S. André, bispo de Creta († 740); São Lucas;
Santa Marta, Mãe de São Simeão Estilita, o Jovem.
Modo 3
Lucas 24:1-12
1 Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado. 2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro. 3 Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes; 5 e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive? 6 Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galileia. 7 dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja. 8 Lembraram-se, então, das suas palavras; 9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos. 11 E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito. 12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
Romanos 6:18-23
18 tendo sido libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação. 20 Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. 21 E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a morte. 22 Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. 23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.
Tropárion Da Ressurreição
Rejubilem-se os céus e alegre-se a terra, / pois o Senhor manifestou a força de Seu braço; / com sua morte venceu a morte, / tornou-Se o primogênito dos mortos; / libertou-nos das entranhas dos infernos // revelando ao mundo a grande misericórdia!
Kondákion Da Ressurreição
Hoje Te levantaste da tumba, ó Compassivo, / e nos conduziste para fora das portas da morte, / Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os Profetas / e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade.
Tropárion de Santo André de Creta Modo 4
As verdades das coisas reveladas deram ao teu rebanho uma regra de fé, / como modelo de mansidão e mestra da abstinência. / Assim, por tua humildade te ergueste às Alturas / e por tua pobreza à riqueza. // Ó Hierarca e nosso pai, André, suplica a Cristo Deus que salve as nossas almas.
Tropárion de Santa Marta Mãe de São Simeão do Pilar, o Jovem - Modo 8
A tua salvação, ó mãe, tornou-se notória, Ó tu que foste criada segundo a imagem de Deus. / Tomaste a tua cruz e seguiste a Cristo; / pela oração aprendeste a desprezar a carne, / e, assim transcendendo, zelaste por tua alma imortal. //, que com os anjos se rejubila, ó venerável Marta.
Kondákion do Santo Hierarca Modo 2
Como ressonantes hinos de divina doçura, / e qual reluzentíssimo farol, / ó venerável André, assim foste revelado ao mundo, / refletindo a luz da Trindade. / Por isto, a ti clamamos: // Nunca cesses de orar por todos nós.
Kondákion da Venerável Marta - Modo 2
Em pé, em oração, diante do Senhor e da Puríssima Virgem Theotokos, / ofereceste hinos de louvores. / Ó honorável Marta, tu deste à luz a uma criança santa, / o todo-maravilhoso Simeão, farol do universo. // Com ele oferecei incessante oração por nós!
Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o amigo dos seres humanos.
Prokímenon
Cantai salmos ao nosso Deus, cantai!
Cantai salmos ao nosso Rei, cantai! (Sl. 46:6)
Nações, aplaudi todas com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres! (Sl. 46:1)
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei;
não seja eu confundido para sempre,
por Tua justiça, livra-me!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor
e uma casa de refúgio que me abrigue.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 8:5-13
5 Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo: 6 Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado. 7 Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei. 8 O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar. 9 Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz. 10 Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé. 11 Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus; 12 mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. 13 Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
Enquanto nos era lido o Evangelho, ouvimos o elogio de nossa fé tendo por base sua humildade. Tendo o Senhor prometido ir à casa do centurião para curar ao seu criado, ele respondeu: Eu não sou digno de que entres em minha morada, mas dizei uma só palavra e ficará curado. Confessando-se indigno, tornou-se digno de que Jesus entrasse, não entre as quatro paredes de sua casa, mas em seu coração. Pois não tivesse falado com tanta fé e humildade, se já não abrigasse em seu coração Àquele a Quem não se cria digno de receber em sua casa. Pequena teria sido a felicidade se o Senhor Jesus tivesse entrado em suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração. Realmente, Jesus, mestre de humildade de palavra e com seu exemplo, também se recostou à mesa na casa de um soberbo fariseu, chamado Simão. Mas, ainda estando recostado em sua casa, o Filho do Homem não encontrava em seu coração onde reclinar Sua cabeça. Estava, pois, o Senhor recostado na casa do fariseu soberbo. Estava em sua casa, como acabo de dizer, porém não estava em seu coração.
No entanto, não entrou na casa deste centurião, mas se apossou de seu coração. O elogio de sua fé tem como base a humildade. Disse, de fato: Eu não sou digno de que entres em minha morada. E o Senhor: Eu vos digo que nem em Israel encontrei tanta fé (este Israel a que se refere é o segundo a carne). Porque, segundo o espírito, este centurião já era israelita.
