quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

33ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

02 de Fevereiro de 2022 (CC) 20 de Janeiro (CE)
Santo Eutímio, o grande
Jejum (Peixe é permitido)
Tom 7



Santo Eutímio, o Grande (Melitene, 377 - Neguev, 20 de janeiro de 473) foi um asceta, abade e um dos Pais do monasticismo ortodoxo oriental, estabelecendo diversos centros religiosos ao longo da Palestina. Devido a sua vida ascética e sua confissão firme na fé ortodoxa, Eutímio adquiriu o epítome "o Grande". 
Quando o Concílio de Calcedónia (451) condenou Eutiques, foi graças a autoridade de Eutímio que os líderes eclesiásticos orientais aceitaram seus decretos. A Imperatriz Élia Eudócia converteu-se ao cristianismo através de Eutímio. 
Filho de Paulo e Dionísia, Eutímio logo na infância perde seu pai e sua mãe, que havia prometido guiá-lo a vida religiosa, entrega-o a seu irmão Eudóxio. Eudóxio leva a criança ao bispo Otreio de Melitene que aceita cuidar dele. Percebendo a aptidão de Eutímio, Otreio o nomeia Leitor e o torna um monge. Em pouco tempo Eutímio foi ordenado para o sacerdócio e a ele foi concebida a responsabilidade de gerir todos os mosteiros da cidade de Melitene. 
Em 406 partiu secretamente em peregrinação para Jerusalém onde filiou-se ao mosteiro de Parã, nas proximidades na cidade. Em sua viagem Eutímio visitou os Padres do Deserto. Em Parã, ganhando a vida tecendo cestos, Eutímio conheceu Teoctisto, monge de um mosteiro vizinho, que também compartilhava com ele o ascetismo. Todos os anos, após a Epifania do Senhor, ambos retiravam-se para o deserto de Coutila (próximo de Jericó). Em 411 Eutímio, junto de Teoctisto, partiu definitivamente para o deserto onde ambos habitaram uma caverna. Quando os habitantes locais tomaram conhecimento da presença destes ascetas, periodicamente eles recebiam visitas. Com o tempo uma comunidade monástica começou a ganhar forma estando entre os discípulos muitos monges de Parã. A Teoctisto foi concebido o dever de gerir o mosteiro. Durante este período Eutímio atuou no batismo de muitos árabes, entre eles Aspabeto (recebeu o nome de Pedro) e seu filho Terebão, ambos curados por Eutímio de uma moléstia. Aspebeto tornou-se bispo entre os árabes e recebeu o direito de participar do Concílio do Éfeso em 431. 
Rapidamente as notícias dos milagres de Eutímio se espalharam e multidões começaram a visitar o mosteiro a procura de cura para diversas enfermidades, Não suportando mais viver em meio a tanta fama, Eutímio abandona o mosteiro e parte junto com seu discípulo Domiciano para o deserto de Ruba, perto do mar Morto, onde habitaram a montanha onde situa-se as ruínas de Massada. No deserto de Zipho, nas cercanias da caverna onde, segundo relatos bíblicos, Davi escondeu-se de Saul, Eutímio fundou um mosteiro e construiu uma igreja, além de ter trabalhado na conversão de monges maniqueístas, na cura de enfermos e com exorcismo. Mais tarde Eutímio retorna para as proximidades do mosteiro de Teoctisto onde, em 420, funda um mosteiro semelhante ao de Parã. Em 428 a igreja próxima ao mosteiro é dedicada a ele por Juvenal, Patriarca de Jerusalém.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tiago 3:11-4:6

Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa? Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce. Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz. De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

Marcos 11:23-26

Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito. Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis. E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.

ENSINO DOS SANTOS PADRES


“A Eficácia da Fé”

Se tiverdes fé semelhante a um grão de mostarda, diríeis a esta árvore: arranca-te e lança-te ao mar, e ela vos obedeceria. Do grão de mostarda já temos falado mais acima. Falemos agora dessa árvore de amoreira. Eu leio “uma árvore”, contudo, não creio que seja uma árvore. Pois, que razão e proveito pode ter para nós que uma árvore que dá fruto aos agricultores que a cuidam, seja arrancada e precipitada ao mar? Mesmo que creiamos possível, pela virtude da fé, que a natureza cega obedece a mandatos perceptíveis, o que nos quer significar este tipo de árvore?

