terça-feira, 12 de julho de 2016

4ª Terça-feira Depois de Pentecostes

12 de Julho de 2016 (CC) / 29 de Junho (CE)
Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Modo 2




A importância da festa de São Pedro e São Paulo no ciclo litúrgico bizantino é indicada pelo fato de uma quaresma especial - chamada de “quaresma dos apóstolos” - prepara os fiéis para esta solenidade. Este período de jejum começa na 2ª feira que se segue ao 1º domingo após o Pentecostes e termina no dia 28 de junho/11 de julho.

“Exaltemos Pedro e Paulo, estes dois luzeiros da Igreja pois eles brilham no firmamento da fé...” Assim cantamos nas vésperas da festa, na noite de 28 de junho. Nas matinas como nas vésperas os hinos parecem partilhar igualmente o louvor entre os dois apóstolos, a quem nos dirigimos um a cada vez. Entretanto o evangelho lido nas matinas trata especialmente sobre o apóstolo Pedro. Aí ouvimos nosso Senhor (Jo. 21,14-25) perguntar três vezes a Pedro: “Tu me amas?”. Na primeira vez Jesus diz: “Tu me amas mais do que estes?” Três vezes Pedro responde com uma humildade às vezes triste e às vezes chorosa:“Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo”. E três vezes Jesus lhe diz para apascentar o rebanho do Bom Pastor: “Apascenta os meus cordeiros... apascenta as minhas ovelhas...” Depois Jesus prediz a Pedro de maneira velada “o gênero de morte pelo qual Pedro devia glorificar a Deus”. 

Este evangelho tem duas coisas para nos dizer. Primeiro, coloca claramente a pergunta única, pergunta que temos e que teremos que responder: “Tu me amas?” Tudo, na vida cristã, se reduz a esta pergunta. Podemos nós responder como Pedro: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo?” Não seriam nossas ações um lamentável desmentido desta afirmação? Entretanto responder simplesmente que não amamos o Senhor seria desconhecer e sufocar as aspirações - por mais fracas que sejam - que o Espírito Santo põe em nossos corações e dirige para Cristo. Digamos, então, a Jesus: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo. Não espero nada de mim; espero tudo da Graça”. 

O segundo ensinamento dado por este evangelho concerne a natureza da autoridade na Igreja. O Senhor confere aqui a Pedro uma autoridade especial. Percebemos primeiro que esta autoridade está fundamentada sobre uma primazia do amor - “tu me amas mais do estes?” - e em seguida que ela consiste em um serviço humilde e desinteressado -“apascenta minhas ovelhas...”. Entre cristãos toda preeminência que não for uma preeminência de amor e de serviço não corresponde às intenções de nosso Senhor. Toda autoridade que, na Igreja, se expressasse em termos de prestígio ou de posse material ou de domínio tornar-se-ia estranha e hostil à solicitude verdadeiramente pastoral à qual Jesus chama Pedro para participar. Sobre estas palavras do Senhor a Pedro serão julgados todos aqueles que reivindicam uma autoridade no seio da comunidade dos fiéis.

A liturgia de 29 de junho/ 12 de julho manifesta, pelos textos que nos faz ouvir, o quanto o ministério de Pedro e o de Paulo são todos dois necessários e complementares. O evangelho (Mt.16,13-19) contém a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipos: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo...” e a resposta de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e as Portas do Inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Este texto levantou muitas controvérsias. Mas permanece certo que Jesus quis reconhecer e sancionar pela concessão de um poder espiritual eminente, o ato de Fé que Pedro acabava de formular.

A epístola (2Co.11,21-12;9) enumera os títulos de Paulo, chamado diretamente ao apostolado por Cristo, foi considerado como igual ou mesmo superior em autoridade aos ministros do Evangelho já regularmente instituídos e reconhecidos: “Eles são ministros de Cristo?...Eu, mais do que eles...” Paulo fundamenta esta afirmação de um lado pelos sofrimentos que enfrentou, de outro pelas graças e revelações que lhe foram concedidas. Um estudo atento das relações dele com os Onze pode ensinar-nos muito sobre a questão da autoridade na Igreja. Paulo nunca levantou-se contra o elemento institucional representado pelo apostolado “histórico” dos Onze. Ele recebeu a imposição de mãos daqueles que já eram reconhecidos como possuindo o Espírito Santo. Ele submeteu à aprovação da Igreja reunida em Jerusalém seus próprios métodos de apostolado. Mas jamais admitiu nem que sua vocação extraordinária fosse inferior à vocação normal dos outros apóstolos, nem que seu conhecimento de Cristo, todo espiritual e recebido pela graça, fosse menor que o conhecimento que tinham de Jesus os seus primeiros discípulos; nem que ele devesse sacrificar suas próprias convicções face ao mais autorizado dos apóstolos: “quando Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe em face, porque ele estava errado”.Quanto mais a Igreja for dominada pelo Espírito Santo, mais ela ultrapassará toda tensão entre autoridade regularmente adquirida e a liberdade espiritual. Uma síntese deve estabelecer-se entre a tradição e a inspiração. Pedro e Paulo não podem ser separados; e é por isso que a Igreja os comemora no mesmo dia. Digamos com ela:
“Rejubila, ó Apóstolo Pedro, tu, o grande amigo do Mestre, Cristo nosso Deus. Rejubila bem amado Paulo, pregador da fé e doutor do universo. Por isso, intercedei junto a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas”.

