Tom 4
Os Santos Mártires Cosme e Damião eram irmãos, nascidos em Roma, e médicos de profissão. Eles padeceram o martírio em Roma sob o Imperador Carino (283-284). São Cosme e São Damião foram educados pelos pais nas regras da piedade, levaram uma vida rigorosa e casta e receberam de Deus o dom da graça de curar os enfermos. Pelas suas atitudes boas e altruístas para com as pessoas, aliada às suas excepcionais bondades, os irmãos converteram muitos a Cristo. Os santos costumavam dizer aos enfermos:
“Não é pelo nosso poder que tratamos os enfermos, mas pelo poder de Cristo, o Verdadeiro Deus. Crede n'Ele e sejais curados”.
Por tratarem altruisticamente os enfermos, os santos irmãos eram chamados de "médicos anárgiros (não mercenários, caridosos".
Os seus serviços ativos ao próximo e a influência espiritual no ambiente, levando muitos à Igreja, atraíram a atenção das autoridades romanas. Soldados foram enviados atrás dos irmãos. Ao saber disso, os cristãos imploraram aos santos Cosme e Damião que se escondessem por um tempo até que pudessem prestar-lhes ajuda. Mas os soldados, não encontrando os irmãos, prenderam outros cristãos do assentamento, onde moravam os santos. Os santos Cosme e Damião saíram então do esconderijo e entregaram-se nas mãos dos soldados, pedindo-lhes que libertassem os presos por causa deles.
Em Roma, os santos foram inicialmente trancafiados na prisão e depois levados a julgamento. Os santos confessaram abertamente perante o Imperador Romano e o juiz a sua fé em Cristo Deus, tendo vindo ao mundo para salvar a humanidade e redimir o mundo do pecado, e recusaram-se resolutamente a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Eles disseram:
“Não causamos mal a ninguém, não nos envolvemos com a magia ou feitiçaria de que vocês nos acusam. Nós curamos os enfermos pelo poder de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e não tomamos qualquer tipo de recompensa pela ajuda aos enfermos, porque nosso Senhor ordenou aos Seus discípulos: 'De graça recebestes, de graça dai'” (Mt. 10: 8).
O Imperador, entretanto, continuou com suas exigências. Através da oração dos santos irmãos, imbuídos do poder da graça, Deus cegou subitamente Carino, para que também ele, na sua própria experiência, conhecesse a onipotência do Senhor, não perdoando a blasfémia contra o Espírito Santo. O povo, contemplando o milagre, gritou: “Grande é o Deus cristão e nenhum outro é Deus, exceto Ele!” Muitos dos que acreditaram imploraram aos santos irmãos que curassem o Imperador, e ele mesmo implorou aos santos, prometendo converter-se ao Verdadeiro Deus, Cristo Salvador. Os santos o curaram. Depois disso, os santos Cosme e Damião foram libertados com honra e novamente começaram a tratar os enfermos.
Mas o que o ódio dos pagãos e a ferocidade das autoridades romanas não puderam fazer, foi feito pela inveja negra, uma das paixões mais fortes da natureza pecaminosa do homem. Um médico mais velho – um instrutor, com quem em sua época os santos irmãos haviam estudado a arte médica, ficou com ciúmes de sua fama. Levado à loucura por esta malícia, e todo dominado pela paixão, ele convocou os santos irmãos, anteriormente seus mais queridos alunos, para que todos se reunissem para uma reunião de diversas ervas medicinais, e partindo para longe, nas montanhas, ele os assassinou, jogando seus corpos em um rio.
Assim, como mártires, terminou a jornada terrena destes santos irmãos, os Taumaturgos e Caridosos Cosme e Damião. Eles dedicaram toda a sua vida ao serviço cristão ao próximo, tendo escapado da espada e da prisão romana, mas traiçoeiramente assassinados por um professor.
O Senhor glorificou aqueles que agradavam a Deus. E agora, através das orações dos santos caridosos Cosme e Damião, é recebida a cura de Deus para todos os que com fé recorrem às suas santas intercessões.
Leituras Comemorativas1 Coríntios 12:27-13:8Mateus 10:1,5-8
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Romanos 16:17-24
Fragmento 121A - Irmãos, rogo-vos que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes. Pois a vossa obediência é conhecida de todos. Comprazo-me, portanto, em vós; e quero que sejais sábios para o bem, mas simples para o mal. E o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Saúdam-vos Timóteo, meu cooperador, e Lúcio, e Jason, e Sosípatro, meus parentes. Eu, Tércio, que escrevo esta carta, vos saúdo no Senhor. Saúda-vos Gaio, hospedeiro meu e de toda a igreja. Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e também o irmão Quarto. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.
