submetido a tributo, que estivesse sob o jugo de outro rei e pagasse impostos; se, porém, dizia “não é lícito pagar tributo”, lhe acusariam de ordenar algo contra o César e de ser o causante de que não pagassem os impostos devidos enquanto povo submetido.

Conheceu que lhe tentavam; conheceu, por assim dizer, a verdade para a falsidade e com poucas palavras deixou exposta a mentira procedente da boca dos mentirosos. Não emitiu a sentença contra eles por sua boca, mas deixou que eles mesmos a emitissem contra si, segundo o que está escrito: Por tuas palavras serás declarado justo e por elas declarado inocente. Por que me tentais, hipócritas? Ele lhes disse.

Mostrai-me a moeda. Mostraram-na para ele. De quem, disse, é a imagem e a inscrição? Responderam: De César. E ele: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Como César busca a sua imagem em sua moeda, assim Deus busca a sua em tua alma. Dai a César, disse, o que é de César. O que César te pede? Sua imagem. O que Deus te pede? Sua imagem. Porém, a do César está na moeda, a de Deus está em ti. Se alguma vez perdes uma moeda, choras porque perdeste a imagem do César; e não choras quando adoras um ídolo sabendo que fazes uma injúria à imagem de Deus que reside em ti?

Agostinho, bispo de Hypona (séc. V)



“Entregar a Deus a sua imagem intacta em nós”

Façamos o homem a nossa imagem e semelhança. O pintor desta imagem é o Filho de Deus. E por tratar-se de pintor tão grandioso e perito, sua imagem pode se tornar feia pela negligência, mas não apagada pela malícia. Pois a imagem de Deus permanece sempre em ti, mesmo quando tu mesmo sobreponhas à imagem do homem terreno. Esta imagem do homem terreno, que Deus não esboçou em ti, tu mesmo te vais pintando através das variadas escalas de tipos de malícia, como uma combinação de diversas cores.

Por isso temos de suplicar àquele que diz pela boca do profeta: Dissipei tuas rebeliões como névoa; os teus pecados como nuvem. E quando tiver apagado em ti todas estas cores procedentes das fraudes da malícia, então resplandecerá em ti a imagem criada por Deus. Já percebes como as Sagradas Escrituras comparam formas e figuras mediante as quais a alma aprenda a conhecer-se e a purificar-se a si mesma.

Queres contemplar ainda esta imagem a partir de outra perspectiva? Existem cartas que Deus escreve e cartas que nós escrevemos. As cartas do pecado nós as escrevemos. Escuta como se expressa o apóstolo: Cancelou – disse – o documento que nos condenava com suas cláusulas e era contra nós; aboliu-o definitivamente, cravando-o na cruz. Isto que o apóstolo chama documento, foi a caução de nossos pecados. Porque cada um de nós é devedor daquilo em que delinque e escreve a carta de seus pecados. Pois, no juízo de Deus – cuja abertura descreve Daniel –, diz que os livros se abriram: sem dúvida aqueles livros que contêm os pecados dos homens.

Estes livros nós os escrevemos com as culpas que cometemos. Disto concluímos que as nossas cartas são escritas pelo pecado; as de Deus pela justiça. Assim, de fato, o afirma o apóstolo: Vós sois uma carta, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações. Tens, pois, a carta de Deus em ti, e a carta do Espírito Santo. Mas se pecas, tu mesmo assinas o documento do pecado.

Porém, observa como ao aproximar-te somente uma vez da cruz de Cristo e da graça do batismo, teu documento foi cravado na cruz e apagado na fonte batismal. Não voltes a escrever novamente o que foi apagado, nem restaures o que foi abolido; conserva em ti unicamente a carta de Deus; que permaneça em ti a Escritura do Espírito Santo.

Orígenes (séc. III)

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