11 de Novembro de 2020 (CC) / 29 de Outubro (CE)S.
Anastásia, a romana, monja e mártir († séc. IV?);
Venerável Abramius (360 dC) e Sua Sobrina, Monge Maria (365 dC)
Tom 5
Nasceu em Roma, de pais nobres, e ficando órfã aos três anos de idade foi levada a um mosteiro de mulheres, próximo a Roma, onde a abadessa era uma monja de nome Sofia, uma mulher de vida espiritual de elevado nível.
Aos dezessete anos a jovem Anastásia, de beleza incomum, já era conhecida pelos cristãos de toda a vizinhança como uma grande asceta, causando admiração aos pagãos. Probo, administrador pagão da cidade, impressionado com sua beleza, enviou soldados com ordem de trazê-la à sua presença. A boa abadessa Sofia instruiu Anastásia sobre como perseverar na fé e resistir ao engano adulador e à tortura, ao que a jovem lhe disse:
«Meu coração está preparado para sofrer por Cristo. Minha alma está pronta para o encontro com meu amado Senhor».
Comparecendo diante do Governador, Anastásia proclamou abertamente sua fé em Cristo, e quando ele tentou dissuadi-la - antes com promessas, depois com ameaças - a santa virgem lhe disse:
«Estou pronta a oferecer minha vida por meu Senhor, não apenas uma vez, mas mil vezes, se assim me fosse possível».
Quando a despiram à força para humilhá-la, Anastásia disse ao juiz:
«Açoitem-me, firam-me, e batam-me; só assim, meu corpo desnudo será coberto por feridas e minha vergonha será coberta de sangue.»
Assim foi e, por duas vezes, sentindo sede, Anastásia pediu água. Cirilo, um cristão que estava por perto, atendeu seu pedido e lhe trouxe água, pelo que foi abençoado com o martírio, decapitado pelos pagãos.
O peito e a língua da santa foram cortados, e um anjo do Senhor apareceu-lhe e a mantinha de pé. Fora da cidade, Anastásia foi finalmente decapitada pela espada. A bem-aventurada Sofia, encontrando mais tarde o seu corpo, providenciou-lhe uma digna sepultura. Anastásia recebeu assim a coroa do martírio sob o Imperador Décio (249-251 d. C.).
O Santo Monge Abramius, o Eremita e a Beata Maria, sua sobrinhaO monge Abramius, o Eremita, e a Beata Maria, sua sobrinha, viviam na aldeia de Chidan, perto da cidade de Edessa. Eles foram contemporâneos e conterrâneos do santo Monge Efrém, o sírio (Comm. 28 de janeiro), o qual, posteriormente escreveu sobre suas vidas.
O monge Abramius começou sua difícil exploração da vida solitária no auge da juventude. Ele deixou sua casa paterna e estabeleceu-se em um lugar deserto, desolado, longe das atrações do mundo, e passou seus dias em orações incessantes. Após a morte de seus pais, o santo recusou sua herança e pediu a seus parentes para entregá-las aos pobres. Por sua vida ascética estrita, jejum e amor pela humanidade, Abramius atraiu para si muitos que buscavam a luz espiritual, a oração e a bênção.
Logo sua fé foi submetida a um teste sério: ele foi nomeado presbítero em uma das aldeias pagãs da Mesopotâmia. Por três anos, e sem poupar esforços, o monge trabalhou para alcançar a iluminação dos pagãos. Ele derrubou um templo pagão e construiu um templo de Deus. Sofrendo humildemente e mesmo abatendo os obstinados adoradores de ídolos, em oração ele implorou ao Senhor:
"Olha, ó Mestre, o Teu servo, escuta a minha oração, fortalece-me e liberta os Teus servos das armadilhas diabólicas, e dá-lhes a conhecer Ti, o Único Deus Verdadeiro ".
O zeloso pastor recebeu a felicidade de ver a culminação de seus justos esforços: os pagãos passaram a acreditar em Jesus Cristo, o Filho de Deus, e o próprio monge os batizou. Tendo cumprido o seu dever sacerdotal, Abramius ovamente retirou-se para o seu deserto, onde continuou a glorificar a Deus e a fazer a sua santa vontade.
O diabo, envergonhado pelos atos do monge, tentou aprisioná-lo com pensamentos orgulhosos. Uma vez, à meia-noite, quando Santo Abramius estava em oração em sua cela, de repente, brilhou uma luz e uma voz foi ouvida:
"Bendito és, ó abençoado, como nenhum outro na humanidade!" Confundindo as artimanhas do inimigo, o santo disse:
"Eu sou um homem pecador, mas confio na ajuda e graça do meu Deus e não o temo".