Mateus 13:10-23
Fragmento 51 - Naquela hora, acercando-se d’Ele os discípulos, disseram-Lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é dado; porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:
“Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.”
Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. Escutai vós, pois, a parábola do semeador: Ouvindo alguém a palavra do Reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho. O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende. E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.
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ENSINO DOS SANTOS PADRES
“Ao homem lhe cabe semear; a Deus, dar o crescimento”
Passava o Senhor por algumas sementeiras: o grão de trigo entre as messes; aquele grão de trigo espiritual, que caiu em um lugar determinado e ressuscitou fecundo no mundo inteiro. Ele disse de si mesmo: Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto.
Passava, portanto, Jesus por algumas sementeiras: aquele que um dia haveria de ser grão de trigo por sua virtude nutritiva, por enquanto é um semeador, conforme se diz nos evangelhos: o semeador saiu a semear. Jesus, é verdade, espalha a semente generosamente, mas a quantia do fruto depende da qualidade do terreno. Porque no terreno pedregoso facilmente a semente seca, e não por impotência da semente, mas por culpa da terra, pois enquanto a semente está cheia de vitalidade, a terra é estéril por falta de profundidade. Quando a terra não mantém a umidade, os raios solares penetrando com mais força ressecam a semente: certamente não por algum defeito na semente, mas por culpa do solo.
Saiu, pois, o semeador a semear: em parte o fez pessoalmente e em parte através de seus discípulos. Lemos nos Atos dos Apóstolos que, após o apedrejamento de Estêvão, todos – menos os apóstolos – se dispersaram, não que se desagregassem por causa de sua fragilidade; não se separaram por razões de fé, mas simplesmente se dispersaram. Convertidos em trigo por virtude do semeador e, transformados em pão celestial pela doutrina de vida, difundiram por toda parte sua eficácia.
Então, o semeador da doutrina, Jesus, Filho unigênito de Deus, passava por algumas sementeiras. Ele não é apenas semeador de sementes, mas também de ensinamentos densos de admirável doutrina, em conivência com o Pai. Este é o mesmo que passava por algumas sementeiras. Ele não é apenas semeador de sementes, mas também de ensinamentos densos de admirável doutrina, em conivência com o Pai. Este é o mesmo que passava por algumas sementeiras. Aquelas sementes eram certamente portadoras de grandes milagres.
Vejamos agora o que diz respeito à semente no momento da semeadura, e falemos dos brotos que a terra produz na primavera, não para abordar de forma técnica o tema, mas para adorar ao autor de tais maravilhas. Vão os homens e, conforme o seu leal saber e entender, atrelam os bois ao arado, lavram a terra, afofam as camadas superiores para que as chuvas não escorram, mas empapando profundamente a terra façam germinar um fruto copioso. A semente, lançada a uma terra bem afofada, possui uma dupla vantagem: primeiro, a profundidade e a frieza da terra; segundo, permanece oculta, resguardada da voracidade das aves. O homem certamente faz tudo o que está ao seu alcance; mas não está ao seu alcance o fazer frutificar. Ao homem lhe cabe semear; a Deus, dar o crescimento. Quando a semente começa a brotar e cresce, desprende-se da espiga e o fruto indica se si trata de trigo ou de joio.
Compreendestes o que acabo de dizer; agora devo dar um passo a mais e apontar para realidades mais espirituais. Mediante os apóstolos, Jesus semeou a palavra do Reino dos Céus por toda a terra. O ouvido que escutou a pregação a retém em seu interior; e ela brota na medida em que frequente assiduamente a Igreja. E nos reunimos em um mesmo local, tanto os produtores de trigo como de joio; assim o infiel como o hipócrita, para manifestar com maior realismo o que se prega. Nós, os agricultores da Igreja, vamos metendo pelo semeado o enxadão das palavras, para cultivar o campo de modo que dê fruto. Ainda desconhecemos as condições do terreno: a semelhança das folhas pode com frequência induzir ao erro aos que coordenam. Porém, quando a doutrina se traduz em obras e adquire consistência o fruto das fadigas, então se revela quem é fiel e quem é hipócrita.
Santo Atanásio, Bispo de Alexandria (séc. IV)
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