O Senhor veio a Israel segundo a carne, ou seja, aos judeus, para buscar primeiramente ali as ovelhas perdidas. Em cujo povo e de cujo povo ele também tinha assumido o corpo: nem em Israel encontrei tanta fé, afirma Jesus. Nós podemos medir a fé dos homens, porém enquanto homens; Ele que enxergava o interior do homem, Ele a Quem ninguém podia enganar, deu testemunho ao coração daquele homem, ouvindo as palavras de humildade e pronunciando uma sentença de cura.
E o que foi que o levou a semelhante conclusão? Ele disse:
“Porque eu também estou debaixo da autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo para um: vai, e ele vai; a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faz isto, e ele o faz. Sou uma autoridade com súditos às minhas ordens, mas submetido à outra autoridade superior a mim.”
Portanto – ele reflete –, “se eu, um homem submetido ao poder de outro, tenho o poder de mandar, o que não poderás Tu de Quem depende todo o poder?” E aquele que isto dizia era um pagão, centurião, para ser mais exato. Ali ele se comportava como um soldado, como um soldado com graduação de centurião; submetido à autoridade e constituído em autoridade; obediente como súdito e dando ordens aos seus subordinados. E se bem que o Senhor estava incorporado ao povo judeu, já anunciava que a Igreja haveria de propagar-se por todo o orbe da terra, para a qual mais tarde enviaria aos apóstolos: Ele, apesar de não Ser visto, foi crido pelos pagãos; no entanto, porém visto pelos judeus, por eles foi assassinado.
E assim como o Senhor, sem entrar fisicamente na casa do centurião – ausente com o corpo, Presente com Sua majestade – curou não obstante sua fé e sua família; assim também o Senhor em Pessoa somente esteve corporalmente no povo judeu. Entre os demais povos nem nasceu de uma virgem, nem padeceu, nem percorreu os seus caminhos, nem suportou as penalidades humanas, nem realiza as maravilhas divinas. Nada disto nos outros povos. Contudo, a propósito de Jesus se cumpriu o que se foi dito: Um povo estranho foi meu servo. Mas como, se é um povo estranho? Escutavam-me e me obedeciam. O mundo inteiro ouviu e creu.
Santa Marta, Mãe de São Simeão Estilita, o Jovem.
Modo 3
André nasceu em Damasco, em meados do século VII. Apesar da eloquência que possuía na sua idade madura, conta-se que até o momento da sua primeira comunhão, que recebeu aos sete anos, quase não falava. Aos quinze anos de idade, mudou-se para Jerusalém, razão pela qual recebe, algumas vezes, o título de Santo André de Jerusalém. Nesta cidade se tornou monge no Monastério de São Savas, e no Monastério do Santo sepulcro recebeu as ordens menores do leitorado e do subdiaconato. No ano 685, o Patriarca de Jerusalém, Theodoro, o enviou à Constantinopla para reiterar a adesão de sua Igreja ao Sexto Concílio Ecumênico da Igreja que acabava de condenar a heresia monotelita. Santo André ficou em Constantinopla e lá foi ordenado diácono da Grande Basílica, recebendo também o encargo de cuidar de um orfanato e de um asilo para os idosos. Pouco tempo depois, devido às suas qualidades de caráter e suas habilidades, foi eleito arcebispo de Gortina, sede metropolitana de Creta. Ali se deixou envolver na última onda monotelista.
No ano 711, Filípico Bardanes apoderou-se do trono imperial, mandou queimar as Atas do Sexto Concílio Ecumênico, restabeleceu nos dípticos litúrgicos os nomes que o Concílio havia anatematizado, reunindo um sínodo para ratificar suas ações. André participou deste sínodo que aconteceu no ano 712, mas já no ano seguinte se arrependeu do que fez e assinou, sem hesitação, a carta de retratação que seu Patriarca escreveu depois que Anastásio II recuperou o trono imperial, colocando para fora seu usurpador Bardanes.
Santo André se destacou pelo resto de sua vida como um grande pregador e compositor de hinos sacros. São conservados até hoje mais de vinte de seus sermões que têm sido publicados ao longo dos séculos. Seus hinos influenciaram de forma definitiva a liturgia bizantina. Segundo se afirma, foi Santo André quem introduziu a forma hinódica chamada «cânone». Em todo caso, é indubitável que ele escreveu muitos hinos, neste e em outros ritmos parecidos; alguns deles são cantados ainda em nossos dias.