A Igreja quer associar todos os outros apóstolos à homenagem que ela presta a Pedro e Paulo. Assim, no dia 30 de junho, ela dedica à comemoração coletiva dos Doze. Como diz o Kondakion do dia: “... comemorando hoje a sua memória, nós glorificamos Aquele que os glorificou”.

Tropário Dos Apóstolos Modo 4
Príncipes dos divinos Apóstolos e doutores do Universo, 
intercedeis junto do Mestre Universal 
para que ao mundo Ele dê a Paz 
e que conceda às nossas almas a graça da salvação.

Kondákion Dos Apóstolos Modo 2
Os infalíveis pregadores da palavra de Deus, 
os Corifeus dos teus Apóstolos, Senhor, 
encontraram junto de ti o lugar do seu repouso, no usufruto dos Teus bens,
pois Tu acolheste os seus sofrimentos e suas mortes 
melhor que outra oferenda das primícias da terra, 
Tu, O único que pode ler o coração dos homens.
† † †

Leituras Comemorativas de São Pedro e São Paulo


MATINAS

João 21:15-25

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.

LITURGIA

2 Coríntios 11:21-12:9

Envergonhado o digo, como se nós fôssemos fracos, mas no que qualquer tem ousadia (com insensatez falo) também eu tenho ousadia. São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu. São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos. Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

Mateus 16:13-19

E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e os portões do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

COMENTÁRIO

6:18 (Pedro / Pedra) é um trocadilho com a palavra "pedra", em  aramaico e grego (Petros / petra). 
Esta rocha não se refere a Pedro "per si", mas "à fé de sua confissão" (São João Crisóstomo). 
A verdadeira Rocha é o próprio Cristo (1 Coríntios 10: 4), e a Igreja é construída sobre a confissão fiel de Cristo. 
Portões do Hades: poderes da morte. No VT, portões sugerem uma cidade fortificada (Gn 22:17; 24:60; Is 14.31). Ao romper suas portas, Cristo abre a fortaleza de morte para libertar as almas dos justos. Assim também, a Igreja não será vencida por obstáculo algum em seu anúncio da salvação. 
O termo "igreja" é mencionado apenas duas vezes em todos os evangelhos: aqui e em 18:17. Esta Igreja é o verdadeiro Israel e o Corpo de Cristo; sua cidadania é celestial. 
16:19 As chaves do reino refere-se a uma autoridade especial que será dada a Pedro e aos outros apóstolos depois da ressurreição (ver 18:18; Jo 20:23). Pedro não era um líder sobre os outros, mas entre eles. Esta verdade foi confirmada no Concílio de Jerusalém (Atos 15), onde os apóstolos e os presbíteros se reuniram como iguais, e onde Pedro aconselhou, mas, foi Tiago (o irmão do Senhor) quem presidiu. As reivindicações papais em séculos posteriores não devem ser confundidas com o testemunho NT sobre Pedro, nem deve o papel de Pedro ser diminuído em oposição a estas reivindicações. (Clique aqui para ler maior comentário desta questão) 
Ligar e desligar é uma referência principalmente à autoridade "para absolver pecados" (João Crisóstomo; cf. Jo 20:23), mas também inclui todo o ensino, sacramental e autoridade administrativa dos apóstolos. Esta autoridade por sua vez foi transmitida aos bispos da Igreja e continua em vigor até hoje. 
Fonte: Ortodoxo Study Bible






LEITURAS DE HOJE


Romanos 10:11-11:2

11 Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê será desapontado. 12 Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam. 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. 14 Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? 15 E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas! 16 Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem? 17 Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo. 18 Mas pergunto: Porventura não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até os confins do mundo. 19 Mas pergunto ainda: Porventura Israel não o soube? Primeiro diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com um povo insensato vos provocarei à ira. 20 E Isaías ousou dizer: Fui achado pelos que não me buscavam, manifestei-me aos que por mim não perguntavam. 21 Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente. 1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; porque eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. 2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como ele fala a Deus contra Israel...

Mateus 11:16-20

16 Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros: 17 Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes. 18 Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. 19 Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras. 20 Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido.

† † †



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