O milagroso Ícone da Mãe de Deus "Júbilo dos Abatidos" foi glorificado no ano de 1688. Euphymia, irmã do Patriarca Joaquim (1674-1690), viveu em Moscou e sofria de uma doença incurável por um longo tempo. Certa manhã, durante um tempo de oração, ouviu uma voz dizer:
"Euphymia! Vá para o templo da Transfiguração de Meu Filho; lá você vai encontrar um ícone chamado 'Júbilo dos Abatidos'. Peça ao padre para celebrar uma Molieben* com a bênção da água, e você vai receber a cura da doença".Euphymia fez o que lhe foi dirigido pela Santíssima Mãe de Deus, e ficou curada. Isso ocorreu em 24 de outubro de 1688.
Outro milagre ocorreu na aldeia de Klochka perto de São Petersburgo, não muito longe de uma fábrica de vidro, em 1888. Uma imagem da "Júbilo dos Abatidos" estava pendurada na capela da aldeia. O edifício foi atingido por um raio, quebrando a caixa de ofertas e carbonizando as paredes da capela. O ícone "Júbilo dos Abatidos" foi encontrado deitado de bruços no chão. Quando foi achada, a imagem estava fresca e clara, e as moedas da caixa de ofertas foram aderindo à sua superfície (veja este ícone com as moedas). Anteriormente, o ícone, que inicialmente tinha sido encontrado lavado em terra no rio Neva, estava escuro e obscuro. Sua "Renovação" foi visto como um sinal do céu, e sua fama se espalhou. Este ícone é comemorado em 23 de julho.
* Molieben (também chamado de Moleben), é um serviço de intercessão ou de súplica, realizado em honra ao nosso Senhor ou Jesus Cristo, a Mãe de Deus, ou a um determinado santo ou mártir.
Comemoração do Ícone "Mãe de Deus Alegria dos Sofredores
Troparion do Ícone Modo 4
Apressemo-nos, ó pecadores indignos,
E corramos para suplicar fervorosamente à Mãe de Deus.
Prostemo-nos clamando com arrependimento das profundezas de nossas almas:
Ajude-nos, ó Senhora que tens tido piedade de nós.
Apressa-te, pois estamos perecendo por causa de uma multidão de pecados.
Não despeça os teus servos com mãos vazias,
pois temos em ti a nossa única esperança.
Kontakion do Ícone Modo 6
Nós não temos nenhum outro tipo de ajuda, não temos outra esperança,
Além de ti, ó senhora soberana.
Venha para a nossa ajuda. Esperamos em ti
E em ti nos gloriamos.
Não seremos confundidos,
Porque nós somos teus servos.
Leitura do Ícone
O projeto deste ícone retrata a Theotokos como a mais bela flor do céu, em pé entre as flores do paraíso. Seu Filho é visível acima dela nas nuvens, o Rei do céu e da terra. Ao longo de ambos os lados do ícone, emoldurando a Mãe de Deus, estão os suplicantes, pedindo sua intercessão . Ela está com os braços abertos e com a cabeça inclinada como se estivesse ouvindo. A ternura e a bondade de uma mãe amorosa são evidentes em seu rosto. Ela está no paraíso e ainda entre nós.
A teologia neste ícone retrata a Theotokos como sendo também a nossa mãe, que sente a nossa dor. É crença de todos os Cristãos Ortodoxos, que ela intercede por nós, trazendo a nossa dor na Presença do seu Filho. Ela está orando nossas orações com amor, trazendo nossas necessidades em relação única que parte de um mãe com seus filhos.
Ela é o nosso júbilo, porque nos ouve com amor. Sua intercessão incessante e seu amor ilimitado ajudam a curar nossas dores.
O Megalomártir Aretas
Aretas nasceu no século VI, de família nobre, na Etiópia. Quando se converteu ao cristianismo, foi distinguido por sua dedicação e seus trabalho em favor dos pobres. A ele juntaram-se homens e mulheres, formando um grupo que ensinava a Palavra de Deus. Este grande trabalho que realizavam na Igreja de Etiópia incomodou os fanáticos e idólatras que logo reagiram prendendo Aretas e seus colaboradores. Aretas, com idade já avançada, foi pressionado de todas as formas para que abjurasse sua fé em Cristo, e o santo contestou, dizendo:
"Ao longo de toda a minha vida eu cometi muitos pecados. Jesus Cristo, porém, com o seu sacrifício , me purificou e me libertou de todos ele, transformando-me, de homem perdido, num herdeiro da luz e da vida eterna. Agora, mesmo eu já estando velho, ele oferece-me ainda outra oportunidade: a de provar a minha fé, a força e o poder do Espírito Santo».
Esta resposta enfureceu ainda mais seus acusadores que, então, executaram Aretas e seus companheiros por decapitação.
