São Gregório, o Taumaturgo, bispo de Neo-Cesaréia († c. 275)
Jejum da Natividade
Tom 8
Teodoro, que mais tarde seria chamado Gregório e, por seus milagres, tornou-se conhecido como «o Taumaturgo», nasceu em Neo-Cesaréia do Ponto (Ásia). Seus pais eram de linhagem nobre e pagãos. Quando Gregório tinha catorze anos de idade, ficou órfão de pai. O jovem seguiu com sua carreira jurídica. A irmã de Gregório empreendeu uma viagem a Cesaréia da Palestina para encontrar-se com seu esposo que ocupava um cargo oficial. Gregório a acompanhou nessa viagem, bem como o seu irmão, Atenodoro, que mais tarde tornou-se bispo e muito sofreu por sua fé.
Gregório planejava exercer o ofício de advogado em seu país, porém, pouco depois de sua chegada, foi eleito bispo de Neo-Cesaréia, cidade que contava, nesta época, com apenas dezessete cristãos. Neo-Cesaréia era, nesta época, uma cidade muito rica e com uma grande população, predominando a idolatria e o vício. São Gregório, consumido pelo zelo e caridade, entregou-se energicamente no cumprimento de seus deveres pastorais, sendo agraciado por Deus com um extraordinário dom de operar milagres. São Basílio disse a seu respeito que «com a ajuda do Espírito Santo, tinha um poder formidável sobre os maus espíritos. Em certa ocasião, fez secar um lago que era motivo de disputa entre dois irmãos. Sua capacidade de prever e predizer os acontecimentos futuros o elevava a altura dos profetas. Os milagres que operava eram tão notáveis que amigos e inimigos o consideravam como um novo Moisés».
Pouco depois de tomar posse de sua sede como bispo, São Gregório foi hospedar-se na casa de Musonio, um personagem importante da cidade que lhe havia convidado para que fosse morar com ele. Nesse mesmo dia iniciou sua atividade de pregação e, antes que a noite caísse, já havia convertido um número suficiente para formar uma pequena igreja. No dia seguinte, aglomeravam-se à porta da casa de Musonio muitos enfermos aos quais Gregório restaurava a saúde, e os convertia à fé cristã. Logo os cristãos eram em tal número que Gregório pode construir uma Igreja, já que todos colaboravam com suas esmolas e trabalho. A prudência e o tato de São Gregório moviam as pessoas a buscar sua orientação acerca de questões civis e religiosas e, nesse sentido, foram de grande proveito ao santo, seus estudos dos assuntos jurídicos.
São Gregório de Nissa e seu irmão, São Basílio, ficaram sabendo através da avó, Santa Macrina, do que se dizia a respeito do Taumaturgo, já que a santa, quando ainda era pequena, vivia em Cesaréia, mais ou menos na época em que morreu São Gregório. São Basílio diz que, a vida do Taumaturgo refletia a sublimidade de seu fervor evangélico. Em suas práticas devocionais, mostrava grande reverência, recolhimento, e jamais orava com a cabeça coberta. Amava a simplicidade e modéstia nas palavras: o «sim» e o «não» constituíam a medula de suas conversações. Detestava a mentira e a falsidade; em suas palavras, tanto como em sua conduta, não havia nunca a menor sombra de cólera ou de amargura.
Quando irrompeu a perseguição aos cristãos sob o império de Décio no ano 250, São Gregório aconselhou aos cristãos que se escondessem para não ficarem expostos aos perigo de perder a fé. Ele mesmo se retirou para o deserto em companhia de um antigo sacerdote pagão a quem havia convertido e ordenado diácono para estar ao seu lado. Os perseguidores ficaram sabendo que Gregório se refugiara nas montanhas e enviaram um pelotão de soldados para que fosse capturado. Estes, porém, voltaram sem a «presa», dizendo que só haviam encontrado vegetação. Então, o homem que havia indicado o lugar onde estava escondido São Gregório foi ao bosque e encontrou o Santo e seu companheiro entregues à oração. Diante de tal quadro, compreendeu que Deus devia ter protegido aqueles dois homens, fazendo com que os soldados os confundissem com as árvores. De delator de cristãos, este homem converteu-se à fé cristã.