Outra vez o diabo apareceu diante do santo na forma de um jovem, acendeu uma vela e começou a cantar o salmo:
"Bem-aventurado o imaculado no caminho que anda na lei do Senhor".
Percebendo que isso também era uma tentação demoníaca, o ancião se benzeu e perguntou:
"Se tu sabes, quem são os abençoados imaculados, então por que os perturba?" O tentador respondeu:
"Eu os provoco para conquistá-los e afastá-los de toda boa ação". A isto, o santo respondeu:
"Tu tens vitória sobre aqueles que por suas próprias vontades se afastaram de Deus; mas, para com aqueles que amam a Deus, tu desvaneces como a fumaça ao vento".
Depois dessas palavras, o diabo desapareceu. E assim São Abramius derrotou o inimigo, fortalecido pela graça divina. Depois de cinquenta anos de vida ascética, ele expirou pacificamente no Senhor (+ c. 360).
Santa Monja Maria, Sobrinha de Santo AbramiusA sobrinha de Santo Abramius a Monja Maria, cresceu sendo edificada por seu tio. Mas, o inimigo da raça humana tentou desviá-la do verdadeiro caminho. Aos vinte e sete anos de idade, Maria deixou sua cela, foi para outra cidade, onde começou a viver dissolutamente. Sabendo disso, o monge Abramius vestiu-se com trajes de soldado, para não ser reconhecido, e partiu para a cidade. Ele procurou sua sobrinha e a levou ao arrependimento. A Monja Maria voltou para sua cela e passou o resto de seus dias em oração e lágrimas de arrependimento. O Senhor concedeu-lhe o dom de curar os enfermos. Ela morreu cinco anos depois do monge Abramius.
Oração Antes de Ler as EscriturasFaz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Tessalonicenses 2:1-8
Porque vós mesmos, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã; mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate. Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência; mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações. Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha; e não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos.
Lucas 11:9-13
E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
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HOMILIA
“Sobre o Fundamento da Oração”
Aqueles que se aproximam de Deus devem orar em grande quietude, paz e tranquilidade, sem utilizar-se de gritos absurdos ou confusos, mas dirigindo-se ao Senhor com a intenção do coração e a sobriedade do pensamento.
Porque não é conveniente que o servo de Deus viva em semelhante estado de agitação, mas na mais completa tranquilidade e sabedoria, como diz o profeta: Nesse colocarei os meus olhos, no humilde e abatido que estremece diante de minhas palavras.
Lemos que nos dias de Moisés e Elias, enquanto que nas aparições com que foram favorecidos, a majestade do Senhor se fazia preceder de grande aparato de trombetas e de diversos prodígios, contudo, a oportuna vinda do Senhor se dava a conhecer e se manifestava na paz, na tranquilidade e na quietude. Depois – diz – se ouviu uma brisa suave, e nela estava o Senhor. Disto é lícito concluir que o repouso do Senhor está na paz e na tranquilidade.
O fundamento que o homem colocar e o princípio com o qual iniciar permanecerão nele até o fim. Se começar a rezar com voz muito alta e queixosa, manterá idêntico costume até o final. Contudo, uma vez que o Senhor está cheio de humanidade, acontecerá que até mesmo a este ele lhe prestará seu auxílio. Ainda mais: será a própria graça a que o manterá até o final em sua maneira de proceder, embora seja fácil de compreender que este modo de rezar é próprio dos ignorantes, já que, além do aborrecimento que produz nos outros, eles mesmos mostram perturbação enquanto oram.
Entretanto, o verdadeiro fundamento da oração é este: vigiar os próprios pensamentos e rezar com muita tranquilidade e paz, de forma que os outros não sofram escândalo de nenhum tipo. Portanto, aquele que, tendo obtido a graça de Deus e a perfeição, continuar até o final orando na tranquilidade, será de grande edificação para muitos, porque Deus não quer desordem, mas paz. Porém, aqueles que rezam gritando se assemelham aos charlatões e não podem rezar em qualquer lugar, nem nas igrejas, nem nas praças; no máximo em lugares solitários, onde se apressam ao seu gosto. Pelo contrário, os que rezam na tranquilidade, edificam a todos onde quer que orem.
Deve o homem empregar todas as suas energias em controlar os seus pensamentos e cortar pela raiz toda ocasião de imaginações perigosas; deve concentrar-se em Deus, sem abandonar-se ao capricho dos pensamentos, mas recolher estes pensamentos dispersos um pouco por todas as partes, submetendo-os a um exercício de discernimento, distinguindo os bons e os maus. Portanto, é necessária uma grande dose de diligente atenção do espírito para saber distinguir as sugestões externas provocadas pelo poder do adversário.
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