MATINAS (IX)
João 20:19-31
19 Então, ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos a portas trancadas, por medo das autoridades judaicas. Jesus apareceu, pôs-se no meio deles e disse: “A paz seja convosco!” 20 Enquanto falava aos discípulos, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram muito alegres ao verem o Senhor. 21 E Jesus lhes disse mais uma vez: “A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, Eu também vos envio.” 22 E, tendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. 23 Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais mantiverdes ser-lhes-ão mantidos". 24 Contudo, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando Jesus apareceu. 25 Os outros discípulos, no entanto, anunciaram-lhe: “Nós vimos o Senhor!” Mas ele respondeu-lhes: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não acreditarei.” 26 Após oito dias, os discípulos estavam reunidos ali outra vez, e Tomé estava com eles. As portas estavam trancadas; quando Jesus apareceu, pôs-se no meio deles e disse: “A paz seja convosco!” 27 Então dirigiu-se a Tomé, dizendo: “Coloca o teu dedo aqui; vê as minhas mãos. Estende tua mão e coloca-a no meu lado. Agora não sejas um incrédulo, mas crente.” 28 E Tomé confessou a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Ao que Jesus lhe afirmou: “Tomé, porque me viste, acreditaste? Bem-aventurados os que não viram e creram!” 30 Verdadeiramente Jesus realizou, na presença dos seus discípulos, muitos outros milagres, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, entretanto, foram escritos para que possais acreditar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu Nome.
† † †
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
Rejubilem-se os céus e alegre-se a terra, / pois o Senhor manifestou a força de Seu braço; / com Sua morte venceu a morte, / tornou-Se o Primogênito dos mortos; / libertou-nos das entranhas dos infernos // revelando ao mundo a grande misericórdia!
Kondákion da Ressurreição
Hoje Te levantaste da tumba, ó Compassivo, / e nos conduziste para fora das portas da morte, / Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os Profetas / e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade.
Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos cristãos...
Tropárion da Festa Modo 4
Apressemo-nos, ó pecadores indignos, / E corramos para suplicar fervorosamente à Mãe de Deus. / Prostremo-nos clamando com arrependimento das profundezas de nossas almas: / Ajude-nos, ó Senhora que tens tido piedade de nós. / Apressa-te, pois estamos perecendo por causa de uma multidão de pecados. / Não despeça os teus servos com mãos vazias, // pois temos em ti a nossa única esperança.
Glória ao †Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...
Kondákion da Festa Modo 6
Nós não temos nenhum outro tipo de ajuda, não temos outra esperança, / Além de ti, ó senhora soberana. / Venha para a nossa ajuda. Esperamos em ti / E em ti nos gloriamos. / Não seremos confundidos, // Porque nós somos teus servos.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o Amigo dos seres humanos.
Prokímenon
Cantai salmos ao nosso Deus, cantai!
Cantai salmos ao nosso Rei, cantai!
Nações, aplaudi todas com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres!
Gálatas 1:11-19
ALELUIA
Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei;
Não seja eu confundido para sempre,
Por Tua justiça, livra-me!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor
E uma casa de refúgio que me abrigue.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lucas 16:19-31
† † †
HOMILIAS
“Deus Aceita os Dons Para o Seu Templo,
Lhe Agradam, No Entanto, Muito Mais As Oferendas Que Se Dão Aos Pobres”
Desejas honrar o corpo de Cristo? Não o desprezes, pois, quando o contemples nu nos pobres, nem o honres aqui, no templo, com lenços de seda, se ao sair o abandonas em seu frio e nudez. Porque o mesmo que disse: Isto é o meu corpo, e com sua palavra trouxe à realidade o que dizia, afirmou também: Tive fome e não me destes de comer, e mais adiante: Sempre que o deixastes de fazer a um destes pequeninos, a mim o deixastes de fazer. O templo não necessita de vestes e lenços, mas pureza de alma; os pobres, porém, necessitam que com muita dedicação nos preocupemos com eles.
Reflitamos, portanto, e honremos a Cristo com aquela mesma honra com que ele deseja ser honrado; pois, quando se quer honrar a alguém, devemos pensar na honra que lhe agrada, e não no que nos satisfaz. Também Pedro quis honrar ao Senhor quando não permitiu deixar-se lavar os pés, mas o que ele queria impedir não era a honra que o Senhor desejava, mas sim o contrário. Assim, tu deves prestar ao Senhor a honra que ele mesmo te indicou, distribuindo tuas riquezas aos pobres. Pois Deus certamente não tem necessidade de taças de ouro, mas, ao contrário, deseja almas de ouro.
Não digo isto com intenção de proibir a entrega de dons preciosos para os templos, mas que, junto com estes dons e até mesmo acima deles, deve-se pensar na caridade para com os pobres. Porque, se Deus aceita os dons para o seu templo, lhe agradam, no entanto, muito mais as oferendas que se dão aos pobres. De fato, da oferenda feita ao templo somente tira proveito quem a fez; mas da esmola tira proveito tanto quem a faz como quem a recebe. O dom dado para o templo pode ser motivo de vanglória; a esmola, entretanto, somente é sinal de amor e caridade.