Depois da perseguição, teve início uma epidemia que foi seguida da invasão dos godos. Assim, não é de se estranhar que, em tais circunstâncias, não lhe tenha restado muito para escrever, pois que devia dedicar-se à sua tarefa pastoral. Ele mesmo é quem descreve as dificuldades de seu ministério na «Carta canônica», que escreveu por ocasião dos problemas causados pela invasão dos bárbaros. Diz-se que o Santo organizava entretenimento nos dias das festas dos mártires, e que isso tenha contribuído para atrair os pagãos e popularizar as reuniões religiosas entre os cristãos. Além disso, o santo estava certamente convencido de que, a diversão saudável, além das práticas religiosas, constituíam também uma maneira de venerar os mártires.
De qualquer modo, São Gregório foi, ao que se sabe, o único missionário que, durante os três primeiros séculos da Igreja, empregou tais métodos em sua ação pastoral, ele que era um grego de notável cultura.
Pouco antes de sua morte São Gregório fez investigações para verificar quantos infiéis restavam ainda na cidade e, tomando conhecimento de qu somavam dezessete, exclamou alegremente: «Graças sejam dadas a Deus! Pois, quando cheguei a esta cidade, não havia mais que dezessete cristãos». Depois de orar pela conversão dos infiéis e pela santificação daqueles que já eram agraciados com a fé no verdadeiro Deus, recomendou aos seus amigos que, quando morresse, não fosse sepultado num lugar distinto, já que havia estado no mundo como peregrino, sem buscar a si mesmo e desejava compartilhar da mesma sorte das pessoas simples depois da morte. No ano 270, São Gregório adormeceu, entregando ao Senhor sua alma em paz.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Timóteo 1:1-7
Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa, a Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor. Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa, a Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor. Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
Lucas 14:12-15
E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos. E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
Nunca faltam hóspedes e exilados; por todas as partes podem ver-se mãos estendidas implorando uma esmola. A estes, o ar livre sob um céu estrelado lhes serve de teto; os pórticos, as encruzilhadas dos caminhos e os rincões mais afastados das praças lhes oferecem abrigo. À imitação das corujas e bufos, ocultam-se nas cavernas. Cobrem-se com vestes esfarrapadas, desgastadas e maltrapilhas. Os produtos dos campos são para eles a bondade daqueles que se compadecem de sua miséria; seu alimento é o que conseguirem recolher das pessoas de quem se aproximam; sua bebida é a mesma dos seres irracionais, ou seja, as fontes; seu copo são as conchas das mãos; seu alforje é o próprio estômago, enquanto não esteja totalmente indisposto, incapaz de cobiçar as coisas que nele se lançam. Sua mesa são os joelhos juntos; seu leito, o chão; seu banho, o que Deus proporcionou a todos, construído sem intervenção do engenho humano: o rio ou o lago. Levam uma vida errante e campesina, e não porque inicialmente optaram por este estilo de vida, mas porque as calamidades e a necessidade lhes obrigaram a isso.
Tu que jejuas, proporciona a eles o necessário para o sustento. Sê benigno com os irmãos miseráveis. Aquilo que tu subtrais ao estômago, dai ao que tem fome. Que o justo temor de Deus gere igualdade. Mediante uma modesta temperança, combina e modera duas tendências contrárias entre si: tua saciedade e a fome do irmão. Que a razão abra aos pobres as portas dos ricos. Que a prudência deixe ao necessitado rápido acesso ao abastado. Que não seja o cálculo humano o que abasteça aos indigentes, mas sim a palavra eterna de Deus a que lhes proporcione casa, leito e mesa. Com palavras transbordantes de carinho e humanismo, forneça de teus bens o necessário para a vida. Que a multidão de pobres e de enfermos encontrem em ti um refúgio seguro. Que cada um se cuide com toda dedicação de seus vizinhos. Não consintas que ninguém se antecipe a ti na solicitude, digna de recompensa para com os próximos. Cuide para que não arranquem de ti o tesouro que te está reservado.
Abraça, como ao ouro, o homem flagelado pela calamidade. Cuida de tal forma da precária saúde do pobre, como se dela dependesse o teu bem-estar, a saúde de tua mulher, a de teus filhos, a de teus servos, em uma palavra: a saúde de toda a tua família. Pois se é verdade que todos os pobres hão de ser atendidos e auxiliados, temos de cercar com uma especialíssima atenção aos enfermos. Pois aquele que é ao mesmo tempo indigente e enfermo, está atribulado por uma dupla pobreza. De fato, os pobres que possuem um corpo vigoroso, indo de porta em porta, finalmente acabarão encontrando quem lhes dê alguma coisa. Ademais, colocam-se nos locais concorridos, dirigindo-se a todos os transeuntes implorando ajuda. Já os pobres que não desfrutam de boa saúde se encontram reclusos em uma mísera choupana, ou até mesmo em um apertado canto da choupana, como Daniel na cova dos leões, e te esperam, qual outro Habacuc, a ti cheio de bondade, de preocupação e de amor para com os pobres.
