09 de Setembro de 2017 (CC) / 27 de Agosto (CE)
São
Fanúrio, Mártir
Jejum
Modo
4
A biografia do glorioso Santo e Grande Mártir Fanúrio é relativamente recente. Nada pode ser dito sobre a sua origem, seus pais, o período em que viveu, onde pregou a palavra de Deus e, por último, em que reinado, ou sob que Imperador ele testemunhou sua fé, entregando-se ao martírio. Nenhum testemunho de sua vida foi conservado, escrito ou oral, e nada saberíamos sobre sua existência, seu nome, não fosse este acontecimento:
Quando a linda ilha de Rodes (Grécia) foi conquistada pelos turcos, um de seus governadores quis reconstruir as muralhas da cidade destruídas pela guerra. Para isso, algumas cabanas em ruínas que se encontravam do lado de fora das muralhas precisavam ser demolidas. Assim, quando aconteceu a demolição e a área em torno foi escavada, descobriu-se soterrada entre os escombros uma linda igreja que tinha apenas uma de suas laterais destruída. Nas ruínas desta igreja esquecida até então, foram encontrados muitos ícones (imagens) de santos, todos já muito estragados pelo tempo, a ponto de não ser possível distinguir nem as letras nem as figuras humanas que representavam. Entretanto, entre todas estas imagens destruídas, uma estava ainda em tão bom estado de conservação que parecia ter sido pintada naquele dia em que havia sido descoberta no interior da igreja soterrada. Esta maravilhosa imagem que não havia sofrido os efeitos corrosivos do tempo e das condições em que se encontrava sob o solo, era a imagem de São Fanúrio.
As Doze Representações da Imagem
Logo que foi descoberta aquela igreja, um muito respeitado bispo da região chamado Nilo, homem fervoroso na fé e de vida muita santa, foi até o local e, com facilidade, leu as inscrições sobre aquele ícone: «São Fanúrio». Esta imagem estava rodeada por doze outras pequenas imagens que revelavam diferentes circunstâncias da vida do santo. No centro, estava Fanúrio ainda jovem, vestido com uniforme militar. Em sua mão esquerda tinha uma cruz e na direita uma vela acesa. As doze pequenas imagens em torno da imagem principal do santo mostravam as seguintes situações de sua vida, destacando as torturas e suplícios sofridos por causa de sua fé em Cristo e seu martírio final:
- A primeira mostrava o santo diante de um juiz que o interrogava. Fanúrio é mostrado entre os guardas, em pé diante do juiz, e parece fazer sua apologia com coragem, defendendo sua fé cristã.
- A segunda representa o santo entre os soldados que o conduzem para as torturas, sendo atingido com pedras na boca e cabeça.
- A terceira mostra o santo já caído por terra e os soldados que o golpeiam com pedaços de pau.
- Na quarta cena, uma tortura ainda mais terrível: o santo se encontra desnudo na cela do cárcere enquanto seus torturadores rasgam seu corpo com instrumentos de ferro. Pela postura, São Fanúrio parece suportar com serenidade este terrível tormento. Tem suas mãos cruzadas, o olhar dirigido ao céu e, com semblante de devoção parece rezar ao Senhor no qual depositou suas esperanças.
- A quinta imagem o mostra sozinho, trancado na cela e rezando com devoção a Deus, suplicando força para suportar as torturas a que logo seria submetido pelos brutais e impiedosos carrascos.
- Na sexta representação aparece novamente diante do tirano fazendo corajosamente sua apologia e, apesar das novas ameaças de torturas ainda piores, ele se recusa a negar a sua fé em Cristo.
- Na sétima imagem ele aparece novamente na prisão em outra cela fechada e seus torturadores queimam seu corpo com tochas acesas.
- A oitava imagem mostra o santo sofrendo uma tortura ainda mais terrível. Os carrascos, duros de coração, impiedosos e enfurecidos por sua persistente negação a oferecer culto aos seus ídolos, o colocam numa prensa e trituram seus ossos enquanto ele, tranquilo diante deste terrível tormento, sofre todas as dores com paciência e coragem, e seu lindo rosto mostra que foi derramado sobre ele uma alegria divina, porque o Senhor o fez digno de ser um dos seletos testemunhos da fé cristã.
- Na figura nona ele aparece jogado numa grande fossa entre animais selvagens para que o devorem enquanto, acima, seus carrascos o espreitam. Os animais, porém, não lhe fazem nenhum mal, ao contrário, com aspecto de mansidão o rodeiam enquanto o santo, com as mãos cruzadas sobre o peito, reza agradecido a Deus por ter livrado de mais este tormento.
- A décima imagem mostra um novo, mas não menos terrível, tormento. O santo está posto no chão com uma pesada laje de mármore posta sobre seu peito que lhe fratura o tórax impedindo a respiração.
- A figura décima – primeira mostra o santo diante dos ídolos dos infiéis. Segura nas mãos brasas acesas e está sendo vigiado por seus carrascos armados. No ar, acima do altar dos ídolos, sobrevoa um demônio com aspecto de dragão alado, que parece chorar e flagelar-se pelos exorcismos do santo.
- Finalmente, a décima segunda e última imagem mostra São Fanúrio em pé, dentro de um grande forno sobre troncos em chamas e, enquanto as chamas e a fumaça o envolvem, ora serenamente com as mãos elevadas para o céu, dirigindo ao Senhor os seus últimos pensamentos neste seu martírio final.