Santo André morreu num barco, no ano 740, quando regressava de uma viagem que fez à Constantinopla, sendo sepultado na Igreja de Santa Anastásia em Edesó, uma cidade de Mitilini.
Comemoração de Santa Marta
Marta era a mãe de São Simeão da Montanha Maravilhosa (24 de maio). Dedicando-se com toda a sua alma à fé, ela não pensava em casamento. Quando seus pais a prometeram a um homem jovem, Marta pensou em deixar a casa de seus pais e se retirar da civilização. Em seguida, São João Batista apareceu a Marta e a aconselhou cumprir a vontade de seus pais através da celebração de casamento, o que ela fez. Desta união conjugal, nasceu o magnífico asceta, São Simeão, da Montanha Maravilhosa.
Santa Marta tinha o hábito regular de se elevar à meia-noite para a oração. Com grande compaixão ela ajudava os pobres, visitava o órfão, e serviu os doentes. Um ano antes de sua morte, viu uma multidão de anjos com velas nas mãos, e por eles lhe fora informado o tempo de sua morte. Ao saber disso, Marta dedicou-se à oração e boas obras, com mais zelo ainda.
Marta morreu pacificamente no ano 551 dC, e foi enterrada perto do pilar de seu filho, Simeão, o Estilita. Depois de sua morte, apareceu muitas vezes para instruir as pessoas e para curar os doentes. Sua aparição mais significativa que consta nos registros, foi ao abade do mosteiro de Simeão. Após o enterro de Santa Marta, o abade pôs uma vela votiva em seu túmulo, combinando com a população de que eles jamais a deixaria apagar. Mas depois de um certo tempo, as pessoas tornaram-se preguiçosas, e a luz se apagou. Em seguida, o abade ficou doente, e a Santa lhe apareceu e disse:
"Por que tu não queimas uma vela votiva em minha sepultura – sabedor de que eu não estou precisando da luz de suas velas, uma vez que fui achada digna de estar diante de Deus Eterno, a Luz Celestial? Mas, vocês precisam de luz. Quando tu queimas uma luz na minha sepultura, estás a me implora para orar ao Senhor por ti."
É evidente que o objetivo da nossa veneração dos santos é o de lhes suplicar, como àqueles mais digno do que somos, orar a Deus por nós e para a nossa salvação.
MATINAS (IV)
Lucas 24:1-12
1 Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado. 2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro. 3 Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes; 5 e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive? 6 Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galileia. 7 dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja. 8 Lembraram-se, então, das suas palavras; 9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos. 11 E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito. 12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
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LITURGIA
Romanos 6:18-23
Tropárion Da Ressurreição
Rejubilem-se os céus e alegre-se a terra, / pois o Senhor manifestou a força de Seu braço; / com sua morte venceu a morte, / tornou-Se o primogênito dos mortos; / libertou-nos das entranhas dos infernos // revelando ao mundo a grande misericórdia!
Kondákion Da Ressurreição
Hoje Te levantaste da tumba, ó Compassivo, / e nos conduziste para fora das portas da morte, / Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os Profetas / e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade.
Tropárion de Santo André de Creta Modo 4
As verdades das coisas reveladas deram ao teu rebanho uma regra de fé, / como modelo de mansidão e mestra da abstinência. / Assim, por tua humildade te ergueste às Alturas / e por tua pobreza à riqueza. // Ó Hierarca e nosso pai, André, suplica a Cristo Deus que salve as nossas almas.
Tropárion de Santa Marta Mãe de São Simeão do Pilar, o Jovem - Modo 8
A tua salvação, ó mãe, tornou-se notória, Ó tu que foste criada segundo a imagem de Deus. / Tomaste a tua cruz e seguiste a Cristo; / pela oração aprendeste a desprezar a carne, / e, assim transcendendo, zelaste por tua alma imortal. //, que com os anjos se rejubila, ó venerável Marta.
Kondákion do Santo Hierarca Modo 2
Como ressonantes hinos de divina doçura, / e qual reluzentíssimo farol, / ó venerável André, assim foste revelado ao mundo, / refletindo a luz da Trindade. / Por isto, a ti clamamos: // Nunca cesses de orar por todos nós.