Portanto, mediante a esmola, amigo do profeta; socorre o indigente prontamente e sem nenhum tipo de preguiça. Não temas, não sofrerás diminuição em teus interesses. Porque da esmola se deriva um variado e substancioso proveito. Semeia o benefício, para que possas colher o fruto e encher a tua casa de bons feixes.
E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos. E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
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REFLEXÃO
Sê Benigno Com os Irmãos Miseráveis
Nunca faltam hóspedes e exilados; por todas as partes podem ver-se mãos estendidas implorando uma esmola. A estes, o ar livre sob um céu estrelado lhes serve de teto; os pórticos, as encruzilhadas dos caminhos e os rincões mais afastados das praças lhes oferecem abrigo. À imitação das corujas e bufos, ocultam-se nas cavernas. Cobrem-se com vestes esfarrapadas, desgastadas e maltrapilhas. Os produtos dos campos são para eles a bondade daqueles que se compadecem de sua miséria; seu alimento é o que conseguirem recolher das pessoas de quem se aproximam; sua bebida é a mesma dos seres irracionais, ou seja, as fontes; seu copo são as conchas das mãos; seu alforje é o próprio estômago, enquanto não esteja totalmente indisposto, incapaz de cobiçar as coisas que nele se lançam. Sua mesa são os joelhos juntos; seu leito, o chão; seu banho, o que Deus proporcionou a todos, construído sem intervenção do engenho humano: o rio ou o lago. Levam uma vida errante e campesina, e não porque inicialmente optaram por este estilo de vida, mas porque as calamidades e a necessidade lhes obrigaram a isso.
Tu que jejuas, proporciona a eles o necessário para o sustento. Sê benigno com os irmãos miseráveis. Aquilo que tu subtrais ao estômago, dai ao que tem fome. Que o justo temor de Deus gere igualdade. Mediante uma modesta temperança, combina e modera duas tendências contrárias entre si: tua saciedade e a fome do irmão. Que a razão abra aos pobres as portas dos ricos. Que a prudência deixe ao necessitado rápido acesso ao abastado. Que não seja o cálculo humano o que abasteça aos indigentes, mas sim a palavra eterna de Deus a que lhes proporcione casa, leito e mesa. Com palavras transbordantes de carinho e humanismo, forneça de teus bens o necessário para a vida. Que a multidão de pobres e de enfermos encontrem em ti um refúgio seguro. Que cada um se cuide com toda dedicação de seus vizinhos. Não consintas que ninguém se antecipe a ti na solicitude, digna de recompensa para com os próximos. Cuide para que não arranquem de ti o tesouro que te está reservado.
Abraça, como ao ouro, o homem flagelado pela calamidade. Cuida de tal forma da precária saúde do pobre, como se dela dependesse o teu bem-estar, a saúde de tua mulher, a de teus filhos, a de teus servos, em uma palavra: a saúde de toda a tua família. Pois se é verdade que todos os pobres hão de ser atendidos e auxiliados, temos de cercar com uma especialíssima atenção aos enfermos. Pois aquele que é ao mesmo tempo indigente e enfermo, está atribulado por uma dupla pobreza. De fato, os pobres que possuem um corpo vigoroso, indo de porta em porta, finalmente acabarão encontrando quem lhes dê alguma coisa. Ademais, colocam-se nos locais concorridos, dirigindo-se a todos os transeuntes implorando ajuda. Já os pobres que não desfrutam de boa saúde se encontram reclusos em uma mísera choupana, ou até mesmo em um apertado canto da choupana, como Daniel na cova dos leões, e te esperam, qual outro Habacuc, a ti cheio de bondade, de preocupação e de amor para com os pobres.
Portanto, mediante a esmola, amigo do profeta; socorre o indigente prontamente e sem nenhum tipo de preguiça. Não temas, não sofrerás diminuição em teus interesses. Porque da esmola se deriva um variado e substancioso proveito. Semeia o benefício, para que possas colher o fruto e encher a tua casa de bons feixes.
São Gregório de Nissa (séc. IV)
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