S. Efrém Sírio, mon. e diácono († 373).
MATINAS (III)
Marcos 16:9-20
9 [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no
primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha
expulsado sete demônios. 10 Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado
com ele, os quais estavam tristes e chorando; 11 e ouvindo eles
que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. 12 Depois
disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o
campo, 13 os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes
deram crédito. 14 Por último, então, apareceu aos onze, estando
eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de
coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.
15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda
criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado. 17 E estes sinais acompanharão aos que
crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18
pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano
algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.
19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se
à direita de Deus. 20 Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte,
cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os
acompanhavam.]
LITURGIA
1 Timóteo
1:15-17
15 Fiel é esta palavra e digna de toda a
aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais
sou eu o principal; 16 mas por isso alcancei misericórdia, para
que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim
de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida
eterna. 17 Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único
Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.
Mateus
15:21-28
21 Ora, partindo Jesus dali, retirou-se
para as regiões de Tiro e Sidom. 22 E eis que uma mulher cananéia,
provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem
compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada.
23 Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os
seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de
nós. 24 Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel. 25 Então veio ela e, adorando-o,
disse: Senhor, socorre-me. 26 Ele, porém, respondeu: Não é bom
tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. 27 Ao que ela
disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa
dos seus donos. 28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ç mulher,
grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha
ficou sã.
COMENTÁRIO DO METROPOLITA CHRISÓSTOMOS
COMEMORAÇÃO DE SÃO ÉFREM, O SÍRIO
São Efrém
nasceu por volta do ano de 306 na cidade de Nisibis (atualmente a cidade de
Nusaybin, na Turquia próximo à fronteira com a Síria) que tinha se tornado
parte do Império romano apenas em 298. Evidências internas da hinódia de Efrém
sugerem que seus pais eram parte da crescente comunidade cristã da cidade,
embora hagiógrafos posteriores escrevessem que seu seria um sacerdote pagão.
Diversas línguas eram faladas em Nisibis no tempo de Efrém, a maior parte delas
dialetos do aramaico, sendo que a comunidade cristã utilizava-se de um dialeto
siríaco. A cultura local incluía influências pagãs, judaicas e seitas do início
do cristianismo.
Tiago (em
latim: Jacobus), o primeiro bispo de Nisibis, foi consagrado em 308 e Efrém
cresceu sob sua liderança na comunidade. Ele está registrado como um dos
signatários do Primeiro Concílio de Niceia em 325. Efrém foi batizado ainda
menino e, quase certamente, se tornou "filho da aliança", uma forma
não usual do proto-monasticismo siríaco. Tiago indicou Efrém como professor (em
siríaco: malp̄ānâ, um título que ainda inspira grande respeito entre os
cristãos siríacos). Ele foi ordenado como diácono no seu batismo ou em
seguida[4]. Efrém começou a compor seus hinos e escrever os comentários sobre a
bíblia como parte de sua função de educador. Em seus hinos, ele às vezes se
refere a si mesmo como um "boiadeiro" (‘allānâ), ao seu bispo como o
"pastor" (rā‘yâ) e à sua comunidade como "rebanho" (dayrâ).
Tradicionalmente, acredita-se que Efrém tenha sido o fundador da Escola de
Nisibis, que em séculos posteriores era o centro do conhecimento do
Cristianismo oriental.
Em 337 o
imperador Constantino, o Grande, que legalizou e promoveu a prática do
cristianismo no Império Romano, morreu. Aproveitando a oportunidade, Sapor II
iniciou uma série de ataques no norte da Mesopotâmia romana. Nisibis sofreu
cercos em 338, 346 e 350. Durante o primeiro deles, Efrém credita ao bispo
Tiago a defesa da cidade com suas preces. No terceiro, em 350, Sapor desviou o
rio Migdônio para minar as muralhas de Nisibis. Porém, os habitantes
rapidamente a consertaram enquanto a cavalaria de elefantes persa atolou no
solo úmido. Efrém celebrou o que ele entendeu ser uma salvação milagrosa da
cidade num hino que retratou Nisibis como sendo a Arca de Noé, flutuando em
segurança durante o dilúvio.
Igreja de São Tiago em Nisibis |
Uma ligação
física importante para a época de Efrém é o batistério de Nisibis. A inscrição
diz que ele foi construído durante o bispo Vologeses em 359. Naquele ano, Sapor
atacou novamente. As cidades na vizinhança de Nisibis foram todas destruídas,
uma por uma, e seus habitantes ou foram mortos ou foram deportados. Constâncio
II estava incapacitado de responder e a campanha de Juliano, o Apóstata
terminou com a sua morte no campo de batalha. Seu exército então elegeu Joviano
como novo imperador e, para resgatar seu exército, ele foi forçado a entregar
Nisibis para os sassânidas, além de ser obrigado a permitir que toda a população
cristã fosse expulsa.
Efrém, com
outros, primeiro foi até Amida (Diyarbakır), eventualmente se assentando em
Edessa (moderna Şanlıurfa) em 363. Efrém, já com quase sessenta anos, se
devotou ao ministério em sua nova igreja e parece ter continuado sua obra como
professor, talvez na Escola de Edessa. A cidade sempre esteve no coração do
mundo siríaco e a estava repleta de filosofias e religiões rivais. Efrém
comentou que a os cristãos ortodoxos niceanos eram chamaos simplesmente de
'palutianos' em Edessa, em homenagem à um bispo anterior. Arianos, marcionitas,
maniqueístas, bardesanistas e várias seitas gnósticas proclamavam-se como a
verdadeira igreja. Nesta confusão, Efrém escreveu um grande número de hinos
defendendo a ortodoxia niceana. Um escritor siríaco posterior, Tiago de Serugh,
escreveu que Efrém ensaiava seus coros, todos compostos apenas por mulheres,
para que cantassem no ritmo das canções siríacas mais populares no fórum de
Edessa. Após um período de dez anos morando ali, Efrém sucumbiu à peste
enquanto ministrava às suas vítimas.
Mais de
quatrocentos hinos compostos por Efrém ainda existem. Dado que muitos devem ter
se perdido, não há dúvidas sobre sua produtividade. O historiador da Igreja
Sozomeno acredita que Efrém tenha escrito mais de três milhões de linhas. Efrém
combina em seus textos três heranças principais: ele se baseia em modelos e
métodos do antigo judaísmo rabínico, ele utiliza com habilidade a filosofia e
ciência gregas e se delicia na tradição mesopotâmica do simbolismo oculto.
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