quinta-feira, 5 de novembro de 2020

22ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

05 de Novembro de 2020 (CC) / 23 de Outubro (CE)
S. Tiago, «irmão» do Senhor, Bispo de Jerusalém, Apóstolo [dos 70], mártir († 62);
Jacó de Nóvgorod, Taumaturgo; Inácio, Patriarca de Constantinopla.
Tom 4



Antes de tudo, é necessário que se distinga São Tiago, irmão do Senhor, do apóstolo Tiago, filho de Alfeu, um dos Doze, cuja memória a Igreja celebra em 9 de outubro. São Tiago, cuja festa comemoramos no dia de hoje, é o que nos mencionado em (Mt 13,15) e (Mc 6,3) como um dos 4 irmãos do Senhor. Os outros três são: José, Simão e Judas.

Acerca da relação entre estes «irmãos» com o Senhor Jesus Cristo, eles eram filhos de José de um casamento anterior, já que José era viúvo quando ficou noivo de Maria. Ao que parece, nenhum dos «irmãos» creram n’Ele logo de início, conforme menciona claramente São João, o Teólgo (João 7:1-5). Mas, o que foi que transformou São Tiago a ponto de se apresentar, em sua carta como o «Servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo» (cf. carta a ele atribuída, Tg 1:1). Não o sabemos com certeza, mas o Santo Apóstolo Paulo cita em sua primeira epístola aos Coríntios que Jesus se manifestou a São Tiago depois da sua ressurreição (1Cor 15:7). Dos textos bíblicos, sabemos que Tiago foi um dos representantes mais destacados da Igreja de Jerusalém. São Paulo, em sua carta aos Gálatas (Gl 1:19-2,9) faz menção a ele como um dos três«pilares» da Igreja nesta cidade. 
Também em Atos dos Apóstolos, quando os Apóstolos se reuniram com os anciãos para decidirem se os gentios convertidos deveriam aceitar a circuncisão ou não, São Tiago falou como «cabeça» da comunidade de Jerusalém, e foi ele quem proclamou o parecer do conselho. A São Tiago é atribuída a primeira das sete cartas pastorais (que não é dirigida a uma determinada cidade ou pessoa) que fazem parte do Novo Testamento. De acordo com os exegetas, a carta de Tiago foi escrita entre os anos 50 e 60 (d.C). 
Esta carta contém uma coleção de ensinamentos e instruções sobre a conduta cristã e a vida pastoral: A paciência na tribulação, a fé, o amor ao trabalho, o controle da língua, o perigo do dinheiro entre outras coisas. Isto é o que nos informa o Novo Testamento sobre Tiago. 
A tradição, porém, nos faz também menção a ele, entre estas, que Tiago era conhecido, em vida, como «o Justo»; que desde a sua infância havia sido separado para Deus; que nunca se alimentava de manteiga, nem provava vinho; que seu cabelo «não conhecia a tesoura» (em sinal de sua separação para Deus); que permaneceu casto durante toda a sua vida; que seus joelhos ficaram endurecidos como pedra pelas prostrações excessivas para a oração. Os Apóstolos o elegeram por unanimidade como o primeiro bispo de Jerusalém, e assim permaneceu durante 30 anos, atraindo durante este tempo, muitos judeus e gentios à fé em Jesus Cristo. Certa vez foi visto pregando do telhado de uma casa, ou mesmo no templo, e dizia: 
«O Filho do homem está sentado à direita do Todo-Poderoso, e virá sobre as nuvens para julgar o mundo com bondade». 
E, enquanto o povo aclamava: «Hosana ao Filho de Davi», os fariseus e os fanáticos dos judeus empurravam para baixo o Justo, apedrejando-o em seguida. Um deles bateu violentamente com um pau em sua cabeça, com o que se consumou o seu martírio, e se lhe abriram as portas da vida. Suas virtudes, conhecidas de todos, fez com que os judeus mais eminentes atribuíssem o cerco e destruição de Jerusalém em 70 dC. ao assassinato de São Tiago. 
Apóstolo, Bispo, Mártir e irmão do Senhor, interceda junto de Deus por todos nós. Amém! 


 
Oração Antes de Ler as Escrituras 

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Colossenses 1:1-2, 7-11

2 Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; 3 Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; 4 Para que o manifeste, como me convém falar. 5 Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. 6 A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um. 7 Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado; 8 O qual vos enviei para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console os vossos corações; 9 Juntamente com Onésimo, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa.


Lucas 9:49-56

E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós.E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a JerusalémE os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.

† † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES



“Não o Proibais”

Mestre, temos visto um homem que expulsava demônios em teu nome, e não o permitimos porque não é dos nossos. Este que fazia milagres em nome de Cristo e não estava no grupo dos discípulos de Jesus, na medida em que realizava milagres em seu nome, nessa mesma medida estava com eles e não contra eles; porém, na medida em que não aderia ao seu grupo, nessa mesma medida não estava com eles e estava contra eles. Mas como eles lhe proibiram de fazer aquilo no qual estava com eles, disse-lhes o Senhor: Não o proibais.

O que lhe deveriam proibir era o estar fora de sua companhia, para persuadir-lhe a unidade da Igreja, não aquilo em que estava com eles, valorizando o nome de seu Mestre e Senhor com a expulsão dos demônios. Assim atua a Igreja Católica ao não reprovar nos hereges os sacramentos comuns; no que a estes respeita, eles estão conosco e não contra nós. Porém, desaprova e proíbe a divisão e separação ou alguma sentença contrária à paz e à verdade; pois nisto estão contra nós nem recolhem conosco e, em consequência, dispersam...

"Porque quem não está contra nós, está a nosso favor. Quem vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa." Com isto mostrou que tampouco aquele a quem João se referira, e de quem tomou origem este seu discurso, separava-se tanto do grupo dos discípulos que o censurasse, como fazem os hereges; o seu caso era frequente de homens que não se atrevem ainda a receber os sacramentos de Cristo e, contudo, favorecem ao nome cristão, até mesmo acolher a cristãos simplesmente porque são cristãos.

Deles diz que não perderão a sua recompensa; não porque já devam considerar-se seguros e protegidos pela benevolência que tem para com os cristãos, mesmo que não estejam lavados pelo batismo de Cristo nem estejam incorporados a sua unidade, mas porque já estão dirigidos pela misericórdia de Deus de tal maneira que chegam a essas obras e saem seguros deste mundo.

Realmente, estes, inclusive antes de unirem-se ao número dos cristãos, são mais úteis que aqueles outros que, já dizendo-se cristãos e imbuídos inclusive dos sacramentos cristãos, induzem tais coisas que arrastam consigo ao castigo eterno “a quem desviam. A esses se dá o nome de “membros”; e, como se se tratasse de uma mão ou de um olho que é ocasião de pecado, manda arrancá-los do corpo, ou seja, da mesma sociedade da unidade, sendo melhor chegar à vida sem sua companhia que ir para a Geena com eles.

Separar-se deles consiste em não dar-lhes assentimento quando movem ao mal, isto é, quando são ocasião de pecado. E quando os bons com quem se relacionam chegam também a conhecer a dita perversidade, são afastados completamente da comum companhia e até da participação nos sacramentos divinos. Se, pelo contrário, apenas alguns a conhecem (a perversidade), enquanto que à maioria ainda é desconhecida esta maldade, hão de ser tolerados como se tolera a palha na eira antes do ancinho, de forma que nem se lhes dê assentimento, comungando assim em sua iniquidade, nem se abandone a sociedade por causa deles. Isto o fazem aqueles que têm sal em si mesmos e paz entre eles.

Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)

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