Um Milagre do Ícone Do Santo
Observando as doze cenas tão descritivas da vida de São Fanúrio neste ícone, o piedoso bispo Nilo compreendeu imediatamente que São Fanúrio tinha sido um dos mártires mais importantes da fé cristã. Logo enviou pessoas de sua confiança ao Governador do lugar para pedir-lhe que cedesse aquele lugar para que aquela igreja pudesse ser reconstruída. Mas ele se recusou a conceder esse favor. Sem perder tempo, o piedoso bispo foi pessoalmente à capital e lá conseguiu a autorização. Voltou logo a Rodes e reconstruiu a igreja de São Fanúrio, fora da muralha da cidade, no local mesmo onde havia sido feita a descoberta. Esta nova igreja, que ainda existe atualmente, tornou-se um lugar de muitos milagres e uma multidão acorria de toda a parte para adorar a Deus e honrar a memória de São Fanúrio.
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
2 Coríntios 7:10-16
10 Porque a
tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz
pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. 11 Pois vede quanto cuidado não
produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa
própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em
tudo provastes estar inocentes nesse negócio. 12 Portanto, ainda que vos
escrevi, não foi por causa do que fez o mal, nem por causa do que o sofreu, mas
para que fosse manifesto, diante de Deus, o vosso grande cuidado por nós. 13
Por isso temos sido consolados. E em nossa consolação nos alegramos ainda muito
mais pela alegria de Tito, porque o seu espírito tem sido recreado por vós
todos. 14 Porque, se em alguma coisa me gloriei de vós para com ele, não fiquei
envergonhado; mas como vos dissemos tudo com verdade, assim também o louvor que
de vós fizemos a Tito se achou verdadeiro. 15 E o seu entranhável afeto para
convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o
recebestes com temor e tremor. 16 Regozijo-me porque em tudo tenho confiança em
vós.
Marcos 2:18-22
18 Ora, os
discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por
que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não
jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às
núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem
jejuar; 20 dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim
hão de jejuar. 21 Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do
contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura. 22 E
ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os
odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em
odres novos.
† † †
REFLEXÃO
«Então Jejuarão»
«Dias virão em que o Esposo lhes será retirado; então
jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de tristeza e
de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos homens; a graça
escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo, na mão dos seus carrascos,
perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos vivos (Is 53,
2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver. Felizes dos que,
antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença, interrogá-Lo como queriam e
escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos agora ao cumprimento
daquilo que Ele disse: «dias virão em que desejareis apenas ver um dos dias do
Filho do homem, mas não o vereis» (Luc 17,22)...
«As minhas lágrimas
tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde
está o teu Deus?"» (Sl 41,4).
Quem não diria com
o rei profeta: Cremos n' Ele, sem dúvida, sentado já à direita do Pai, mas
enquanto estivermos neste corpo, estamos longe d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos
mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua existência e, mesmo quem a nega dizendo:
«Onde está o teu Deus?»...
«Um pouco mais de
tempo ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a hora acerca da qual Ele disse: «Vós estareis na tristeza, mas o
mundo estará na alegria»... Mas,
acrescenta ele, «voltarei a
ver-vos e o vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A esperança que nos dá assim,
Aquele que É fiel nas suas promessas não nos deixa, desde agora, sem nenhuma
alegria – até que venha a alegria sobreabundaste do dia em que nos tornaremos
semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo 3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz (diz
Nosso Senhor), sofre, porque chegou a sua hora, mas quando o filho nasce,
experimenta uma grande alegria, porque um ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que
ninguém poderá tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da
concepção presente da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque
estamos ainda no dia do parto.
Agostinho, Bispo de
Hipona.
† † †
Quando e Como Jejuar
Quando é que os discípulos de Cristo devem jejuar? Quando o
Noivo estiver ausente. Embora realmente presente em Espírito entre nós, já por
dois mil anos ausente fisicamente. O Noivo nos foi retirado, embora não nos
tenha deixado órfãos.
O jejum, conforme ensina
a Santa Tradição, além de simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados
cometidos, também é um exercício de privação do apetite, dos desejos por
saciedade e do prazer oral. Esta privação não é um exercício «de dor pela dor»,
mas, um treinamento de fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos
do corpo, fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha
enfraquecida pelo pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da
carne, ou seja, é um combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada
para Deus. Não é meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas
uma ferramenta em que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na
imagem (semelhança), do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).
Como deve ser
praticado o jejum? Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de
forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam
que estamos jejuando.
Em segundo lugar
praticando-o, conforme as nossas forças e de acordo com as circunstâncias.
Existem três tipos de jejuns: o rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum
rigoroso diz respeito a uma total abstinência de comida e bebida, inclusive
água. O jejum estrito corresponde à abstinência total de comidas e bebidas,
podendo, no entanto, beber água. E, por fim, o jejum moderado, que
consiste numa abstinência de ingestão de produtos animais (carnes, lacticínios
e derivados) como também de bebida forte.
Os dois primeiros
tipos de jejuns são altamente impróprios para as pessoas desacostumadas a esta
pratica, principalmente àquelas que habitam os grandes centros urbanos e
necessitam empreender trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão.
Estes dois tipos de jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de
jejum - quando tiver de ser realizado por um longo período (tal como os
períodos Quaresmais), deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente.
As pessoas com problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de
jejuar, pois afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda
perante Deus (1 Cor. 8:8; Col. 2:16).
A Santa Tradição
prescreve a todos os Cristãos Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões
especiais e próprias) duas vezes por semana (às quartas-feiras e às
sextas-feiras); além de um jejum parcial a partir da meia noite do sábado até o
final da Divina Liturgia (a qual é celebrada aos domingos pela manhã), a fim de
que os preciosos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as
primícias de nossa alimentação.
Padre Mateus (Antonio
Eça)
† † †
ORAÇÃO
Como a corça
suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu Deus.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de
Deus? As lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o dia:
“Onde está o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite cantarei
uma prece a Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha alma, e
gemes dentro de mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da minha face
e meu Deus!”.
Salmo 41(42): 2-4,9,12
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