segunda-feira, 2 de novembro de 2020

22ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

02 de Novembro de 2020 (CC) / 20 de Outubro (CE)
S. Megalomártir Artemio; S. Gerásimo, o Anacoreta do Monte Athos; 
S. Gerásimo da Cefalônia e S. Matrona
Tom 4



Artêmio era um distinto político bizantino e fiel cristão. Constantino, o Grande, reconhecendo seus talentos morais e políticos, o nomeou Duque de Alexandria. Quando Artêmio soube que Juliano torturava os cristãos em Antioquia, lembrou-se do salmo de Davi:
 
«Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça». (Salmo 50,14).
 
Assim foi que Artêmio, com a força que Deus lhe concedeu, foi para Antioquia e, ao chegar, pode comprovar pessoalmente as perseguições ilegais aos cristãos, censurando a atitude de Juliano. Este, não esperando por uma reação como esta de um alto dignitário, ordena então que seja aprisionado e açoitado, o que o fazem com toda a crueldade. Depois disso, Artêmio foi apedrejado, o que lhe resultou na fratura de vários ossos. Finalmente, decapitado, entregou seu espírito a Deus. As relíquias de Santo Artêmio foram guardadas por uma piedosa senhora de nome Aristi que, mais tarde, as transferiu para a Igreja do Santo Profeta e Precursor João Batista, em Constantinopla.
 
 
Oração Antes de Ler as Escrituras
 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Colossenses 2:13-20

E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como...

Lucas 9:18-22

E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou? E, respondendo eles, disseram: João o Batista; outros, Elias, e outros que um dos antigos profetas ressuscitou. E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus. E, admoestando-os, mandou que a ninguém referissem isso, Dizendo: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia.

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COMENTÁRIO


“Pedro faz uma precisa profissão de fé em Cristo”

Quando Jesus estava rezando sozinho, na presença de seus discípulos, perguntou-lhes: Quem dizem às pessoas que eu sou? Assim, o Salvador e Senhor de todos se apresentava a si mesmo como modelo de uma vida digna aos seus santos discípulos quando orava sozinho, em sua presença. Porém, talvez houvesse algo que preocupava aos seus discípulos e que provocava neles pensamentos não totalmente dignos. De fato, hoje viam ao humano orar e ao qual na véspera viram ao divino realizar prodígios. Em consequência, não carecia de fundamento que se fizessem esta reflexão: “Que coisa estranha! Temos de considerá-lo como Deus ou como homem?”

Com a finalidade de pôr fim ao tumulto de semelhantes sofismas e tranquilizar sua fé vacilante, Jesus lhes disputa uma questão, conhecendo perfeitamente de antemão o que dele diziam aqueles que não pertenciam à comunidade judaica e até mesmo o que dele pensavam os israelitas. Realmente queria afastá-los da opinião da multidão e buscava a maneira de consolidar neles uma fé autêntica. Ele lhes perguntou: Quem dizem às pessoas que eu sou?

Mais uma vez é Pedro que se adianta aos demais, constitui-se em porta-voz do colégio apostólico, pronuncia palavras cheias de amor a Deus e faz uma profissão de fé precisa e irrepreensível nele, dizendo: O Messias de Deus. O discípulo está alerta, e o pregador das verdades sagradas mostra-se extremamente prudente. De fato, não se limita a dizer simplesmente que é um Cristo de Deus, mas o Cristo, pois “cristos” houve muitos, assim chamados em razão da unção recebida de Deus por diversos títulos: alguns foram ungidos como reis, outros como profetas, outros finalmente, como nós, tendo alcançado a salvação por este Cristo, Salvador de todos, e tendo recebido a unção do Espírito Santo, recebemos a denominação de “cristãos”. Portanto, certamente são muitos os “cristos” em vistas de um determinado ofício, mas ele é única e exclusivamente o Cristo de Deus Pai.

Uma vez que o discípulo fez a profissão de fé, proibiu-lhes terminantemente de dizê-lo para ninguém. E acrescentou: O Filho do homem deve padecer muito, ser reprovado, executado e ressuscitar ao terceiro dia. Porém, não era essa mais uma razão para que os discípulos o pregassem por todos os lugares? Na verdade, esta era a missão daqueles a quem ele consagrou para o apostolado. Mas, como diz a Escritura: Cada assunto tem o seu momento. Convinha que a sua pregação fosse precedida da plena realização daqueles mistérios que ainda não se tinham cumprido. São eles: a crucificação, a paixão, a morte corporal, a ressurreição dentre os mortos, este grande e verdadeiramente glorioso milagre, pelo qual se comprova que o Emanuel é verdadeiro Deus e Filho natural de Deus Pai.

Na realidade, a total destruição da morte, a supressão da corrupção, o espólio do inferno, a subversão da tirania do diabo, o cancelamento do pecado do mundo, a abertura aos habitantes da terra das portas do céu e a união do céu e da terra: todas estas coisas são, repito, a prova digna de fé de que o Emanuel é Deus verdadeiro. Por isso lhes ordena cobrir temporalmente o mistério com o respeitoso véu do silêncio até que todo o processo da economia divina tenha chegado a sua natural culminação. Então, a saber: uma vez ressuscitado dentre os mortos, deu ordem de revelar o mistério ao mundo inteiro, propondo a todos a justificação pela fé e a purificação mediante o santo batismo. Ele disse verdadeiramente: Foi-me concedido todo poder no céu e na terra. Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo.

São Cirilo, Patriarca de Alexandria, (séc. V)

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