Os santos Aquidinos, Pegásius, Elpidóforus, Anempodiste e Afthonius eram dignitários da corte do Imperador Persa Sapor II (310-381). Tendo aderido clandestinamente à fé cristã, foram denunciados pelos invejosos pagãos ao Imperador quando este empreendeu uma onda de perseguição contra os cristãos. Intimados a comparecerem diante do Imperador para julgamento, confessaram pública e destemidamente sua fé na Santíssima Trindade. O Imperador ordenou, portanto, que fossem cruelmente chicoteados, esperando que assim, renegassem sua fé. Por duas vezes os executores ficaram esgotados e tiveram de ser substituídos, enquanto que, da boca dos santos mártires não se ouvia sequer um gemido. O Imperador, impressionado com o que via, numa queda de pressão perdeu a consciência. Os que estavam presentes julgaram que tivesse morrido, mas os santos recorreram a Deus e o Imperador voltou a si. Recuperado, o Imperador Sapor acusou os santos de feitiçaria, dando ordem para que fossem conduzidos amarrados ao longo de uma fogueira, de modo que fossem sufocados pela fumaça. Os santos voltaram-se para Deus em orações, e o fogo foi milagrosamente extinto e as cordas que os amarrava foram soltas.
Impressionado, o Imperador perguntou-lhes com aquilo fora possível, e os santos mártires lhes contaram sobre como Cristo operava milagres. Cego de ódio, o Imperador passou a blasfemar o Nome do Senhor. Os santos exclamaram, então:
«Que a tua boca se cale»; ao que o Imperador ficou sem voz. Enlouquecido de raiva, tentou ainda, através de gestos, dar ordem para que os santos mártires fossem jogados na prisão, mas os que o cercavam não compreendiam o que lhes queria dizer.
A raiva do Imperador tornava-se ainda maior até que, loucamente, arrancou e rasgou seu próprio manto, puxava seus próprios cabelos e espancava seu próprio rosto. Até que Aquidinos, compadecido, em nome de Cristo o livrou da mudez. Mais uma vez, porém, o Imperador atribuiu tudo o que acontecia ao poder da feitiçaria, ordenando que os santos continuassem a ser torturados.
Foram então postos sobre um grelha de ferro, acendendo por debaixo o fogo. Os santos começaram juntos a orar e, de repente, começou a cair uma chuva que apagou o fogo. Diante de mais este milagre realizado por meio das orações dos santos mártires, muitos dos que presenciavam creram em Cristo e confessaram sua fé. Os santos glorificavam a Deus e convidavam a que cressem que Deus enviou a água da chuva que caía sobre eles para que fossem batizados. Um dos carrascos, de nome Afthonius, pediu publicamente perdão aos santos mártires por lhes ter causado tanto sofrimento, e saiu corajosamente confessando sua fé em Cristo. Elpidoforus, um alto dignitário imperial e até mesmo a mãe do Imperador confessaram a fé no Único Deus verdadeiro. O Imperador percebeu que aumentava ainda mais o número dos que se convertiam à fé cristã com a tortura dos santos. Declarou então ao povo que as cabeças de Aquindinos, Pegásio, Elpidoforo, Anempodiste seriam cortadas, e que seus corpos não poderiam ser tomados pelos cristãos para sepultamento.
Quando levaram os santos mártires para fora dos muros da cidade para a execução, uma grande multidão acompanhou, glorificando a Cristo. Por ordem do Imperador, os soldados executaram todos os cristãos (cerca de 7 mil) que acompanhavam o cortejo. Juntamente com os outros, também Elpidoforo foi morto. Aquidinos, Pegásius e Anempodiste, mãe do Imperador, foram queimados no dia seguinte. Os cristãos foram secretamente durante a noite ao local da execução e encontraram os corpos dos santos mártires ilesos da ação do fogo, e com reverência os sepultaram.