Kondákion da Venerável Marta - Modo 2
Em pé, em oração, diante do Senhor e da Puríssima Virgem Theotokos, / ofereceste hinos de louvores. / Ó honorável Marta, tu deste à luz a uma criança santa, / o todo-maravilhoso Simeão, farol do universo. // Com ele oferecei incessante oração por nós!
Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o amigo dos seres humanos.
Prokímenon
Cantai salmos ao nosso Rei, cantai! (Sl. 46:6)
Nações, aplaudi todas com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres! (Sl. 46:1)
Aleluia
Junto de Ti, Senhor, me refugiei;
não seja eu confundido para sempre,
por Tua justiça, livra-me!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor
e uma casa de refúgio que me abrigue.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 8:5-13
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HOMILIA
“A Humilde Fé do Centurião”
Enquanto nos era lido o Evangelho, ouvimos o elogio de nossa fé tendo por base sua humildade. Tendo o Senhor prometido ir à casa do centurião para curar ao seu criado, ele respondeu: Eu não sou digno de que entres em minha morada, mas dizei uma só palavra e ficará curado. Confessando-se indigno, tornou-se digno de que Jesus entrasse, não entre as quatro paredes de sua casa, mas em seu coração. Pois não tivesse falado com tanta fé e humildade, se já não abrigasse em seu coração Àquele a Quem não se cria digno de receber em sua casa. Pequena teria sido a felicidade se o Senhor Jesus tivesse entrado em suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração. Realmente, Jesus, mestre de humildade de palavra e com seu exemplo, também se recostou à mesa na casa de um soberbo fariseu, chamado Simão. Mas, ainda estando recostado em sua casa, o Filho do Homem não encontrava em seu coração onde reclinar Sua cabeça. Estava, pois, o Senhor recostado na casa do fariseu soberbo. Estava em sua casa, como acabo de dizer, porém não estava em seu coração.
No entanto, não entrou na casa deste centurião, mas se apossou de seu coração. O elogio de sua fé tem como base a humildade. Disse, de fato: Eu não sou digno de que entres em minha morada. E o Senhor: Eu vos digo que nem em Israel encontrei tanta fé (este Israel a que se refere é o segundo a carne). Porque, segundo o espírito, este centurião já era israelita.
O Senhor veio a Israel segundo a carne, ou seja, aos judeus, para buscar primeiramente ali as ovelhas perdidas. Em cujo povo e de cujo povo ele também tinha assumido o corpo: nem em Israel encontrei tanta fé, afirma Jesus. Nós podemos medir a fé dos homens, porém enquanto homens; Ele que enxergava o interior do homem, Ele a Quem ninguém podia enganar, deu testemunho ao coração daquele homem, ouvindo as palavras de humildade e pronunciando uma sentença de cura.
E o que foi que o levou a semelhante conclusão? Ele disse:
“Porque eu também estou debaixo da autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo para um: vai, e ele vai; a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faz isto, e ele o faz. Sou uma autoridade com súditos às minhas ordens, mas submetido à outra autoridade superior a mim.”
Portanto – ele reflete –, “se eu, um homem submetido ao poder de outro, tenho o poder de mandar, o que não poderás Tu de Quem depende todo o poder?” E aquele que isto dizia era um pagão, centurião, para ser mais exato. Ali ele se comportava como um soldado, como um soldado com graduação de centurião; submetido à autoridade e constituído em autoridade; obediente como súdito e dando ordens aos seus subordinados. E se bem que o Senhor estava incorporado ao povo judeu, já anunciava que a Igreja haveria de propagar-se por todo o orbe da terra, para a qual mais tarde enviaria aos apóstolos: Ele, apesar de não Ser visto, foi crido pelos pagãos; no entanto, porém visto pelos judeus, por eles foi assassinado.
E assim como o Senhor, sem entrar fisicamente na casa do centurião – ausente com o corpo, Presente com Sua majestade – curou não obstante sua fé e sua família; assim também o Senhor em Pessoa somente esteve corporalmente no povo judeu. Entre os demais povos nem nasceu de uma virgem, nem padeceu, nem percorreu os seus caminhos, nem suportou as penalidades humanas, nem realiza as maravilhas divinas. Nada disto nos outros povos. Contudo, a propósito de Jesus se cumpriu o que se foi dito: Um povo estranho foi meu servo. Mas como, se é um povo estranho? Escutavam-me e me obedeciam. O mundo inteiro ouviu e creu.
Agostinho, Bispo de Hipona
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