quinta-feira, 7 de setembro de 2017

14ª Quinta-feira Depois de Cristo

07 de Setembro de 2017 (CC) / 2 de Agosto (CE)
São Tito, Bispo de Creta (Apóstolo dos 70 – séc. I)
Retorno das Relíquias do Apóstolo Bartolomeu de Anastasiopolis para Lipari
Modo 4




Tito, cujo nome é de origem latina, era grego e pagão (cf. Gl 2, 3). Ainda jovem se converteu ao cristianismo, foi batizado pelo Apóstolo São Paulo e se tornou companheiro e inestimável colaborador do apóstolo. Quando Paulo disse a Tito: «Isto deves ensinar, recomendar e reprovar com toda autoridade», fez surgir um outro grande evangelizador, que permaneceu trabalhando ao seu lado. Encarregado pelo apóstolo para executar importantes missões, foi uma vez a Jerusalém para entregar a importância duma coleta em favor dos cristãos pobres. «Meu companheiro e colaborador», como escreveu o apóstolo na segunda carta aos Corintos. Companheiro dos momentos importantes, como a famosa reunião do concílio de Jerusalém, que tratou da necessidade de renovação e diversificação dos ritos devido a evangelização no mundo pagão. Tito, porém, foi também um mediador persuasivo, e entusiasmou Paulo resolvendo uma grave crise entre ele e os Corintos. Enviado por São Paulo a Corinto com a tarefa de reconduzir aquela indócil comunidade à obediência, Tito restabeleceu a paz entre a Igreja de Corinto e o Apóstolo, que lhe escreveu nestes termos: «Deus, porém, que consola os humildes, consolou-nos com a chegada de Tito, e não só com a sua chegada, mas também com a consolação que ele tinha recebido de vós. Contou-nos ele o vosso vivo desejo, a vossa aflição, a vossa solicitude por mim… Foi por isso que ficamos consolados» (2 Cor 7, 6-7.13). 
Entre os anos 64 e 65, tendo sido libertado da prisão romana o apóstolo Paulo foi com ele para a ilha de Creta, onde fundou uma comunidade cristã, que confiou a Tito. Mais tarde, visitou a Paulo em Nicópolis. Voltou novamente à Ilha de Creta, onde recebeu uma carta do próprio mestre, Paulo, que figura entre os livros sagrados. Depois, retornou à Roma para se avistar com o apóstolo que o mandou provavelmente evangelizar a Dalmácia, onde seu culto ainda hoje é intenso. Segundo a tradição mais antiga, Tito permaneceu como bispo de Creta até sua morte, que ocorreu em idade avançada, por causa natural e não por martírio, em Creta no ano 105 depois de Cristo. Ele teria conservado a virgindade até a morte. São Paulo o chama repetidamente «meu companheiro e colaborador», e na segunda carta aos Corintos, num momento de especial amargura, diz: «Deus me consolou com a chegada de Tito». 
Traslado das Relíquias do Apóstolo Bartolomeu 
A transferência das relíquias do apóstolo Bartolomeu se deu no final do século VI. Sua atividade apostólica e o seu martírio são lembrados pela Igreja em 11 de junho. O Apóstolo Bartolomeu padeceu por Cristo na região do Cáucaso (hoje Baku, capital do Azerbaijão), no ano 71, onde também suas santas relíquias estavam situadas. Muitos milagres ocorreram pelas relíquias do santo Apóstolos, e vários dos incrédulos foram convertidos a Cristo. As relíquias do Apóstolo Bartolomeu foram transferidas no tempo do Imperador Anastásios (491-518) para a cidade recém-construída de Anastasiópolis (ou Dareia), e lá permaneceram até o final do século VI. 
Quando a cidade de Anastasiópolis foi capturada pelo Imperador persa, Khozroes, cristãos puseram as relíquias do apóstolo Bartolomeu em um baú e fugiram com ela para as margens do Mar Negro. Porém, foram perseguidos e alcançados por sacerdotes pagãos, os quais jogaram no mar o baú que continha as relíquias do Apóstolo Bartolomeu. Juntamente com o baú, outras 4 caixas foram lançadas ao mar com as relíquias dos Santos Mártires Papian, Luciano, Gregório e Akakios. Pelo poder de Deus os baús não afundaram e foram levados pela correnteza até as praias da Itália. O baú com as relíquias do Apóstolo Bartolomeu aportou na ilha de Lipari, e as caixas restantes se dispersaram por vários lugares da Itália: O que continha as relíquias do Mártir Papian, parou na Sicília; o do Mártir Luciano em Messina; o do Mártir Gregório na Calábria, e a do Mártir Akakios, em Asculusa. A chegada das relíquias do santo Apóstolo Bartolomeu fora revelada ao bispo da ilha de Lipari, Agathon, o qual foi com o clero às margens do mar, retirou o baú das águas, e solenemente o transferiu para a igreja. 
As relíquias do Apóstolo Bartolomeu passaram a fluir mirra, curando várias doenças. Elas permaneceram na igreja da ilha de Lipari até meados do século IX, quando a ilha foi capturada pelos pagãos. Mercadores cristãos pegaram as relíquias do Apóstolo Bartolomeu e as transferiu para a cidade de Benevento, onde foram recebidas com grande veneração e colocadas na Igreja Matriz da cidade.


Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Gálatas 1:1-10, 20-2:5

Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos), E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai, Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém... Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía. E glorificavam a Deus a respeito de mim. Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

Marcos 5:1-20

1 Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos. 2 E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo, 3 o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo; 4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar; 5 e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras, 6 Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o; 7 e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. 8 Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo. 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. 10 E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região. 11 Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. 12 Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. 13 E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram. 14 Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido. 15 Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram. 16 E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos. 17 Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos. 18 E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. 20 Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.

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COMENTÁRIO

É quase inconcebível a cena descrita por São Marcos: um ser humano que tem seu psiquismo tomado por dois mil demônios (isto se considerarmos que o número de demônios que possuíam aquele homem seja correspondente ao da manada de porcos que se precipitou no abismo). As pessoas que pensam o mundo pela ótica dos cientificismos dirão que esta é uma cena surreal. Para nós aqui não nos interessa demonstrar por meio de argumentos – científicos ou teológicos - a pertinência e realidade da ação dos demônios na alma humana. Deixamos a cargo da realidade social que vivemos o testemunho do absurdo da perversão e da maldade que habitam o ser humano - o crime organizado, os pedófilos “iluminados” (artistas, cientistas e religiosos), a violência homicida contra crianças e idosos, a degeneração das relações interpessoais e coisas semelhantes. Aqui nos cabe procurar demonstrar por meio das pistas contidas nesta narrativa, como esta realidade bizarra com a qual Cristo tanto se deparou, se configura e se estabelece no ser humano.

São Marcos nos diz que os gadarenos criavam porcos, o que mostra que viviam de uma atividade ilegal, alimentada por um mercado clandestino de consumidores de carne de porco; portanto, deveria ser uma atividade muito lucrativa, uma vez que por ser difícil a aquisição, a carne suína tinha um preço muito elevado. Assim, podemos entender que entre os principais consumidores desta «iguaria» estavam autoridades civis, os grandes mercadores e os nobres. Esta é a razão pela qual não eram molestados, apesar de proibida pela Lei de Moisés.

Nesta disposição de vida, temos a configuração perfeita para a degeneração e demonização do ser humano e de suas sociedades: quando as necessidades consideradas básicas para a sobrevivência e o desejo de riquezas se sobrepõem ao mandamento Divino. Esta foi a primeira perspectiva demoníaca que se apresentou para tentar o próprio Cristo: «Se És Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães», e a tal proposta repele: «Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus».

A «luta pela sobrevivência» e a busca da felicidade por meio das posses e do prazer, fez da religião um meio subordinado a estes objetivos. Deus deixa de ser o fim principal para o qual o homem orienta seus desejos, tornando-se uma espécie de «gênio encantado», com superpoderes para realizar todos os desejos do seu amo. Quando a religião não se presta a este fim, então, em geral os homens se voltam contra ela, procurando bani-la e encontrar outra que a substitua e se preste a tal fim. E, assim nascem e se estabelecem os falsos profetas, os criadores de ídolos e ilusões, ou seja, aqueles que habilmente criam sistemas, raciocínios e espiritualidades que se prestem a atender os apelos psíquicos e corporais dos seres humanos. 

Certamente que os gadarenos tinha sua religião. O que não faltavam era cultos pagãos à fertilidade a garantir a bênção dos deuses aos anelos humanos. Iludidos e recompensados pelas promessas ou realidades experimentadas das «bênçãos» temporais, eles não sabiam que cultuavam os demônios. Por isto São Paulo diz: 

«Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios» (1 Cor. 10:20).

Os gadarenos não queriam Cristo e Lhe pedem que se retire de sua cidade. Mas o outrora endemoninhado não quer mais sair de Sua companhia, pois ele conhecera o mundo terrível de Satanás, de suas inquebrantáveis cadeias, até que chegou a ele, Aquele que É o Amigo do Homem, libertando-lhe de todos os grilhões. Cristo não atende seu pedido, antes o envia para testemunhar entre os demais cativos a graça que o libertara. Cristo não lhe atendeu o pedido, mas não lhe negou o desejo, pois, em sua missão entre os gadarenos, Ele, em Espírito o acompanharia, Se faria presente em sua solidão e visível em meio às invisibilidades aos sentidos. Por fim, ele, o gadareno, se somaria à grande nuvem de testemunhas, das quais o mundo não é digno (Hb. 11:38; 12:1) e comporia "a universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hb 12:23).

ORAÇÃO

Deus Todo-poderoso, que libertaste Teu povo da escravidão do adversário, e que através de Teu Filho lançaste abaixo Satanás como um raio, liberta-me também de toda influencia de espíritos impuros. Manda Satanás partir para bem longe de mim pelo poder de Teu Filho Único. Salva-me da ilusão demoníaca e da escuridão. Preenche-me com a luz do Espírito Santo para que eu possa ser guardado contra as armadilhas dos demônios astuciosos. Conceda que um anjo sempre vá perante mim e leve-me para o caminho da retidão todos os dias da minha vida, para a honra de Teu glorioso Nome, Pai, Filho e Espírito Santo, agora e sempre. Amém.

Oração contra a Influência Demoníaca
Livro Ortodoxo de Orações

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