S. Jorge, o Cozebita († c. 613)
Modo 8
São Jorge nasceu em um povoado de Chipre, seus pais eram cristãos e tinha um irmão maior chamado Heracleo. Quando seus pais ainda eram vivos, dirigiu-se a Terra Santa para uma peregrinação e lá mesmo entrou no monastério de Calamonos onde, mais tarde, foi ordenado monge. Em seguida reencontrou-se com sua família permanecendo com ela até que seus pais morressem.
Já órfão, seu tio, que tinha uma filha, o adotou. Seu tio pretendia casar sua filha com o sobrinho. Contudo, como Jorge não queria contrair matrimônio, foi para casa de outro tio que era abade em um monastério. Sentindo-se pressionado pelo seu tio a casar-se com sua filha, Jorge decidiu ir com seu irmão Heracleo ao monastério de Calomonos. Sendo ainda muito jovem foi aconselhado a procurar o monastério da Santíssima Mãe de Deus, onde passou o resto de sua vida seguindo rigorosamente as regras monásticas. A fama de suas virtudes se espalhou por toda a região e seu trabalho espiritual iluminou a muitos. Finalmente, São Jorge, o Jozebita, entregou seu espírito a Deus em paz.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (XI)
João 21:15-25
E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.
LITURGIA
1 Timóteo 4:9-15
9 Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação. 10 Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem. 11 Manda estas coisas e ensina-as. 12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. 13 até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. 14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbítero. 15 Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.
Lucas 19:1-10
1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. 3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. 4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. 5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. 6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. 8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
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COMENTÁRIO
COMENTÁRIO
Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os que querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.
O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.
No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu”, o qual consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa, que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.
A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada: Zaqueu, como fruto de sua fé e esforço pessoal (Tiago 2:24).
Na perspectiva mistagógica, podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e da nossa incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “Shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.
O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa participação na Natureza Divina, alcançando, assim, a semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.
O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece no meio do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).
Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão, Eucaristia).
A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceiamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.
Ó Deus, Tu És o meu Deus, de madrugada Te buscarei; a minha alma tem sede de Ti; a minha carne Te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água; para ver a Tua força e a Tua glória, como Te vi no santuário. Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios Te louvarão. Assim eu Te bendirei enquanto viver; em Teu Nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca Te louvará com alegres lábios, quando me lembrar de Ti na minha cama, e meditar em Ti nas vigílias da noite. Porque Tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das Tuas asas me regozijarei. A minha alma Te segue de perto; a Tua destra me sustenta. Mas aqueles que procuram a minha alma para a destruir, irão para as profundezas da terra; cairão à espada, serão uma ração para as raposas. Mas o rei se regozijará em Deus; qualquer que por ele jurar se gloriará; porque se taparão as bocas dos que falam a mentira.
O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.
No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu”, o qual consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa, que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.
A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada: Zaqueu, como fruto de sua fé e esforço pessoal (Tiago 2:24).
Na perspectiva mistagógica, podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e da nossa incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “Shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.
O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa participação na Natureza Divina, alcançando, assim, a semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.
O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece no meio do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).
Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão, Eucaristia).
A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceiamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.
Pe. Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
Ó Deus, Tu És o meu Deus, de madrugada Te buscarei; a minha alma tem sede de Ti; a minha carne Te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água; para ver a Tua força e a Tua glória, como Te vi no santuário. Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios Te louvarão. Assim eu Te bendirei enquanto viver; em Teu Nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca Te louvará com alegres lábios, quando me lembrar de Ti na minha cama, e meditar em Ti nas vigílias da noite. Porque Tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das Tuas asas me regozijarei. A minha alma Te segue de perto; a Tua destra me sustenta. Mas aqueles que procuram a minha alma para a destruir, irão para as profundezas da terra; cairão à espada, serão uma ração para as raposas. Mas o rei se regozijará em Deus; qualquer que por ele jurar se gloriará; porque se taparão as bocas dos que falam a mentira.
Salmos 62:1-11 (63:1-11)
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