S. Máximo, o Confessor († 662).
Colossenses
3:12-16
Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de
benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros,
e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como
Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de
amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes
chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra
de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
Lucas 8:35-43
E aconteceu
que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho,
mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo. E disseram-lhe
que Jesus Nazareno passava. Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem
misericórdia de mim. E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse;
mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Então
Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, Dizendo:
Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. E Jesus lhe disse:
Vê; a tua fé te salvou. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o
povo, vendo isto, dava louvores a Deus.
COMENTÁRIO DO METROPOLITA CHRYSÓSTOMOS
Festa do Santo
Ícone da Mãe de Deus de Todas as Bênçãos
O Santo Ícone
da Mãe de Deus de Todas as Bênçãos é o ícone acolhido por nossa Igreja na
esperança de que Ela, nossa Senhora, se apiede de nós e nos conceda seu favor e
amor de Mãe Celeste, uma vez que ela ora incessantemente por nós pecadores,
suplicando ardorosamente ante seu Santíssimo Filho que nos conceda Sua grande
misericórdia e a salvação de nossa raça.
Acerca dela e
por sua própria boca, o Espírito Santo declara que todas as gerações a
chamariam de Bem Aventurada. De fato,
ela é verdadeiramente mais venerável que os Querubins e mais gloriosa que os
Serafins, tal como cantamos a cada Divina Liturgia, pois, com sua santa beleza
e virtude, as quais excedem todo entendimento humano, é por vontade Divina
fonte de todas as bênçãos para todos lhe invocam como filhos.
O que podem
fazer os filhos de Mãe tão excelente, senão festeja-la dignamente, e, assim,
alegrarem-se e pelas bênçãos recebidas do seu Filho e Senhor nosso?
Certamente
que nenhuma comemoração é capaz de suficientemente honrar e venerar a Santa Mãe
de Deus por sua humildade, obediência à vontade Divina, amor por toda a
humanidade e pelos dons e favores que por sua ternura nos são outorgados.
Todavia,
ainda que seja certo que nada pode esgotar sua exaltação, contudo nos pede como
Mãe, que ofereçamos bens preciosos e sacrifícios espirituais semelhantemente ao
seu Filho, do Qual ela mesma fora imitadora. Pede-nos viver em constante
arrependimento dos pecados, solicitando com insistência que abandonemos os
prazeres deste mundo que tanto ofendem o Divino Amor do seu Filho amado;
desejando que como filhos dóceis, aprendamos d’Ele a obedecer à Santa Vontade
de Deus Pai e a dedicar nossa vida ao serviço da santa doutrina de seu Filho e
seu Deus.
Assim, ela
requer que nos esforcemos em agradá-Lo, que amemos a Deus e a seus mandamentos
sobre todas as coisas, honrando, até nos menores gestos da nossa vida
cotidiana, a jesus Cristo.
Que Mãe tão
boa temos no Céu! A ela recorramos com alegria e humildade para suplicar as
graças e as misericórdias do seu Filho.
Metropolita Chrysóstomos
Comemoração de São Máximo, o Confessor
Segundo a
tradução francesa da Philokalia a vida de São Máximo (580-662) se aparenta de
certo modo muito semelhante à do Apóstolo Paulo. O que Paulo foi entre os
apóstolos, Máximo foi entre os monges.
São Máximo poderia
ter sido o oposto a um monge: nascido em uma família nobre de Constantinopla, e
muito instruído, foi inicialmente um dos mais altos funcionários do Império
Bizantino e sem dúvida o secretário do imperador Heraclius. Mas, passados
trinta anos, em 614, entrou em um mosteiro, inicialmente em Chrysopolis, do
outro lado do Bósforo, depois em Cyzique.
Desde 626, a
invasão persa e a conquista árabe fizeram dele um errante. Passou grande parte
de sua vida esclarecida na África. Tendo estudado muito os Padres e a
Escritura, cultivou profundas amizades ortodoxas, em particular com São
Sofrônio, o Patriarca de Jerusalém, e assim guardou de sua vivência com o poder
um sentido agudo de sua responsabilidade de homem engajado na história. Acabou
por se opor radicalmente ao compromisso doutrinal buscado pelo poder em
Constantinopla para impedir as comunidades do Oriente, seguidoras do
monofisismo, de se bandearem para o Islã.
Defensor do
dogma de Calcedônia (duas naturezas, logo também duas energias e duas vontades
do Cristo, em uma única pessoa plenamente divina e plenamente humana), São Máximo
confirmava - em nome de Cristo - o direito do homem à liberdade de Deus. Mas,
como o Cristo e como Paulo, deixou-se enredar em um processo político. Levado à
força para Constantinopla em 653, foi várias vezes condenado, diversas vezes
exilado. Intratável, morreu em seu último exílio, no Cáucaso, aos 82 anos de
idade, com a língua e uma mão decepadas.
As quatro
centúrias sobre a caridade são sem dúvida uma das primeiras obras de Máximo,
composta na calma do mosteiro de Cyzique, antes de 626. Máximo condensou aí
sete séculos de vida cristã atestando a preeminência absoluta do amor. As sete
centúrias sobre a teologia são elas mesmas a reunião de duas obras diferentes:
uma (duas primeiras centúrias) foi escrita provavelmente no início do exílio na
África, entre 630-634; a outra (capítulos diversos da terceira à sétima centúria)
é uma compilação que data provavelmente do século XI, onde se sucedem excertos
de obras de São Máximo (Cartas, Questões a Thalassius, Ambigua), comentários do
compilador e algumas passagens dos escritos de Dionísio, o Areopagita. Nestes
últimos escritos percebe-se claramente uma posição fundamental de Máximo: "Só conhecer o Verbo na carne, para
progredir para a glória".
A energia
divina que criou o mundo está em operação e se realiza em nós no sexto dia
porque lhe foi dado passar do sexto ao sétimo, da criação à hesychia, e do
sétimo ao oitavo, da hesychia à deificação. Assim tudo é dado, mas tudo deve
ser recebido, assumido, realizado. Assim, São Máximo o afirma: "Cada um é o intendente de sua própria
graça".
A
interpretação do "Pai Nosso"
foi sem dúvida escrita por volta de 630. É uma obra forte e densa — ao mesmo
tempo meditação e exortação — que faz passar e brilhar através das palavras da
oração dominical o alento da vida e da luz do conhecimento (gnosis): uma lição
de teologia humilde e magistral.
Fonte: Adaptação do texto de Sophia Perennis
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