De que serviria adornar a mesa de Cristo com taças de ouro se o próprio Cristo morre de fome? Dá primeiro de comer ao faminto, e em seguida, com o que te sobrar, ornamentarás a mesa de Cristo. Queres fazer oferenda de taças de ouro e não és capaz de dar um copo de água? E de que serviria recobrir o altar com lenços bordados de ouro, quando negas ao próprio Senhor a veste necessária para cobrir a sua nudez? O que ganhas com isso? Diz-me se não: Se vês a um faminto com necessidade do alimento indispensável e, sem preocupar-te com a sua fome, o levas para contemplar uma mesa adornada com baixela de ouro, te agradecerá por isso? Não se indignará ainda mais contigo? Ou, se, vendo-o vestido de farrapos e morto de frio, sem lembrar-te de sua nudez, levantas em sua honra monumentos de ouro, afirmando que com estes presentes o está honrando, ele não pensará que queres zombar de sua indigência com a mais sarcástica de tuas ironias?
Pensa, portanto, que é isto o que fazes com Cristo, quando o contemplas errante, peregrino e sem teto e, sem recebê-lo, te dedicas a adornar o pavimento, as paredes e as colunas do templo. Prende lâmpadas com correntes de prata, e te negas a visitá-lo quando ele está acorrentado na prisão. Com isto que estou dizendo não pretendo proibir o uso de tais adornos, mas afirmo que é absolutamente necessário fazer um sem descuidar do outro; mais: exorto-vos a que sintais a maior preocupação pelo irmão necessitado do que pela decoração do templo. Realmente ninguém estará condenado por omitir este segundo; mas os castigos do inferno, o fogo inextinguível e a companhia dos demônios estão destinados para aqueles que descuidem do primeiro. Portanto, ao decorar o templo, procurai não desprezar o irmão necessitado, porque este templo é muito mais precioso que aquele outro.
São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V)
“O Rico Epulão E O Pobre Lázaro”
Havia um homem rico que se vestia de púrpura. E visto que se faz menção do nome, parece tratar-se mais de uma história que de uma parábola. Com toda intenção o Senhor nos apresentou aqui a um rico que desfrutou dos prazeres deste mundo, e que agora, no inferno, sofre o tormento de uma fome que não se saciará jamais; e, não sem motivo apresenta, como associados aos seus sofrimentos, aos seus cinco irmãos, a saber, os cinco sentidos do corpo, unidos por uma espécie de irmandade natural, os quais estavam abrasando no fogo de uma infinidade de prazeres abomináveis; e, pelo contrário, colocou a Lázaro no seio de Abraão, como em um porto tranquilo e em um abrigo de santidade, para ensinar-nos que não devemos deixar-nos levar pelos prazeres presentes nem, permanecendo nos vícios ou vencidos pelo tédio, determinar uma fuga da ascese.
Trata-se, portanto, desse Lázaro que é pobre neste mundo, porém rico diante de Deus, ou daquele outro homem que, segundo o apóstolo, é pobre de palavra, mas rico de fé – na verdade, nem toda pobreza é santa, nem toda riqueza repreensível, mas do mesmo modo que a luxúria contamina as riquezas, assim a santidade recomenda a pobreza –, ou do homem apostólico que conserva íntegra sua fé, que não busca a beleza nas palavras, nem a reserva de argumentos, nem tampouco as luxuosas vestes da frase, posto que este tal já recebeu a sua apropriada recompensa quando lutou contra os hereges maniqueus: Marcião, Sabélio, Ário, Fotino..., reprimindo os desejos da carne que, como foi dito, serve de incentivo aos cinco sentidos, a saber, desse que recebeu a recompensa que lhe foi prometida, quando lhe foi entregue, em pagamento, riquezas superabundantes e um soldo perpétuo.
E não é que creiamos que seja errado sustentar que esta passagem se refere à crença de que Lázaro recolhe da mesa dos ricos, esse Lázaro cujas úlceras, segundo o texto, davam repulsa ao rico epulão, que entre banquetes luxuosos e convites cheios de perfumes não podia suportar o mau odor dessas chagas que os cachorros lambiam àquele que sentia fastio até do odor do ar e da própria natureza; e de fato não existe dúvida que a arrogância e o orgulho dos ricos têm sinais próprios para manifestar-se. E de tal maneira estes se esquecem que são homens, que, como se estivessem acima da natureza humana, encontram nas misérias dos pobres um incentivo para as suas paixões, riem-se do necessitado, insultam ao mendigo e saqueiam a esses mesmos dos quais deviam se compadecer.
O que quiser pode aderir, como um novo Lázaro, aos dois pontos de vista.
Santo Ambrósio, Bispo de Milão (Séc. IV)
Muito bom esta homilia destes Padres da Igreja.
ResponderExcluir