Também é verdade que li: Eu sou pastor de cabras e hábil em preparar os figos do sicômoro, com o qual, ao meu parecer, o profeta nos quer indicar que, sendo também ele pecador no meio de um povo de pecadores, depois se converteu, pois não há dúvida que convinha que o futuro profeta, buscando o fruto entre sarças e tirando delas seu alimento, conduzisse os rebanhos sombrios e fedorentos dos gentios e das demais nações aos pastos de seus escritos, com o fim de que engordassem com esse alimento espiritual, ao tempo que ele mesmo, convertido de sua vida pecadora, também obteria o leite espiritual.

Porém, como em outro livro do Evangelho (Mt) se falou de um monte – cujo aspecto desnudo, desprovido de vinhas fecundas e de oliveiras, estéril para a agricultura, propício para a guarida das bestas e agitado pelas incursões das feras, parece traduzir a orgulhosa elevação do mau espírito, segundo o que está escrito: Eis-me aqui contra ti, monte de destruição, que devastas a terra –, parece lógico pensar que neste lugar nos fala do mesmo, já que a fé exclui todo mau espírito e, sobretudo, porque a natureza dessa árvore se enquadra perfeitamente nesta opinião, pois seu fruto primeiro é branco em sua flor, e depois, conforme cresce, torna-se vermelho, para escurecer quando amadurece. Também o demônio, privado da branca flor de sua natureza e de sua vermelha potestade por causa de sua prevaricação, está agora revestido da negrura e do mau odor do pecado. Contempla àquele que disse a esse sicômoro: Arranca-te e lança-te ao mar, quando o lançou fora daquele homem e o permitiu entrar nos porcos, os quais, impulsionados por seu espírito diabólico, afundaram-se no mar. Nesta passagem somos exortados à fé, querendo-nos ensinar, em um sentido tropológico, que até as coisas mais sólidas podem ser destruídas pela fé. Porque da fé surge a caridade, a esperança e, de novo, fazendo uma espécie de circuito fechado, algumas são causa e fundamento das outras.

Na continuação segue a exortação de que ninguém se glorie de agir bem, já que, por uma justa dependência, devemos nosso serviço ao Senhor. Mas, do mesmo modo que tu não dirás para um empregado teu que estava arando ou apascentando ovelhas: “Passa para dentro e senta-te a minha mesa” – de onde se conclui que ninguém pode sentar-se à mesa se antes não passou; como Moisés, que para contemplar a grande visão teve de subir ao alto do monte –, pois desse mesmo modo dizemos que tu não diz a esse teu servo: “senta-te à mesa”, mas lhe exiges seus serviços sem agradecer-lhe; da mesma maneira, o Senhor não pode permitir que te aposses do mérito de uma ação ou trabalho, já que, enquanto vivemos, é nosso dever trabalhar sempre.

Portanto, vive em consequência com a convicção de que és um servo ao qual se encomendaram muitos trabalhos. Não te creias mais do que és, porque és chamado filho de Deus – deves reconhecer, sim, a graça, mas não podes lançar no esquecimento tua natureza –, nem te envaideças de ter servido com fidelidade, já que esse era o teu dever. O sol realiza seu labor, a lua obedece, os anjos também servem. E o mesmo instrumento escolhido pelo Senhor para pregar aos gentios, disse: Não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus, e em outra passagem, ainda que não fosse consciente de culpabilidade alguma, acrescentou: mas nem por isso estou justificado. Por isso, tampouco nós pretendamos louvar-nos a nós mesmos, nem nos antecipemos ao juízo de Deus, nem nos adiantemos à sentença do Juiz, antes, esperemos ao seu dia e ao seu juízo. E uma vez que lemos a repreensão dirija aos ingratos, venhamos a tratar o tema do juízo futuro.


Santo Ambrósio, Bispo de Milão (séc. IV)

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