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS
Mateus 28:16-20 (I)
E os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
Vendo os poderes angélicos diante do Teu venerável túmulo, / os guardas ficaram como mortos / e Maria, de pé, junto do sepulcro, / pediu o Teu purís-simo Corpo. / Despojaste o Inferno, sem ser por ele atingido, / e foste ao encontro da Virgem, dando-lhe a vida. / Ó Senhor, res-suscitado dentre os mortos, // glória a Ti!
Kondákion da Ressurreição
Ressuscitando todos os mortos do vale de trevas / lá embaixo com uma mão sustentadora de vida, / Cristo nosso Deus, o Doador de vida / decidiu conceder a Ressurreição a essa nossa massa mortal. / Pois Ele é o Salvador de todos, //a Ressurreição, a vida e o Deus do mundo todo.
Prokímenon
Refrão: Salva, Senhor, o Teu povo, / e abençoa a Tua herança. (Sl. 28:9)
Versículo: A Ti, Senhor, ergo a minha voz, meu Deus, Tu que És o meu Rochedo, escuta a minha súplica! (Sl. 28:1)
Efésios 2:4-10
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo e vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção, sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lucas 8:26-39
E navegaram para a terra dos gadarenos, que está defronte da Galiléia. E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes. Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-no preso, com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos. E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago, e afogou-se. E aqueles que os guardavam, vendo o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos. E saíram a ver o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus. Acharam então o homem, de quem haviam saído os demônios, vestido, e em seu juízo, assentado aos pés de Jesus; e temeram. E os que tinham visto contaram-lhes também como fora salvo aquele endemoninhado. E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande temor. E entrando ele no barco, voltou. E aquele homem, de quem haviam saído os demônios, rogou-lhe que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo: Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito.
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HOMILIA
“Eu Assumi o Corpo Humano, Eu Habito no Homem”
E Jesus lhe ameaçou: «Cala-te e sai deste homem». A verdade não necessita de testemunho da mentira. Não vim para ser reconhecido pelo teu testemunho, mas para precipitar-te de minha criatura. Não é belo o louvor na boca do pecador. Não necessito do testemunho daquele ao qual quero atormentar. Cala-te. Teu silêncio seja o meu louvor. Não quero que a tua voz me louve, mas os teus tormentos: tua pena é meu louvor. Não me é agradável que me louves, mas que se retire. Cala-te e sai deste homem. Como se dissesse: sai de minha casa, o que fazes em minha morada? Eu desejo entrar: Cala-te e sai deste homem. Deste homem, ou seja, deste animal racional. Sai deste homem: abandona esta morada preparada para mim. O Senhor deseja a sua casa: sai deste homem, deste animal racional.
«Sai deste homem», disse também em outro lugar a uma legião de demônios, para que saíssem de um homem e entrassem nos porcos. Vede quão preciosa é a alma humana. Isto contradiz àqueles que creem que nós e os animais temos uma mesma alma e trazemos um mesmo espírito. De um só homem é lançada a legião e enviada a dois mil porcos, o que nos permite ver que é precioso o que se salva e de pouco valor o que se perde. Sai deste homem e vai-te para os porcos, vai-te para os animais, vai-te para onde queiras, vai-te aos abismos. Abandona ao homem, ou seja, abandona uma propriedade particularmente minha. Sai deste homem: não quero que tu possuas ao homem; para mim é uma injúria que habites no homem, sendo eu o que habita nele. Eu assumi o corpo humano, eu habito no homem. Essa carne que possuis é parte de minha carne, portanto, sai deste homem.
«E o espírito imundo, agitando-o violentamente...» Com estes sinais mostrou sua dor, agitando-o violentamente. Aquele demônio, ao sair, como não podia causar dano à alma, o fez ao corpo, e, como não podia fazer-se compreender por outro meio, manifesta com sinais corporais que saiu. «E o espírito imundo, agitando-o violentamente...» Porque ali estava o espírito impuro que foge do espírito puro. E dando um grito, saiu dele. Com o clamor da voz e a agitação do corpo manifestou que saía.
São Jerônimo, doutor da Igreja (séc. V)
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